quarta-feira, 15 de março de 2023

Recorde os 9 jogos das equipas portuguesas em Highbury e no Emirates Stadium

Emirates (à esquerda) sucedeu ao velhinho Highbury (à direita)
Highbury era mais pequeno (lotação inferior a 40 mil lugares) e antigo (inaugurado em 1913) mas era mais mítico. O Emirates Stadium é maior (60 mil lugares) e mais moderno (2006), mas nele os adeptos do Arsenal ainda não viveram (nem de perto nem de longe) uma pequena fração das alegrias que vivenciaram no antecessor. 
 
Uma vez que o emblema do norte de Londres tem sido um dos mais representativos de Inglaterra na Europa do futebol, Highbury recebeu duas visitas de equipas portuguesas em competições da UEFA, enquanto o Emirates Stadium em pouco mais de década e meia já acolheu sete jogos oficiais entre os gunners e conjuntos lusos.
 
Nesses oito encontros, houve uma equipa portuguesa que venceu em Highbury e outras duas que conseguiram empatar no Emirates.
 
Vale por isso a pena recordar as nove visitas de equipas portuguesa ao terreno do Arsenal.
 
26 de novembro de 1969 – 2.ª mão da 2.ª eliminatória da Taça das Cidades com Feiras
A participar pela segunda vez nas competições europeias, ainda que a Taça das Cidades com Feiras não fosse organizada pela UEFA, o Arsenal apanhou pela frente na 2.ª eliminatória um Sporting com alguns pergaminhos em termos internacionais, em virtude da conquista da Taça das Taças em 1963-64.
Depois de um empate a zero em Alvalade, os gunners então orientados por Bertie Mee venceram sem contestação os leões de Fernando Vaz (privados de José Carlos e Hilário) por expressivos 3-0 em Highbury, graças a golos de John Radford (20 minutos) e George Graham (43’ e 53’).
“Perante cerca de 40 mil pessoas, a equipa inglesa do Arsenal venceu, no seu Estádio de Highbury, o líder do campeonato português, o Sporting, por três golos sem resposta, limitando-se, para tal, a pôr em prática a tão falada e raramente desmentida simplicidade que é apanágio do futebol praticado para lá da Mancha”, sintetizou o Diário de Notícias.
Os londrinos haveriam mesmo de conquistar a prova, ao bater o Anderlecht na final.
 
 
 
6 de novembro de 1991 – 2.ª mão da 2.ª eliminatória da Taça dos Campeões Europeus
Campeões de Inglaterra e Portugal, Arsenal e Benfica digladiaram-se na 2.ª eliminatória da então denominada Taça dos Campeões Europeus para aceder à então estreante fase de grupos, ainda em modo experimental, que consistia em dois quadrangulares cujos vencedores se apuravam diretamente para a final da prova.
O empate a um golo registado na primeira-mão, no velhinho Estádio da Luz, deixou os gunners mais satisfeitos, pois podiam resolver o assunto em casa e dispunham da vantagem dos golos marcados fora em caso de 0-0 em Highbury.
No entanto, o que se verificou no norte de Londres foi uma das maiores façanhas benfiquistas na Europa no pós-Eusébio. Os ingleses, comandados por George Graham – o tal que bisou diante do Sporting mais de 20 anos antes –, até começaram melhor, abrindo o ativo através de um golo de Colin Pates aos 19 minutos. No entanto, Isaías empatou aos 35’, a passe de Yuran, levando assim a partida para prolongamento, etapa em que Vasili Kulkov (100’) e novamente Isaías (109’) marcaram para as águias de Sven-Göran Eriksson.
“Chegámos a ser sufocados pelo Arsenal. Não fui só eu, toda a equipa aguentou bem a pressão do Arsenal. Depois, o Kulkov marcou o segundo golo e eu bisei. Foram golos belíssimos, todos eles, e uma verdadeira lição aos que não acreditavam em nós. E eram muitos. Todos, aliás, desde dirigentes a adeptos. Ninguém sentia ser possível vencer o Arsenal em Londres”, contou Isaías ao Maisfutebol em abril de 2012.
“Tivemos total liberdade nessa viagem. Fomos fazer compras à cidade, comemos e bebemos o que bem nos apeteceu. Acho que só os jogadores sentiam ser possível fazer o que fizemos. No avião, já de regresso a Lisboa, bebemos todos cerveja e champanhe. Tivemos uma receção maravilhosa em Portugal”, recordou Kulkov.
“Um Arsenal triste ficou lavado em lágrimas por culpa de Isaías, um brasileiro com a classe de um Pelé ou de um Eusébio e que expôs a falta de certificado de classe dos gunners”, resumiu o Daily Mirror.
 
 
 
26 de setembro de 2006 – 2.ª jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões
Se Arsenal e FC Porto nunca se tinham defrontado até 2006, depois protagonizaram três duplos confrontos num espaço de três épocas.
O primeiro remonta à 2.ª jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões de 2006-07. Na ronda inaugural, os dragões de Jesualdo Ferreira, então campeões nacionais, haviam empatado em casa diante do CSKA Moscovo (0-0), enquanto os gunners de Arsène Wenger, vice-campeões europeus, tinham vencido no terreno do Hamburgo (2-1).
No recém-inaugurado Emirates Stadium, os londrinos impuseram a lei do mais forte e venceram por 2-0, graças a golos de Thierry Henry aos 38 minutos e de Aliaksandr Hleb aos 48’.
“Soem os canhões, aplauda-se a superioridade do Arsenal e a atitude do FC Porto. No majestoso Emirates Stadium, cumpriu-se a tradição. Os azuis e brancos perderam por 2-0 na segunda jornada do grupo G da Liga dos Campeões e continuam sem conseguir vencer um jogo oficial em solo inglês. A equipa de Jesualdo Ferreira teve períodos positivos ao longo da primeira parte, mas neste momento o Arsenal é mais e melhor equipa”, resumiu o Maisfutebol.
 
 
 
30 de setembro de 2008 – 2.ª jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões
Duas temporadas depois, Arsenal e FC Porto ficaram novamente inseridos no mesmo grupo da Liga dos Campeões e voltaram a defrontar-se no Emirates Stadium na 2.ª jornada, depois de na ronda inaugural os portistas de Jesualdo Ferreira terem batido o Fenerbahçe no Dragão (3-1) e de os gunners de Arsène Wenger terem empatado a um golo em Kiev diante do Dínamo (1-1).
Mesmo já não contando com a sua principal estrela nos primeiros anos do século XXI, Thierry Henry, que já se havia transferido para o Barcelona, os londrinos golearam por 4-0, impondo a derrota mais pesada dos dragões em provas da UEFA desde 1997. Robin van Persie (31 e 48 minutos) e Emmanuel Adebayor (40’ e 71’) foram os autores dos golos.
“Durou cerca de meia-hora a intenção do FC Porto em conseguir a primeira vitória em Inglaterra. Van Persie abriu então o marcador, surgindo mais rápido do que Fernando e Rolando na zona de finalização, e nesse momento a formação de Jesualdo Ferreira quase terminou. A partir daí todos os projetos de ataque se tornaram inconsequentes. Antes do golo de Van Persie, é justo dizê-lo, o FC Porto tivera uma boa dose de infelicidade. Em três jogadas ficou muito perto de marcar”, resumiu o Maisfutebol.
 
 
 
9 de março de 2010 – 2.ª mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões
Apesar das derrotas sofridas em Londres nas visitas anteriores, o FC Porto não fez menos pontos do que o Arsenal quando ficaram incluídos no mesmo grupo e chegou mesmo a vencer o grupo em 2008-09.
Nos oitavos de final da Champions em 2009-10, os portistas, então tetracampeões nacionais, aproveitaram o fator casa na 1.ª mão para bater os gunners no Dragão por 2-1. Silvestre Varela (onze minutos) e Radamel Falcao (51’) marcaram para os azuis e brancos, ainda comandados por Jesualdo Ferreira. Pelo meio, Sol Campbell faturou para os londrinos de Arsène Wenger (18’).
Os dragões entraram no Emirates Stadium em vantagem na eliminatória, mas saíram de lá com uma das mais pesadas derrotas de sempre nas competições europeias: 0-5. Nicklas Bendtner (10, 25 e 90 minutos), Samir Nasri (63’) e Emmanuel Eboué (66’) marcaram os golos do Arsenal.
“O FC Porto vergou ao poderio do Arsenal, tombou com estrondo no Emirates Stadium e despediu-se da Liga dos Campeões. Mais cinco golos na contabilidade (5-0), onze no total dos confrontos entre portistas e londrinos, em Inglaterra. O campeão nacional deixou uma imagem horrível em terras de Sua Majestade. Fraco, fraco mesmo para um Arsenal que provou estar num patamar superior de qualidade. Técnica, física, tática. Em tudo, sem dúvida. Jesualdo Ferreira cometeu erros, os jogadores cometeram outros tantos, os gunners de Wenger aproveitaram com um sorriso nos lábios”, escreveu o Maisfutebol.
 
 
 
15 de setembro de 2010 – 1.ª jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões
Quis o destino que fosse o Arsenal de Londres a apadrinhar a estreia na Liga dos Campeões do… Arsenal do Minho. Reza a lenda que o treinador húngaro Joseph Szabo, quando orientava o Sp. Braga no final da década de 1940, assistiu a um jogo do Arsenal e gostou tanto das camisolas vermelhas com mangas brancas dos gunners que sugeriu que os bracarenses passassem a utilizar um equipamento semelhante, deixando assim o verde e branco à Sporting. E a sugestão foi aceite. Daí também a alcunha de “arsenalistas”.
Tal como o FC Porto meio ano antes, os minhotos então orientados por Domingos Paciência foram goleados no Emirates Stadium. Mudou aos três e acabou aos seis. 6-0. Cesc Fàbregas (9 e 53 minutos), Andrei Arshavin (30’), Marouane Chamakh (34’) e Carlos Vela (69’ e 84’) marcaram os golos.
“A estreia do Sp. Braga na Liga dos Campeões pendeu, naturalmente, para o superfavorito Arsenal, por muito que a equipa de Domingos Paciência e os adeptos sonhassem com um resultado que ficasse na história. Ficou, mas, infelizmente, pela negativa. Uma goleada por 6-0 – os mesmos números da pior derrota de sempre do Sp. Braga nas provas europeias, em 1983/84, frente ao Tottenham, o grande rival do Arsenal – estava fora dos planos dos mais pessimistas, mas a verdade é que espelha a diferença existente entre as duas equipas, não só no jogo de ontem”, escreveu o jornal O Jogo no dia seguinte.
 
 
 
8 de novembro de 2018 – 4.ª jornada da fase de grupos da Liga Europa
Depois de 19 participações consecutivas na Liga dos Campeões (entre 1998-99 e 2016-17), o Arsenal tornou-se um inclino da Liga Europa, tendo coexistido com o Sporting no mesmo grupo da competição em 2018-19.
Depois de vencerem os ucranianos do Vorskla e os azeris do Qarabag nas duas primeiras jornadas, os gunners então orientados por Unai Emery foram a Lisboa bater os leões então comandados por José Peseiro (0-1).
Nas cerca de duas semanas que separaram os jogos de Alvalade e do Emirates, Peseiro foi despedido do comando técnico do Sporting, que passou a ser assumido interinamente por Tiago Fernandes, filho da glória leonina Manuel Fernandes. As expetativas eram baixas, mas a verdade é que os verde e brancos foram a Londres arrancar um moralizador empate a zero.
“Não fica mal, nada mal mesmo, isto de empatar em casa do Arsenal. Num jogo que chegou a ser sensaborão, o Arsenal pôs os dois pés sem se chatear muito e o Sporting esticou-se para meter uma chuteira nos 16 avos de final da Liga Europa, resultado que ganha especial relevância quando estamos a falar de uma turma leonina que tem um comando técnico em transição e cujo futuro é um ponto de interrogação”, escreveu o jornal O Jogo.
 
 
 
24 de outubro de 2019 – 3.ª jornada da fase de grupos da Liga Europa
A participação do Vitória de Guimarães na Liga Europa em 2019-20 ficou marcada por excelentes desempenhos, apesar do último lugar no grupo.
Depois de desaires no terreno do Standard Liège (0-2) e na receção ao Eintracht Frankfurt (0-1), os vimaranenses orientados por Ivo Vieira visitaram um Arsenal de Unai Emery que havia despachado os germânicos na Alemanha (3-0) e os belgas em Londres (4-0).
O mais expectável seria uma vitória folgada dos gunners no Emirates Stadium, mas a verdade é que os minhotos estiveram por duas vezes em vantagem, tendo segurado o 1-2 entre os minutos 36 e 80. O inglês Marcus Edwards começou por dar vantagem ao Vitória (8’), mas Gabriel Martinelli repôs a igualdade (32’). Bruno Duarte recolocou a equipa portuguesa na frente do marcador (36’), mas o recém-entrado Nicolas Pépé bisou e deu a vitória aos londrinos (80’ e 90+2’).
“O Vitória esteve perto de uma noite histórica, mas perdeu já nos descontos frente ao Arsenal e acabou por somar a terceira derrota em três jogos na Liga Europa ficando praticamente da corrida pelo apuramento. Uma grande batalha terminou numa absoluta crueldade... A espada de D. Afonso Henriques quase conquistou Londres, mas acabou derrotada por dois tiros (livres) de canhão. Foi espada para canhão. Essa é a desproporção futebolística entre o poderio dos conquistadores e o dos gunners. Esta noite, porém, o melhor elogio que se poderá fazer à equipa de Ivo Vieira é que praticamente não se notou a diferença de armas frente ao Arsenal”, escreveu o Maisfutebol.
 
 
 
Em 2020-21 o Arsenal defrontou o Benfica nos oitavos de final da Liga Europa, mas os jogos não se realizaram nos estádios das duas equipas devido a restrições relacionadas com a pandemia de covid-19. Depois de um empate a um golo em Roma num jogo em que as águias de Jorge Jesus jogaram na condição de visitado, os gunners de Mikel Arteta venceram no campo do Olympiakos, na cidade grega de Pireu, por 3-2.



16 de março de 2023 – 2.ª mão dos oitavos de final da Liga Europa
Arsenal 1-1 (3-g.p.) Sporting
Depois de um empate a dois golos em Alvalade na primeira-mão, o Arsenal era favorito para resolver a eliminatória em casa, logo numa época em que pouco estava a correr bem ao Sporting, que estava já afastado da luta pelo título (em quarto lugar) e eliminado da Taça de Portugal e da Taça da Liga.
Os gunners de Mikel Arteta até começaram por confirmar esse favoritismo, com Granit Xhaka a inaugurar o marcador aos 19 minutos, mas a armada de Rúben Amorim mostrou personalidade, discutiu o jogo e a eliminatória e acabou por deixar tudo empatado pouco depois da hora de jogo, graças a um grande golo de Pedro Gonçalves, um chapéu do meio-campo.
O 1-1 persistiu não só até ao final dos 90 minutos como até ao fim do prolongamento, o que atirou a decisão para o desempate por penáltis. Os leões foram mais forte na marca dos onze metros e conseguiram surpreender os londrinos, vencendo por 5-3.






  






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