O sadino que defendeu a baliza do Benfica em duas finais europeias. Quem se lembra de Silvino?
Silvino disputou 258 jogos com a camisola do Benfica
Antes de se tornar num dos
melhores treinadores de guarda-redes do seu tempo, Silvino Louro foi um
guardião marcante no futebol português ao longo de cerca de duas décadas, desde
que se estreou na baliza do clube da sua cidade-natal, o Vitória
de Setúbal, em 1978, até ter pendurado as luvas, no Salgueiros,
em 2000.
Pelo meio uma carreira carregada
de êxitos, na qual se contabilizam 23 internacionalizações, seis campeonatos,
duas Supertaças
e três Taças
de Portugal. Esteve também em duas finais da Taça
dos Campeões Europeus. Nascido à beira-Sado, aproveitou
as saídas de António Vaz e Jorge
Martins para se tornar no titular do Vitória,
quando tinha apenas 19 anos. Rapidamente também chegou à seleção
nacional de sub-21, mas não se julgue que a partir daí foi sempre a subir.
Entre 1980 e 1982 esteve tapado por Amaral e teve de procurar espaço noutras
paragens, tendo-o encontrado noutro Vitória,
o de
Guimarães. No Dom Afonso Henriques
apresentou-se a alto nível ao longo de duas temporadas, contribuindo para a obtenção
de um honroso quarto lugar no campeonato em 1982-83, o que lhe permitiu não só
voltar à seleção
de sub-21 após mais de três anos de ausência como estrear-se pela seleção
nacional A, num particular diante da Hungria
em Coimbra, em abril de 1983. No verão de 1984 transferiu-se
para o Benfica,
mas teve de esperar uma época inteira sem jogar, outra de empréstimo ao Desportivo
das Aves e a lesão de Bento no Mundial 1986 para se tornar no dono da
baliza encarnada,
estatuto que manteve ao longo de cinco anos seguidos. Ao longo desse período
conquistou três campeonatos (1984-85 e 1986-87), duas Taças
de Portugal (1992-93) e uma Supertaça
Cândido de Oliveira (1989). Também foi o guarda-redes das últimas finais das
águias
na Taça
dos Campeões Europeus, perdidas para PSV
Eindhoven e AC
Milan em 1988 e 1990, respetivamente. “Hoje, defendia pelo menos um ou dois
penáltis”, afirmou ao Bola
da Rede, em 2020, sobre a final perdida para os holandeses
no desempate por grandes penalidades.
No início de 1991, porém, foi
perdendo espaço para Neno, só
conseguindo-o recuperar em 1992-93. Curiosamente, o Benfica
ganhou a Taça
de Portugal nessa temporada, mas Silvino não jogou na prova
rainha. Haveria de se despedir da Luz
em 1994, com um título de campeão nacional, embora só tivesse disputado um
jogo, precisamente o da consagração. “Encarei as coisas com toda a
naturalidade. Uma equipa é formada por 24 ou 25 jogadores. Tem três ou quatro
guarda-redes. O Toni decidiu, nesse momento, colocar o Neno a jogar
e eu só tive de respeitar. Eu fiz 258 jogos com a camisola do Benfica…
fui capitão várias vezes – até na final da Taça
dos Campeões Europeus de 1990 era eu o capitão de equipa, por isso, não
tinha de ficar magoado com o treinador por ter saído do onze”, recordou. Aos 35 anos, encontrou espaço
para prosseguir a carreira no Vitória
de Setúbal, não conseguindo impedir a despromoção anunciada dos sadinos
à II
Liga.
Contudo, Silvino ainda não tinha
dada a sua última palavra no futebol da alta-roda. Entre 1995 e 1997
representou o FC
Porto e, embora quase sempre tapado por Vítor Baía e Hilário, engordou o
palmarés com dois campeonatos (1995-96 e 1996-97) e uma Supertaça
(1996).
Seguiram-se três épocas no Salgueiros.
Na primeira foi titular indiscutível e conseguiu regressar à seleção
nacional A, aos 38 anos, após quatro anos e meio de ausência. Porém, nas
duas temporadas que se seguiram não realizou qualquer jogo, tendo pendurado as
luvas em 2000, aos 41 anos.
Por ter vivido o auge da carreira
entre o Mundial 1986 e o Euro 1996, período no qual Portugal
não marcou qualquer presença em fases finais, Silvino nunca esteve num grande
torneio de seleções. Seguiu-se uma carreira bastante bem-sucedida
de treinador de guarda-redes, quase sempre nas equipas técnicas de José
Mourinho, tendo conquistado praticamente tudo o que havia para ganhar e
visto guardiões com os quais trabalhou diretamente, como Vítor Baía, Petr Cech
e Júlio César, receberem o prémio de melhor guarda-redes da UEFA.
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