Dez figuras emblemáticas da história do Rio Ave na I Divisão |
A primeira direção do clube teve
pela frente a árdua tarefa de encontrar jogadores, equipamentos e um estádio. A
29 de janeiro do ano seguinte surgiu o primeiro estádio dos rioavistas,
designado de Estádio da Avenida, por se situar na Avenida Baltazar Couto. E já
na década de 1940 apareceram os primeiros títulos, os de campeão promocional da
AF
Porto (1941-42) e de campeão regional da III Divisão da AF
Porto (1942-43).
Nos anos 1950 o Rio Ave conseguiu
pela primeira vez chegar aos campeonatos nacionais, mas foram quase
necessários mais 30 anos para chegar à I Divisão. Esse feito foi alcançado em
1979 – dois anos antes o clube estava na III Divisão e seis anos antes
participava nas competições distritais.
A década de 1980 ficou marcado
por um dos momentos altos da história dos vila-condenses, a participação na
final da Taça
de Portugal (1983-84), mas também pelo início de um percurso oscilante, com
várias subidas e descidas de divisão.
Porém, após a promoção em 2008
conseguiu estabelecer-se como nunca no patamar maior do futebol nacional. Desde
então que passou a ser sempre um sério candidato aos lugares de acesso às
provas europeias, tendo alcançado já por três vezes o apuramento para a Liga
Europa. Em 2014 fê-lo através do estatuto de finalista vencido da Taça
de Portugal e em 2016 e 2018 por via de boas classificações na I Liga – o
sexto lugar no primeiro caso e a quinta posição no segundo. Pelo meio, foi
também finalista vencido da Taça
da Liga e da Supertaça Cândido de Oliveira em 2014.
Relativamente a futebolistas,
foram 342 os que jogaram de caravela ao peito ao longo das 26 presenças do Rio
Ave na I Divisão. Vale por isso a pena recordar os dez que o fizeram por mais
vezes.
10. Sérgio China (125 jogos)
Sérgio China |
Médio centro de baixa estatura
(1,70 m), foi quase sempre titular indiscutível nas três primeiras temporadas
na I Liga: 33 jogos (30 a titular) no campeonato e três golos, a Salgueiros,
Sp. Espinho e Vitória
de Guimarães, em 1996-97, época marcada por uma permanência milagrosa; 31
encontros (todos a titular) e três golos, a Desp. Chaves, Campomaiorense e Belenenses
em 1997-98; e 33 partidas (26 a titular) e quatro golos, a Marítimo,
Salgueiros, Sp.
Braga e FC
Porto em 1998-99.
Na quinta e última temporadas nos
Arcos, em 1999-00, perdeu influência, tendo sido titular em apenas 16 dos 28
jogos que disputou no campeonato, tendo apontado um golo, no desafio frente ao
Alverca na última jornada, mas insuficiente para evitar a despromoção.
Depois voltou ao Brasil, onde
pendurou as botas.
9. André Vilas Boas (127 jogos)
André Vilas Boas |
Médio defensivo ou defesa
central, estreou-se de caravela ao peito aos 18 anos, ainda júnior, na altura
na II Liga. Esteve em duas subidas de divisão, em 2003 e 2008, e numa descida,
em 2006, na primeira temporada pelos rioavistas na I Divisão.
Natural de Vila do Conde, nunca
foi um titular indiscutível, mas foi um dos membros do núcleo duro que
conseguiu consolidar os vila-condenses não só na I Liga, mas também como um
sério candidato à qualificação para os lugares europeus. Em 127 jogos de
caravela ao peito no primeiro escalão, foi titular em 103 e apontou um golo, num
empate no terreno do Vitória de Setúbal em agosto de 2015.
Já sem a influência de outrora, encerrou
a carreira em 2017, à beira de completar 34 anos.
8. Diego Lopes (131 jogos)
Diego Lopes |
Nessa temporada não foi um
titular indiscutível, tendo apenas começado de início oito dos 21 jogos que
disputou, mas deu logo a entender que poderia ser um jogador promissor, que
chegou a ser comparado a Kaká.
Nas épocas seguintes continuou em
Vila do Conde a título definitivo e afirmou-se, tendo participado na caminhada
até às finais da Taça
de Portugal e da Taça
da Liga em 2013-14 e disputado 27 jogos no campeonato (23 a titular). Em 2014-15
foi mais além e participou em 32 encontros (25 a titular), tendo apontado cinco
golos.
Entretanto foi recontratado pelo Benfica,
que o cedeu aos turcos do Kayserispor, aos brasileiros do América Mineiro e aos
gregos do Panetolikos, mas regressou ao Rio Ave em janeiro de 2018, a tempo de
participar em 12 jogos (nove a titular) no campeonato e marcar dois golos,
ajudando a equipa a obter um honroso 5.º lugar no campeonato e o consequente
apuramento para a Liga
Europa.
Na temporada passada teve alguns
problemas físicos, não indo além de 19 encontros (17 a titular) e dois golos na
I Liga, mas nesta época tem-se afirmado no onze de Carlos Carvalhal, levando já
cinco golos em 20 jogos no campeonato.
7. Álvaro Soares (143 jogos)
Álvaro Soares |
Na temporada seguinte continuou
de caravela ao peito e subiu de divisão, desta vez com mais preponderância na
equipa. Em 1981-82 foi titular nos 28 jogos que disputou no primeiro escalão e
apontou cinco golos, entre os quais um ao Sporting,
ajudando o conjunto então orientado por Mourinho Félix a alcançar o 5.º lugar,
ainda hoje a melhor classificação de sempre dos rioavistas na I Divisão - façanha
entretanto repetida em 2017-18.
Nas épocas que se seguiram esteve
ao serviço de Boavista e Penafiel,
mas voltou ao Rio Ave em 1984-85, tendo participado nas 30 jornadas do
campeonato e marcado três golos, entre os quais um ao Sporting,
ainda assim insuficientes para evitar nova despromoção.
Porém, voltou a subir em 1985-86,
e logo com o título de campeão nacional da II Divisão. Seguiram-se mais dois
anos entre a elite do futebol português nos quais participou em 71 encontros
(69 a titular) e marcou sete golos, voltando a ser despromovido em 1988. Em
1988-89 ainda continuou a jogar de caravela ao peito no segundo escalão, mas no
final dessa época mudou-se para o Salgueiros.
6. Zé Gomes (146 jogos)
Zé Gomes |
Nessa época enfrentou a concorrência
do histórico Niquinha, mas ainda assim conseguiu participar em 23 partidas (17
a titular). Na temporada seguinte ganhou definitivamente, até porque o
brasileiro voltou ao meio-campo, tendo atuado em 30 encontros (29 a titular) e
marcado dois golos, curiosamente ambos ao Belenenses.
Em 2005-06 foi titular nas 34 jornadas e apontou um golo, ao Gil
Vicente, mas foi impotente para evitar a despromoção.
Após a descida de divisão do Rio
Ave, Zé Gomes continuou na I Liga ao serviço do Marítimo até 2009, ainda que em
2007-08 tivesse representado os turcos do Konyaspor. Porém, em 2009-10 voltou aos
Arcos para mais três anos de caravela ao peito no primeiro escalão, tendo nesse
período disputado 60 encontros (59 a titular) e apontado um golo, ao Sp.
Braga.
Entretanto perdeu a titularidade
para Jean-Sony e no verão de 2012 voltou ao Bragança, clube que já tinha
representado entre 1996 e 1998 e em 2000 e 2001, para terminar carreira em
2013.
Depois tornou-se treinador e nessa
função já foi adjunto da equipa B e dos sub-23 do Rio Ave.
5. Lionn (147 jogos)
Lionn |
Entretanto transferiu-se para o Cluj,
mas foi cedido pelos romenos
aos rioavistas em 2012-13, iniciando aí um percurso de seis temporadas
consecutivas nos Arcos, as cinco últimas como jogadores do conjunto
vila-condense a titulo definitivo. Em 2013-14, sob o comando técnico de Nuno
Espírito Santo, desempenhou um papel importante para as caminhadas até às
finais da Taça
da Liga e da Taça
de Portugal, com esta última a valer o primeiro apuramento europeu de
sempre do clube. Em 2015-16 voltou a participar num apuramento europeu e em
2017-18 foi titular na equipa que igualou a melhor classificação da história
dos rioavistas, o 5.º lugar, o que valeu nova qualificação para a Liga
Europa.
Depois partiu para o Desp. Chaves
e desde o verão do ano passado que representa o surpreendente Famalicão.
4. Marcelo (152 jogos)
Marcelo |
Central de qualidade, pegou de
estaca em 2012-13, com Nuno Espírito Santo como homem do leme, e continuou de
pedra e cal no onze rioavista até 2018, quando terminou contrato e saiu para o Sporting.
Em seis anos nos Arcos, formou dupla no eixo defensivo com Nivaldo, Rodríguez,
Prince, André Vilas Boas, Roderick e Nélson Monte.
Titular nos 152 jogos que
disputou de caravela ao peito no campeonato, apontou seis golos. Foi por isso
um dos esteios da equipa que em 2013-14 chegou às finais da Taça
da Liga e da Taça
de Portugal, assim como dos conjuntos que em 2015-16 e 2017-18 conseguiram
o apuramento para a Liga
Europa.
Atualmente representa o Paços
de Ferreira, depois de não ter sido bem-sucedido em Alvalade e após ter
passado pelos norte-americanos dos Chicago Fire.
3. Gama (184 jogos)
Gama |
As quatro primeiras épocas foram
passadas na II Liga, mas em 1995-96 deu um contributo importante para a subida ao
primeiro escalão. Seguiram-se quatro temporadas no patamar maior do futebol
português, nas quais somou 119 jogos no campeonato (78 como titular) e apontou
nove golos, entre os quais um num empate em Alvalade em maio de 1998.
Manteve-se no clube após a
despromoção em 2000 e voltou a estar numa subida de divisão em 2003, mais uma
vez juntando a promoção ao título de campeão do segundo escalão.
Seguiram-se mais três anos na
elite do futebol português, mas somente nos dois primeiros, com Carlos Brito
como homem do leme, teve a utilização desejada, numa fase da carreira em que já
era um veterano. Se em 2003-04 disputou 32 jogos (26 a titular) no campeonato e
marcou um golo e na temporada seguinte participou em 30 encontros (21 a
titular) e apontou dois, em 2005-06 não foi além de três jogos (todos como
suplente utilizado), numa temporada António Sousa (primeiro) e João Eusébio
(depois) orientaram os vila-condenses, que acabaram por descer de divisão.
Em 2006-07, na II Liga, fez a
última época da carreira de futebolista. Depois iniciou o seu percurso de treinador,
estando desde 2010-11 na equipa técnica do plantel principal, tendo em 2018-19
assumido interinamente o cargo de treinador principal durante três jogos, entre
a saída de José Gomes e a entrada de Daniel Ramos.
2. Niquinha (198 jogos)
Niquinha |
Médio centro com capacidade para
jogar a lateral direito, precisou apenas da primeira época para se adaptar,
tendo cumprido somente 19 jogos (12 a titular) e marcado um golo na I Liga em
1997-98. Depois tornou-se titular indiscutível, tendo competido em 65 jogos (60
a titular) e marcado quatro golos, entre os quais um ao Sporting,
no primeiro escalão durante os dois anos que se seguiram.
As três épocas seguintes foram
passadas na II Liga, tendo voltado à I Liga em 2003 para disputar mais 94 partidas
(93 a titular) e marcar cinco golos até 2006, quando os rioavistas voltaram a
ser despromovidos.
Em 2008 voltou a subir de divisão,
despedindo-se do clube um ano depois, à beira de completar 38 anos, após uma última
temporada entre a elite do futebol português, na qual participou em 22
encontros (16 a titular) e marcou um golo.
Depois regressou ao Brasil para
encerrar a carreira.
1. Tarantini (310 jogos)
Tarantini |
Médio de elevada estatura (1,88
m), todo-o-terreno e capitão de equipa há várias épocas, é talvez o rosto mais
visível da consolidação dos rioavistas no primeiro escalão e na afirmação dos
vila-condenses como sério candidato aos lugares europeus.
Em 310 encontros na I Liga, foi
titular em 271 e marcou 24 golos. A temporada mais produtiva foi a de 2012-13,
quando marcou seis golos, entre os quais dois ao FC
Porto e um ao Sporting.
Porém, a mais feliz terá sido época seguinte, quando ajudou o conjunto então
orientado por Nuno Espírito Santo a chegar às finais da Taça
da Liga e da Taça
de Portugal, o que valeu o primeiro apuramento europeu da história do
clube. Posteriormente, contribuiu para as qualificações para a Liga
Europa em 2016 e 2018.
“Quando vim para o Rio Ave, para
a I Liga, foi um passo enorme na minha vida. Quando olho para trás vejo todo
este percurso realizado e sinto orgulho na escolha que fiz e no empenho que
sempre depositei em cada dia. Sem esquecer as minhas raízes, sinto esta cidade,
Vila do Conde, e este clube, o Rio Ave, como parte de mim. Crescemos juntos.
Não importa ser ou não referência do Rio Ave, até porque há nomes como Niquinha
ou o Gama que estão na história do Rio Ave”, afirmou, citado pelo site do Rio Ave.
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