Dez figuras emblemáticas da história do Caldas Sport Clube |
Fundado a 15 de maio de 1916 por
um grupo de caldenses, o Caldas Sport Clube viveu o ponto alto da sua história no
final da década de 1950, quando participou por quatro vezes (consecutivas) na I
Divisão.
Filiado e um dos fundadores da
Associação de Futebol de Leiria, subiu ao primeiro escalão depois de uma goleada
ao Boavista (4-1) no Estádio Municipal de Coimbra
a 26 de junho de 1955. Após uma ascensão meteórica até ao patamar maior do
futebol português, os pelicanos regressaram às divisões secundárias, mas
estabilizaram nos campeonatos nacionais.
Desde 2013 a competir no Campeonato
de Portugal, o emblema da região
Oeste voltou recentemente a ser notícia pela magnífica campanha até às
meias-finais da Taça
de Portugal.
Recuando mais uma vez aos tempos
áureos, a melhor classificação na I Divisão foi o 10.º lugar obtido em 1957-58.
Durante quatro temporadas, o Caldas foi representado por 41 jogadores entre a
elite do futebol nacional. Vale por isso a pena recordar os dez futebolistas
com mais jogos pelo clube no primeiro escalão.
10. Rogério (52 jogos)
Rogério |
Defesa de posição, chegou ao
Caldas proveniente das reservas do Benfica
em 1956, tendo imediatamente ganho uma posição no setor mais recuado dos
pelicanos.
Na primeira época disputou 18
encontros na I Divisão e marcou três golos, a Atlético, Barreirense
e Vitória
de Setúbal. Na segunda repetiu o número de jogos e faturou por uma vez, à CUF,
contribuindo para a obtenção da melhor classificação de sempre do clube no
primeiro escalão, o 10.º lugar. Na terceira e última temporada no Campo da Mata
foi utilizado em 16 partidas, não conseguindo evitar a despromoção.
Depois terá deixado de jogar
futebol.
9. Rita (57 jogos)
Rita |
Histórico guarda-redes do Caldas,
esteve quatro temporadas no clube, as quatro que os pelicanos passaram na I
Divisão, entre 1955 e 1959, estreando-se assim no primeiro escalão do futebol
português depois de sete anos sem o conseguir fazer ao serviço do Atlético,
onde esteve tapado por Ernesto Correia.
Natural de Galveias, no concelho
de Ponte de Sôr, sofreu 44 golos em 24 jogos em 1955-56. Na época seguinte
também começou como titular, mas Vítor acabaria por remetê-lo para o banco, não
indo além 10 encontros (e 22 golos sofridos). Em 1957-58 voltou a ser
maioritariamente segunda opção, cumprindo apenas nove partidas no campeonato,
nas quais sofreu 23 golos. Na quarta e última temporada reconquistou algum
espaço, tendo participado em 14 desafios e sofrido 42 golos, não evitando a
despromoção.
Alguns anos depois, no final da
década de 1960, representou o Nazarenos, outra equipa da região
Oeste.
8. Lenine (60 jogos)
Lenine |
Extremo esquerdo nascido na
freguesia lisboeta de Alcântara e com nome de chefe de governo da União
Soviética, fez a formação e iniciou a carreira na categoria sénior no Casa
Pia, mas em 1955 rumou ao Caldas, então recém-promovido à I Divisão.
Seguiu-se 15 anos no Campo da
Mata, os primeiros quatro entre a elite do futebol português. Na época de
estreia participou em 21 jogos e apontou dois golos, ao Barreirense
e ao Lusitano Évora. Em 1956-57 foi menos utilizado, não indo além de seis encontros.
Na temporada seguinte recuperou um pouco de gás, participando em dez partidas e
marcando dois golos, à Académica e Lusitano Évora. Porém, foi em 1958-59, que
até culminou com a despromoção, que definitivamente explodiu, ao apontar oito
golos em 23 jogos – Benfica,
Sp.
Braga, Académica (dois), Belenenses,
Vitória
de Setúbal, CUF
e o Torreense forma as vítimas.
No livro Figuras e Factos da História do Desporto Caldense, de Mário Lino, é
descrito como “um desses homens que fez história nos campos de futebol, onde
soube granjear prestígio e ganhar celebridade”.
Após penduras as botas continuou
radicado nas Caldas da Rainha, onde trabalhou como funcionário do Crédito Agrícola.
Viria a falecer em julho de 2009,
aos 77 anos.
7. Romeu (61 jogos)
Romeu |
Atacante natural de Amiais de
Baixo, Santarém, chegou ao Caldas em 1955 após um ano sem jogar no Benfica.
No Campo da Mata foi um dos
pilares dos pelicanos durante os quatro anos passados na I Divisão. Em 1955-56
realizou 15 jogos e marcou um golo, à CUF.
Na época seguinte repetiu o número de encontros, mas triplicou o de remates
certeiros, tendo faturado diante de Oriental, Sp. Covilhã e Lusitano Évora. Em
1957-58 foi mais feliz individualmente e coletivamente, uma vez que cumpriu 20
partidas no campeonato e ajudou o emblema da região
Oeste a obter a melhor classificação de sempre da sua história, o 10.º
lugar. E na quarta e derradeira temporada participou em 11 jogos e marcou um
golo, ao Vitória
de Guimarães, insuficiente para evitar a despromoção.
Apesar da queda para a II
Divisão, manteve-se no clube por mais algum tempo.
6. Fragateiro (62 jogos)
Fragateiro |
Defesa natural do Montijo,
começou a carreira em 1939-40 no Aldegalense Sport Clube, hoje Clube Desportivo
do Montijo, depois vestiu as cores do Estoril
na I Divisão entre 1944 e 1951, entretanto voltou ao Montijo e, em 1953, quando
já tinha 32 anos, assinou pelo Caldas.
Na segunda época nos pelicanos,
em 1954-55, ajudou o clube a alcançar uma inédia subida ao patamar maior do
futebol português, tendo permanecido no Campo da Mata por mais três anos. No
primeiro disputou 23 jogos e marcou um golo, ao Torreense. No segundo não foi
além de 14 partidas. E no terceiro participou em 25 das 26 jornadas e apontou
um golo, à Académica.
Após meia década nas Caldas da Rainha,
terá pendurado as botas em 1958, aos 37 anos.
5. Anacleto (72 jogos)
Anacleto |
Anacleto começou a carreira no Sporting,
mas não passou da equipa de reservas e em 1950-51 foi jogar para o Mirense. Após
um ano em Mira de Aire rumou ao Caldas, tendo feito o trajeto desde a III à I
Divisão enquanto trabalhava nas oficinas do presidente Artur Capristano. Na
temporada de estreia, 1951-52, subiu à II Divisão, e três anos depois ajudou os
pelicanos a ascender à elite do futebol português, tendo inclusivamente
faturado na finalíssima com o Boavista.
Nem sempre primeira opção no
meio-campo caldense, participou em 12 jogos e marcou dois golos, ao Vitória
de Setúbal e à CUF,
na época estreia na I Divisão, em 1955-56. Na temporada seguinte voltou a apontar
dois golos, ao Oriental e ao Sp. Covilhã, mas em 18 encontros. Em 1957-58
contribuiu para a obtenção da melhor classificação da história do clube, o 10.º
lugar, brilhando numa vitória fora de portas sobre o Belenenses,
naquela que foi a primeira derrota de sempre dos azuis
no Restelo. E quarta e última época no primeiro escalão foi totalista, tendo
cumprido os 2340 minutos (26 jogos completos) do campeonato.
Haveria de permanecer mais alguns
anos no clube e, após um brilhante trajeto no Caldas, encerrou a carreira ao
serviço do Mirense.
Mais tarde, como treinador,
orientou os caldenses na III Divisão.
4. Saraiva (74 jogos)
Saraiva |
Defesa central natural de Peso da
Régua, começou a jogar no clube da sua terra natural, o Régua. Depois jogou
pelo Salgueiros, tendo captado o interesse do FC
Porto, mas reza a história – contada pelo blogue Caldense
D’Gema – que terá ido parar ao Caldas no verão de 1956 graças à influência
de um tio da sua mulher, que era das Caldas da Rainha.
Logo na primeira época foi
totalista no campeonato, tendo estado em campo durante os 2340 minutos da prova
e marcado dois golos, logo nas duas primeiras jornadas, ao Oriental e ao Vitória
de Setúbal. Em 1957-58 esteve perto de repetir a façanha, mas falhou uma
das 25 jornadas, e apontou um golo, ao FC
Porto, ajudando os caldenses a obter a melhor classificação da sua
história, o 10.º lugar. Na terceira e última temporada participou em 24 encontros
e foi imponente para evitar a despromoção, mas evidenciou-se e deu o salto para
o Benfica.
De águia ao peito venceu três
campeonatos, uma Taça
de Portugal e a Taça dos Campeões europeus em 1960-61.
Viria a falecer em maio de 2018,
aos 84 anos.
2. Amaro (62 jogos)
Amaro |
Defesa direito natural da Amadora,
esteve vinculado ao Sporting
entre 1949 e 1952, mas só no último ano conseguiu jogar pela equipa principal
dos leões,
sagrando-se campeão nacional em 1951-52 ao lado dos violinos Vasques, Jesus
Correia, Albano e Travassos.
Porém, no final dessa época seguiu
estranhamente para o União de Montemor e um ano depois para o Caldas. “Saí do Sporting
porque pagava pouco. Os internacionais ganhavam 1500 escudos por mês, mas eu só
ganhava 500. No Montemor ofereceram-me mais e fui para lá. Só treinava lá à
quinta-feira e depois ia jogar ao domingo. Na época a seguir é que vim para o
Caldas, ganhar também 1500 escudos”, contou ao jornal O
Jogo em abril de 2018.
Na segunda temporada no Campo da
Mata ajudou os pelicanos a alcançarem uma inédia promoção à I Divisão, tendo permanecido
no clube durante as quatro temporadas entre a elite do futebol português. “Eu
era do género do Coentrão.
Se era melhor não sei, os tempos são outros. Eu fazia o corredor todo. Agarrava
na bola, ia por ali fora e depois endossava a um companheiro”, descreveu-se.
Com um total de 62 jogos (e zero
golos), foi importante para assegurar a permanência nas três primeiras épocas,
tendo contribuído para a obtenção do 10.º lugar em 1957-58. “O Caldas era bom. Na
baliza jogava o Rita. Na defesa era eu, o Leandro e o Fragateiro, que veio do Estoril.
No meio jogava o Anacleto, o Bispo e o César, que foi do Palmense comigo para o
Sporting
e depois veio também comigo para aqui. Na frente jogava o Pedro Lavega, que era
espanhol, o Ben Bareck, que tinha esse nome porque era muito moreno e o extremo
esquerdo era o Lénine, do Casa
Pia”, recordou.
Depois de vários anos nas Caldas
da Rainha, Amaro da Silva ingressou no Mirense, clube que representou enquanto
jogador e treinador.
2. Orlando (80 jogos)
Orlando |
Também conhecido por Ben-Barék –
em alusão a um antigo internacional marroquino e francês que jogou no Marselha
e no Atlético
Madrid -, porque era muito moreno.
Em seis anos nas Caldas da Rainha,
os dois primeiros foram passados na II Divisão. Garantida a promoção ao
primeiro escalão em 1954, seguiram-se quatro temporadas entre a elite do
futebol português. Em 1955-56 disputou 13 jogos e marcou seis golos, a CUF
(dois), Torreense, Vitória
de Setúbal, Académica e FC
Porto. Na época seguinte participou em 20 encontros e faturou por uma vez,
ao Sp. Covilhã. Em 1957-58 contribuiu com dois golos, um ao Oriental e outro ao
Salgueiros, em 22 partidas, contribuindo para a obtenção do 10.º lugar. E na
quarta e última temporada, disputou 25 jogos e marcou seis golos, ao Sp.
Covilhã (dois), FC
Porto, Vitória
de Setúbal (dois) e Lusitano Évora.
1. António Pedro (101 jogos)
António Pedro |
O jogador com mais jogos pelo
Caldas na I Divisão e também o melhor marcador de sempre do clube no primeiro
escalão, com 21 golos. Possivelmente, a maior figura da história dos pelicanos.
Nascido em Vila Franca de Xira e
proveniente do Vilafranquense,
chegou às Caldas da Rainha em 1951, à beira de completar 23 anos, para marcar a
era mais dourada da história do clube. Organizador de jogo de baixa estatura,
esteve na subida à II Divisão em 1951-52 e na promoção ao primeiro escalão em
1955.
Seguiram-se quatro anos entre a
elite do futebol português, tendo patenteado a sua classe nos maiores palcos
nacionais. Na época de estreia na I Divisão foi totalista no campeonato, na
altura disputado em 26 jornadas, e marcou quatro golos, a Sp.
Braga, Sp. Covilhã e Académica (dois). Em 1956-57 participou em 25
encontros e apontou seis golos, a Académica, Oriental, Torreense (dois), CUF
e Atlético. Na temporada que se seguiu escreveu história, ao contribuir para a
obtenção do 10.º lugar com cinco golos (em 24 jogos), entre os quais um ao Benfica
e outro que ditou a primeira derrota de sempre do Belenenses
no Estádio do Restelo. Em 1958-59 voltou a ser totalista no campeonato e marcou
seis golos, entre os quais um ao FC
Porto, mas não evitou a despromoção.
Apelidado de “Marreco” ou de “Locomotiva
das Caldas”, manteve-se no clube durante mais três temporadas, todas na II
Divisão, tendo descido ao terceiro escalão em 1962. Depois continuou na região
Oeste ao serviço do Nazarenos.
Viria a falecer em dezembro de
2008, aos 80 anos.
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