terça-feira, 5 de março de 2024

O sadino que defendeu a baliza do Benfica em duas finais europeias. Quem se lembra de Silvino?

Silvino disputou 258 jogos com a camisola do Benfica
Antes de se tornar num dos melhores treinadores de guarda-redes do seu tempo, Silvino Louro foi um guardião marcante no futebol português ao longo de cerca de duas décadas, desde que se estreou na baliza do clube da sua cidade-natal, o Vitória de Setúbal, em 1978, até ter pendurado as luvas, no Salgueiros, em 2000.
 
Pelo meio uma carreira carregada de êxitos, na qual se contabilizam 23 internacionalizações, seis campeonatos, duas Supertaças e três Taças de Portugal. Esteve também em duas finais da Taça dos Campeões Europeus.
 
Nascido à beira-Sado, aproveitou as saídas de António Vaz e Jorge Martins para se tornar no titular do Vitória, quando tinha apenas 19 anos. Rapidamente também chegou à seleção nacional de sub-21, mas não se julgue que a partir daí foi sempre a subir. Entre 1980 e 1982 esteve tapado por Amaral e teve de procurar espaço noutras paragens, tendo-o encontrado noutro Vitória, o de Guimarães.
 
No Dom Afonso Henriques apresentou-se a alto nível ao longo de duas temporadas, contribuindo para a obtenção de um honroso quarto lugar no campeonato em 1982-83, o que lhe permitiu não só voltar à seleção de sub-21 após mais de três anos de ausência como estrear-se pela seleção nacional A, num particular diante da Hungria em Coimbra, em abril de 1983.
 
No verão de 1984 transferiu-se para o Benfica, mas teve de esperar uma época inteira sem jogar, outra de empréstimo ao Desportivo das Aves e a lesão de Bento no Mundial 1986 para se tornar no dono da baliza encarnada, estatuto que manteve ao longo de cinco anos seguidos. Ao longo desse período conquistou três campeonatos (1984-85 e 1986-87), duas Taças de Portugal (1992-93) e uma Supertaça Cândido de Oliveira (1989). Também foi o guarda-redes das últimas finais das águias na Taça dos Campeões Europeus, perdidas para PSV Eindhoven e AC Milan em 1988 e 1990, respetivamente. “Hoje, defendia pelo menos um ou dois penáltis”, afirmou ao Bola da Rede, em 2020, sobre a final perdida para os holandeses no desempate por grandes penalidades.
 
 
No início de 1991, porém, foi perdendo espaço para Neno, só conseguindo-o recuperar em 1992-93. Curiosamente, o Benfica ganhou a Taça de Portugal nessa temporada, mas Silvino não jogou na prova rainha.
 
Haveria de se despedir da Luz em 1994, com um título de campeão nacional, embora só tivesse disputado um jogo, precisamente o da consagração. “Encarei as coisas com toda a naturalidade. Uma equipa é formada por 24 ou 25 jogadores. Tem três ou quatro guarda-redes. O Toni decidiu, nesse momento, colocar o Neno a jogar e eu só tive de respeitar. Eu fiz 258 jogos com a camisola do Benfica… fui capitão várias vezes – até na final da Taça dos Campeões Europeus de 1990 era eu o capitão de equipa, por isso, não tinha de ficar magoado com o treinador por ter saído do onze”, recordou.
 
Aos 35 anos, encontrou espaço para prosseguir a carreira no Vitória de Setúbal, não conseguindo impedir a despromoção anunciada dos sadinos à II Liga.

 
Contudo, Silvino ainda não tinha dada a sua última palavra no futebol da alta-roda. Entre 1995 e 1997 representou o FC Porto e, embora quase sempre tapado por Vítor Baía e Hilário, engordou o palmarés com dois campeonatos (1995-96 e 1996-97) e uma Supertaça (1996).

 
Seguiram-se três épocas no Salgueiros. Na primeira foi titular indiscutível e conseguiu regressar à seleção nacional A, aos 38 anos, após quatro anos e meio de ausência. Porém, nas duas temporadas que se seguiram não realizou qualquer jogo, tendo pendurado as luvas em 2000, aos 41 anos.

 
Por ter vivido o auge da carreira entre o Mundial 1986 e o Euro 1996, período no qual Portugal não marcou qualquer presença em fases finais, Silvino nunca esteve num grande torneio de seleções.
 
Seguiu-se uma carreira bastante bem-sucedida de treinador de guarda-redes, quase sempre nas equipas técnicas de José Mourinho, tendo conquistado praticamente tudo o que havia para ganhar e visto guardiões com os quais trabalhou diretamente, como Vítor Baía, Petr Cech e Júlio César, receberem o prémio de melhor guarda-redes da UEFA.



 



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