segunda-feira, 25 de março de 2024

O herói esloveno que foi uma das primeiras apostas de Mourinho no FC Porto. Quem se lembra de Pavlin?

Miran Pavlin jogou pelo FC Porto entre 2000 e 2002
Miran Pavlin esteve dois anos no FC Porto e não foi além de 22 jogos. Foi um flop em toda a linha, não há dúvidas. Mas há muito por contar sobre o que levou os dragões a avançar para a sua contratação e sobre os momentos em que chegou a aparentar desviar-se do destino a que sempre pareceu estar traçado.
 
Nascido na cidade eslovena de Kranj em 8 de outubro de 1971, duas décadas antes de a Eslovénia se tornar independente da Jugoslávia, passou pelo modesto Triglav e pelo Olimpija do campeonato do seu país antes de emigrar para a Alemanha no verão de 1996, numa altura em que já era internacional A pela Eslovénia. Começou por representar o Dínamo Dresden na Regionalliga (terceiro escalão) e depois o Friburgo na II Liga e na Bundesliga. Mas foi perdendo espaço na equipa da segunda metade da tabela do campeonato alemão e em 1999-00 foi cedido ao Karlsruher, não conseguindo impedir a despromoção à Regionalliga. Um mês após essa descida à terceira divisão germânica, assinou pelo FC Porto.
 
Paralelamente a essa carreira modesta no futebol alemão foi cimentando uma posição de relevo no meio-campo da seleção da Eslovénia, pela qual somou 63 internacionalizações e cinco golos entre 1994 e 2004. Um desses golos, diante da Ucrânia em Kiev em novembro de 1999, elevou-o ao estatuto de herói nacional, pois apurou a seleção eslovena para a fase final do Euro 2000, o primeiro torneio no qual o então jovem país marcou presença.
 
 
No Campeonato da Europa também faturou, marcando o segundo golo da Eslovénia num escaldante empate (3-3, depois de estarem a vencer por 3-0) diante da Jugoslávia em Charleroi, na Bélgica, naquele que foi o primeiro jogo de sempre dos eslovenos numa fase final. Curiosamente, um dos golos jugoslavos foi apontado pelo seu futuro companheiro de equipa Ljubinko Drulovic, enquanto os outros dois golos da Eslovénia foram marcados pelo antigo jogador portista Zlatko Zahovic.
 
 
Nesse Europeu a Eslovénia não venceu qualquer jogo, mas deu boa imagem, tendo ainda empatado a zero com a Noruega e perdido diante de Espanha pela margem mínima (1-2). E Pavlin era considerado o motor do meio-campo esloveno, o que certamente terá despertado o interesse dos dragões.
 
Nos primeiros tempos de FC Porto foi suplente utilizado nos dois primeiros jogos, diante do Anderlecht para a terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões e frente ao Sporting para a Supertaça, e foi titular na receção ao Benfica na jornada inaugural da I Liga, mas rapidamente desapareceu da equipa então comandada por Fernando Santos, acabando a época 2000-01 com apenas 12 partidas disputadas (seis a titular) e um golo em todas as competições.
 
Na temporada seguinte, com Octávio Machado, foi definitivamente riscado. Não chegou a jogar um único minuto às ordens do “Palmelão”. Aliás, não foi inscrito na Liga dos Campeões nem na I Liga, em grande parte pela vertente desportiva, mas também pelo facto de ser extracomunitário – a Eslovénia só viria a aderir à União Europeia em 2004. Contudo, rejeitou ser emprestado ao Vitória de Guimarães, tal como na época anterior havia recusado ser cedido ao Gil Vicente, e só admitiu juntar-se ao compatriota Zahovic no Benfica, que estaria interessado nos seus serviços, mas essa hipótese foi imediatamente recusada pelos azuis e brancos.  
 
 
Contudo, Octávio deixou o comando técnico em janeiro de 2002 e entrou para o seu lugar José Mourinho, o que mudou a sorte de Pavlin, pelo menos durante algumas semanas. Aquele que era visto por muitos como um médio pesado, lento e limitado foi olhado pelo técnico setubalense como um centrocampista que impunha respeito no jogo aéreo (1,87 m de altura), tinha disciplina tática, qualidade de passe, capacidade de desarme, agressividade nos duelos e bom remate de boa distância.
 
Depois de ser considerado dispensável, foi alvo de um pedido de dispensa à Federação Eslovénia, que contava com ele para um torneio em Hong Kong entre 12 e 15 de fevereiro. Deu mais consistência à equipa, mais liberdade a Deco e ainda foi a tempo de disputar dez jogos até ao final da época (oito deles na condição de titular), mas depois de um bom arranque foi paulatinamente perdendo espaço na equipa.
 
A boa reta final de temporada permitiu-lhe aparecer em melhor forma no Mundial 2002, mas nem por isso conseguiu que a Eslovénia somasse mais do que derrotas no torneio disputado na Coreia do Sul e no Japão.
 
Não haveria de regressar ao FC Porto, tendo sido emprestado aos turcos do Samsunspor e aos eslovenos do Olimpija até ao final do contrato.   





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