O goleador lituano que trocou o Benfica pelo FC Porto. Quem se lembra de Jankauskas?
Jankauskas marcou golos ao serviço de Benfica e FC Porto
O primeiro e mais marcante
jogador proveniente de um país báltico a jogar na I
Liga portuguesa, Edgaras Jankauskas teve um impacto significativo no campeonato
português nos primeiros anos do século XXI.
Era uma autêntica viga de 1,93 m,
um homem alvo, um pinheiro, uma referência ofensiva que tinha tamanho, mas que também
marcava golos. Depois de despontar no FK Zalgiris, no campeonato da sua
Lituânia, foi marcando golos ao serviço de CSKA
Moscovo, Torpedo Moscovo, Club Brugge e Real
Sociedad até ser emprestado pela equipa
basca ao Benfica
em janeiro de 2002. Na altura, foi a solução
encontrada para uma frente de ataque despida de alternativas a Pedro Mantorras,
até porque João Tomás tinha saído no início da época para o Betis,
Mawete
Júnior não convencia e havia sido emprestado ao Sp.
Braga, Pepa também não estava à altura do desafio e Tomo Sokota estava
constantemente a contas com problemas físicos. “Eu só era conhecido em San
Sebastián, podia ir a Valência e ninguém se dirigia a mim. Quando saí da Real
Sociedad e fui para o Benfica
senti-me uma estrela. Eram tantos jornalistas à minha espera no aeroporto! E
depois senti isso um pouco por todo o lado, em Portugal e não só, durante o
tempo em que joguei no clube. O Benfica
tem uma dimensão incrível, incrível”, afirmou o lituano ao jornal A
Bola em novembro de 2023.
O impacto de Jankauskas na equipa
então orientada por Jesualdo Ferreira foi brutal: oito golos e duas
assistências em 12 jogos (10 a titular), uma média de um golo marcado a cada
108,5 minutos e uma média de um envolvimento num golo (golo ou assistência) a
cada 86,8 minutos. Muito significativo para alguém durante esse período chegou
a estar um mês e meio de fora devido a uma rotura muscular, que jogava numa
equipa que só ganhou sete desses 12 encontros e que concluiu o campeonato em
quarto lugar.
Ainda se falou da contratação a
título definitivo e chegou
a ser noticiado que o lituano já tinha tudo acertado com as águias,
mas os encarnados não ativaram a opção de compra e… o FC
Porto chegou-se à frente. “Não sabia que seria algo importante. Tinha visto
a transferência de Luís Figo do Barcelona
para o Real
Madrid, mas não sabia que na realidade portuguesa também aconteceria algo
parecido, independentemente do calibre do jogador que se transferia. Eu não era
nenhuma superestrela, tinha feito uma boa temporada, marquei muitos golos, mas
para se tornar algo daquela dimensão...”, afirmou ao jornal Sportas em
fevereiro de 2023, acerca do impacto da mudança para os adeptos.
Nas Antas ficou com o papel de
arma secreta, aquele avançado alto que era necessário colocar em campo na
tentativa de obter um melhor resultado. A titularidade, essa, ficava para
Hélder Postiga e Derlei. E Jankauskas cumpriu bem esse papel, tendo terminado o
campeonato de 2002-03 como o jogador com mais golos na condição de suplente
utilizado (oito).
Na temporada seguinte perdeu
espaço com o regresso de Benni McCarthy, a chegada de Carlos Alberto e as
ascensões de Hugo Almeida e Bruno Moraes, mas conseguiu concluir um ciclo
vencedor na Invicta: uma Liga
dos Campeões, uma Taça
UEFA, dois campeonatos e uma Taça
de Portugal.
Em 2004-05 ainda começou a
temporada com Victor Fernández, foi suplente não utilizado na conquista da Supertaça
– tal como havia acontecido na época anterior –, mas logo a seguir foi
emprestado aos franceses do Nice, despedindo-se do Dragão
depois de 19 golos em 83 jogos. “É claro que eu queria jogar, mas
sempre fui um jogador do coletivo. Só por ganharmos as taças já me sentia
feliz. Eu queria jogar, mas o que é que podia fazer? Não podia entrar em campo,
tirar o Benni [McCarthy] ou dizer ao José
[Mourinho] 'olha, deixa-me entrar'. Infelizmente só onze ou 14 no final do
jogo é que podem jogar. Mas eu tentava sempre: não importava se jogava 30
minutos, se jogava cinco minutos, eu tentava sempre qualquer coisa positiva.
Ainda conseguia criar uma oportunidade ou até marcar um golo. Dava sempre o
máximo e é por isso que sempre tive uma boa relação com adeptos e treinadores.
Nenhum dos meus treinadores se queixou do meu empenho, do meu trabalho nos
treinos ou comportamento fora de campo. Sempre fui um jogador do coletivo”,
afirmou à Tribuna
Expresso em novembro de 2019.
Mais tarde, em 2007-08 regressou
ao futebol português pela mão de Jorge
Jesus para uma curta experiência ao serviço do Belenenses,
mas não foi além de cinco golos e zero golos.
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