sábado, 19 de julho de 2025

Hoje faz anos o pistoleiro do Boavista campeão que não vingou no Sporting. Quem se lembra de Elpídio Silva?

Elpídio Silva brilhou no Boavista mas não no Sporting
Ficou conhecido em Portugal por “o pistoleiro”, devido à forma como festejava os golos, simulando disparos. Essa imagem tornou-se célebre durante a temporada 2000-01, quando foi o melhor marcador do Boavista campeão, tendo contribuído com onze golos para a inédita conquista dos axadrezados, naquele que foi o seu primeiro ano no Bessa.
 
Mas a história da carreira de Elpídio Silva não se esgota nessa época. Foi um avançado desenvolvido nas camadas jovens do Atlético Mineiro que ainda numa fase bastante precoce da carreira experimentou o futebol japonês, onde representou o Kashiwa Reysol em 1997 e 1998. “Tinha-me destacado nas camadas jovens do Atlético Mineiro, marcando muitos golos, e houve um japonês que gostou muito de um vídeo que o meu empresário fez”, recordou ao Diário de Notícias em dezembro de 2017.
 
O mesmo empresário, João Baptista Feijó, colocou-o… no Benfica. “Eu tinha tudo acertado com o Benfica, em 1998. Contudo, o presidente [Vale e Azevedo] não me enviou um fax com a documentação necessária. Já estava no aeroporto e irritei-me com o meu empresário, porque o Benfica não fez o que estava certo, mas naquele momento ele ligou para o Sp. Braga, que enviou o fax na hora”, lembrou o avançado brasileiro, que vestiu a camisola arsenalista entre 1998 e 2000 e concluiu o campeonato de 1998-99 no pódio dos goleadores, com 16 golos, apenas atrás do portista Mário Jardel (36) e do benfiquista Nuno Gomes (24).
 
  
 
O presidente dos bracarenses, João Gomes, resistiu ao assédio de clubes como FC Porto, Alavés e Atlético Madrid, mas Elpídio Silva não conseguiu manter a bitola da época anterior: “Tive uma pubalgia e problemas com o treinador, Manuel Cajuda. Não consegui ter um rendimento tão bom e as pessoas pensavam que era de propósito.”
 
Contudo, o Boavista lembrou-se dos bons desempenhos do brasileiro em 1998-99 e recrutou-o no verão de 2000. Silva não se fez rogado e, logo numa das primeiras entrevistas que concedeu enquanto jogador dos axadrezados, disse que foi para o Bessa para ser campeão. “O grupo era mesmo muito bom, e com o presidente [João Loureiro] e [o treinador] Jaime Pacheco, remávamos todos para o mesmo lado. Logo nos primeiros meses, o meu contrato foi revisto e eu disse ao presidente: ‘Coloca aí que se eu for campeão, você tem que me dar x’. Ele riu-se e disse que eu estava louco, mas no final da época pagou tudo certinho. Eu estava convicto. E no segundo ano [2001-02] só não fomos campeões porque perdemos um jogo frente ao Varzim. O Jaime Pacheco tirava o máximo de nós, até à exaustão, e dava certo”, contou o atacante.
 
É nessa fase de grande fulgor do Boavista que o atacante começou a festejar golos a simular disparos, uma brincadeira que começou no seio da fação canarinha do plantel: “Tínhamos um grande grupo de brasileiros e sempre gostei de filmes antigos. Achava engraçados aqueles gestos e disse ao Duda que ia passar a festejar os golos assim, a fingir que lhe dava um tiro e ele a cair no relvado.”
 
Depois do título nacional de 2000-01, a passagem à segunda fase de grupos da Liga dos Campeões e o segundo lugar no campeonato em 2001-02 e a caminhada até às meias-finais da Taça UEFA em 2002-03, Elpídio Silva despediu-se do Boavista ao fim de 40 golos em 108 jogos e assinou pelo Sporting.
 
 
Embora quase sempre titular (24 vezes em 32 jogos disputados) às ordens de Fernando Santos em Alvalade em 2003-04, não foi além de um total de apenas cinco golos, o seu pior registo de sempre uma época completa em Portugal. “O único clube em que não me destaquei foi o Sporting. Não tive sorte e houve muitas questões fora dos relvados. (…) A minha mulher não se adaptou a Lisboa, passei três ou quatro meses num hotel enquanto encontrava casa e tive uma lesão grave na cabeça. Foram coisas pelas quais não passei nos outros clubes, onde já tinha casa e escola para os meninos. Tudo era complicado no Sporting”, recordou.
 
Na temporada 2004-05 esteve uns furos acima ao serviço do Vitória de Guimarães (sete golos em 26 jogos), contribuindo para o primeiro apuramento europeu do clube em quase uma década, o que lhe valeu o bilhete de regresso a Alvalade. Recomeçou a aventura com José Peseiro, mas foi às ordens de um antigo companheiro de equipa que a sua passagem pelo Sporting conheceu um ponto final: “No meu regresso, apanhei o Paulo Bento, que tinha sido meu colega na primeira época no Sporting e não me encaixava bem como treinador e pessoa. Achava que ele era muito arrogante e tinha atritos com brasileiros. Explicou-me que não contava comigo.”
 
 
Seguiu-se um regresso ao Brasil para representar o Corinthians Alagoano e experiências ao serviço dos ingleses do Derby County, dos coreanos do Suwon Bluewings e dos cipriotas do Alki e do AEK Larnaca antes de pendurar as botas em 2009, aos 34 anos.
 
Após encerrar a carreira voltou ao Brasil para montar vários negócios: aluguer de um terreno e organização de eventos como casamentos e batizados, restaurante português e escola de futebol. 



  




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