sexta-feira, 8 de novembro de 2024

O mais “fabuloso” flop da história do FC Porto. Quem se lembra de Luís Fabiano?

Luís Fabiano marcou apenas três golos em 27 jogos pelo FC Porto
É talvez um dos maiores mistérios do futebol português: apelidado de “Fabuloso”, Luís Fabiano marcou golos em quase todo o lado, nomeadamente Ponte Preta, São Paulo, Sevilha e seleção brasileira, conquistou troféus internacionais e afirmou-se no Brasil, em Espanha e na China como um goleador-nato, mas não vingou – nem de perto nem de longe – no FC Porto.
 
Melhor marcador do Brasileirão em 2002 e da Taça Libertadores em 2004, reforçou o FC Porto no verão de 2004, logo após ter contribuído com dois golos para a conquista da Copa América, numa transferência que custou aos dragões cerca de 3,5 milhões de euros, uma verba baixa tendo em conta as pretensões do São Paulo. “Ele mudou a postura dele e disse que queria ir embora. Não dá para pagar um jogador caro e insatisfeito”, afirmou na altura o presidente do tricolor paulista, Marcelo Portugal Gouvêa.
 
Apresentado já com a temporada a decorrer, a 31 de agosto, estreou-se como suplente utilizado num empate caseiro diante do CSKA Moscovo (0-0), no arranque da defesa do título europeu por parte dos azuis e brancos. Quatro dias depois, foi titular numa receção ao Estoril (2-2) e confirmou as credenciais de goleador ao marcar um golo. Esse haveria de ser, porém, um dos apenas três golos apontados ao longo de 27 encontros (15 a titular) nessa temporada – faturou também diante do Marítimo nos Barreiros (1-1), em dezembro de 2004, e numa receção ao Rio Ave (1-1), em janeiro de 2005.
 
 
“Era um ano de reconstrução no FC Porto. Foi um momento difícil porque a equipa estava à procura de entrosamento e a tentar acertar novamente. Mas no meu caso, em particular, houve outros problemas. Além de um processo de adaptação difícil, também sofri muito com problemas fora do campo, principalmente com o sequestro da minha mãe no Brasil”, justificou o avançado brasileiro ao Maisfutebol em abril de 2014.
 
 
Como consolação, conquistou a Taça Intercontinental, tendo até sido titular na partida frente ao Once Caldas em Yokohama, no Japão. “Eu acho que o meu melhor jogo foi na final da Taça Intercontinental (…) Foi muito especial, em tudo. Pela importância do título, claro, e para mim ainda tinha um sabor redobrado por ser contra o Once Caldas. Esse clube tinha eliminado o São Paulo, onde eu atuava, na meia-final da Taça Libertadores nesse mesmo ano de 2004. Foi um jogo muito complicado, pois a equipa deles jogava muito defensivamente e, mesmo criando as melhores oportunidades no jogo, não conseguimos sair com a vitória no tempo normal. Fomos felizes nos penáltis e levámos o título para Portugal”, recordou.
 
 
Apesar da época pouco produtiva no Dragão, foi transferido para o Sevilha no verão de 2005 por quase o triplo do que custou: 10 milhões de euros. Na Andaluzia, tornou-se um ídolo, tendo sido peça fundamental para as conquistas da Taça UEFA em 2005-06 e 2006-07, da Supertaça Europeia em 2006, da Taça do Rei em 2006-07 e 2009-10 e da Supertaça de Espanha em 2007. Adicionalmente, esteve perto de se sagrar campeão espanhol em 2006-07, tendo os sevilhistas entrado para a última jornada a apenas dois pontos dos líderes Real Madrid e Barcelona, mas os triunfos de merengues e catalães e a derrota caseira às mãos do Villarreal impediram a concretização desse sonho.
 
“Foi um período muito importante na minha carreira. Fui muito feliz profissionalmente. Em sete anos conquistei sete títulos. No Sevilha, inclusivamente, voltei à seleção do Brasil. Disputei a Taça das Confederações, em 2009, e o Mundial de 2010, dois momentos especiais na minha carreira”, lembrou o ponta de lança, nomeado para a Bola de Ouro e para melhor jogador do ano para a FIFA em 2009, ano em que venceu a Taça das Confederações.
 
 
Em março de 2011, numa altura em que já tinha 30 anos, regressou ao São Paulo, que pagou 7,6 milhões de euros pelo seu passe. Neste regresso ao Morumbi venceu a Copa Sul-Americana e sagrou-se melhor marcador da Copa do Brasil em 2012.
 
No entanto, os anos que se seguiram ficaram marcados por lesões e críticas por parte dos próprios adeptos do São Paulo e da imprensa desportiva brasileira. Uma claque chegou a entoar o cântico “Luís Fabiano, amarelão, sai do Tricolor e vai jogar no Itaquerão” no centro de treinos da Barra Funda em 6 de abril de 2013. “Eles estão satisfeitos? Não? Então, paciência. Tenho o meu contrato e farei o meu melhor. Sei que muitas coisas podem acontecer no futebol, mas, a princípio, vou ficar aqui. Se depender de mim, cumpro esses dois anos mesmo com xingamento, desconfiança e tristeza”, chegou a afirmar o jogador em janeiro de 2014.
 
 
Aos 35 anos, Luís Fabiano deixou finalmente o tricolor paulista e assinou pelo Tianjin Tianhai, da II Divisão Chinesa, ajudando a equipa a conseguir a promoção ao primeiro escalão em 2016.
 
No último ano da carreira, em 2017, representou o Vasco da Gama, mas em outubro, numa altura em que não vinha a conseguir jogar devido a problemas físicos, pediu para não receber mais salários até estar apto. Acabou por rescindir contrato com os vascaínos em fevereiro de 2018, mas só anunciou que estava retirado no final de 2021, quatro anos após o seu último jogo oficial.



 
 







  

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