segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Os 10 jogadores com mais jogos pelo FC Porto na I Divisão

Dez jogadores que ficaram na história do FC Porto
Fundado a 28 de setembro de 1893 por obra e graça de António Nicolau d’Almeida, um comerciante do vinho do Porto que descobriu o futebol nas suas viagens a Inglaterra, o Futebol Clube do Porto chegou a estar inativo cerca de uma década, mas foi refundado a 2 de agosto de 1906, bem a tempo de se tornar não só num dos três clubes grandes de Portugal como no emblema português com mais troféus internacionais na modalidade.

Embora os dragões tenham renascido três anos depois do nascimento do Boavista e cinco antes do Salgueiros, deram um salto de popularidade que os vizinhos não conseguiram dar. “Foi fundamental o facto de o FC Porto ter crescido muito para lá das suas origens locais (Constituição), enquanto o Boavista (Boavista) e o Salgueiros (Paranhos) ficaram socialmente mais ligados a essas zonas, embora com adeptos e sócios espalhados por toda a cidade”, explica João Nuno Coelho, investigador, comentador e autor de diversos livros sobre futebol.


O crescimento do FC Porto, diz o historiador, “teve também muito que ver com o seu ecletismo, espalhando a sua atividade a muitas modalidades, ao mesmo tempo que ia criando filiais por todo o país”. “Como quase todos os clubes nessa fase do desporto português, nasceu entre as classes mais abastadas - incluindo a colónia inglesa -, as únicas que podiam dar-se ao luxo de praticar desporto, neste caso o futebol. Mas o FC Porto rapidamente se estendeu a todas as classes, mormente a partir das décadas de 1920 e 1930, com as primeiras grandes conquistas no futebol”, diz, lembrando que este foi o vencedor das primeiras competições nacionais: o Campeonato de Portugal em 1922, o Campeonato da Liga em 1934-35 e o Campeonato Nacional em 1938-39.

Cedo o FC Porto “começou a ser visto como o representante por excelência da Cidade Invicta, na competição com os maiores representantes da capital, e muita da identidade portista está ligada exatamente à rivalidade com os clubes de Lisboa, sempre vista como centralista, que prejudicava os interesses da segunda cidade do país”, diz João Nuno Coelho, que aponta essa ideia como justificação para o alargamento da base social dos dragões por toda a Zona Metropolitana e por todo o país.

Porém, a rivalidade futebolística entre Porto e Lisboa “atingiu um ponto mais aceso após o 25 de Abril, quando figuras como José Maria Pedroto (treinador) e Pinto da Costa (presidente), entraram em conflito claro com as instituições do futebol por considerarem que o FC Porto era prejudicado desportivamente, o que explicaria o menor sucesso do clube entre as décadas de 1940 e 1970”. “A verdade é que tudo mudaria, com o clube a ganhar preponderância competitiva, conseguindo mesmo ganhar a luta pelo domínio do futebol português nas décadas finais do século XX e a inicial do século XXI”, acrescenta o investigador, sobre um período dourado da história dos dragões, que também se impuseram internacionalmente com as conquistas dos títulos europeus em 1987 e 2004.

Depois de ter demonstrado a sua força no Campeonato do Porto, com 30 títulos – 21 deles consecutivos, entre 1915 e 1947 – e no Campeonato de Portugal, com quatro triunfos, o FC Porto não só foi um dos clubes que esteve na primeira edição na I Divisão, em 1934-35, como esteve em todas as edições da prova e é o segundo com mais títulos (30).

Na contabilidade portista entram oito bicampeonatos, três tris, dois tetras e um penta, assim como nove dobradinhas.

Vale por isso a pena recordar os dez jogadores com mais jogos pelo FC Porto na I Divisão.


10. Barrigana (261 jogos)

Barrigana
Começou a trabalhar como corticeiro no Montijo, mas tornou-se num histórico guarda-redes do FC Porto, chegando à Invicta em 1943, oriundo do Sporting, para suceder ao húngaro Béla Andrasik, aconselhado pelos dirigentes do clube a deixar Portugal por estar a ser perseguido pela PIDE devido às suas ligações a organizações antifascistas.
Barrigana foi o dono da baliza portista ao longo de 12 épocas, nas quais somou 261 jogos e sofreu 409 golos. Infelizmente para ele, os azuis e brancos não foram campeões nem venceram qualquer Taça de Portugal durante esse período. Ainda assim, conquistou a admiração dos adeptos ao recusar mudar-se para os brasileiros do Vasco da Gama, mesmo sabendo que iria auferir um salário dez vezes superior.
Enquanto guarda-redes do FC Porto somou 12 internacionalizações pela seleção nacional “AA”, tendo participado nas qualificações para os Mundiais 1950 e 1954.
Em 1955 foi dispensado pelo treinador brasileiro Dorival Yustrich e mudou-se para o Salgueiros.
Haveria de falecer em setembro de 2007, aos 85 anos, no Hospital de Águeda, na sequência de vários problemas pulmonares.



9. Domingos (263 jogos)

Domingos Paciência
Produto da formação do FC Porto, subiu à equipa principal em 1987-88, estreando-se pela mão de Tomislav Ivic num encontro da Taça de Portugal no terreno do Moura, aos 18 anos. Na mesma temporada somou os primeiros jogos na I Divisão. “Lembro-me muito bem da minha estreia a titular no campeonato. Foi contra o Salgueiros, num jogo em que fiz dupla com o Fernando Gomes. Ganhámos 1-5 e fui substituído pelo Raudnei [aos 75 minutos]. Umas jornadas tinha-me estreado no campeonato, também numa goleada. Foi diante do O Elvas (4-0 nas Antas). Entrei e marquei”, recordou ao Maisfutebol em abril de 2016.
Paulatinamente foi ganhando o seu espaço no onze portista, tendo formado uma dupla temível com o búlgaro Kostadinov entre 1990 e 1994. Em 1990-91 esteve perto de se tornar no melhor marcador do campeonato, com 24 golos, mas o benfiquista Rui Águas marcou mais um golo. Em 1994-95 marcou 19, mas o marroquino Hassan, do Farense, somou mais dois remates certeiros. Porém, em 1995-96 conquistou o tão desejado prémio de artilheiro-mor, ao apontar 25 golos, naquela que foi a última vez que um jogador português venceu o troféu.
Na primeira passagem pelo plantel principal dos azuis e brancos, entre 1987 e 1997, disputou 232 jogos (160 a titular), apontou 96 golos, venceu sete campeonatos (1987-88, 1989-90, 1991-92, 1992-93, 1994-95, 1995-96 e 1996-97), três Taças de Portugal (1987-88, 1990-91 e 1993-94) e cinco Supertaças (1990, 1991, 1993, 1994 e 1996).
Entre 1997 e 1999 representou os espanhóis do Tenerife, mas depois voltou às Antas, ainda que já sem o fulgor de outrora. Em mais duas épocas de dragão ao peito totalizou 31 encontros (11 a titular) e marcou nove golos no campeonato, tendo conquistado duas Taças de Portugal (1999-00 e 2000-01) e uma Supertaça (1999).
Paralelamente somou 34 partidas e nove golos pela seleção nacional “AA”, tendo marcado presença no Euro 1996.
Após pendurar as botas tornou-se treinador, tendo assumido as funções de adjunto e depois de técnico principal na equipa B do FC Porto.

  

8. Monteiro da Costa (269 jogos)

Monteiro da Costa
Médio que chegou à Invicta em 1949, proveniente da Oliveirense, esteve no FC Porto ao longo de 13 temporadas, quase sempre como titular indiscutível.
Até 1962 somou 269 jogos – numa altura em que não havia substituições – e marcou 76 jogos na I Divisão, venceu dois campeonatos (1955-56 e 1958-59) e outras tantas Taças de Portugal (1955-56 e 1957-58), além de outros títulos regionais. Ao longo do seu trajeto com a camisola azul e branca tornou-se capitão e figura carismática, sendo considerado um dos primeiros jogadores “à Porto”.
O seu percurso de dragão ao peito valeu-lhe quatro idas a jogo ao serviço da seleção nacional “AA”, todas em anos distintos: frente à Áustria em 1952 e 1953, diante da Turquia em 1955 e contra a Irlanda do Norte em 1957.
Haveria de falecer em agosto de 1984, à beira de comemorar o seu 56.º aniversário.



7. André (276 jogos)

António André
Médio de características defensivas, iniciou a carreira no Varzim e foi de lá que saltou para o FC Porto no verão de 1984.
Na época de estreia só se tornou titular à 11.ª jornada, mas depois agarrou o lugar e manteve-o durante os quase onze anos que passou nas Antas. Foi por isso um dos esteios da equipa que viria a vencer a Taça dos Campeões Europeus, a Supertaça Europeia e a Taça Intercontinental em 1987.
Em termos domésticos atuou em 276 partidas (267 a titular) e marcou 23 golos no campeonato, sagrando-se campeão nacional por sete vezes (1984-85, 1985-86, 1987-88, 1989-90, 1991-92, 1992-93 e 1994-95). Também venceu três Taças de Portugal (1987-88, 1990-91 e 1993-94) e seis Supertaças (1984, 1986, 1990, 1991, 1993 e 1994).
Paralelamente somou 20 internacionalizações (e um golo) pela seleção nacional “AA”, tendo marcado presença no Mundial 1986.
Após pendurar as botas continuou ligado ao FC Porto noutras funções, tendo desempenhado as funções de treinador adjunto na equipa principal e de olheiro.
O seu filho, André André, jogou no FC Porto entre 2015 e 2018.



6. Jaime Magalhães (280 jogos)

Jaime Magalhães
Mais um jogador à Porto, um extremo direito formado no clube e que jogou na equipa principal ao longo de década e meia – só não fez toda a carreira de azul e branco porque se despediu no Leça em 1995-96.
A estreia pelos seniores aconteceu pouco depois de completar 18 anos, numa vitória sobre o Sporting em Alvalade em agosto de 1980. A despedida teve lugar em maio de 1995, num triunfo em Vidal Pinheiro. Pelo meio disputou 280 jogos (229 a titular) e marcou 29 golos na I Divisão, sagrando-se campeão nacional por sete vezes (1984-85, 1985-86, 1987-88, 1989-90, 1991-92, 1992-93 e 1994-95).
Também venceu quatro Taças de Portugal (1983-84, 1987-88, 1990-91 e 1993-94) e sete Supertaças (1981, 1983, 1984, 1986, 1990, 1991 e 1993), mas o ponto alto foram as conquistas internacionais de 1987: Taça dos Campeões Europeus, Supertaça Europeia e Taça Intercontinental. Em 1984 esteve na caminhada até à final da Taça das Taças, mas a Juventus de Platini adiou-lhe o sonho europeu.
“Não me lembro de perder um jogo nas Antas com o senhor Pedroto. Lembro-me, isso sim, de sermos eliminados da Taça, já não sei por quem, 2-1, e foi uma vergonha do c*****. Nessas situações, a gente nem saía de casa durante oito dias, até ao jogo seguinte. Nem aparecíamos no café. Era uma vergonha, não queríamos passar ao lado de um portista na rua ou assim. Então era casa, treino, treino, casa. Se empatássemos em Alvalade ou na Luz, vá que não vá. Agora se perdêssemos em casa com Benfica ou Sporting, era retiro em casa pela certa”, afirmou, em entrevista ao Observador, em março de 2018.
Paralelamente somou 20 internacionalizações pela seleção nacional “AA” e marcou presença no Mundial 1986.
Em 2020 voltou ao clube um quarto de século depois para assumir funções na equipa técnica dos sub-15.



5. Aloísio (332 jogos)

Aloísio
Central de grande classe, chegou ao FC Porto aos 27 anos, em 1990, já depois de ter despontado no Internacional de Porto Alegre e de ter conquistado o Campeonato do Mundo sub-20 em 1983 pelo Brasil e uma Taça do Rei e uma Taça das Taças pelo Barcelona, clube em que foi treinado por Johan Cruyff.
Nas Antas não sentiu dificuldades em impor-se como titular, tendo formado grandes duplas com os compatriotas Geraldão e Zé Carlos e os internacionais portugueses Fernando Couto e Jorge Costa. Foi um dos pilares da conquista do bicampeonato (1991-92 e 1992-93) e sobretudo do inédito penta (entre 1994-95 e 1998-99). Também venceu cinco Taças de Portugal e sete Supertaças. No campeonato apontou 15 golos nos 332 jogos (322 a titular) que disputou.
Em 2001 pendurou as botas, à beira dos 38 anos, despedindo-se com a conquista da Taça, embora não tivesse sido utilizado na final com o Marítimo. Após encerrar a carreira de jogador iniciou a de treinador, tendo sido adjunto da equipa principal dos dragões entre 2001-02 e 2004-05 e treinador principal dos bês em 2005-06.



4. Fernando Gomes (341 jogos)

Fernando Gomes
Conhecido por bibota, pelas duas Botas de Ouro conquistadas em 1983 e 1985, marcou uma geração de dragão ao peito, tendo conquistado cinco campeonatos, três Taças de Portugal, três Supertaças e sobretudo uma Taça dos Campeões Europeus, uma Supertaça Europeia e uma Taça Intercontinental.
Dotado de um instinto goleador muito apurado, fica na história como o melhor marcador de sempre do FC Porto, com 355 golos em 451 jogos em todas as competições. É ainda o segundo maior goleador de sempre da I Divisão, com 319 golos, mais um do que Eusébio e menos 13 do que o líder Fernando Peyroteo.
Ponta de lança formado no clube, ascendeu à equipa principal em 1974-75, tendo feito a estreia numa receção à CUF que culminou num triunfo por 2-1. Tinha apenas 17 anos, mas avisou ao que vinha e, numa primeira instância, contribuiu para que o FC Porto quebrasse um jejum de 19 anos sem títulos em 1977-1978. Depois, ajudou o clube a estabelecer-se como força dominante no futebol português.
Em 1980, foi transferido para os espanhóis do Sporting de Gijón, mas foi recontratado dois anos depois, naquela que foi uma das primeiras medidas de Pinto da Costa como presidente do clube. "Achei um absurdo perder assim um dos jogadores com maior margem de progressão, e que seria, sem dúvida, um dos maiores pontas-de-lança portugueses. Logo que se abriu a possibilidade do meu regresso, foi uma das minhas prioridades com a tomada de posse da minha direção a 23 de abril de 1982. Logo na semana seguinte, iniciou-se aquilo a que chamámos Operação Gijón", contou o presidente no livro 31 Anos de Presidência, 31 Decisões, lançado em dezembro de 2013. Em poucos dias, a direção portista conseguiu arranjar os 20 mil contos exigidos pelos asturianos junto do Banco Português do Atlântico.
Depois de ter sido o melhor marcador da I Divisão em 1976-77, 1977-78 e 1978-79, voltou a ser o artilheiro-mor nas edições de 1982-83, 1983-84 e 1984-85. Nesta segunda passagem ajudou o FC Porto a chegar à sua primeira final europeia, em 1984, na Taça das Taças. Porém, o título fugiu para a Juventus de Scirea, Platini, Tardelli, Rossi, Boniek e do treinador Giovanni Trapattoni.
Três anos depois dessa derrota de Basileia, Gomes foi fundamental na caminhada portista para a final da Taça dos Campeões Europeus, em 1986-87, tendo inclusivamente apontado um golo ao Dínamo de Kiev na segunda mão das meias-finais, mas falhou a final com o Bayern de Munique devido a lesão. O FC Porto foi campeão europeu pela primeira vez na sua história, com Artur Jorge ao leme, mas Gomes teve aí a maior mágoa da sua carreira.
No ano seguinte, mais uma conquista de sabor agridoce. O FC Porto venceu a Supertaça Europeia, mas já na segunda parte da segunda mão, nas Antas, o treinador Tomislav Ivic substituiu Gomes e impediu dessa forma o então capitão portista de erguer o troféu. Ainda assim, nessa temporada, Fernando Gomes teve a oportunidade de ganhar, em campo, a Taça Intercontinental, contribuindo com um golo para a vitória sobre os uruguaios do Peñarol (2-1), debaixo de forte nevão.
Aos 32 anos, Fernando Gomes era ainda uma peça muito importante no FC Porto em fevereiro de 1989, quando uma deslocação aos Barreiros precipitou o final da ligação entre ele e o clube do coração enquanto jogador. Na véspera de um jogo com o Marítimo, já era tarde quando a comitiva portista foi jantar na Madeira. Porém, a comida começou a ser servida aos dirigentes, algo que desagradou a Gomes, que trocou acusações com Octávio Machado e acabou por ficar temporariamente suspenso.
O avançado não voltou a jogar nessa época e acabou por deixar as Antas no verão, com destino a Alvalade, despedindo-se do FC Porto com 288 golos em 341 jogos (326 a titular) na I Divisão. Ainda hoje é (de longe!) o melhor marcador dos dragões no campeonato português.
Menos feliz foi pela seleção nacional. Foi internacional português por 48 vezes e apontou 13 golos, mas nenhum em fases finais, apesar de ter participado no Euro 1984 e no Mundial 1986.



3. Virgílio (346 jogos)

Virgílio
Lateral direito ribatejano, trocou os juniores dos Ferroviários do Entroncamento pelos do FC Porto em 1946.
Um ano depois subiu à equipa principal dos dragões e por lá continuou ao longo de década e meia, tendo disputado 346 encontros e apontado cinco golos na I Divisão, sagrando-se campeão nacional em 1955-56 e 1958-59 e vencedor da Taça de Portugal em 1955-56 e 1957-58.
Em 1951 o Celta de Vigo ofereceu-lhe 500 mil pesetas de prémio de assinatura e um salário mensal de 15 mil pesetas, mas rejeitou a proposta por amor aos portistas.
Pouco afortunado, uma vez que jogou nos azuis e brancos numa fase de menor fulgor do clube, conseguiu ainda assim somar 39 internacionalizações pela seleção nacional “AA”, um registo assinalável para aquela altura, uma vez que chegou a ser o recordista português de internacionalizações. Por ter feito a estreia frente a Itália, em Génova, passou a ser conhecido pelo “leão de Génova”.
Após pendurar as botas continuou radicado no Porto e ficou responsável do Lar do Atleta.
Haveria de falecer em abril de 2009, aos 81 anos.



2. Vítor Baía (406 jogos)

Vítor Baía
Considerado por muitos como o melhor guarda-redes de sempre do futebol português, estreou-se pela equipa principal do FC Porto pela mão de Quinito a 11 de setembro de 1988, à beira de completar 19 anos, num empate no terreno do Vitória de Guimarães (1-1).
“Lembro-me de todo aquele rebuliço em torno do Jozef [Mlynarczyk], que se tinha lesionado. Estávamos os dois convocados e o Zé Beto tinha um processo disciplinar. Todos os contactos com ele foram malsucedidos, não o encontravam. Apesar de verem em mim um potencial extraordinário, não deixava de ser um miúdo de 18 anos, ainda por cima num estádio como o do Vitória de Guimarães, com um daqueles ambientes complicados. A cara dos meus colegas da defesa era quase de pânico, mas era um pânico que compreendi. Felizmente, o jogo correu-me bem”, recordou ao jornal O Jogo em setembro de 2018.
Começou aí a história de uma lenda que na I Divisão portuguesa disputou 406 jogos (404 a titular), sofreu 230 golos e conquistou dez títulos (1989-90, 1991-92, 1992-93, 1994-95, 1995-96, 1998-99, 2002-03, 2003-04, 2005-06 e 2006-07), sempre de dragão ao peito, entre 1988 e 2007. Ao longo desses 19 anos apenas não esteve nos azuis e brancos durante duas épocas e meia, quando representou o Barcelona.
Paralelamente conquistou cinco Taças de Portugal, nove Supertaças, uma Taça UEFA e uma Liga dos Campeões pelo FC Porto e somou 80 internacionalizações pela seleção nacional, tendo marcado presença nos Europeus de 1996 e 2000 e no Mundial 2002.
“É um orgulho e uma sensação de missão cumprida. Foram 17 anos de dedicação e entrega total ao FC Porto, conciliados com 27 títulos, o que dá mais de um título por ano, que me enchem de orgulho. Ao mesmo tempo sinto-me grato por ter jogado no clube e por me terem dado a possibilidade de fazer parte da história do FC Porto”, afirmou.



1. João Pinto (408 jogos)

João Pinto
Se Vítor Baía não é o jogador com mais jogos pelo FC Porto na I Divisão o culpado é João Pinto, eterno capitão de equipa e camisola 2 dos azuis e brancos. A estreia no primeiro escalão aconteceu a 6 de dezembro de 1981, numa vitória sobre o Estoril nas Antas (1-0).
Seguiram-se 16 anos interruptos no lado direito da defesa portista, período no qual disputou 406 jogos (404 a titular) e marcou 17 golos no campeonato, tendo conquistado nove títulos (1984-85, 1985-86, 1987-88, 1989-90, 1991-92, 1992-93, 1994-95, 1995-96 e 1996-97).
Durante o seu longo percurso de dragão ao peito mostrou mais combatividade do que técnica, tendo chegado a jogar com um dedo fraturado. “Tinha o dedo pequeno do pé direito partido, os médicos diziam que tinha de estar um mês sem jogar, então fiz um buraco na bota – porque tinha mais dores quando aquele lado da bota me apertava – e pintei a meia de preto para disfarçar”, contou ao Correio do Porto em abril de 2011.
Ainda assim, esteve para ser emprestado em 1982, quando José Maria Pedroto sucedeu ao austríaco Hermann Stessl no comando técnico. “Quando veio o senhor Pedroto, estava para ser dispensado. Fui ao balneário falar com ele e estava a lá o Ferreirinha, o treinador do Paços de Ferreira e o senhor Pedroto disse-me que ia para lá e que iam estar em cima de mim. Só que, entretanto, o Pedroto chega ao treino, dá a equipa e diz que do outro lado ia jogar o miúdo, que era eu. Pensei: 'Então sou dispensado e ainda vou treinar?'. Nesse treino, lembro-me que eu e o Jaime disputámos a bola e eu dei-lhe uma porrada do caraças. O senhor Pedroto virou-se para ele e disse que eu qualquer dia lhes ia ao traseiro. No final do treino, o senhor Pedroto disse que já não ia ser dispensado, que ficava cá. Passado um mês, fui convocado contra o Salgueiros, em Vidal Pinheiro. Ele levava um ou dois a mais e começou a dar a equipa e no lado esquerdo disse que ia jogar o miúdo, eu. Correu bem o jogo, o Inácio magoou-se, depois o Gabriel e passei para o lado direito. Nunca mais saí”, contou à FC Porto TV em abril de 2020.
Também fez parte da tripla conquista internacional de 1987 – Taça dos Campeões europeus, Supertaça Europeia e Taça Intercontinental – e venceu quatro Taças de Portugal e oito Supertaças.
Paralelamente foi 70 vezes internacional português (e marcou um golo) e marcou presença no Euro 1984 e no Mundial 1986.
Após pendurar as botas continuou ligado ao clube como treinador dos juniores, observador, adjunto da equipa principal e conselheiro da formação. Em 2020-21 vai desempenhar o papel de coordenador de formação.









2 comentários:


  1. Oi! Encontrei um valioso vídeo de futebol.
    Panathinaikos contra o FC Porto.
    https://www.youtube.com/watch?v=mEOV9HtdnYc

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