O argentino que ajudou o Sp. Braga a crescer e foi campeão pelo FC Porto. Quem se lembra de Andrés Madrid?
Andrés Madrid disputou 120 jogos pelo Sp. Braga
O crescimento do Sp.
Braga no início do século XXI está associado a vários jogadores. Uns foram
importantes numa fase, outros noutra, mas poucos tiveram uma longevidade ao
ponto de terem simultaneamente passado pelas eras Jesualdo Ferreira, Jorge
Jesus e Domingos
Paciência. Andrés Madrid foi um desses raros casos. Chegou em janeiro de
2005 e partiu em meados de 2011.
Médio defensivo internacional
jovem argentino que saía bem a jogar e era dotado de visão de jogo, tinha em
Fernando Redondo a grande referência e esteve quase a defrontar Diego
Maradona no seu primeiro ano de sénior, quando representava o Platense. “No
último jogo, acho que era o último jogo, jogávamos contra o Boca.
Ele lesionou-se no aquecimento, uma coisa assim. Eu estava no banco e não tive
possibilidade de jogar contra ele. Foi quase, foi quase…”, contou ao Maisfutebol
em novembro de 2022. Quando chegou ao Minho,
proveniente do Gimnasia de La Plata, vinha como organizador de jogo e a única
coisa que sabia sobre o Sp.
Braga é que era um clube do norte de Portugal, e mesmo assim só depois de
se informar. Estreou-se como titular num clássico em Guimarães, agarrou o lugar
e tornou-se rapidamente numa das referências da equipa. “Felizmente correu bem.
Também tinha bons jogadores ao lado, um treinador experiente e um Sp.
Braga que vinha em crescimento. Com o Jesualdo, contratou uma data de
jogadores para tentar levar o Sp.
Braga a outro patamar. E passado uns anos conseguimos levar o Sp.
Braga a um patamar diferente”, prosseguiu.
Se o primeiro ano e meio correu
muito bem do ponto de vista individual, o pior veio depois. Mesmo continuando a
ser indiscutível para Carlos Carvalhal, Rogério Gonçalves, Jorge Costa, Manuel
Machado e António Caldas, começou a ser assolado por lesões.
“Lamentavelmente o meu corpo é muito fraquinho, os tendões… Nunca fiz
cirurgias, só fiz uma ao tornozelo, quando estava na Argentina. Mas a nível de
tendões, é muito fraco. Qualquer lesão que tinha agravava-se automaticamente.
Tinha dores, tomava medicamentos e tal, mas não me deixavam estar tranquilo.
Fazia um ou dois jogos e recaía… treinava um bocado mais, três ou quatro dias, e
não conseguia recuperar”, recordou. Ainda assim, e apesar de Jorge
Jesus não apostar nele na primeira metade da temporada 2008-09, a sua
qualidade continuou a ser reconhecida, o que levou o FC
Porto então comandado por Jesualdo Ferreira a recebê-lo por empréstimo dos bracarenses.
“Eu tive duas situações para sair do país. Acabou por não se concretizar e na
altura ficou assim uma relação um bocado quebrada com o presidente do Sp.
Braga. Estava naquela fase em que não sabia se o clube me queria, parecia
que só me queria para fazer dinheiro. Não estava a contar e de um dia para o
outro cheguei às oito da manhã ao clube e levaram-me ao Porto para uma reunião.
Cheguei lá e não percebia nada do que se passava. Ninguém me tinha informado.
Tinham o contrato pronto e fui para lá”, lembrou o centrocampista, que na
altura tinha 27 anos. No segundo semestre da época
atuou em nove jogos pelos azuis
e brancos – contra os dois em que havia atuado pelos arsenalistas
até dezembro –, estreou-se na Liga
dos Campeões e conquistou a dobradinha. “Foi uma experiência muito gira.
Gostava de ter ido noutras condições, porque só me permitiram ir por empréstimo
e depois meteram valores absurdos. Não pude continuar. Mas foi uma etapa muito
gira, deu-me possibilidade de ser campeão nacional e de estar noutro patamar.
Gostava de ter continuado, mas já tinha a idade que tinha… Na altura em que
podia ser vendido não fui vendido…”, confessou Andrés Madrid, que no Dragão
encontrou um balneário recheado de sul-americanos que falavam castelhano:
Benítez, Fucile, Lucho,
Mariano González, Cristián Rodríguez, Guarín, Bolatti, Tomás Costa, Lisandro
López e Farías. Entretanto voltou ao Sp.
Braga, já com Domingos
Paciência, e mesmo sem o protagonismo de outrora ajudou os minhotos
a sagrarem-se vice-campeões nacionais em 2009-10 e a apurarem-se pela primeira
vez para a fase de grupos da Liga
dos Campeões em 2010-11. “Comecei a jogar os jogos europeus, na altura da
classificação para a Champions.
Entretanto tive ali uma desavença com a direção, porque tive outra vez
possibilidade de sair e não me deixaram. Pronto. Acabou por complicar um bocado
a minha estadia em Braga outra vez”, recordou o médio argentino, que deixou de
ser opção em dezembro de 2010, tendo ficado a treinar sozinho durante seis
meses. Por isso, viu à distância a caminhada dos arsenalistas
até à final da Liga
Europa.
Na curva descendente da carreira
ainda vestiu a camisola do Nacional
na I
Liga, aventurou-se no futebol angolano ao serviço do Libolo e voltou a
Portugal para atuar por Mirandela
e Vianense
nas divisões secundárias. Entretanto tornou-se treinador e tem continuado
radicado no nosso país. Depois de Vianense,
Tirsense,
Rebordosa, Marinhense,
Juventude de Pedras Salgadas e Âncora Praia, vai comandar o Melgacense em
2024-25.
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