segunda-feira, 3 de novembro de 2025

O “chuta-chuta” que acompanhou Jesus no Benfica e no Sporting. Quem se lembra de Bruno César?

Bruno César ganhou uma Taça da Liga pelo Benfica e outra pelo Sporting
Numa era em que o futebol se tornava cada vez mais padronizado e com tantos jogadores com o penteado da moda e um físico imaculado, Bruno César era uma espécie de elemento disruptor, que parecia ter viajado do passado. Com uma careca à Santo António precocemente desenvolvida e uma tendência natural para ser mais volumoso do que os demais, não hesitava em armar o remate onde o jogador comum optava pelo passe.
 
Dotado de um pé esquerdo bem calibrado e de uma cultura tática que lhe permitia jogar em várias posições, desde lateral esquerdo a extremo direito sem esquecer as funções de n.º 10, nasceu a 3 de novembro de 1988 em Santa Bárbara d'Oeste, no estado brasileiro de São Paulo, e começou por jogar futebol nas camadas jovens do modesto União Barbarense.
 
De lá foi para o Bahia, chegando a atuar pela equipa principal em 2006, mas ainda passou pelos sub-20 de São Paulo, Palmeiras e Grêmio antes de se iniciar de forma mais efetiva como futebolista profissional. Embora tivesse concluído a formação em grandes clubes, começou o trajeto enquanto sénior em emblemas modestos, nomeadamente Noroeste e Santo André.
 
 
Após brilhar na edição de 2010 do campeonato paulista deu o salto para o Corinthians em maio desse ano, estreando-se pelo timão com um golo de livre num empate com o Grêmio Prudente. Seguiu-se uma boa campanha pelos corintianos no Brasileirão, tendo terminado o campeonato como melhor marcador da equipa, com 15 golos em 34 Jogos, o que lhe valeu o prémio de jogador revelação nos galardões Prémio Craque do Brasileirão (Rede Globo e CBF) e nomeações para os prémios craque do campeonato e melhor meia pela esquerda (extremo esquerdo).
 
 
Em 2011, porém, foi muito criticado após a eliminação precoce do Corinthians na Libertadores e chegou a ser afastado da equipa. Foi neste contexto que apareceu o Benfica, que o contratou por cerca de cinco milhões de euros no verão desse ano.
 
Na primeira época na Luz foi bastante utilizado por Jorge Jesus. Quando não era titular, saltava do banco, alternando constantemente com Nico Gaitán e Nolito nos flancos. Atuou em 44 partidas (32 a titular) e apontou 13 golos, tendo conquistado uma Taça da Liga. Paralelamente, alcançou em novembro de 2011 as duas únicas internacionalizações que tem pela seleção principal do Brasil, em particulares diante de Gabão e Egito.
 
 
Na temporada seguinte perdeu algum espaço devido ao regresso de Salvio e à contratação de Ola John, não indo além de 16 jogos (oito a titular) em todas as competições até janeiro de 2013, quando se transferiu para os sauditas do Al-Ahli Jeddah.
 
 
Após dois anos e meio de ligação ao conjunto árabe – com um empréstimo de um ano (2014) ao Palmeiras pelo meio –, foi surpreendentemente anunciado como reforço do Estoril no verão de 2015.
 
 
A aposta no relançamento da carreira em Portugal resultou em pleno, uma vez que foi contratado pelo Sporting, então orientado por Jorge Jesus, em novembro de 2015, a quase dois meses da reabertura do mercado. Logo na estreia, a 6 de janeiro de 2016, bisou e fez uma assistência numa goleada sobre o Vitória de Setúbal no Bonfim (6-0). Muito útil, embora nem sempre titular, marcou também numa vitória sobre o FC Porto no Dragão (3-1) na reta final de um campeonato no qual os leões somaram 86 pontos, mas não conseguiram ser campeões – mérito para os 88 do Benfica de Rui Vitória.
 
 
Na temporada seguinte continuou a alternar entre a titularidade e o banco de suplentes em jogos do campeonato, mas era quase sempre utilizado no onze inicial em partidas da Liga dos Campeões, funcionando como uma espécie de arma secreta, tendo marcado ao Real Madrid no Santiago Bernabéu e ao Borussia Dortmund em Alvalade.
 
 
Em 2017-18 perdeu espaço, mas Jesus não se esqueceu dele na Champions. Deu-lhe a titularidade em metade dos encontros da fase de grupos e o “chuta-chuta” correspondeu com um golo à Juventus e outro ao Olympiacos, ambos em Alvalade. Nessa temporada conquistou a Taça da Liga.
 
 
Apesar da debandada no plantel após a invasão à Academia em maio de 2018, foi prejudicado pela saída de Jorge Jesus, tendo contado pouco para os treinadores que se seguiram, José Peseiro e Marcel Keizer.
 
Em dezembro de 2018 despediu-se do emblema leonino, ao fim de 12 golos em 98 jogos, e regressou ao Brasil para jogar no Vasco da Gama, mas nunca se afirmou nos vascaínos.
 
 
Em outubro de 2020 voltou a Portugal pela porta da II Liga para defender as cores do Penafiel, inicialmente por empréstimo e depois a título definitivo. Em cerca de dois anos nos durienses foi utilizado em 41 partidas e marcou cinco golos.
 
 
Em janeiro de 2023 retornou ao Brasil para encerrar a carreira ao serviço do XV de Piracicaba



 




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