terça-feira, 12 de março de 2024

O goleador lituano que trocou o Benfica pelo FC Porto. Quem se lembra de Jankauskas?

Jankauskas marcou golos ao serviço de Benfica e FC Porto
O primeiro e mais marcante jogador proveniente de um país báltico a jogar na I Liga portuguesa, Edgaras Jankauskas teve um impacto significativo no campeonato português nos primeiros anos do século XXI.
 
Era uma autêntica viga de 1,93 m, um homem alvo, um pinheiro, uma referência ofensiva que tinha tamanho, mas que também marcava golos. Depois de despontar no FK Zalgiris, no campeonato da sua Lituânia, foi marcando golos ao serviço de CSKA Moscovo, Torpedo Moscovo, Club Brugge e Real Sociedad até ser emprestado pela equipa basca ao Benfica em janeiro de 2002.
 
Na altura, foi a solução encontrada para uma frente de ataque despida de alternativas a Pedro Mantorras, até porque João Tomás tinha saído no início da época para o Betis, Mawete Júnior não convencia e havia sido emprestado ao Sp. Braga, Pepa também não estava à altura do desafio e Tomo Sokota estava constantemente a contas com problemas físicos.
 
“Eu só era conhecido em San Sebastián, podia ir a Valência e ninguém se dirigia a mim. Quando saí da Real Sociedad e fui para o Benfica senti-me uma estrela. Eram tantos jornalistas à minha espera no aeroporto! E depois senti isso um pouco por todo o lado, em Portugal e não só, durante o tempo em que joguei no clube. O Benfica tem uma dimensão incrível, incrível”, afirmou o lituano ao jornal A Bola em novembro de 2023.
 
 
O impacto de Jankauskas na equipa então orientada por Jesualdo Ferreira foi brutal: oito golos e duas assistências em 12 jogos (10 a titular), uma média de um golo marcado a cada 108,5 minutos e uma média de um envolvimento num golo (golo ou assistência) a cada 86,8 minutos. Muito significativo para alguém durante esse período chegou a estar um mês e meio de fora devido a uma rotura muscular, que jogava numa equipa que só ganhou sete desses 12 encontros e que concluiu o campeonato em quarto lugar.
 
 
Ainda se falou da contratação a título definitivo e chegou a ser noticiado que o lituano já tinha tudo acertado com as águias, mas os encarnados não ativaram a opção de compra e… o FC Porto chegou-se à frente. “Não sabia que seria algo importante. Tinha visto a transferência de Luís Figo do Barcelona para o Real Madrid, mas não sabia que na realidade portuguesa também aconteceria algo parecido, independentemente do calibre do jogador que se transferia. Eu não era nenhuma superestrela, tinha feito uma boa temporada, marquei muitos golos, mas para se tornar algo daquela dimensão...”, afirmou ao jornal Sportas em fevereiro de 2023, acerca do impacto da mudança para os adeptos.
 
 
Nas Antas ficou com o papel de arma secreta, aquele avançado alto que era necessário colocar em campo na tentativa de obter um melhor resultado. A titularidade, essa, ficava para Hélder Postiga e Derlei. E Jankauskas cumpriu bem esse papel, tendo terminado o campeonato de 2002-03 como o jogador com mais golos na condição de suplente utilizado (oito).
 
 
Na temporada seguinte perdeu espaço com o regresso de Benni McCarthy, a chegada de Carlos Alberto e as ascensões de Hugo Almeida e Bruno Moraes, mas conseguiu concluir um ciclo vencedor na Invicta: uma Liga dos Campeões, uma Taça UEFA, dois campeonatos e uma Taça de Portugal.
 
 
Em 2004-05 ainda começou a temporada com Victor Fernández, foi suplente não utilizado na conquista da Supertaça – tal como havia acontecido na época anterior –, mas logo a seguir foi emprestado aos franceses do Nice, despedindo-se do Dragão depois de 19 golos em 83 jogos.
 
“É claro que eu queria jogar, mas sempre fui um jogador do coletivo. Só por ganharmos as taças já me sentia feliz. Eu queria jogar, mas o que é que podia fazer? Não podia entrar em campo, tirar o Benni [McCarthy] ou dizer ao José [Mourinho] 'olha, deixa-me entrar'. Infelizmente só onze ou 14 no final do jogo é que podem jogar. Mas eu tentava sempre: não importava se jogava 30 minutos, se jogava cinco minutos, eu tentava sempre qualquer coisa positiva. Ainda conseguia criar uma oportunidade ou até marcar um golo. Dava sempre o máximo e é por isso que sempre tive uma boa relação com adeptos e treinadores. Nenhum dos meus treinadores se queixou do meu empenho, do meu trabalho nos treinos ou comportamento fora de campo. Sempre fui um jogador do coletivo”, afirmou à Tribuna Expresso em novembro de 2019.
 
 
Mais tarde, em 2007-08 regressou ao futebol português pela mão de Jorge Jesus para uma curta experiência ao serviço do Belenenses, mas não foi além de cinco golos e zero golos.








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