quarta-feira, 6 de novembro de 2024

O central leonino de segunda geração que esteve no Mundial 1986. Quem se lembra de Morato?

Morato disputou 179 jogos pelo Sporting e seis pela seleção A
António Morato, defesa central e formado no Sporting tal como o pai, glória leonina das décadas de 1950 e 1960, desde cedo que se perfilou como um jogador promissor, tendo percorrido praticamente todas as seleções jovens, desde os sub-14 aos sub-21.
 
Apesar de não ser alto (1,76 m), exibia um grande sentido posicional, velocidade, capacidade técnica e elegância, características que faziam dele um central muito eficiente. A estreia na equipa principal aconteceu na época 1983-84, pela mão de Josef Venglos, numa altura em que tinha apenas 19 anos.
 
Porém, foi na temporada seguinte, às ordens de John Toschack, que se começou a afirmar como titular, beneficiando da implementação de um sistema de três defesas, no qual Morato desempenhava um papel semelhante ao de um líbero.
 
Sem surpresa, estreou-se pela seleção nacional A em abril de 1985, numa derrota em Itália (0-2), e disputou mais três particulares até ser convocado para o Mundial 1986, mas não disputou qualquer minuto no torneio disputado no México.
 
À semelhança de praticamente todos os jogadores que estiveram em Saltillo, esteve afastado durante algum tempo da seleção, tendo apenas regressado no final de 1988 para somar as duas últimas de seis internacionalizações que contabilizou ao longo da carreira. Paralelamente, foi reforçando o seu estatuto em Alvalade, tendo contribuído para a conquista da Supertaça Cândido de Oliveira em 1987 e herdado a braçadeira de capitão de Vítor Damas em 1988-89.
 
 
Numa altura de crise no emblema leonino, rescindiu contrato e mudou-se para o FC Porto no verão de 1989, ao fim de 179 encontros e seis golos pelos verde e brancos. “Muitos pensam que quando saí já tinha clube. Eu tinha ordenados em atraso. Fui negociar com Sousa Cintra e ele disse-me: ‘O que está para trás, os oito meses, não pago. Ficam os outros dois anos de contrato e assinamos mais um ano.’ Disse-lhe que isso era impossível, porque não tinha dinheiro para sustentar a minha família. Quando saí de perto dele, fiz a rescisão e entreguei-a no aeroporto. Fui para casa um mês e meio. Estive esse tempo sem clube, à espera que alguém me contactasse”, contou ao Maisfutebol em maio de 2014.
 
“Tive o União da Madeira, o Vitória de Guimarães, o Borussia Dortmund, se não me engano, e, por fim, o FC Porto. Contrariamente ao que dizem, não assinei logo pelo FC Porto. Na altura, o União era o clube que mais dinheiro me oferecia, mas tenho um pouco de alergia a aviões. Depois optei pelo FC Porto, que tinha projetos interessantes. Mas também com um ordenado que não era nada do outro mundo. Eu estava numa situação em que arriscava ficar no desemprego, à espera de ganhar ao Sporting os tais oito meses. Por isso, quis o FC Porto, que era um clube grande e eu queria ir para um clube grande. Não desvalorizando os outros, claro. Para a Alemanha disse logo que não ia. Era muito dinheiro, mas não queria ir”, prosseguiu.
 
Porém, foi pouco feliz nas Antas, não indo além de apenas dois jogos pelos dragões em 1989-90, apesar de finalmente se ter sagrado campeão nacional.
 
Nos últimos anos de carreira vestiu ainda as camisolas de Belenenses (1990-91), Gil Vicente (1991 a 1993) e Estoril (1993-94), tendo pendurado as botas aos 29 anos: “Acabei porque quis. Estava saturado.”
 
Após encerrar a carreira esteve à frente de uma empresa de segurança privada e mais recentemente tem desempenhado o cargo de diretor desportivo em alguns clubes. Depois de Fátima, Sintrense e Malveira, trabalha atualmente para o Loures.  







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