sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Os 10 jogadores com mais jogos pelo Estrela da Amadora na I Divisão

Dez jogadores que ficaram na história do Estrela da Amadora
Fundado a 22 de janeiro de 1932 por um grupo de sete jovens amadorenses que partilhavam a paixão pelo futebol, o Clube de Futebol Estrela da Amadora viveu o seu período áureo entre o final dos anos 1980 e a primeira década do século XXI, quando somou as 16 participações que contabiliza na I Divisão e venceu a Taça de Portugal.
 
Reza a história que o nome do clube foi sugerido quando um dos fundadores, Júlio da Conceição, apontou para as estrelas no céu e deu a ideia.
 
Já a camisola tricolor só foi introduzida em 1951, quando uma visita por parte de duas figuras influentes do Fluminense e uma oferta de três conjuntos de equipamentos fez os sócios estrelistas decidirem adotar as mesmas cores do emblema carioca. Antes, o Estrela equipava com camisola azul com uma risca horizontal verde, calção branco e meias verdes.
 
Porém, o clube teve de esperar mais algum tempo para aparecer nos grandes palcos. Em 1964-65 surgiu pela primeira vez na III Divisão, década e meia depois estreou-se na II Divisão e 1988-89 chegou finalmente à elite do futebol português, tendo conquistado a Taça de Portugal na época seguinte.
 
As melhores classificações de sempre dos amadorenses na I Divisão foram obtidas em 1993-94 com João Alves e em 1997-98 com Fernando Santos: o 7.º lugar.
 
Em 16 participações, 244 futebolistas representaram o clube no primeiro escalão. Vale por isso a pena recordar os dez que o fizeram por mais vezes.
 
 

10. Chaínho (109 jogos)

Carlos Chaínho
Médio de características defensivas que reforçou o Estrela da Amadora no verão de 1994, proveniente do Casa Pia, que na altura militava na III Divisão. “Eu estava de serviço, na tropa, telefonaram-me do Casa Pia: ‘Chaínho tens que vir treinar, porque o Estrela da Amadora vem cá treinar’. Perguntei ao meu forriel se podia dispensar-me, expliquei-lhe que seria bom para mim, porque o João Alves do Estrela já andava de olho em mim. O Calado tinha ido para o Estrela e tinha falado com o João Alves sobre mim. Fui, correu-me tão bem o treino que no próprio dia o João Alves chamou-me: ‘Tu tens que ir para a I Divisão, que o teu nível é outro’. E foi assim”, contou à Tribuna Expresso em outubro de 2017.
Embora não tenha chegado a cruzar-se com João Alves no Estádio José Gomes, teve impacto imediato na equipa, primeiro com Acácio Casimiro e depois com Fernando Santos, e em poucos meses tornou-se internacional sub-21 por Portugal. “Conquistei o Fernando Santos através do meu trabalho. Ele é uma pessoa muito rigorosa, de manhã vinha sempre maldisposto, só cumprimentava no final do treino. Aquilo fazia-me impressão. No primeiro jogo quis meter-me no banco, mas depois, não sei porquê, pôs-me a jogar. Só que o Acácio Casemiro me metia no lado direito. Eu também jogava no meio campo, e no corredor direito nunca fui jogador rápido. Naquele dia o Fernando Santos colocou-me no meio campo, as coisas correram bem e ganhámos. A partir daí joguei quase sempre”, explicou.
Titularíssimo durante os quatro anos em que esteve na Reboleira, disputou um total de 109 jogos (101 a titular) e apontou cinco golos. Em 1997-98 contribuiu para a obtenção do sétimo lugar e no final dessa temporada transferiu-se, juntamente com o treinador Fernando Santos, para o FC Porto.
 
 
 

9. Lázaro (112 jogos)

Lázaro Oliveira
Médio angolano de características ofensivas, mas desde tenra idade em Portugal, começou a jogar futebol no Oeiras, estreou-se na I Divisão com a camisola do Estoril e passou ainda por Louletano e Penafiel antes de se mudar para a Reboleira no verão de 1997.
Depois de uma primeira época de escassa utilização na Reboleira (337 minutos distribuídos por 12 jogos), até pela por ter participado no CAN 1998 ao serviço de Angola, tornou-se um elemento importante no meio-campo ofensivo dos amadorenses nas temporadas seguintes. Até 2000-01 e em 2003-04 disputou 112 jogos (100 a titular) e apontou sete golos na I Liga, tendo pelo meio representado o emblema tricolor na II Liga.
Em 2003-04 começou a época no Estrela como jogador, mas depois tornou-se adjunto de Miguel Quaresma no comando técnico da equipa principal. Seis anos depois, em 2008-09, orientou a formação da Amadora no primeiro escalão e levou os estrelistas às meias-finais da Taça de Portugal.
 
 
 

8. Raul Oliveira (115 jogos)

Raul Oliveira
Defesa central lançado por Jorge Jesus no Amora em 1991-92, jogou na I Divisão ao serviço de Belenenses e Farense e ainda vivenciou uma experiência no futebol inglês com a camisola do Bradford – apesar de ter feito testes no Newcastle – antes de reforçar o Estrela da Amadora no verão de 1997.
Na primeira época sentiu dificuldades para se impor como titular às ordens de Fernando Santos, tendo apenas somado 884 minutos no campeonato, mas nas temporadas seguintes estabeleceu-se no onze inicial com… Jorge Jesus. Entre 1997 e 2001 atuou em 115 encontros (97 a titular) e apontou quatro golos ao serviço dos amadorenses no primeiro escalão, contribuindo para a obtenção do 7.º lugar em 1997-98, mas sem conseguir evitar a despromoção em 2000-01.
Após a descida de divisão continuou na Reboleira por mais um ano, tendo depois rumado à Académica.
 
 
 

7. Pedro Simões (125 jogos)

Pedro Simões
Poderá aparecer nesta lista apenas em 7.º lugar, mas é um dos jogadores que mais depressa é identificável com o clube, por ser natural da Amadora, formado no Estrela e que jogou com a camisola tricolor em 11 dos 15 anos da sua carreira.
Defesa centra/médio defensivo recrutado no verão de 1996 ao Casa Pia tal como Calado e Chaínho em anos anteriores, foi muito pouco utilizado nas primeiras épocas e raramente teve o estatuto de titular indiscutível nas que se seguiram. Ainda assim, contabilizou 125 jogos (89 a titular) e três golos na I Liga entre 1996 e 2007, ainda que pelo meio tivesse participado na II Liga em 2001-02, 2002-03 e 2004-05.
Em 2007 deixou o clube rumo ao Atlético, onde pendurou as botas, mas um ano depois regressou à Reboleira para assumir a função de treinador adjunto tanto nos juniores como na equipa principal.
 
 
 

6. Fonseca (128 jogos)

Fonseca
Lateral esquerdo que passou pelas camadas jovens de Sporting e Benfica, passou por Cova da Piedade, Ginásio de Alcobaça, Tirsense, voltou aos encarnados para se sagrar campeão e tornar internacional AA e vestiu ainda a camisola do Vitória de Guimarães antes de se mudar para a Reboleira no verão de 1992, numa altura em que o Estrela militava na II Liga.
Na temporada de estreia foi uma peça nuclear para a conquista do título do segundo escalão e depois jogou com a camisola tricolor entre a elite do futebol português durante seis temporadas, quase sempre na condição de titular.
Entre 1993 e 1999 disputou um total de 128 encontros (122 a titular) e marcou um golo na I Liga, tendo contribuído para a obtenção para a melhor classificação da história do clube, o 7.º lugar, tanto em 1993-94 como em 1997-98.
Em 1999 emigrou o Canadá, tendo jogado e treinado os Vancouver Whitecaps e trabalhado na Federação Canadiana.
 
 

5. Gaúcho (133 jogos)

Gaúcho
O melhor marcador de sempre do Estrela da Amadora na I Divisão, com 54 golos, precisamente o dobro do segundo jogador com mais remates certeiros pelos tricolores, o nigeriano Ricky.
Avançado brasileiro proveniente do Sport Recife, reforçou os amadorenses no verão de 1996 e teve impacto imediato na equipa, apontando 16 golos (em 31 jogos) no campeonato logo na época de estreia – só o portista Jardel (30) e o boavisteiro Jimmy Floyd Hasselbaink (20) fizeram melhor –, contribuindo para a obtenção do 7.º lugar.
No ano e meio que se seguiu perdeu algum gás, não indo além de seis golos em 38 jogos (32 a titular), tendo sido emprestado ao Ourense, da II Liga Espanhola, na segunda metade de 1998-99.
No verão de 1999 voltou à Reboleira, apesar de ter tudo acertado com o Benfica, e fez mais duas temporadas de muito bom nível. Em 1999-00 explodiu às ordens de Jorge Jesus, ao apontar 21 golos em 31 jogos – apenas o portista Jardel (37) e o sportinguista Acosta (22) fizeram melhor.
Na temporada seguinte somou onze golos (em 33 partidas), um registo inferior, mas que ainda assim não está ao alcance de todos, apesar de não ter evitado a despromoção à II Liga.
Depois mudou-se para o Marítimo, clube pelo qual continuou a marcar golos.
“Não me arrependo de nada do que fiz. Não sei se joguei na época errada, mas a verdade é que chegava ao final das épocas e num clube como o Estrela da Amadora eu fazia 18 golos, 20 golos, 21 golos. Isto é muito difícil, não é para qualquer um. Mas eu fiz isso. Fiz isso no Estrela e fiz isso no Marítimo. Hoje em dia, um ponta de lança faz cinco ou dez golos e vai para uma equipa grande com uma enorme facilidade, eu fazia 20 golos por época e nunca aconteceu”, desabafou ao Maisfutebol em 2018.
 
 
 

4. Paulo Ferreira (137 jogos)

Paulo Ferreira
Antiga promessa do Sporting e do futebol português, rumou ao Estrela da Amadora com idade juvenil e acabou por se tornar numa figura dos tricolores durante a áurea década de 1990.
A estreia deste extremo esquerdo na equipa principal aconteceu ainda com idade de júnior, aos 18 anos, na altura da II Liga, tendo um ano depois dado um pequeno contributo para a conquista do título do segundo escalão.
Seguiram-se seis temporadas consecutivas no patamar maior do futebol português ao serviço do emblema da Reboleira, nas quais amealhou um total de 121 encontros (76 a titular) e dez golos, tendo contribuído para a obtenção do sétimo lugar em 1993-94 e 1997-98.
No verão de 1999 deu o salto para o FC Porto, mas acabou por jogar apenas pela equipa B, tendo voltado ao Estrela um ano depois, depois de uma passagem de seis meses pelo Farense.
Em 2000-01 atuou em 16 partidas (12 a titular) pelos amadorenses e marcou um golo ao Salgueiros, ainda assim insuficiente para evitar a despromoção.
Após a descida de divisão regressou ao Farense.
 
 

3. José Carlos (167 jogos)

José Carlos
Lateral direito/médio formado no Sporting ao lado de Fernando Mendes e Cadete, mudou-se para o Estoril quando transitou para sénior e foi já com experiência de I Liga que assinou pelo Estrela da Amadora no verão de 1995.
Titularíssimo na equipa tricolor ao longo de meia dúzia de temporadas no primeiro escalão, disputou um total de 167 partidas (155 no onze inicial) e faturou por onze vezes, tendo contribuído para a obtenção do sétimo lugar em 1997-98.
Ainda assim, em 2001 não conseguiu evitar a despromoção à II Liga, patamar competitivo em que se despediu da Reboleira em 2001-02.
Depois rumou ao Torreense, antes de encerrar a carreira ao serviço do Malveira.
Após pendurar as botas foi treinador nas camadas jovens do Estrela entre 2005 e 2008.
 
 

2. Rui Neves (286 jogos)

Rui Neves
Lateral capaz de atuar nos dois corredores, entrou para os juvenis do Estrela da Amadora em 1985 juntamente com o irmão gémeo Jorge Neves e só deixou o clube em 2004, quando pendurou as botas.
Em 1988-89 subiu à equipa principal, estabeleceu-se imediatamente como titular e na temporada seguinte ajudou o clube a atingir o momento alto da sua história, a conquista da Taça de Portugal. “Foi o ponto mais alto da minha careira. Por isso, as recordações que guardo são as melhores, embora não seja nostálgico. Era o meu segundo ano de sénior e tinha apenas 20 anos. Tudo aquilo ficou gravado na memória, uma vez que aquele ambiente é simplesmente fantástico. O Jamor estava muito bonito, repleto de público, meio por meio, ou seja, metade torcia pelo Estrela e a outra pelo Farense. Para o clube foi um marco muito importante em virtude de na época anterior ter chegado à I Divisão. Lembro-me com alegria dos meus colegas e treinadores. Era um conjunto fantástico”, recordou ao Record em março de 2005.
Nos meses seguintes, tornou-se internacional sub-21 e estreou-se nas competições europeias, tendo disputado três jogos na Taça das Taças.
Seguiram-se anos de altos, como a obtenção do 7.º lugar em 1997-98 e as promoções à I Liga em 1992-93 e 2002-03, e baixos, como as despromoções em 1991 e 2001. Pelo meio, esteve ao serviço do Gil Vicente em 1993-94.  
No total, disputou 286 encontros (269 a titular) e apontou oito golos na I Divisão.
 
 
 

1. Rebelo (308 jogos)

Rebelo
Quando se fala em Estrela da Amadora, é um dos primeiros nomes que nos vem à cabeça. É incontornável.
Defesa central/médio defensivo natural de Loures que passou vários anos nas divisões secundárias ao serviço de Trafaria, Pescadores, Almada e Sacavenense, ingressou no Estrela da Amadora em 1987, numa altura em que os tricolores estavam na II Divisão. “Fui por causa do Joaquim Meirim, na altura treinador do Estrela, que tinha sido meu treinador na temporada anterior no Sacavenense. Foi o Joaquim Meirim que me levou para o Estrela da Amadora e foi com ele que fomos campeões e subimos de divisão. Quem verdadeiramente pegou no Rebelo e acreditou que o Rebelo podia ser profissional, foi ele. Aqui, eu tive o que muita gente não tem, tive alguém que acreditou em mim, que viu potencial em mim”, contou ao portal Vice.
Na temporada de estreia, ajudou os amadorenses a alcançarem pela primeira vez a subida ao primeiro escalão. Em 1989-90 contribuiu para a conquista da Taça de Portugal e na década que se seguiu foi preponderante para a consolidação dos estrelistas no patamar maior do futebol português e para a obtenção de classificações como os dois honrosos sétimos lugares, em 1993-94 e 1997-98.
“Pá, eu jogava a todas as posições. Com o Alves só não joguei a guarda-redes — podes escrever isso à vontade. A posição onde eu mais joguei até aos meus trinta e poucos foi no meio-campo. Raramente jogava à defesa, era mais médio direito, médio centro. Defesa-direito e defesa-esquerdo quando era preciso. Repara, as minhas melhores épocas foram dos 35 para cima, o que também coincidiu com o estabilizar de uma posição, que era a que mais gostava e nunca tive. Só com o Fernando Santos é que estabilizei a central. Mas também nunca brilhei”, contou.
No total, entre 1988 e 2001 disputou um total de 308 partidas (295 a titular) e marcou seis golos na I Divisão – pelo meio, jogou na II Liga em 1991-92 e 1992-93, tendo vencido o título do segundo escalão –, tendo ainda atuado na Taça das Taças.
Em 2001 foi dispensado após uma descida de divisão e decidiu pendurar as botas, aos 40 anos.
 









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