O guardião húngaro que deixou marca no Sporting e no Vitória FC. Quem se lembra de Mészáros?
Mészáros brilhou no Sporting e no Vitória de Setúbal
Desprovido de um guarda-redes de
grande categoria desde a saída de Vítor Damas para os espanhóis do Racing
Santander em 1976, o Sporting
contratou em 1981 aquele que era considerado um dos melhores guardiões
europeus, Ferenc Mészáros, um internacional húngaro de 31 anos que havia marcado
presença no Mundial 1978.
“Na altura, havia uma lei na Hungria
que só possibilitava a saída de jogadores depois dos 30 anos. Quando atingi
essa idade, recebi propostas de Alemanha, Áustria e Portugal. Escolhi o Sporting
porque já conhecia o clube por dentro. (…) Em 1975-76, tinha jogado em Alvalade
pelo Vasas e fiquei espantado com o apoio do público”, contou ao jornal Observador
em 2017, que auferia um salário de três mil dólares por mês nos verde e brancos. O guarda-redes magiar, que foi
para a baliza porque “não gostava de correr” e vinha de 13 anos consecutivos ao
serviço do Vasas de Budapeste, pelo qual havia vencido um campeonato duas Taças
da Hungria,
agarrou o lugar no onze de Malcolm Allison e de imediato confirmou toda a sua
classe. Na primeira época em Alvalade,
1981-82, ganhou a dobradinha, tendo sofrido 30 golos em 41 jogos oficiais. Na
temporada que se seguiu venceu a Supertaça,
tendo atuado em 39 partidas e sofrido 30 golos. Pelo meio marcou presença no
Campeonato do Mundo de 1982, realizado em Espanha. Além da competência entre os
postes, era um “brincalhão”, um animador do balneário que, perante o pouco
trabalho que estava a ter num dérbi frente ao Benfica
em 1983, chegou a fumar um cigarro oferecido por um fotógrafo que estava a
trabalhar atrás da baliza.
Embora fosse titular indiscutível
no Sporting,
transferiu-se com alguma surpresa para o Farense,
clube que representou durante a temporada 1983-84, na qual participou em 20
partidas e sofreu 35 golos na I
Divisão. “O presidente Fernando Barata não pagava salários e havia um mau
ambiente. Trocámos de treinador. Saiu um búlgaro, o [Hristo] Mladenov, e entrou
o Manuel
Cajuda, bom homem”, recordou. Entretanto voltou à Hungria
para representar o Gyori ETO, mas haveria de regressar a Portugal no verão de
1986 para defender a baliza do Vitória
de Setúbal, que na altura tinha um grupo alargado de ex-companheiros de
equipa no Sporting,
nomeadamente Zezinho, Eurico Gomes, Ademar, Jordão e Manuel
Fernandes, assim como o treinador Malcolm Alisson, que o deixava fumar um
cigarro ao intervalo. “Perguntaram-me: Vais para um clube da II Divisão,
porquê? E eu respondi: vou para o Vitória”,
recordou. Na primeira época no Bonfim
subiu à I
Divisão e nas duas que se seguiram contribuiu para honrosas classificações
na primeira metade da tabela, sobretudo o quinto lugar obtido em 1988-89. Ao
serviço dos sadinos
amealhou 96 encontros e 106 golos sofridos. “Treinávamos em Setúbal e, às
vezes, em Tróia. Era perto da praia e ia à Arrábida. Muito muito, muito bom. Na
segunda época [na I
Divisão], acabámos em quinto lugar e falhámos a Europa por uns pontos. Era
um Vitória
muito bom, cheio de jogadores ótimos”, lembrou o húngaro.
Após pendurar as luvas chegou a
pertencer à equipa técnica de Carlos Queiroz no Sporting
e a orientar o Lourinhanense,
na altura clube satélite dos leões.
“Foi bom, muito bom regressar a Portugal para ser treinador. Apanhei uma equipa
boa, muito boa. Jogava lá o Tiago, por exemplo. Quando a Câmara promoveu um
jantar com o Lourinhanense,
então um clube [satélite] do Sporting,
falei do Tiago ao presidente Sousa
Cintra”, afirmou, puxando a cassete atrás. Haveria de falecer a 9 de janeiro
de 2023, aos 72 anos.
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