Emirates (à esquerda) sucedeu ao velhinho Highbury (à direita) |
Highbury era mais pequeno
(lotação inferior a 40 mil lugares) e antigo (inaugurado em 1913) mas era mais
mítico. O Emirates
Stadium é maior (60 mil lugares) e mais moderno (2006), mas nele os adeptos
do Arsenal
ainda não viveram (nem de perto nem de longe) uma pequena fração das alegrias
que vivenciaram no antecessor.
Uma vez que o emblema do norte de
Londres tem sido um dos mais representativos de Inglaterra na Europa do
futebol, Highbury recebeu duas visitas de equipas portuguesas em competições da
UEFA, enquanto o Emirates
Stadium em pouco mais de década e meia já acolheu sete jogos oficiais entre
os gunners
e conjuntos lusos.
Nesses oito encontros, houve uma
equipa portuguesa que venceu em Highbury e outras duas que conseguiram empatar no Emirates.
Vale por isso a pena recordar as
nove visitas de equipas portuguesa ao terreno do Arsenal.
26 de novembro de 1969 – 2.ª
mão da 2.ª eliminatória da Taça das Cidades com Feiras
A participar pela segunda vez nas
competições europeias, ainda que a Taça das Cidades com Feiras não fosse
organizada pela UEFA, o Arsenal
apanhou pela frente na 2.ª eliminatória um Sporting
com alguns pergaminhos em termos internacionais, em virtude da conquista da
Taça das Taças em 1963-64.
Depois de um empate a zero em Alvalade,
os gunners
então orientados por Bertie Mee venceram sem contestação os leões
de Fernando Vaz (privados de José Carlos e Hilário) por expressivos 3-0 em Highbury,
graças a golos de John Radford (20 minutos) e George Graham (43’ e 53’).
“Perante cerca de 40 mil pessoas,
a equipa inglesa do Arsenal
venceu, no seu Estádio de Highbury, o líder do campeonato português, o Sporting,
por três golos sem resposta, limitando-se, para tal, a pôr em prática a tão
falada e raramente desmentida simplicidade que é apanágio do futebol praticado
para lá da Mancha”, sintetizou o Diário de Notícias.
Os londrinos
haveriam mesmo de conquistar a prova, ao bater o Anderlecht na final.
6 de novembro de 1991 – 2.ª
mão da 2.ª eliminatória da Taça
dos Campeões Europeus
Campeões de Inglaterra e Portugal,
Arsenal
e Benfica
digladiaram-se na 2.ª eliminatória da então denominada Taça
dos Campeões Europeus para aceder à então estreante fase de grupos, ainda
em modo experimental, que consistia em dois quadrangulares cujos vencedores se
apuravam diretamente para a final da prova.
O empate a um golo registado na
primeira-mão, no velhinho Estádio da Luz, deixou os gunners
mais satisfeitos, pois podiam resolver o assunto em casa e dispunham da
vantagem dos golos marcados fora em caso de 0-0 em Highbury.
No entanto, o que se verificou no
norte de Londres foi uma das maiores façanhas benfiquistas
na Europa no pós-Eusébio.
Os ingleses,
comandados por George Graham – o tal que bisou diante do Sporting
mais de 20 anos antes –, até começaram melhor, abrindo o ativo através de um
golo de Colin Pates aos 19 minutos. No entanto, Isaías empatou aos 35’, a passe
de Yuran, levando assim a partida para prolongamento, etapa em que Vasili
Kulkov (100’) e novamente Isaías (109’) marcaram para as águias
de Sven-Göran Eriksson.
“Chegámos a ser sufocados pelo Arsenal.
Não fui só eu, toda a equipa aguentou bem a pressão do Arsenal.
Depois, o Kulkov marcou o segundo golo e eu bisei. Foram golos belíssimos,
todos eles, e uma verdadeira lição aos que não acreditavam em nós. E eram
muitos. Todos, aliás, desde dirigentes a adeptos. Ninguém sentia ser possível
vencer o Arsenal
em Londres”, contou Isaías ao Maisfutebol
em abril de 2012.
“Tivemos total liberdade nessa
viagem. Fomos fazer compras à cidade, comemos e bebemos o que bem nos apeteceu.
Acho que só os jogadores sentiam ser possível fazer o que fizemos. No avião, já
de regresso a Lisboa, bebemos todos cerveja e champanhe. Tivemos uma receção
maravilhosa em Portugal”, recordou Kulkov.
“Um Arsenal
triste ficou lavado em lágrimas por culpa de Isaías, um brasileiro com a classe
de um Pelé
ou de um Eusébio
e que expôs a falta de certificado de classe dos gunners”,
resumiu o Daily Mirror.
26 de setembro de 2006 – 2.ª
jornada da fase de grupos da Liga
dos Campeões
Se Arsenal
e FC
Porto nunca se tinham defrontado até 2006, depois protagonizaram três duplos
confrontos num espaço de três épocas.
O primeiro remonta à 2.ª jornada
da fase de grupos da Liga
dos Campeões de 2006-07. Na ronda inaugural, os dragões
de Jesualdo Ferreira, então campeões nacionais, haviam empatado em casa diante
do CSKA Moscovo (0-0), enquanto os gunners
de Arsène
Wenger, vice-campeões europeus, tinham vencido no terreno do Hamburgo (2-1).
No recém-inaugurado Emirates
Stadium, os londrinos
impuseram a lei do mais forte e venceram por 2-0, graças a golos de Thierry
Henry aos 38 minutos e de Aliaksandr Hleb aos 48’.
“Soem os canhões, aplauda-se a
superioridade do Arsenal
e a atitude do FC
Porto. No majestoso Emirates
Stadium, cumpriu-se a tradição. Os azuis
e brancos perderam por 2-0 na segunda jornada do grupo G da Liga
dos Campeões e continuam sem conseguir vencer um jogo oficial em solo inglês.
A equipa de Jesualdo Ferreira teve períodos positivos ao longo da primeira
parte, mas neste momento o Arsenal
é mais e melhor equipa”, resumiu o Maisfutebol.
30 de setembro de 2008 – 2.ª
jornada da fase de grupos da Liga
dos Campeões
Duas temporadas depois, Arsenal
e FC
Porto ficaram novamente inseridos no mesmo grupo da Liga
dos Campeões e voltaram a defrontar-se no Emirates
Stadium na 2.ª jornada, depois de na ronda inaugural os portistas
de Jesualdo Ferreira terem batido o Fenerbahçe no Dragão (3-1) e de os gunners
de Arsène
Wenger terem empatado a um golo em Kiev diante do Dínamo (1-1).
Mesmo já não contando com a sua
principal estrela nos primeiros anos do século XXI, Thierry Henry, que já se
havia transferido para o Barcelona,
os londrinos
golearam por 4-0, impondo a derrota mais pesada dos dragões
em provas da UEFA desde 1997. Robin van Persie (31 e 48 minutos) e Emmanuel
Adebayor (40’ e 71’) foram os autores dos golos.
“Durou cerca de meia-hora a
intenção do FC
Porto em conseguir a primeira vitória em Inglaterra. Van Persie abriu então
o marcador, surgindo mais rápido do que Fernando
e Rolando na zona de finalização, e nesse momento a formação de Jesualdo
Ferreira quase terminou. A partir daí todos os projetos de ataque se tornaram
inconsequentes. Antes do golo de Van Persie, é justo dizê-lo, o FC
Porto tivera uma boa dose de infelicidade. Em três jogadas ficou muito
perto de marcar”, resumiu o Maisfutebol.
9 de março de 2010 – 2.ª mão
dos oitavos de final da Liga
dos Campeões
Apesar das derrotas sofridas em
Londres nas visitas anteriores, o FC
Porto não fez menos pontos do que o Arsenal
quando ficaram incluídos no mesmo grupo e chegou mesmo a vencer o grupo em
2008-09.
Nos oitavos de final da Champions
em 2009-10, os portistas,
então tetracampeões nacionais, aproveitaram o fator casa na 1.ª mão para bater
os gunners
no Dragão por 2-1. Silvestre Varela (onze minutos) e Radamel
Falcao (51’) marcaram para os azuis
e brancos, ainda comandados por Jesualdo Ferreira. Pelo meio, Sol Campbell
faturou para os londrinos
de Arsène
Wenger (18’).
Os dragões
entraram no Emirates
Stadium em vantagem na eliminatória, mas saíram de lá com uma das mais
pesadas derrotas de sempre nas competições europeias: 0-5. Nicklas Bendtner
(10, 25 e 90 minutos), Samir Nasri (63’) e Emmanuel Eboué (66’) marcaram os
golos do Arsenal.
“O FC
Porto vergou ao poderio do Arsenal,
tombou com estrondo no Emirates
Stadium e despediu-se da Liga
dos Campeões. Mais cinco golos na contabilidade (5-0), onze no total dos
confrontos entre portistas
e londrinos,
em Inglaterra. O campeão nacional deixou uma imagem horrível em terras de Sua
Majestade. Fraco, fraco mesmo para um Arsenal
que provou estar num patamar superior de qualidade. Técnica, física, tática. Em
tudo, sem dúvida. Jesualdo Ferreira cometeu erros, os jogadores cometeram
outros tantos, os gunners
de Wenger
aproveitaram com um sorriso nos lábios”, escreveu o Maisfutebol.
15 de setembro de 2010 – 1.ª
jornada da fase de grupos da Liga
dos Campeões
Quis o destino que fosse o Arsenal
de Londres a apadrinhar a estreia na Liga
dos Campeões do… Arsenal
do Minho. Reza a lenda que o treinador húngaro Joseph Szabo, quando
orientava o Sp.
Braga no final da década de 1940, assistiu a um jogo do Arsenal
e gostou tanto das camisolas vermelhas com mangas brancas dos gunners
que sugeriu que os bracarenses
passassem a utilizar um equipamento semelhante, deixando assim o verde e branco
à Sporting.
E a sugestão foi aceite. Daí também a alcunha de “arsenalistas”.
Tal como o FC
Porto meio ano antes, os minhotos então orientados por Domingos
Paciência foram goleados no Emirates
Stadium. Mudou aos três e acabou aos seis. 6-0. Cesc Fàbregas (9 e 53
minutos), Andrei Arshavin (30’), Marouane Chamakh (34’) e Carlos Vela (69’ e 84’)
marcaram os golos.
“A estreia do Sp.
Braga na Liga
dos Campeões pendeu, naturalmente, para o superfavorito Arsenal,
por muito que a equipa de Domingos
Paciência e os adeptos sonhassem com um resultado que ficasse na história.
Ficou, mas, infelizmente, pela negativa. Uma goleada por 6-0 – os mesmos
números da pior derrota de sempre do Sp.
Braga nas provas europeias, em 1983/84, frente ao Tottenham,
o grande rival do Arsenal
– estava fora dos planos dos mais pessimistas, mas a verdade é que espelha a
diferença existente entre as duas equipas, não só no jogo de ontem”, escreveu o
jornal O Jogo no dia seguinte.
8 de novembro de 2018 – 4.ª
jornada da fase de grupos da Liga
Europa
Depois de 19 participações
consecutivas na Liga
dos Campeões (entre 1998-99 e 2016-17), o Arsenal
tornou-se um inclino da Liga
Europa, tendo coexistido com o Sporting
no mesmo grupo da competição em 2018-19.
Depois de vencerem os ucranianos
do Vorskla e os azeris do Qarabag nas duas primeiras jornadas, os
gunners então orientados por Unai Emery foram a Lisboa bater os leões
então comandados por José Peseiro (0-1).
Nas cerca de duas semanas que
separaram os jogos de Alvalade
e do Emirates,
Peseiro
foi despedido do comando técnico do Sporting,
que passou a ser assumido interinamente por Tiago Fernandes, filho da glória leonina
Manuel
Fernandes. As expetativas eram baixas, mas a verdade é que os verde
e brancos foram a Londres arrancar um moralizador empate a zero.
“Não fica mal, nada mal mesmo,
isto de empatar em casa do Arsenal.
Num jogo que chegou a ser sensaborão, o Arsenal
pôs os dois pés sem se chatear muito e o Sporting
esticou-se para meter uma chuteira nos 16 avos de final da Liga
Europa, resultado que ganha especial relevância quando estamos a falar de
uma turma
leonina que tem um comando técnico em transição e cujo futuro é um ponto de
interrogação”, escreveu o jornal O Jogo.
24 de outubro de 2019 – 3.ª
jornada da fase de grupos da Liga
Europa
A participação do Vitória
de Guimarães na Liga
Europa em 2019-20 ficou marcada por excelentes desempenhos, apesar do
último lugar no grupo.
Depois de desaires no terreno do Standard
Liège (0-2) e na receção ao Eintracht
Frankfurt (0-1), os vimaranenses orientados por Ivo
Vieira visitaram um Arsenal
de Unai Emery que havia despachado os germânicos
na Alemanha (3-0) e os belgas
em Londres (4-0).
O mais expectável seria uma
vitória folgada dos gunners
no Emirates
Stadium, mas a verdade é que os minhotos estiveram por duas vezes em
vantagem, tendo segurado o 1-2 entre os minutos 36 e 80. O inglês Marcus
Edwards começou por dar vantagem ao Vitória
(8’), mas Gabriel Martinelli repôs a igualdade (32’). Bruno Duarte recolocou a
equipa portuguesa na frente do marcador (36’), mas o recém-entrado Nicolas Pépé
bisou e deu a vitória aos londrinos
(80’ e 90+2’).
“O Vitória
esteve perto de uma noite histórica, mas perdeu já nos descontos frente ao Arsenal
e acabou por somar a terceira derrota em três jogos na Liga
Europa ficando praticamente da corrida pelo apuramento. Uma grande batalha
terminou numa absoluta crueldade... A espada de D. Afonso Henriques quase
conquistou Londres, mas acabou derrotada por dois tiros (livres) de canhão. Foi
espada para canhão. Essa é a desproporção futebolística entre o poderio dos conquistadores
e o dos gunners.
Esta noite, porém, o melhor elogio que se poderá fazer à equipa de Ivo
Vieira é que praticamente não se notou a diferença de armas frente ao Arsenal”,
escreveu o Maisfutebol.
Em 2020-21 o Arsenal
defrontou o Benfica
nos oitavos de final da Liga
Europa, mas os jogos não se realizaram nos estádios das duas equipas devido
a restrições relacionadas com a pandemia de covid-19. Depois de um empate a um
golo em Roma num jogo em que as águias
de Jorge
Jesus jogaram na condição de visitado, os gunners
de Mikel Arteta venceram no campo do Olympiakos, na cidade grega de Pireu, por
3-2.
16 de março de 2023 – 2.ª mão dos oitavos de final da Liga Europa
Depois de um empate a dois golos em Alvalade na primeira-mão, o Arsenal era favorito para resolver a eliminatória em casa, logo numa época em que pouco estava a correr bem ao Sporting, que estava já afastado da luta pelo título (em quarto lugar) e eliminado da Taça de Portugal e da Taça da Liga.
Os gunners de Mikel Arteta até começaram por confirmar esse favoritismo, com Granit Xhaka a inaugurar o marcador aos 19 minutos, mas a armada de Rúben Amorim mostrou personalidade, discutiu o jogo e a eliminatória e acabou por deixar tudo empatado pouco depois da hora de jogo, graças a um grande golo de Pedro Gonçalves, um chapéu do meio-campo.
O 1-1 persistiu não só até ao final dos 90 minutos como até ao fim do prolongamento, o que atirou a decisão para o desempate por penáltis. Os leões foram mais forte na marca dos onze metros e conseguiram surpreender os londrinos, vencendo por 5-3.
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