Anunciado este sábado como
reforço do Sporting
por empréstimo do Manchester City, o lateral direito Pedro Porro vai tornar-se
o 12.º espanhol a jogar pela equipa
principal leonina e terá certamente o objetivo de contrariar a tendência
geral dos compatriotas, que habitualmente saem de Alvalade
pela porta pequena, embora dois se tenham sagrado campeões nacionais e outros
tantos conquistado a Taça
de Portugal.
A história de nuestros hermanos no Sporting
começou na longínqua temporada de 1944-45, quando o extremo esquerdo Andrés Mosquera vestiu a camisola verde
e branca em dois jogos no campeonato,
não tendo marcado qualquer golo.
O atacante até ingressou nas
camadas jovens leoninas
em 1942, numa altura em que a sua família viveu em Lisboa, mas só fez a estreia
pela equipa principal três anos depois.
Juan Santos |
Posteriormente regressou a Espanha,
mas acabou por se destacar mais no golpe, tendo sido jogador, árbitro,
dirigente e fundador e sócio de mérito do Real Club de Golf de La Coruña. Viria
a falecer na Corunha a 7 de fevereiro de 2015.
Onze anos depois, chegou ao Sporting
o guarda-redes Juan Santos,
proveniente do Espanyol. Porém, esteve sempre tapado pelo titularíssimo Carlos
Gomes e não foi além de um jogo, uma vitória no terreno do Sp.
Braga (3-2) em partida do campeonato.
Depois voltou a Espanha,
onde viria a representar Las Palmas, Tenerife e Recreativo Huelva.
O treinador que lançou Damas, mas não deixou saudades
Fernando Argila |
Em 1966, surge em Avalade não um
jogador, mas sim um treinador espanhol, Fernando
Argila, antigo guarda-redes de Barcelona,
Oviedo e Atlético
Madrid e ex-técnico de Oviedo, Granada, Racing Santander e Espanyol.
Porém, as coisas não lhe correram
bem, uma vez que foi eliminado da Taça
dos Campeões Europeus pelos húngaros do Vasas com goleada na Hungria (0-5)
e derrota em Alvalade
(0-2), afastado da Taça
de Portugal pelo FC
Porto e não foi além de quatro vitórias (e seis empates e seis derrotas) em
16 partidas na I
Divisão. Quando deixou o cargo, em fevereiro de 1967, o Sporting
ocupava o sétimo lugar, com os mesmos pontos do oitavo e do nono classificados.
O único aspeto positivo foi ter lançado Vítor Damas.
Entretanto voltou a Espanha
para prosseguir a carreira no Córdoba.
Viria a falecer me janeiro de
2015, aos 95 anos.
Dois campeões
Talvez por as experiências
anteriores terem corrido mal, foi necessário esperar até ao verão de 1999 para
que se voltasse a falar castelhano em Alvalade.
E logo em dose dupla.
Robaina |
Comecemos por Antonio Robaina, extremo esquerdo
internacional espanhol pelas seleções jovens e herói da final do Europeu de
sub-16 em 1991, ao marcar os dois golos à Alemanha que valeram o triunfo à roja.
Sem conseguir afirmar-se nem nos
Las Palmas nem no Tenerife, não foi além de uns míseros dez minutos,
distribuídos por três jogos, no campeonato
português – na Taça
de Portugal todo o tempo em campo numa eliminatória no terreno do Canelas.
Porém, foi o que bastou para ser considerado campeão nacional, uma vez que foi
precisamente em 1999-00 que os leões
colocaram um ponto final a 18 anos de jejum.
Sem surpresa, prosseguiu a
carreira de forma discreta nas divisões secundárias de Espanha.
Toñito |
No mesmo verão, transferiu-se de
forma polémica para o Sporting
o médio Toñito, proveniente do Vitória
de Setúbal. O Tenerife, que reclamava ser detentor dos direitos desportivos
do futebolista e vendeu-os aos leões,
enquanto o Vitória
estava a negociar com o FC
Porto por entender que tinha direito de opção sobre o jogador e que este
tinha assinado por quatro anos. O processo arrastou-se pelos tribunais nos anos
seguintes, mas isso em nada afetou a carreira do jogador.
Centrocampista polivalente, que
atuava preferencialmente como médio ofensivo, mas que podia fazer qualquer
posição do ataque e até podia atuar mais atrás, como lateral direito, disputou
um total de 113 jogos pelos leões
entre 1999 e 2004 – ainda que tivesse estado cedido ao Santa
Clara em 2001-02 -, mas foi mais vezes suplente utilizado (68) do que
titular (45), tendo apontado 13 golos.
Embora nunca tivesse sido
propriamente uma das figuras da equipa, conquistou a simpatia dos sportinguistas,
venceu o título nacional em 1999-00 e a Supertaça de 2002 e fez
a assistência para o primeiro golo da carreira de Cristiano Ronaldo, frente ao
Moreirense em outubro de 2002.
Em 2004 deixou o Sporting,
mas continuou a jogar no futebol português, tendo passado por Boavista
e União
de Leiria.
Entretanto fundou uma escola de
futebol em Tenerife e assinou um protocolo com o Sporting.
“Tento devolver ao Sporting
tudo aquilo que me deu como jogador, como pessoa. Os meus melhores anos foram
aqui. Através desta parceria vamos tentar ter sorte e ver se surge algum
talento para o Sporting”,
afirmou em abril de 2017.
Koke |
Já depois da saída de Toñito, o Sporting
precisava de mais uma opção para o ataque e reforçou-se em janeiro de 2006 com Koke, emprestado pelo Marselha, que até
nem deixou Alvalade
com um mau registo: sete jogos, três golos.
Quase sempre na sombra de
jogadores como Liedson, Deivid e Sá
Pinto, marcou na primeira vez (em três) em que foi titular, numa receção ao
Paredes para a Taça
de Portugal. Os outros dois golos foram marcador na ocasião seguinte em que
foi a jogo, ainda que como suplente utilizado, tendo entrado a 25 minutos do
fim e bisado numa vitória sofrida sobre o Gil
Vicente (2-0).
Depois prosseguiu a carreira na
Grécia ao serviço do Aris Salónica.
Em novembro de 2019 voltou a ser
notícia ao ser detido em Málaga por suspeitas de tráfico de droga.
Angulo |
Entre todos os espanhóis que
jogaram no Sporting,
o mais mediático terá sido Miguel Ángel
Angulo. Quando chegou a Alvalade,
aos 32 anos, trazia um palmarés recheado: dois títulos espanhóis, duas Taças do
Rei, uma Supertaça de Espanha,
uma Taça
UEFA e uma Supertaça Europeia, além de duas finais da Liga
dos Campeões pelo Valencia; e um título europeu de sub-18 e outro de sub-21
pelas seleções jovens espanholas, tendo ainda somado 11 internacionalizações
pelos “AA”.
Porém, o desempenho deste médio
ofensivo espanhol com a camisola verde
e branca foi inversamente proporcional ao seu currículo, não indo além de
oito jogos (quatro a titular) em todas as competições entre setembro e novembro
de 2009, saindo poucos meses após ter chegado, o que fez dele um dos maiores flops da história leonina.
Zapater |
Um ano depois de Angulo, foi a
vez do médio Alberto Zapater chegar
a Alvalade,
proveniente do Génova, no âmbito da transferência que levou Miguel Veloso para Itália.
Médio possante, internacional espanhol pelas seleções jovens, com um percurso
interessante ao serviço do Saragoça e que ficou na história ao apontar o
primeiro golo de sempre da Liga
Europa, não aqueceu nem arrefeceu muito os sportinguistas.
Em apenas um ano de leão ao peito
disputou um total de 34 jogos (25 a titular) e marcou quatro golos,
curiosamente dois bis no espaço de
quatro dias, frente ao Penafiel
para a Taça
da Liga e diante do Marítimo para o campeonato.
Depois rumou aos russos do
Lokomotiv Moscovo, onde reencontrou José
Couceiro, mas também não foi particularmente feliz na Rússia, muito por
culpa de problemas físicos e de saúde.
“Passei uma etapa no Sporting
que esperava ter sido mais longa porque no fim da época disseram-me que
contavam comigo. Recebi uma oferta do Olympiacos
e proibiram-me de treinar. Agradeço aos adeptos, a todas as pessoas que me
ajudaram e aos colegas dos quais não me pude despedir. Se não fosse o Sporting
não estaria na Rússia porque o José
Couceiro foi o meu treinador em Alvalade”,
afirmou, em setembro de 2011.
Na época seguinte, não houve
Zapater, mas surgiu em Alvalade
uma dupla que prometia dar alegrias ao Sporting.
Jeffrén |
Comecemos por Jeffrén, uma promessa do futebol
espanhol lançada por Pep Guardiola no Barcelona
e que tinha acabado de conquistar a Liga
dos Campeões pelos catalães
e o Europeu de sub-21 por Espanha.
Sem espaço por ter jogadores de
grande qualidade à sua frente em Camp
Nou, foi contratado por 3,75 milhões de euros e prometeu muito, mas a
passagem deste extremo por Alvalade
ficou marcada por inúmeros problemas físicos e alguma pobreza a nível
exibicional.
Em dois anos não foi além de 39
jogos (19 a titular), tendo apontado cinco golos. “A minha passagem pelo Sporting
foi uma etapa bastante complicada da qual prefiro nem falar, mas continuo a
desejar o melhor ao clube”, afirmou, em dezembro de 2017.
Numa altura em que já não contava
para a equipa principal, rescindiu contrato em janeiro de 2014 e voltou a Espanha
para representar o Valladolid.
Dois vencedores da Taça de Portugal
Diego Capel |
Na mesma altura de Jeffrén, o Sporting
contratou o internacional espanhol Diego
Capel ao Sevilha por 3,5 milhões de euros. Igualmente extremo canhoto e
recém-sagrado campeão europeu de sub-21, trazia na bagagem algumas épocas de
muito bom nível dos andaluzes, pelos quais venceu duas Taças
UEFA, duas Taças do Rei, uma Supertaça de Espanha
e uma Supertaça Europeia.
Se o antigo jogador do Barcelona
prometeu, mas não cumpriu, Capel conquistou a simpatia dos sportinguistas,
apesar da forma curvada como conduzia a bola e das épocas irregulares que viveu
em Alvalade
a nível coletivo, marcadas para uma enorme desvantagem pontual para os
primeiros classificados.
A melhor temporada que viveu foi
a de 2011-12, quando participou ativamente para as caminhadas até às
meias-finais da Liga
Europa e até à final da Taça
de Portugal, tendo apontado um total de sete golos em todas as competições.
O estilo de jogo valeu-lhe comparações com Paulo Futre.
“Para ter sido uma época perfeita
só faltou um título, no meu primeiro ano em Portugal. Tínhamos um plantel com
muitos de jogadores novos e demorou algum tempo a conhecermo-nos. Mas creio que
temos de estar confiantes para o futuro. Claro que ficar às portas de um
título, como a Taça
de Portugal, para um clube tão grande como Sporting,
não foi bom”, afirmou, na altura.
Depois foi progressivamente
perdendo algum espaço, nomeadamente após as chegadas de Leonardo Jardim e Marco
Silva ao comando técnico. Ainda chegou a fazer a pré-época com Jorge
Jesus, que rapidamente o tentou adaptar a lateral esquerdo, mas saiu no
verão de 2015 para os italianos do Génova por 1,3 milhões de euros,
despedindo-se pela porta pequena, mas com a conquista da Taça
de Portugal.
“Não ter sido campeão é uma
espinha atravessada”, lamentou, em entrevista ao Record
em junho de 2020.
Oriol Rosell |
O señor que se seguiu foi Oriol
Rosell, um médio defensivo formado nas camadas jovens do Barcelona,
mas que na altura em que foi contratado, no verão de 2014, encontrava-se a
jogar nos norte-americanos do Sporting Kansas City.
Apontado como alternativa a William
Carvalho, mostrou alguma qualidade de passe, mas pouco mais, não indo além
de 22 jogos oficiais pelos leões
durante os quatro anos em que esteve vinculado ao Sporting,
embora só tenha jogado em Alvalade
em 2014-15, temporada em que venceu uma Taça
de Portugal ao lado do compatriota Diego Capel.
Depois esteve cedido ao Vitória
de Guimarães, Belenenses
e Portimonense,
sempre sem convencer o treinador Jorge
Jesus a repescá-lo.
Haveria de se desvincular do Sporting
em 2018 para voltar aos Estados Unidos, desta feita para representar o Orlando
City.
Jesé Rodríguez |
Por último, mas não menos
importante no que a desilusões diz respeito, Jesé Rodríguez, uma eterna promessa adiada do futebol espanhol.
Apesar do palmarés impressionante, que incluía títulos como duas Liga
dos Campeões, um Mundial de Clubes, um Europeu de sub-19 ou uma Liga
Francesa, e de ter surgido em Alvalade
por empréstimo de um colosso europeu como é o caso do Paris Saint-Germain, foi
um autêntico flop.
Chegou com peso a mais, nunca
atingiu a forma física ideal e não foi além de 17 jogos oficiais (nove a
titular), tendo apenas apontado um golo, numa vitória caseira sobre o Vitória
de Guimarães que festejou com um show
de reggaeton no balneário.
Acabou dispensado ainda antes do
final da temporada.
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