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Di María em ação no Benfica-Marselha de 2010 |
Ainda não era nascido quando
Benfica
e
Marselha
se defrontaram nas meias-finais da
Taça
dos Campeões Europeus em 1989-90 e não me recordo dos jogos particulares entre
as duas equipas em outubro de 2000 e julho de 2004. Por isso, a minha primeira
memória de um jogo entre
encarnados
e
marselheses
remonta ao duplo confronto de março 2010, a contar para os oitavos de final da
Liga
Europa.
Na altura, e sob a orientação de
Jorge
Jesus, a
equipa
lisboeta estava a praticar um belíssimo futebol, com jogadores como Maxi
Pereira, Luisão, David Luiz, Fábio Coentrão, Javi García, Pablo Aimar, Ramires,
Saviola, Di María e Cardozo em grande forma e muito bem articulados
coletivamente. Mesmo após seis campeonatos e de duas finais europeias nos 14 anos
que se seguiram,
essa
equipa benfiquista de 2009-10 ainda hoje é recordada com saudade. Para uma
geração, é mesmo lembrada como a melhor versão do
Benfica
que já viram.
Mas do outro lado estava o melhor
Marselha
desde 1993, ano em que conquistou a
Taça
dos Campeões Europeus e rebentou o escândalo de corrupção que envolveu e abalou
o clube. Steve Mandanda na baliza, Taye Taiwo na defesa,
Lucho
González, Mathieu Valbuena e Hatem Ben Arfa no meio-campo e Mamadou Niang
no ataque eram algumas das estrelas da equipa às ordens de Didier Deschamps,
que tal como o
Benfica
haveria de conquistar o título nacional nessa época.
Na primeira-mão, no
Estádio
da Luz, o nulo persistiu até ao minuto 76, quando Maxi Pereira deu vantagem
ao
Benfica,
aproveitando as sobras de um cruzamento rasteiro de Di María ao qual Cardozo
não conseguiu desviar ao primeiro poste. Porém, ao cair do pano Ben Arfa saltou
mais alto do que toda a gente na área
benfiquista
e cabeceou para o 1-1, após bom cruzamento de Laurent Bonnart a partir da
direita.
“Não foi o
Benfica
dominador, tanto a nível interno como na sua cavalgada europeia, aquele que
mediu forças com o
Marselha,
num jogo que primou pelo duelo tático de parte a parte e com um desfecho para o
qual o binómio sorte/azar muito contribuiu. A criatividade acima da média das principais
unidades
encarnadas
deu lugar, desta feita, a um grande espírito de sacrifício, indispensável para ultrapassar
uma equipa com grande acerto estratégico, que nunca deixou de discutir o
resultado em terrenos adiantados. De tal forma que foram os franceses os
primeiros a ser traídos pela falta de sorte, a mesma que atingiu em cheio o
Benfica
na parte final e o obriga agora a outro tipo de abordagem no segundo jogo”, podia
ler-se na edição seguinte do jornal
O Jogo.
Na altura, os golos marcados fora
contavam em caso de empate na eliminatória, o que obrigava o
Benfica
a vencer no Velódrome ou, em alternativa, a empatar a dois ou mais golos. Uma
missão muito espinhosa.
Tal como em Lisboa, o golo inaugural
demorou a aparecer. E quando apareceu, foi para o
Marselha,
aos 70 minutos, por intermédio de Niang, numa jogada de insistência após um
livre lateral. Eliminatória decidida? Nada disso! Maxi Pereira restabeleceu a igualdade
aos 75’, através de um remate de fora da área, e, mesmo em cima do apito final,
Alan Kardec fez o 1-2 para o
Benfica
após um ressalto na sequência de um livre apontado por Aimar.
“Do início ao fim, um banho de bola.
Nem o golo de Niang, aos 70’, calou a revolta encarnada. O
Benfica
não caiu, pelo contrário, continuou por cima e deu a volta ao resultado pela
primeira vez esta temporada, apurando-se para os quartos-de-final da
Liga
Europa.
Jorge
Jesus tinha avisado que o jogo da primeira mão lhe tinha permitido saber
mais algumas coisas sobre o
Marselha.
E aprendeu a lição: o
Benfica
dominou completamente o adversário e, para acentuar ainda o mérito do
treinador, foram os substitutos Aimar e Alan Kardec que decidiram o jogo,
criando o golo da vitória em cima dos 90’. Vinte anos depois da mão de Vata,
desta vez foi a mão de Jesus que decidiu tudo”, resumiu o jornal
O Jogo.
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