O herói esloveno que foi uma das primeiras apostas de Mourinho no FC Porto. Quem se lembra de Pavlin?
Miran Pavlin jogou pelo FC Porto entre 2000 e 2002
Miran Pavlin esteve dois anos no FC
Porto e não foi além de 22 jogos. Foi um flop em toda a linha, não
há dúvidas. Mas há muito por contar sobre o que levou os dragões
a avançar para a sua contratação e sobre os momentos em que chegou a aparentar desviar-se
do destino a que sempre pareceu estar traçado.
Nascido na cidade eslovena de
Kranj em 8 de outubro de 1971, duas décadas antes de a Eslovénia se tornar independente
da Jugoslávia, passou pelo modesto Triglav e pelo Olimpija do campeonato do seu
país antes de emigrar para a Alemanha
no verão de 1996, numa altura em que já era internacional A pela Eslovénia. Começou
por representar o Dínamo Dresden na Regionalliga (terceiro escalão) e depois o
Friburgo na II Liga e na Bundesliga.
Mas foi perdendo espaço na equipa da segunda metade da tabela do campeonato
alemão e em 1999-00 foi cedido ao Karlsruher, não conseguindo impedir a
despromoção à Regionalliga. Um mês após essa descida à terceira divisão
germânica, assinou pelo FC
Porto. Paralelamente a essa carreira
modesta no futebol
alemão foi cimentando uma posição de relevo no meio-campo da seleção da
Eslovénia, pela qual somou 63 internacionalizações e cinco golos entre 1994 e
2004. Um desses golos, diante da Ucrânia
em Kiev em novembro de 1999, elevou-o ao estatuto de herói nacional, pois
apurou a seleção eslovena para a fase final do Euro
2000, o primeiro torneio no qual o então jovem país marcou presença.
No Campeonato
da Europa também faturou, marcando o segundo golo da Eslovénia num
escaldante empate (3-3, depois de estarem a vencer por 3-0) diante da
Jugoslávia em Charleroi, na Bélgica, naquele que foi o primeiro jogo de sempre dos
eslovenos numa fase final. Curiosamente, um dos golos jugoslavos foi apontado
pelo seu futuro companheiro de equipa Ljubinko Drulovic, enquanto os outros dois
golos da Eslovénia foram marcados pelo antigo
jogador portista Zlatko Zahovic.
Nesse Europeu
a Eslovénia não venceu qualquer jogo, mas deu boa imagem, tendo ainda empatado
a zero com a Noruega
e perdido diante de Espanha
pela margem mínima (1-2). E Pavlin era considerado o motor do meio-campo
esloveno, o que certamente terá despertado o interesse dos dragões. Nos primeiros tempos de FC
Porto foi suplente utilizado nos dois primeiros jogos, diante
do Anderlecht para a terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões e frente
ao Sporting para a Supertaça, e foi titular na receção
ao Benfica na jornada inaugural da I Liga, mas rapidamente desapareceu da
equipa então comandada por Fernando Santos, acabando a época 2000-01 com apenas
12 partidas disputadas (seis a titular) e um golo em todas as competições. Na temporada seguinte, com Octávio
Machado, foi definitivamente riscado. Não chegou a jogar um único minuto às
ordens do “Palmelão”.
Aliás, não foi inscrito na Liga
dos Campeões nem na I
Liga, em grande parte pela vertente desportiva, mas também pelo facto de
ser extracomunitário – a Eslovénia só viria a aderir à União Europeia em 2004.
Contudo, rejeitou ser emprestado ao Vitória
de Guimarães, tal como na época anterior havia recusado ser cedido ao Gil
Vicente, e só admitiu juntar-se ao compatriota Zahovic
no Benfica,
que estaria interessado nos seus serviços, mas essa hipótese foi imediatamente
recusada pelos azuis
e brancos.
Contudo, Octávio
deixou o comando técnico em janeiro de 2002 e entrou para o seu lugar José
Mourinho, o que mudou a sorte de Pavlin, pelo menos durante algumas
semanas. Aquele que era visto por muitos como um médio pesado, lento e limitado
foi olhado pelo técnico
setubalense como um centrocampista que impunha respeito no jogo aéreo (1,87
m de altura), tinha disciplina tática, qualidade de passe, capacidade de
desarme, agressividade nos duelos e bom remate de boa distância. Depois de ser considerado dispensável,
foi alvo de um pedido de dispensa à Federação Eslovénia, que contava com ele
para um torneio em Hong Kong entre 12 e 15 de fevereiro. Deu mais consistência
à equipa, mais liberdade a Deco e ainda foi a tempo de disputar dez jogos até
ao final da época (oito deles na condição de titular), mas depois de um bom arranque
foi paulatinamente perdendo espaço na equipa. A boa reta final de temporada permitiu-lhe
aparecer em melhor forma no Mundial
2002, mas nem por isso conseguiu que a Eslovénia somasse mais do que
derrotas no torneio
disputado na Coreia do Sul e no Japão. Não haveria de regressar ao FC
Porto, tendo sido emprestado aos turcos do Samsunspor e aos eslovenos do
Olimpija até ao final do contrato.
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