O lateral que chegou a ser a contratação mais cara de sempre do FC Porto. Quem se lembra de Ibarra?
Hugo Ibarra disputou 35 jogos pelo FC Porto em 2001-02
A 4 de julho de 2001 o país
futebolístico abriu a boca de espanto com o anúncio de que o FC
Porto tinha acabado de pagar 8,8 milhões de euros e assim estabelecer a sua
contratação recorde ao recrutar o lateral direito internacional argentino Hugo
Ibarra. “Dizem que é o melhor lateral do mundo. Se é o melhor, o segundo ou o
terceiro melhor, não me interessa: o que me interessa é que foi contratado
porque tem qualidade”, adiantou Pinto
da Costa na altura.
A aventura nas Antas até começou bem,
tendo ajudado os dragões
a conquistar a Supertaça
Cândido de Oliveira e a superar duas pré-eliminatórias para chegar à fase
de grupos da Liga
dos Campeões, relegando Carlos Secretário para o banco de suplentes na
primeira metade da época, numa altura em que o timoneiro azul
e branco era Octávio
Machado. Ainda assim, fisicamente não estava na melhor forma e
emocionalmente acusou a responsabilidade do investimento feito na sua
contratação, o que se refletiu a nível exibiional. “Quando cheguei não estava
bem fisicamente e as exigências eram muitas. Não me adaptei da melhor maneira”,
confessou ao Maisfutebol
em maio de 2004. “Ele chega ao FC
Porto já como um jogador consagrado após o sucesso no Boca
Juniors. Tinha uma qualidade técnica fora do normal para a posição, ao
ponto de querer enfrentar os avançados adversários com bola. No início ficámos
preocupados com isso”, recordou Jorge Andrade ao zerozero
em outubro de 2022. No entanto, a chegada de José
Mourinho em janeiro de 2002 mudou as coisas, com Secretário a recuperar um
lugar no onze e o treinador e o lateral argentino a entrarem em conflito. “O FC
Porto jogou um clássico com o Benfica
e o Mourinho
deixou-me a mim e a outros companheiros brasileiros fora da lista de
convocados. Não estávamos sequer na lista de 21, porque muitas vezes ele levava
mais dois ou três jogadores para o caso de alguém ficar doente ou se lesionar
durante o estágio. Então o jogo era no domingo, no sábado de manhã treinámos e
à noite saímos para jantar. Tínhamos esse direito, certo? No dia seguinte Mourinho
chamou-nos para uma reunião e perguntou: ‘O que teria acontecido se alguém
ficasse doente naquela noite e eu precisasse de ti?’ Respondi que ele não me
tinha chamado nem para os substitutos da convocatória, por isso não ia precisar
de mim nem remotamente. ‘Assuma a responsabilidade, dê a cara. O mister é o
responsável, não me venha culpar por não jogar e sair para jantar.’ Disse-lhe
tudo na cara e à frente dos seus adjuntos. Foi o fim da nossa relação e nunca
mais nos falámos”, contou, numa entrevista ao El Gráfico, em julho de
2022. Depois de apenas quatro jogos após
a chegada do técnico
setubalense, Ibarra ainda chegou a fazer a pré-época de 2002-03, mas acabou
por ser emprestado ao Boca
Juniors. O mais caricato aconteceu na temporada
seguinte, quando foi cedido ao Mónaco e… defrontou o FC
Porto na final
da Champions. “Estive perto de andar ao murro, no intervalo da final
da Liga dos Campeões, com Rothen e Giuly. Era uma final e parecia que eles
não se importavam se ganhavam ou perdiam. O Bernardi e o Morientes é que me
pararam, se não eu ia para cima deles”, recordou o argentino, que no final do
jogo não evitou o aperto de mão a Mourinho:
“De qualquer forma, no final cumprimentámo-nos”.
Em 2004-05 ainda fez a pré-época no
FC
Porto às ordens de Luigi Del Neri, mas foi emprestado ao Espanyol.
No final dessa época terminou contrato e deixou de ser a contratação mais cara
dos azuis
e brancos, que nessa altura recrutou Lucho
González ao River
Plate por 10,5 milhões de euros.
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