Fundado a 24 de maio de 1965 por
impulso dos mafrenses Artur Vicente da Silva e o Manuel Joaquim Alves Lopes
Coelho, que no ano anterior se interrogaram sobre a não existência na sede do concelho
de um clube onde se praticasse desporto, principalmente o futebol, o Clube
Desportivo de Mafra tem vivido nos últimos anos os momentos altos da sua
história, com a participação na II Liga.
Após ter passado praticamente as
primeiras três décadas de existência nos campeonatos distritais, o emblema da
zona saloia competiu pela primeira vez na III Divisão em 1992-93, chegando à II
Divisão B três épocas depois. Voltou a cair nos distritais, mas levantou-se e
foi alimentando o sonho de chegar às ligas profissionais.
Esse objetivo esteve perto de ser
alcançado em 2002-03, 2004-05, 2010-11 e 2012-13, quando o Mafra terminou em
2.º lugar na sua série. Porém, foi preciso esperar até 2014-15 para deixar de
ver a bola bater na trave, conciliando a promoção à II Liga com o título de
campeão do Campeonato Nacional de Seniores.
A primeira época no segundo
escalão ficou marcada pela descida de divisão, mas os mafrenses reergueram-se e
voltaram a subir em 2017-18, mais uma vez coroando a promoção com o título de
campeão. Após a permanência em 2018-19, estavam a ser a equipa sensação do
campeonato que recentemente foi dado como terminado, uma vez que ocupavam o
quarto lugar e primavam por um futebol vistoso.
Em três temporadas de II Liga, 62
futebolistas jogaram pelo Mafra no segundo escalão. Vale por isso a pena
recordar os dez que o fizeram por mais vezes.
10. Cuca (41 jogos)
Cuca |
Médio luso-cabo-verdiano de
características defensivas, foi formado e despontou no Oeiras, passou por 1º
Dezembro, pelos cipriotas do Omonia Aradippou e pelo Felgueiras, mas tem sido
no Mafra que se tem afirmado desde o verão de 2018.
Na primeira época no clube, que
também foi a de Cuca na II Liga, disputou 29 jogos, todos na condição de
titular. Na temporada que recentemente foi dada como terminada estava a ser
bastante influente na construção de jogo da equipa de Vasco Seabra, mas sofreu
uma lesão no início de dezembro e não voltou a jogar, encerrando a época com 12
encontros no campeonato, contribuindo para o honroso quarto lugar e também para
a caminhada até aos oitavos de final da Taça
de Portugal.
9. Alisson (42 jogos)
Alisson Patrício |
Extremo brasileiro de elevada
estatura (1,89 m), esteve nas duas promoções do Mafra à II Liga, em 2015 e
2018. Depois de ter chegado ao futebol português pela porta do Olivais e Moscavide,
mudou-se para o Mafra no verão de 2009 e por lá ficou durante uma década – a
exceção foi a época 2011-12, passada ao serviço do Al-Mesaimeer, do Qatar.
Esteve por isso, na campanha em
que os mafrenses viram a subida à II Liga escapar por um triz para o Farense
em 2012-13, mas dois anos depois foi decisivo na promoção ao segundo escalão,
marcando o golo que deu a subida divisão na última jornada, frente ao
Louletano.
Em estreia nas ligas
profissionais em 2015-16, disputou 38 jogos (28 a titular) e marcou cinco
golos, a Oriental, Oliveirense, Desp. Aves, Olhanense
e Varzim, mas não conseguiu evitar a despromoção.
Porém, continuou no clube e
voltou a estar ligado a uma subida à II Liga em 2017-18, porém, não foi além de
quatro jogos como suplente utilizado no regresso ao segundo escalão.
Deixou o emblema da zona saloia
no verão do ano passado para reforçar o Amora,
mas em fevereiro voltou ao concelho de Mafra para representar o Malveira.
8. Leo Tomé (42 jogos)
Leo Tomé |
Disputou 42 jogos tal como
Alisson, mas esteve em campo durante mais 551 minutos – 3242 contra 2691. Médio
baixa estatura (1,70 m) e características ofensivas, canhoto e sempre em alta
rotação, nasceu em São
Paulo, mas foi viver para o Algarve
em tenra idade. Depois de representar vários clubes algarvios como Farense,
Ferreiras, Almancilense, Campinense e Louletano, surgiu em Mafra no verão de
2012.
Logo na época de estreia esteve
perto de contribuir para a subida dos mafrenses à II Liga, mas teve de esperar
mais dois anos para o conseguir. Na estreia no segundo escalão foi bastante
utilizado, tendo participado em 42 (37 a titular) das 46 jornadas do
campeonato, tendo marcado três golos, frente a Feirense, Benfica
B e Sp.
Braga B, mas insuficientes para evitar a despromoção.
Após a descida regressou ao Farense,
clube que ajudou a promover à II Liga em 2018. Entretanto passou por Loures
e Amora,
mas desde janeiro que está ligado ao Sintrense.
7. André Teixeira (43 jogos)
André Teixeira |
Lateral direito com carimbo das
seleções jovens, esteve nos Europeus de sub-17 em 2010 e de sub-19 em 2012, ao
lado de jogadores como Ricardo Esgaio, João
Mário, Ivan Cavaleiro, Tiago Ilori, André Gomes, João Cancelo e Bruma,
entre outros.
Após concluir a formação no FC
Porto, foi dispensado e rumou ao Belenenses,
clube que o cedeu a Leixões, Trofense e ao Mafra, em 2015-16, na época de
estreia do clube da zona saloia na II Liga. Titular indiscutível, cumpriu 43
jogos (todos a titular) em 46 possíveis, tendo sido imprescindível para os
treinadores Jorge Neves e Jorge Paixão. Nessa campanha marcou um golo, ao
Vitória de Guimarães B, insuficiente para evitar a despromoção.
Após a despromoção mudou-se a
título definitivo para o Leixões e desde 2017 que está vinculado aos cipriotas
do AEL Limassol.
6. Flávio Silva (47 jogos)
Flávio Silva |
Outro internacional português
pelas camadas jovens, que passou pela formação de Sporting
e Benfica.
Avançado móvel nascido em Bissau,
reforçou o Mafra no verão de 2018, depois de já ter adquirido alguma
experiência na II Liga ao serviço da equipa B das águias
e do União da Madeira.
Preferencialmente utilizado a
partir do banco, disputou 31 jogos (nove a titular) e marcou três golos no
campeonato, frente a Estoril,
Arouca
e Penafiel,
durante a época 2018-19. Na temporada que recentemente terminou manteve o
estatuto de arma secreta, tendo disputado 16 partidas, todas na condição de suplente
utilizado, e apontado três golos, frente a Académica, Feirense e Oliveirense.
5. Juary (49 jogos)
Juary Soares |
Defesa central com selo da
formação do Sporting
e da seleção
da Guiné-Bissau, reforçou o Mafra no verão de 2016, depois da despromoção
ao Campeonato de Portugal, para ajudar o emblema da zona saloia a voltar à II
Liga.
Na primeira época esteve ausente
durante algum tempo no final de 2016 e no início de 2017 para preparar e
disputar o CAN 2017, mas na época seguinte esteve a tempo inteiro às ordens de Luís
Freire para contribuir para a promoção ao segundo escalão, tendo inclusivamente
marcado o golo que deu o título de campeão à equipa.
Desde o regresso dos mafrenses à
II Liga que tem sido um titular indiscutível, mostrando capacidade para sair a
jogar apesar de algumas dificuldades na marcação. Em 2018-19 disputou 29 jogos
(28 a titular), tendo
participado no CAN 2019 no final da temporada, e na época que recentemente
terminou esteve em 20 encontros e contribuiu não só para o quarto lugar no
campeonato como para a caminhada até aos oitavos de final da Taça
de Portugal.
4. Zé Tiago (55 jogos)
Zé Tiago |
Embora
se sinta bastante confortável em ataque posicional, contexto que lhe permite
desfrutar mais do talento e cultura tática que possui, também tem uma
participação importante nas saídas rápidas da equipa mafrense para o ataque,
conduzindo a bola com qualidade e entregando-a no timing ideal ao companheiro mais adequado com grande precisão.
Nos últimos dias assinou pelo Desp. Chaves.
Nos últimos dias assinou pelo Desp. Chaves.
3. Rúben Freitas (55 jogos)
Rúben Freitas |
Disputou 55 jogos tal como Zé
Tiago, mas esteve em campo durante mais 227 minutos – 4712 contra 4485. Lateral
direito com carimbo da formação de Sporting
e Sp.
Braga, chegou a Mafra no arranque da época de regresso do clube à II Liga,
em 2018-19, depois de passagens por Salgueiros, Chipre, Gibraltar e Vilafranquense.
Nessa temporada participou em 31
das 34 partidas do campeonato, 28 na condição de titular, e marcou um golo
Académico Viseu, ajudando a assegurar a permanência.
Na época que agora terminou
voltou a evidenciar-se, disputando 24 jogos em outros tantos possíveis, sempre
no onze inicial, contribuindo com dois golos, a Sp. Covilhã e Oliveirense, para
a obtenção do honroso quarto lugar – paralelamente, ajudou os mafrenses a chegarem
aos oitavos de final da Taça
de Portugal. “Num campeonato tão competitivo, não imaginávamos estar tão
bem classificados, mas pela qualidade de jogo sabíamos que os resultados iam
aparecer naturalmente”, disse ao jornal A
Bola no final de março.
2. Joel Ferreira (61 jogos)
Joel Ferreira |
Lateral esquerdo formado no FC
Porto, foi companheiro de equipa de jogadores como Sérgio
Oliveira, Gonçalo
Paciência e Fábio Martins no futebol juvenil. Ao Mafra chegou pela primeira
vez no verão de 2015, reforçando uma equipa então em estreia na II Liga, depois
de quatro anos de experiência no Campeonato de Portugal com a camisola do Gondomar.
Titularíssimo em 2015-16,
disputou 37 jogos no campeonato (16 como titular) e deu o salto para o Estoril
no final da temporada, apesar de os mafrenses terem sido despromovidos.
Após dois anos ao serviço dos estorilistas
na I Liga e de uma passagem pela Académica no segundo escalão, regressou ao
Mafra para mais uma vez se assumir como titular indiscutível, tendo disputado as
24 jornadas da II Liga e marcado cinco golos, frente a Cova
da Piedade, Desp. Chaves, Sp. Covilhã, Moreirense e Estoril.
“Nunca tinha feito tantos golos, mas isso deve-se ao facto de no modelo de jogo
do mister Vasco Seabra os laterais serem bastante colaborantes no processo
ofensivo”, explicou ao Record.
“O Mafra é um clube com o qual me
identifico e que me permite agora integrar um grupo em que a qualidade do
futebol que praticamos é reconhecida por todos”, afirmou.
1. João Godinho (63 jogos)
João Godinho |
Guarda-redes formado no Benfica
ao lado de jogadores como João Pereira, Fernando Alexandre, Hélio Pinto, Hélio
Roque, Amoreirinha e Rúben
Amorim, chegou ao Mafra no verão de 2012, já com uma vasta experiência nos
campeonatos nacionais ao serviço de Benfica
B, Vilafranquense,
Torreense, Oriental, O Elvas, Odivelas e Carregado.
Logo na época de estreia esteve
perto da promoção à II Liga, mas o Farense
conseguiu a subida de divisão de forma tangencial. O sonho ficou adiado por
apenas dois anos, quando o emblema da zona saloia se sagrou vencedor do
Campeonato de Portugal, porém, João Godinho viveu essa temporada na sombra de
Filipe Leão.
Na época seguinte, já na II Liga,
patamar em que este guardião se estreou aos 30 anos, voltou a estar tapado, não
só por Filipe Leão, mas também por Mory Diaw. Ainda assim, disputou oito jogos e
sofreu outros tantos golos no segundo escalão.
Apesar da despromoção ao Campeonato
de Portugal, João Godinho reconquistou o seu espaço, apesar da concorrência de André
Caio, e em 2017-18 foi pedra basilar para nova subida à II Liga e mais um
título de campeão do Campeonato de Portugal.
Daí para cá, duas temporadas como
titular do Mafra no segundo escalão, tendo disputado 55 jogos e sofrido 62
golos neste período. Aos 35 anos, é capitão de equipa e vai mostrando que nunca
é tarde para sonhar, tendo defendido duas grandes penalidades na receção ao Vilafranquense
em janeiro deste ano. “Agora sim, já posso acabar a carreira”, afirmou a seguir
ao jogo. Também em janeiro, recebeu o prémio de melhor jogador do mês da II
Liga.
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