Fundado a 1 de maio de 1921 durante
um dos habituais piqueniques comemorativos do dia do trabalhador realizados
pela comunidade amorense na Quinta da Princesa, o Amora Futebol Clube viveu o
ponto alto da sua história no início da década de 1980, quando participou por três
vezes (consecutivas) na I Divisão.
Desde sempre com o azul como cor
predominante, o clube do concelho de Seixal viveu durante largos anos nos
patamares secundários e terciários do futebol português, mas na década de 1970
não só conseguiu estabilizar nas competições nacionais como ascender ao primeiro
escalão.
Entre a elite, a melhor
classificação foi o 11º lugar obtido em 1981-82. Antes, terminou na 12.ª
posição na época de estreia. E depois, não foi além do 15.º e penúltimo lugar
na temporada de despedida. No entanto, foi sempre uma equipa difícil de bater,
sobretudo quando chegava em casa, no pelado da Medideira.
Agora no Campeonato
de Portugal, depois de ter vivido grande parte da última década na I
Divisão Distrital da AF Setúbal, o Amora foi representado por 52 jogadores
durante os três anos que passou entre a elite. Vale por isso a pena recordar os
dez futebolistas com mais jogos pelos amorenses no primeiro escalão.
10. Alfredo Herlein (41 jogos)
Alfredo Herlein |
Defesa central argentino, mas com
a esmagadora maior parte da carreira feita em Portugal, chegou ao nosso país em
1978 para representar o Académico Viseu, mas foi no Amora que notabilizou,
entre 1981 e 1983.
Em duas épocas na I Divisão com a
camisola dos amorenses, disputou 41 jogos no campeonato. Se em 1981-82 foi
importante para assegurar a permanência, na temporada seguinte foi impotente
para evitar a despromoção.
Depois prosseguiu a carreira na
II Divisão, ao serviço de União da Madeira, Recreio
de Águeda, Beira-Mar e Estoril
Praia, antes de voltar à Medideira no verão de 1988, para atuar na III
Divisão. Depois de contribuir para a subida à II B, despediu-se em 1990-91,
numa época em que foi orientado por Jorge
Jesus.
O seu filho, Miguel Herlein,
nasceu em fevereiro de 1993 e jogou nas camadas jovens do Amora. Hoje é agente
na empresa Proeleven, enquanto o pai voltou a Buenos Aires.
9. Pereirinha (46 jogos)
Pereirinha |
Um dos três jogadores oriundos do
Benfica
que reforçaram o Amora na época de estreia na I Divisão, 1980-81, juntamente
com Jorge Silva e Diamantino.
Depois de um percurso nas
seleções jovens portuguesas e de ter contribuído para a conquista da Taça
de Portugal por parte das águias,
o baixinho (1,68 m) e polivalente Pereirinha, capaz de atuar nas laterais da
defesa ou no meio-campo, foi um elemento importante para assegurar a
permanência nas duas temporadas que passou na Medideira. Na primeira participou
em 26 jogos (24 a titular) no campeonato e marcou um golo, na receção à
Académica. Na segunda não foi tão utilizado, mas ainda assim disputou 19
encontros (18 a titular).
Após esses dois anos mudou-se para
o Belenenses,
que pela primeira vez na história tinha caído para a II Divisão. Não só
contribuiu para a promoção dos azuis
à elite em 1984 como depois ajudou o Farense
a subir ao primeiro escalão em 1986 e 1990.
O seu filho, Bruno
Pereirinha, também seguiu a carreira de futebolista, tendo atuado em clubes
como Sporting, Vitória
de Guimarães, Belenenses
e os italianos da Lazio.
8. Caio Cambalhota (46 jogos)
Caio Cambalhota |
Disputou 46 jogos tal como
Pereirinha, mas foi utilizado em quase mais 200 minutos – 4030 contra 3833. Ponta
de lança brasileiro, com um currículo promissor no Brasil, que incluía
passagens por Botafogo e Flamengo,
chegou ao Amora no verão de 1981 para aquela que seria a sua segunda passagem
em Portugal, depois ter passado fugazmente pelo Sp.
Braga em 1976-77.
Na primeira temporada, apontou 14
golos em 28 jogos, todos a titular, tendo bisado frente ao Sporting e apontado
um hat trick ao Sp.
Braga, embora Benfica
e FC Porto também tenham o seu veneno. A 28 de fevereiro de 1982, em pleno dia
de aniversário das águias,
gelou a Luz ao inaugurar o marcador logo aos quatro minutos, porém, os encarnados
deram a volta ao resultado.
Na segunda época caiu um pouco de
produção, tendo faturado por apenas cinco vezes em 18 jogos. Porém, bisou ao
Rio Ave e voltou a marcar ao Benfica.
Depois prosseguiu a carreira na
II Divisão, com as camisolas de União da Madeira, Nacional
e Cova
da Piedade, antes de se aventurar nos campeonatos de Hong Kong e Qatar e
regressar em definitivo ao Brasil.
7. Nélson (47 jogos)
Nélson |
Defesa central/Lateral esquerdo
brasileiro, chegou ao Amora no verão de 1981 para a segunda temporada da
formação do concelho do Seixal na I Divisão. Embora não tivesse jogado nas primeiras
cinco jornadas, estreou-se à sexta ronda e pegou de estaca no onze José Moniz,
tendo participado em 25 encontros.
Na época seguinte manteve a
titularidade, tendo apenas falhado um jogo durante as primeiras 23 jornadas.
Porém, perdeu o lugar no onze já na reta final do campeonato, numa altura em
que António Medeiros já tinha assumido o comando técnico.
Após a descida de divisão
manteve-se na margem
sul do Tejo ao serviço do Barreirense,
clube pelo qual atuou no segundo escalão entre 1983 e 1985.
6. José Rafael (48 jogos)
José Rafael |
Ponta de lança algarvio, natural
de Faro,
despontou no Farense,
integrou as seleções jovens portuguesas e estreou-se na I Divisão com a
camisola do Portimonense antes de chegar à Medideira, no verão de 1981.
Avançado irreverente e oportuno
na área, apontou cinco golos em 23 jogos (18 a titular) em 1981-82. Na época
seguinte foi mais além e faturou por sete vezes em 25 partidas (20 a titular),
tendo marcado na vitória caseira sobre o FC Porto em janeiro de 1983 (2-1) e
nas derrotas com Sporting em Alvalade (1-4) e Benfica
em casa (1-3). Porém, não conseguiu evitar a descida de divisão.
“Gostei bastante de jogar no
Amora. Tínhamos um bom lote de jogadores, malta nova com muito valor: vários
acabaram por chegar à seleção, como o Jaime, o Jorge Plácido, o Ribeiro, além
de mim. Os problemas nesse clube eram outros: a falta de pagamentos, por
exemplo. Acabámos por descer em 1982-83 por causa disso”, afirmou
a um blogue alusivo ao Farense em abril de 2014.
Apesar da despromoção,
valorizou-se e continuou na I Divisão ao serviço do seu Farense,
do Boavista e do Vitória de Setúbal. Em 1983 fez parte da seleção nacional que
tentou o apuramento para os Jogos Olímpicos de Los Angeles e em 1985 estreou-se
pela principal equipa das quinas, participando nas decisivas vitórias sobre
Malta e Alemanha que ajudaram Portugal a apurar-se para o Mundial 1986. Terminaria
a carreira em 1989, aos 30 anos, vítima de lesão grave.
5. Jaime Mercês (48 jogos)
Jaime Mercês |
Disputou 48 jogos tal como José
Rafael, mas amealhou mais 188 minutos em campo do que o companheiro – 3808 contra
3620. Médio ofensivo/extremo natural da Cova
da Piedade, não muito longe da Amora, transitou dos juniores para os
seniores em 1981, estreando-se na I Divisão ainda com 17 anos, numa derrota
caseira com o Vitória de Setúbal (0-1). A ampará-lo em campo teve o irmão
Hélder das Mercês, 11 anos mais velho.
Apesar da tenra idade, foi
titular nos 24 encontros que disputou nessa temporada, tendo apontado um golo, à
União de Leiria. Paralelamente, passou a ser chamado regularmente à seleção
nacional de sub-18, pela qual jogou ao lado de jogadores como Venâncio e Futre.
Na época seguinte foi
maioritariamente titular, mas perdeu alguma influência. Voltou a disputar 24
jogos, mas seis foram na condição de suplente utilizado, tendo voltado a marcar
um golo, frente ao Portimonense. Ainda assim foi chamado aos trabalhos da seleção
sub-21, pela qual jogou ao lado de Silvino, Bandeirinha, Alberto Bastos Lopes,
Carlos Xavier e do então companheiro de equipa Jorge Plácido.
Após a descida de divisão
prosseguiu a carreira no Belenenses,
onde se notabilizou e catapultou para a seleção nacional “AA”. Depois de ajudar
os azuis
do Restelo a conquistar o título nacional da II Divisão, foi parte ativa
daquele que é considerado o melhor período do clube no pós-Matateu, no final da
década de 1980, coroado com a conquista da Taça
de Portugal em 1988-89.
Haveria de regressar ao Amora em
1994-95, então na II Liga, depois de passagens de uma época por Vitória de
Setúbal e Ovarense, não conseguindo evitar a descida à II Divisão B. Entretanto
passou por Desportivo de Beja e Atlético e chegou a encerrar a carreira em 1998.
No entanto, o então presidente do
Amora, José Mendes, apelou-lhe ao coração e Jaime Mercês voltou à Medideira
para em março de 2000 para mais um ano e meio. “Cheguei a pensar que já estava
acabado para o futebol de onze e não pensava voltar a jogar a este nível. Mas
como me sinto em perfeitas condições físicas e acredito que posso fazer mais
uma ou duas épocas, resolvi aceitar a proposta do presidente. Aliás, o ingresso
no Amora deve-se à amizade com José Mendes, que me pediu para ajudar a equipa”,
afirmou
ao Record.
Em três meses às ordens de Manuel
Bento não conseguiu evitar a descida à III Divisão, mas na época seguinte, em
grande parte com José Carvalho à frente da equipa, ajudou os amorenses a sagrarem-se
campeões e a voltarem à II B.
Após pendurar as botas continuou
a jogar futebol… de praia. Como treinador desta modalidade, orientou o Amora
naquela que foi a primeira participação do clube no Campeonato Nacional, em
2013.
4. Rebelo (48 jogos)
Rebelo |
Também disputou 48 encontros, mas
somou 4103 – quase mais 300 do que Jaime Mercês. Lateral direito experiente e
internacional português (por oito vezes), chegou ao pelado da Medideira no
verão de 1980, para reforçar o então estreante Amora na I Divisão, deixando
para trás um percurso de uma vida no Vitória de Setúbal – tal como José Mendes
e Rebelo -, após mais de 200 jogos na I Divisão e 30 nas competições europeias
ao serviço dos sadinos.
Maioritariamente titular nas duas
épocas que passou no emblema do concelho do Seixal, disputou 20 jogos em
1980-81 e 27 na temporada seguinte, sempre como elemento do onze inicial. Em
janeiro de 1982 este defesa setubalense marcou um golo numa vitória caseira
sobre o Académico de Viseu (4-2).
Apesar da muita utilização, no
verão de 1982 regressou a Setúbal para representar o Comércio e Indústria na
última época da carreira.
3. Alberto (49 jogos)
Alberto Hernández |
Um dos três jogadores que jogaram
pelo Amora durante as três épocas na I Divisão, a par de Marlon Alves e Amadeu.
Argentino com grande parte da carreira feita em Portugal tal como Alfredo
Herlein, também chegou à Medideira proveniente do Académico de Viseu, mas alguns
meses antes.
A estreia só aconteceu em março
de 1981, mas o médio Alberto Rodolfo Hernández ainda foi a tempo de participar
em seis jogos na reta final do campeonato, três dos quais como titular.
Nas temporadas seguintes foi alvo
de mais utilização, ainda que nunca se tenha fixado propriamente como um
titular indiscutível. Em 1981-82 participou em 19 encontros (12 a titular) e
marcou um golo, num empate caseiro com o Penafiel. E na época seguinte disputou
23 partidas (17 a titular), mas não evitou a despromoção à II Divisão.
Apesar da descida continuou no
clube por mais uma época no segundo escalão. Em 1984-85 passou pelo União da
Madeira, mas voltou na temporada seguinte à Medideira, numa altura em que os
amorenses estavam na III Divisão.
Em 1986-87 vestiu a camisola do
Desp. Aves e depois voltou à margem
sul do Tejo para representar o Seixal, clube pelo qual encerraria a
carreira em 1989.
Desde que pendurou as botas que vive
na Amora, onde atualmente trabalha no ramo imobiliário.
2. Hélder das Mercês (50 jogos)
Hélder das Mercês |
Um histórico do Amora, que esteve
na subida à II Divisão em 1977, que garantiu o regresso dos azuis ao segundo
escalão após três décadas de ausência, e na inédita promoção ao patamar maior
do futebol português em 1980 – pelo meio teve uma curta passagem pelo vizinho
Seixal (1979-80).
Em duas temporadas ao serviço dos
amorenses na I Divisão este polivalente defesa somou 50 jogos (49 a titular),
tendo apadrinhado a estreia do irmão Jaime, 11 anos mais novo, em agosto de
1981.
No verão de 1982 rumou ao Belenenses
juntamente com Pereirinha e Simões, reencontrando Mourinho Félix, que o tinha
orientado na Medideira. Pelos azuis
do Restelo voltaria a jogar ao lado do mano, ajudando o emblema da Cruz de
Cristo a voltar ao primeiro escalão em 1984.
Entretanto jogou um ano no Recreio
de Águeda e depois voltou à margem
sul do Tejo para representar o Seixal, onde terminaria a carreira em 1990.
1. Baltazar (52 jogos)
Baltazar |
Médio centro guineense e com
passagem pela formação do Sporting, foi um dos quatro jogadores que o treinador
José Moniz levou consigo do Académico de Viseu para o Amora no verão de 1981,
juntamente com Simões, Alfredo e José Pereira.
Baltazar sentiu algumas
dificuldades para se impor nos primeiros meses na Medideira, mas depois
conquistou a titularidade e terminou a época com 27 jogos (20 a titular) no
campeonato e três golos, marcados a Académico de Viseu, Rio Ave e Belenenses.
Na época seguinte disputou 25 encontros (21 a titular) e faturou por duas
vezes, diante de FC Porto e Marítimo.
Após a despromoção voltou ao
União da Madeira, clube que já tinha representado em 1978-79, e depois vestiu
as camisolas de Paredes e Torreense antes de pendurar precocemente as botas à
beira dos 29 anos.
David, bom dia! Talvez te interesse uma informação sobre uma postagem que vc fez em 2020 sobre os 10 jogadores que mais jogaram peol amora na 1ª divisão. Eu sou o Nelson e estou entre esses 10 jogadores. O Amora ficou na 1ª divisão nas épocas 21/22 e 22/23, só não joguei todos os jogos porque lesionei o joelho contra o Vitória de Setúbal en 23 e aí não atuei mais. Joguei a época 23/24 pelo Barreirense e não conseguiu me recuperar da lesão e abandonei o futebol. Abraços
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