O central leonino de segunda geração que esteve no Mundial 1986. Quem se lembra de Morato?
Morato disputou 179 jogos pelo Sporting e seis pela seleção A
António Morato, defesa central e
formado no Sporting
tal como o pai, glória leonina
das décadas de 1950 e 1960, desde cedo que se perfilou como um jogador promissor,
tendo percorrido praticamente todas as seleções jovens, desde os sub-14 aos
sub-21.
Apesar de não ser alto (1,76 m),
exibia um grande sentido posicional, velocidade, capacidade técnica e elegância,
características que faziam dele um central muito eficiente. A estreia na equipa
principal aconteceu na época 1983-84, pela mão de Josef Venglos, numa altura em
que tinha apenas 19 anos. Porém, foi na temporada seguinte,
às ordens de John
Toschack, que se começou a afirmar como titular, beneficiando da
implementação de um sistema de três defesas, no qual Morato desempenhava um
papel semelhante ao de um líbero. Sem surpresa, estreou-se pela seleção
nacional A em abril de 1985, numa derrota em Itália (0-2), e disputou mais três
particulares até ser convocado para o Mundial 1986, mas não disputou qualquer
minuto no torneio disputado no México. À semelhança de praticamente
todos os jogadores que estiveram em Saltillo, esteve afastado durante algum
tempo da seleção, tendo apenas regressado no final de 1988 para somar as duas
últimas de seis internacionalizações que contabilizou ao longo da carreira.
Paralelamente, foi reforçando o seu estatuto em Alvalade,
tendo contribuído para a conquista da Supertaça
Cândido de Oliveira em 1987 e herdado a braçadeira de capitão de Vítor
Damas em 1988-89.
Numa altura de crise no emblema
leonino, rescindiu contrato e mudou-se para o FC
Porto no verão de 1989, ao fim de 179 encontros e seis golos pelos verde
e brancos. “Muitos pensam que quando saí já tinha clube. Eu tinha ordenados
em atraso. Fui negociar com Sousa
Cintra e ele disse-me: ‘O que está para trás, os oito meses, não pago.
Ficam os outros dois anos de contrato e assinamos mais um ano.’ Disse-lhe que
isso era impossível, porque não tinha dinheiro para sustentar a minha família.
Quando saí de perto dele, fiz a rescisão e entreguei-a no aeroporto. Fui para
casa um mês e meio. Estive esse tempo sem clube, à espera que alguém me
contactasse”, contou ao Maisfutebol
em maio de 2014. “Tive o União
da Madeira, o Vitória
de Guimarães, o Borussia
Dortmund, se não me engano, e, por fim, o FC
Porto. Contrariamente ao que dizem, não assinei logo pelo FC
Porto. Na altura, o União
era o clube que mais dinheiro me oferecia, mas tenho um pouco de alergia a
aviões. Depois optei pelo FC
Porto, que tinha projetos interessantes. Mas também com um ordenado que não
era nada do outro mundo. Eu estava numa situação em que arriscava ficar no
desemprego, à espera de ganhar ao Sporting
os tais oito meses. Por isso, quis o FC
Porto, que era um clube grande e eu queria ir para um clube grande. Não
desvalorizando os outros, claro. Para a Alemanha disse logo que não ia. Era
muito dinheiro, mas não queria ir”, prosseguiu. Porém, foi pouco feliz nas Antas,
não indo além de apenas dois jogos pelos dragões
em 1989-90, apesar de finalmente se ter sagrado campeão nacional. Nos últimos anos de carreira
vestiu ainda as camisolas de Belenenses
(1990-91), Gil
Vicente (1991 a 1993) e Estoril
(1993-94), tendo pendurado as botas aos 29 anos: “Acabei porque quis. Estava saturado.” Após encerrar a carreira esteve à
frente de uma empresa de segurança privada e mais recentemente tem desempenhado
o cargo de diretor desportivo em alguns clubes. Depois de Fátima,
Sintrense
e Malveira,
trabalha atualmente para o Loures.
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