O médio das tranças que o FC Porto raptou. Quem se lembra de Kiki?
Kiki disputou 55 jogos pelo FC Porto entre 1989 e 1992
Médio raçudo e com qualidade
técnica natural da cidade da Praia, capital de Cabo Verde, surgiu na equipa principal
do Vitória
de Guimarães em 1982, numa altura em que o treinador dos minhotos
era José
Maria Pedroto, após ter jogado por Académica da Praia, São Vicente,
Sporting Clube da Praia e pela seleção
do seu país, pela qual se estreou aos 17 anos.
Pouco utilizado, rumou ao Desportivo
de Chaves em 1984, tendo ajudado o emblema
flaviense a viver um período glorioso: subida à I
Divisão em 1984-85, sexto lugar no primeiro
escalão em 1985-86 e quinto lugar e consequente apuramento para a Taça
UEFA em 1986-87. “O treinador era o Raul Águas e jogávamos um futebol
lindo, de bola no pé e pelo campo inteiro. Chaves é uma cidade de gente boa e
ainda há poucos anos lá fui a uma homenagem”, recordou ao Maisfutebol
em março de 2013. Seguiu-se o regresso ao Minho,
mas para representar o Sp.
Braga entre 1987 e 1989. No conjunto
arsenalista foi orientado por Manuel José, que o quis levar para o Sporting.
Mas os bracarenses
não deixaram: “Nas férias espalhei a notícia por Cabo Verde, pensei que ia ser leão
e, à última da hora, tudo fracassou. Passei uma vergonha das grandes.” No entanto, os outros grandes
estavam atentos. O Benfica
parecia estar bem posicionado, mas o FC
Porto antecipou-se, numa altura em que o Sp.
Braga ainda queria a renovação de contrato com o médio. “Estava a chegar a
casa, lá para as 22:30, entro na minha garagem e estava tudo escuro. Normal.
Quando abro a porta, aparece-me um senhor já de alguma idade à frente, a poucos
metros. Apanhei o maior susto da minha vida. Eu reconheci o homem e percebi que
era o Domingos Pereira, funcionário do FC
Porto. Disse-me que o presidente estava à espera. Tínhamos de ir a correr
para o Porto”, contou, tendo sido recebido nas Antas por Pinto
da Costa, Reinaldo Teles e Pôncio Monteiro: “Que simpatia, todos eles. Em
cinco minutos ficou decidido: ia para o FC
Porto e a minha vida ia mudar completamente.” No dia seguinte, foi a casa de Pinto
da Costa e recebeu uma mala cheia de notas, “como nos filmes de gangsters”.
“Eu nem contei o que lá estava. Saí de casa dele e fui logo depositar o
dinheiro em três sítios diferentes”, prosseguiu. Numa fase de desmantelamento da
equipa que tinha sido campeã europeia em 1987, Kiki ganhou duas vezes o
campeonato nacional (1989-90 e 1991-92) e venceu uma Taça
de Portugal (1990-91) entre 1989 e 1992, tendo trabalhado às ordens de Artur
Jorge e Carlos Alberto Silva.
Depois de uma fase em que vinha a
perder espaço no plantel portista,
regressou ao Sp.
Braga em 1992-93 e despediu-se dos relvados ao serviço do Paços
de Ferreira em 1993-94.
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