quinta-feira, 11 de abril de 2024

O guardião húngaro que deixou marca no Sporting e no Vitória FC. Quem se lembra de Mészáros?

Mészáros brilhou no Sporting e no Vitória de Setúbal
Desprovido de um guarda-redes de grande categoria desde a saída de Vítor Damas para os espanhóis do Racing Santander em 1976, o Sporting contratou em 1981 aquele que era considerado um dos melhores guardiões europeus, Ferenc Mészáros, um internacional húngaro de 31 anos que havia marcado presença no Mundial 1978.
 
“Na altura, havia uma lei na Hungria que só possibilitava a saída de jogadores depois dos 30 anos. Quando atingi essa idade, recebi propostas de Alemanha, Áustria e Portugal. Escolhi o Sporting porque já conhecia o clube por dentro. (…) Em 1975-76, tinha jogado em Alvalade pelo Vasas e fiquei espantado com o apoio do público”, contou ao jornal Observador em 2017, que auferia um salário de três mil dólares por mês nos verde e brancos.
 
O guarda-redes magiar, que foi para a baliza porque “não gostava de correr” e vinha de 13 anos consecutivos ao serviço do Vasas de Budapeste, pelo qual havia vencido um campeonato duas Taças da Hungria, agarrou o lugar no onze de Malcolm Allison e de imediato confirmou toda a sua classe.
 
Na primeira época em Alvalade, 1981-82, ganhou a dobradinha, tendo sofrido 30 golos em 41 jogos oficiais. Na temporada que se seguiu venceu a Supertaça, tendo atuado em 39 partidas e sofrido 30 golos. Pelo meio marcou presença no Campeonato do Mundo de 1982, realizado em Espanha.
 
Além da competência entre os postes, era um “brincalhão”, um animador do balneário que, perante o pouco trabalho que estava a ter num dérbi frente ao Benfica em 1983, chegou a fumar um cigarro oferecido por um fotógrafo que estava a trabalhar atrás da baliza.
 
 
Embora fosse titular indiscutível no Sporting, transferiu-se com alguma surpresa para o Farense, clube que representou durante a temporada 1983-84, na qual participou em 20 partidas e sofreu 35 golos na I Divisão. “O presidente Fernando Barata não pagava salários e havia um mau ambiente. Trocámos de treinador. Saiu um búlgaro, o [Hristo] Mladenov, e entrou o Manuel Cajuda, bom homem”, recordou.
 
Entretanto voltou à Hungria para representar o Gyori ETO, mas haveria de regressar a Portugal no verão de 1986 para defender a baliza do Vitória de Setúbal, que na altura tinha um grupo alargado de ex-companheiros de equipa no Sporting, nomeadamente Zezinho, Eurico Gomes, Ademar, Jordão e Manuel Fernandes, assim como o treinador Malcolm Alisson, que o deixava fumar um cigarro ao intervalo. “Perguntaram-me: Vais para um clube da II Divisão, porquê? E eu respondi: vou para o Vitória”, recordou.
 
Na primeira época no Bonfim subiu à I Divisão e nas duas que se seguiram contribuiu para honrosas classificações na primeira metade da tabela, sobretudo o quinto lugar obtido em 1988-89. Ao serviço dos sadinos amealhou 96 encontros e 106 golos sofridos. “Treinávamos em Setúbal e, às vezes, em Tróia. Era perto da praia e ia à Arrábida. Muito muito, muito bom. Na segunda época [na I Divisão], acabámos em quinto lugar e falhámos a Europa por uns pontos. Era um Vitória muito bom, cheio de jogadores ótimos”, lembrou o húngaro.
 
 
Após pendurar as luvas chegou a pertencer à equipa técnica de Carlos Queiroz no Sporting e a orientar o Lourinhanense, na altura clube satélite dos leões. “Foi bom, muito bom regressar a Portugal para ser treinador. Apanhei uma equipa boa, muito boa. Jogava lá o Tiago, por exemplo. Quando a Câmara promoveu um jantar com o Lourinhanense, então um clube [satélite] do Sporting, falei do Tiago ao presidente Sousa Cintra”, afirmou, puxando a cassete atrás.
 
Haveria de falecer a 9 de janeiro de 2023, aos 72 anos.










Sem comentários:

Enviar um comentário