terça-feira, 17 de setembro de 2024

Mostrou veia goleadora no Benfica e foi campeão mundial de clubes e seleções. Quem se lembra de Edílson "Capetinha"?

Brasileiro Edílson representou o Benfica em 1994-95
Quando o Brasil se sagrou campeão mundial pela última vez, em 2002, Edílson não só fazia parte dos convocados como foi utilizado em quatro dos sete jogos da seleção então comandada por Luiz Felipe Scolari, tendo inclusivamente sido titular na vaga de Ronaldinho na meia-final diante da Turquia.
 
Mas nada fazia prever um título de campeão do mundo quando este avançado de baixa estatura (1,68 m) começou a jogar no Industrial de Linhares em 1987, na altura a acompanhar o irmão mais velho. Também nada o fazia prever quando se mudou para o Tanabi, do interior paulista, em 1991, e continuava a ser pouco crível quando deu o salto para o Guarani, na altura um dos principais emblemas do estado de São Paulo, em 1992.
 
Em 1993 foi contratado para o Palmeiras, então propriedade da Parmalat, e o improvável virou realidade. Logo nesse ano tornou-se num dos principais goleadores do verdão, sagrou-se campeão paulista e brasileiro e fez a estreia pela seleção brasileira em plena Copa América, entrando a 15 minutos do fim numa vitória sobre o Paraguai (3-0) na fase de grupos. Foi nessa altura que começou a ser apelidado de “Capetinha”, palavra brasileira sinónima de traquina.
 
O salto para a Europa tornou-se inevitável e acabou por acontecer no verão de 1994. Que clube o recebeu? O Benfica, que na altura tinha acabado de se sagrar campeão nacional e ia disputar a Liga dos Campeões, mas atravessava algumas dificuldades financeiras.
 
 
“Digo muitas vezes que o Benfica salvou a carreira do Edílson (…) Eu saí do Guarani para o Palmeiras em 1993 e era a empresa Parmalat que mandava no clube. Eles queriam montar uma equipa forte, para ganhar os títulos todos. Fomos campeões nacionais e estaduais, mas depois chegou o Fredy Rincon, um colombiano danado, e eu perdi algum espaço. Como a Parmalat patrocinava o Benfica nessa altura, eles ofereceram-me essa possibilidade e fui um ano para Lisboa, emprestado”, contou ao Maisfutebol em janeiro de 2020.
 
 
Às ordens de Artur Jorge atuou em 31 jogos em todas as competições e amealhou 17 remates certeiros, mas durante essa temporada que passou em Portugal (por empréstimo do Palmeiras) não foi chamado ao escrete, o que só voltou a acontecer assim que regressou ao Brasil.
 
“A equipa tinhas grandes atletas. Joguei com o melhor guarda-redes que vi em toda a minha vida, o Michel Preud’homme. E havia outros craques. O João Vieira Pinto, o doidão do Caniggia, o Vitor Paneira, todos eles eram jogadores de topo mundial. No início o técnico [Artur Jorge] estava com medo de apostar em mim. Eu cheguei lá, baixinho, magrinho, desconhecido, ele olhou para mim e eu percebi que não gostou do que viu”, recordou o antigo atacante. “Depois tive um jogo da taça contra uma equipa fraquinha [Marinhense] e marquei quatro golos. A partir desse jogo, o pessoal do Benfica percebeu que o magricela sabia jogar futebol”, acrescentou.
 
 
Edílson despediu-se da Luz com quatro golos nos últimos três jogos, sendo que nem teve tempo para grandes abraços. Após o último encontro voo imediatamente para o Brasil. “Gostei muito do Benfica e de Portugal, deixei bons amigos, aprendi a gostar do clube. Acho até que os adeptos se lembram de mim. Os jornais chamavam-me Pequeno Grande Homem e a minha despedida foi emocionante. Marquei um golo na Luz ao Sp. Braga e saí a correr para o aeroporto, já tinha as malas prontas. Eu tinha de viajar para o Brasil rapidamente, porque o Palmeiras ainda me queria inscrever a tempo da final do Paulistão”, lembrou.
 
 
O Benfica quis ficar com o avançado, mas não tinha dinheiro para a compra do passe: “Lembro-me que os próprios sócios organizaram uma angariação de dinheiro para ajudar na transferência, mas não foi possível. Tive de voltar ao meu país.”
 
 
Pouco depois de regressar ao Brasil também voltou ao escrete, após quase dois anos de ausência, mas depressa desapareceu novamente do radar da seleção, até porque decidiu aventurar-se no futebol japonês ao serviço do Kashiwa Reysol.
 
Em 1997 voltou ao Brasil para viver uma das melhores fases da carreira, tendo apontado 47 golos em 152 jogos pelo Corinthians ao longo de três anos, tendo conquistado o campeonato brasileiro em 1998 e 1999, o campeonato paulista em 1997 e 1999 e sobretudo o Mundial de Clubes em 2000. No Campeonato do Mundo de Clubes, disputado ao Brasil, esteve em evidência ao bisar num empate (2-2) com o Real Madrid, no Morumbi. Nesse mesmo encontro desentendeu-se com o então médio merengue Karembeu. “Numa conversa informal eu disse que ele não tinha valor para jogar no Real Madrid e que ia dar um túnel nele na final. Tive sorte, claro. Dei um túnel ao Karembeu e marquei golo nessa jogada. Aliás, marquei os dois golos do Corinthians no jogo. O jornalista que estava a narrar o jogo gritou ‘Muito prazer, eu sou o Edílson Capetinha!’. Na baliza do Real estava o Iker Casillas”, recordou.
 
 
Quando representava o timão voltou à seleção brasileira e fez parte da qualificação para o Mundial 2002, acabando também por ser chamado para a fase final, não saindo dos eleitos de Scolari apesar de ter trocado duas vezes de clube durante esse período: foi para o Flamengo em 2000 e para o Cruzeiro em 2001. 





 
 

 




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