Dez jogadores que ficaram na história da Académica |
Logo na segunda edição do extinto Campeonato de Portugal os estudantes mostraram que estavam no futebol português para deixar uma marca, sagrando-se vice-campeões nacionais em 1922-23.
Depois foi criada a I
Divisão, competição em que a briosa já amealhou 64 presenças – é o oitavo
clube com mais participações -, a última das quais em 2015-16. Quase meio
século antes, em 1966-67, a formação de Coimbra
alcançou o segundo lugar no campeonato.
Também na Taça
de Portugal a Académica tem feito história, contando no seu museu com dois
troféus, relativos às épocas 1938-38 e 2011-12. Pelo meio, foi finalista em
1950-51, 1966-67 e 1968-69, tendo esta última final ficado marcada por uma
gigantesca manifestação estudantil contra o regime.
Em 64 participações na I
Divisão, 601 futebolistas jogaram pela Académica. Vale por isso a pena
recordar os dez que o fizeram por mais vezes.
10. Melo (197 jogos)
Melo |
Para a temporada seguinte estava
reservada a estreia a marcar, e logo em dose dupla, frente a Sporting
e SL Elvas, em 15 jogos. Em 1947-48 também faturou, diante do Boavista,
mas não evitou a despromoção.
Na época que se seguiu conquistou
o título nacional da II Divisão, foi ganhando paulatinamente o seu espaço e
ajudou a briosa a consolidar-se no primeiro
escalão, tendo permanecido na equipa de Coimbra
até 1957, quando pendurou as botas. Em mais onze anos ao serviço dos estudantes
amealhou mais 167 encontros no patamar
maior do futebol português, foi finalista da Taça
de Portugal em 1950-51 e contribuiu para dois sextos lugares no campeonato,
em 1954-55 e 1956-57.
9. Manuel António (203 jogos)
Manuel António |
Valorizado, transferiu-se para o FC
Porto, clube que representou entre 1965 e 1968.
Porém, tinha o objetivo de tirar
uma licenciatura e por isso voltou a Coimbra
para representar os estudantes entre 1968 e 1977. Na época de regresso à
Académica, em 1968-69, sagrou-se melhor marcador do campeonato,
com 19 golos, o que valeu quatro internacionalizações pela seleção nacional
“AA”. Também nessa temporada foi finalista vencido da Taça
de Portugal e apurou os coimbrenses
para a Taça das Taças apesar de… não treinar com a equipa, devido à tropa. “Estive
primeiro nas Caldas da Rainha, depois em Tavira e em Mafra. Fazia bastante
ginástica, mas tinha de treinar-me sozinho, ao fim do dia, dar mais umas
corridas. Jogava ao fim-de-semana e voltava ao quartel”, contou ao Maisfutebol em maio de 2012.
Em 1969-70 ajudou a briosa a
chegar aos quartos de final da Taça das Taças e na época seguinte contribuiu
para a obtenção de um quinto lugar que valeu o apuramento para a Taça
UEFA, mas em 1971-72 não evitou uma surpreendente despromoção.
Porém, manteve-se na Académica e
contribuiu para um rápido regresso à I
Divisão, coroado com a conquista do título nacional da II Divisão em
1972-73. Ao longo dessa década foi perdendo algum gás, mas contribuiu sempre
para a permanência dos coimbrenses
no primeiro
escalão.
Em 1977, após a obtenção de um
honroso quinto lugar, mudou-se para a União
de Leiria, onde colocou um ponto final da carreira. No total, somou 203
jogos (177 a titular) e marcou 81 golos pela Académica na I
Divisão. “Ser jogador da Académica nessa altura era especial. Os jogadores
eram quase todos estudantes e tínhamos a possibilidade de tirar uma
licenciatura”, recordou à Rádio Renascença em janeiro de 2016.
Após pendurar as botas terminou o curso de medicina, tornou-se médico e chegou a administrador do IPO de Coimbra.
8. Pedro Roma (231 jogos)
Pedro Roma |
Sem espaço na Luz,
foi cedido ao Gil
Vicente e ao Famalicão
e regressou à Académica por empréstimo em 1994-95 antes de voltar em definitivo
a Coimbra
em 1996 para se estabelecer como dono e senhor da baliza dos estudantes.
Na época de regresso aos coimbrenses,
em 1996-97, foi um dos esteios da equipa que assegurou a promoção à I
Liga após nove anos de ausência do primeiro
escalão.
Em dois anos entre a elite do
futebol português foi sempre titular indiscutível na formação da região Centro,
tendo disputado 60 jogos e sofrido 90 golos, não evitando a despromoção em
1998-99, uma época depois de ter sido totalista no campeonato.
Pedro Roma permaneceu no clube
após a despromoção, mas, curiosamente, foi numa temporada em que não chegou a
jogar na II
Liga e em que até esteve cedido temporariamente ao Sp.
Braga depois de Quim ter testado positivo num contro antidoping, que a
Académica subiu de divisão, em 2001-02 – Márcio Santos defendeu a baliza dos
estudantes durante essa temporada.
Porém, o então já experiente
guardião de 32 anos recuperou a titularidade no regresso à I
Liga e manteve-a até quase ao final da carreira, encerrada em 2009, aos 39
anos – Peskovic remeteu-o para o banco de suplentes a partir de 2008. Nesses
sete anos disputou um total de 171 jogos e encaixou 223 golos, ajudando os
estudantes a assegurar sempre a permanência ao longo dessas temporadas.
“Foram 20 anos, muitos jogos -
quase 400 -, mais de uma centena deles em que tive a suprema honra de ser
capitão de equipa. Como o foram antes Alberto Gomes, Mário Wilson, Bentes,
Gervásio, Tomás e Miguel Rocha e tantas outras figuras do imaginário Briosa ao
longo de décadas. Nunca me imaginei ao pé de homens tão ilustres. Não dá para
equacionar a honra que se sente e simultaneamente a responsabilidade que nos
pesa sobre os ombros”, recordou, após pendurar as luvas.
Depois tornou-se treinador de guarda-redes, tendo trabalhado no staff de André Villas Boas na Académica antes de se mudar em 2011 para os quadros da Federação Portuguesa de Futebol.
7. Rui Rodrigues (243 jogos)
Rui Rodrigues |
“Vim de Lourenço Marques jogar
para Portugal diretamente para a Seleção Nacional de juniores que ia ao
Campeonato da Europa, na Roménia, em 1962, e de imediato fui convidado pelo Benfica
e pela Académica. Optei pela Académica, já a pensar no que poderia fazer depois
do futebol. Fui contactado por pessoas de Coimbra
que me fizeram ver que o futebol, naquela altura, era quase só Benfica,
Sporting,
FC
Porto e CUF,
e a Académica não pagava muito, mas dava a possibilidade de estudarmos. No
fundo, estava já a pensar no que seria a vida depois de acabar o futebol. Quase
a falar da reforma antes de começar a carreira...”, recordou ao Record em abril de 2013.
Em 1966-67 foi um dos esteios da
equipa que foi vice-campeã nacional e que foi finalista vencida da Taça
de Portugal. Nas épocas seguintes contribuiu para honrosas classificações
no campeonato,
mais uma caminhada até ao Jamor
em 1968-69, três qualificações para as competições europeias e uma campanha
meritória até aos quartos de final da Taça das Taças em 1969-70.
Pelo meio tornou-se internacional
“B” em 1966 e estreou-se pela seleção nacional “AA” no ano seguinte.
Valorizado após 210 jogos e 17
golos em nove anos de briosa na I
Divisão, mudou-se em 1971 para o Benfica,
clube que lhe deu a possibilidade de se sagrar campeão nacional por duas vezes.
“Fui para o Benfica
porque há nove anos que estava sempre a ser convidado e eu também gostava do
clube e acabei por assinar”, contou.
Em 1974 rumou ao Vitória
de Guimarães e dois anos depois regressou a Coimbra.
Quando voltou a casa, já a Académica se tinha transformado em Académico e
perdido algum fulgor, até porque em 1972-73 passou pela II Divisão. Em mais
três anos nos estudantes, Rui Rodrigues amealhou mais 33 partidas e um golo ao patamar
maior do futebol português, deixando o clube em 1979 após a despromoção à
II Divisão.
6. Vítor Campos (248 jogos)
Vítor Campos |
Um dos símbolos da era dourada
dos estudantes, contribuiu para acontecimentos marcadas na história do emblema coimbrense
como a obtenção do segundo lugar em 1966-67, as caminhadas até à final da Taça
de Portugal em 1966-67 e 1968-69, os três primeiros apuramentos europeus e
a campanha que culminou na chegada até aos quartos de final da Taça das Taças
em 1969-70.
Por outro lado, esteve na
surpreendente despromoção em 1972 e na conquista do título nacional da II
Divisão no ano seguinte e viveu a transformação de Académica para Académico,
tendo desempenhado um papel importante nessa fase. Terminou a carreira em 1976,
depois de 248 jogos (239 a titular) e 22 golos pela briosa na I
Divisão.
Vítor Campos tem ainda a
particularidade de ter feito grande parte da carreira ao lado do irmão mais
novo, o também talentoso centrocampista Mário Campos.
Em março de 1967 jogou pelas
seleções nacionais “A” e “B”. Pela principal equipa das quinas substituiu Mário
Coluna já na reta final de um encontro de preparação frente à Itália de
Facchetti, Rivera e Mazzola em Roma.
Mais tarde, quando já tinha
pendurado as botas, integrou a comissão responsável pela integração do Clube
Académico na Associação Académica como organismo autónomo.
Formado em medicina pela
Universidade de Coimbra
e médico de profissão, viria a falecer em março de 2019, a poucos dias de completar
75 anos. “Um dos jogadores mais emblemáticos da história da nossa instituição,
um homem ímpar que transportava consigo os valores e os princípios da Briosa, o
símbolo da mística e um exemplo em todos os sentidos”, recordou
a Académica aquando da morte.
“Vítor Campos não foi só um
grande jogador da Académica e da Seleção Nacional de Futebol, foi e será sempre
um símbolo de uma certa cultura de Coimbra,
que é um modo de ser e conviver, mas, sobretudo, um estilo de vida, de
solidariedade, uma forma de viver com os outros e para os outros, uma partilha”,
escreveu Manuel Alegre, num artigo de opinião no Público.
5. Mário Wilson (250 jogos)
Mário Wilson |
Defesa central nascido na então capital moçambicana Lourenço Marques, começou a jogar em 1948-49 no Desportivo, de onde saiu para o Sporting. Após dois excelentes anos de leão ao peito mudou-se para a Académica em 1951 e foi importantíssimo para estabilizar os estudantes na I Divisão.
Entre 1951 e 1963 disputou um
total de 250 jogos e apontou 15 golos, tendo contribuído para honrosos sextos
lugares em 1954-55, 1956-57 e 1959-60. Pelo meio disputou dois jogos pela
seleção nacional “B” em 1955.
Após pendurar as botas tornou-se
treinador, tendo dirigido a equipa principal da briosa entre 1964 e 1968 e
entre 1980 e 1983, alcançado feitos como o histórico segundo lugar no campeonato
em 1966-67 e o primeiro apuramento do clube para as competições europeias,
neste caso concreto para a Taça das Cidades com Feiras. Chegou a orientar o
filho, também Mário Wilson, que jogou na Académica nas décadas de 1970 e 1980.
Viria a falecer em outubro de
2016, a poucos dias de completar 87 anos.
4. Bentes (270 jogos)
Bentes |
Extremo esquerdo de baixa
estatura (1,67 m) nascido em Braga e apelidado de “rato atómico” pela sua
velocidade, drible rápido e curto e forte pontapé, começou a jogar ainda em
miúdo em clubes de Portalegre, mas passou os 15 anos da carreira em Coimbra,
ajudando os estudantes a consolidarem-se no primeiro
escalão durante a década de 1950.
Os primeiros três anos na briosa
ficaram marcados por sobressaltos na tabela classificativa, mas também por
muitos golos, tendo apontado 43 em 60 jogos entre 1945 e 1948, quando não
evitou a despromoção. E esses 43 golos poderiam ser 44, uma vez que em maio de
1947 um árbitro validou-lhe um golo ao O
Elvas, uma vez que a bola estava dentro da baliza, mas Bentes tomou a
iniciativa de esclarecer o juiz da partida que o esférico entrou por um buraco
da rede lateral, num encontro em que os alentejanos
venceram por 3-2.
Um ano antes, em junho de 1946,
quando tinha apenas 18 anos e 291 dias, somou a primeira de três
internacionalizações pela seleção nacional “AA” – é ainda hoje um dos 20 mais
jovens a estrear-se de quinas ao peito.
Em 1948-49 conquistou o título
nacional da II Divisão e depois ajudou os coimbrenses
a manterem-se entre os grandes do futebol português durante as onze temporadas
em que continuou a jogar. Nesse período amealhou mais 210 partidas e 136 golos,
tendo ainda sido finalista vencido da Taça
de Portugal em 1950-51 e somado mais duas internacionalizações pela seleção
nacional “AA”.
Manuel Alegre dedicou-lhe um
poema, Balada do Bentes, especialmente criado para o livro Académica, no ano de
1995. “Nem tudo era só bota de elástico/havia alguém capaz de alguns repentes/a
fuga para a frente e o fantástico/a festa e a alegria: havia o Bentes/Mais
tarde tornou-se professor do ensino primário”, podia ler-se nos primeiros
versos.
Viria a falecer em fevereiro de
2003, aos 75 anos.
3. Augusto Rocha (304 jogos)
Augusto Rocha |
Foi apenas de uma bonita história
de década e meia nos estudantes, todas na I
Divisão, tendo feito parte do período áureo do clube, conseguindo feitos
como o segundo lugar no campeonato
em 1966-67, duas presenças na final da Taça
de Portugal (1966-67 e 1968-69), três apuramentos para as competições
europeias e a caminhada até aos quartos de final da Taça das Taças em 1979-71.
Relativamente ao percurso no primeiro
escalão, disputou um total de 304 jogos (292 a titular) e marcou 46 golos
entre 1956 e 1971, tendo envergado em boa parte desses encontros a braçadeira
de capitão.
Em termos internacionais
representou por sete vezes a seleção nacional “AA” entre 1958 e 1963,
estreando-se numa derrota em Madrid frente à Espanha de Alfredo Di Stéfano e
Paco Gento, e disputou três jogos e marcou um golo pela seleção “B” entre 1956
e 1966.
2. Mário Torres (320 jogos)
Mário Torres |
Jogador que ficou associado à consolidação
dos estudantes na I
Divisão durante as décadas de 1950 e 1960, foi finalista vencido da Taça
de Portugal logo na época de estreia pela equipa sénior. Em 1964-65 ajudou
os coimbrenses
a obter o quarto lugar no campeonato,
na altura a melhor classificação de sempre do clube no primeiro
escalão, mas não foi a tempo de participar nos anos dourados que se
seguiram.
Ao longo de 16 anos ao serviço da
Académica no patamar
maior do futebol português disputou 320 jogos e marcou 25 golos, tendo
ainda representado a seleção nacional “AA” por cinco vezes entre 1957 e 1959.
Também praticante de atletismo,
licenciou-se em medicina e dedicou-se por inteiro à carreira de médico após deixar
os relvados, tendo sido diretor da maternidade dos Hospitais da Universidade de
Coimbra.
Viria a falecer em junho de 2020,
aos 88 anos. Para o antigo defesa dos estudantes, José Belo, Mário Torres
tratava-se de um “médico de mão cheia e de um futebolista, que, pela forma como
se entregava ao jogo, foi capaz de criar e alimentar a paixão por ele de tantos
devotos, que nele viam uma verdadeira lenda da Académica”.
1. Gervásio (330 jogos)
Gervásio |
Demorou a conquista o seu espaço,
é verdade, mas foi a tempo não só de se tornar numa das principais figuras dos
anos dourados dos estudantes como também no futebolista com mais jogos pela
briosa na I
Divisão, tendo apontado 39 golos nesses 330 encontros (221 a titular e
muitos deles na condição de capitão de equipa).
Durante as décadas de 1960 e 1970
Gervásio participou em feitos como a obtenção do histórico segundo lugar em
1966-67, as caminhadas até às finais da Taça
de Portugal de 1966-67 e 1968-69, os apuramentos europeus de 1968, 1969 e
1971 e a conquista do título nacional da II Divisão em 1972-73. Mais tarde, em
1974, viveu a transformação da Académica para Clube Académico de Coimbra.
Por outro lado, não conseguiu impedir a despromoção ao segundo escalão em 1972
e 1973, esta última na derradeira temporada da carreira.
Embora não tenha jogado pela
principal equipa das quinas, representou a seleção nacional “B” num jogo frente
à Bélgica em março de 1967. Antes, enquanto ainda pertencia aos quadros do Benfica,
jogou pelos sub-18.
Após pendurar as botas tornou-se
treinador, tendo levado a Académica à subida à I
Divisão em 1984. Entretanto passou pelo comando técnico da União de Coimbra
e voltou a dirigir os estudantes a segunda metade da época 1990-91, na II
Divisão.
Viria a falecer em julho de 2009,
aos 65 anos, poucos anos depois de ter sido vice-presidente das direções
lideradas por João Moreno e José Eduardo Simões. “Foi sempre um exemplo para
todos nós. Foi um desportista que esteve nos momentos áureos da Académica, por
onde jogou durante 17 anos. É uma perda difícil de superar, porque era um bom
amigo”, afirmou o presidente do Núcleo dos Veteranos da Académica naquela
altura, Frederico Valido.
Olá David,sou o Casimiro das Caldas da Rainha ,posso-te enviar uma caricatura do Francisco Zambujal com a Académica de 1966-1967 para identificares os jogadores por favor,se estiveres de acordo diz-me no meu mail casimir68@hotmail.com
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