O treinador que punha “a carne toda no assador”. Quem se lembra de Quinito?
Quinito afastou-se do futebol após a morte do filho
O futebol português tem algumas
frases marcantes que praticamente viraram ditados populares e uma boa parte
delas foram inventadas por Quinito, o treinador das barbas fartas, de sorriso
fácil e de tiradas engraçadas, um romântico que se afastou do futebol após a
morte do filho.
Um dia, na tentativa de obter um
melhor resultado, começou a lançar em campo jogadores de características
ofensivas, e após o jogo explicou as substituições através de uma metáfora que
se tornou histórica: “Pus a carne toda no assador.” Nascido em Setúbal, fez uma
carreira razoável enquanto futebolista ao serviço de Académica,
Belenenses,
Sp.
Braga e dos espanhóis do Racing Santander. Como treinador passou por mais
de uma dezena de clubes, entre os quais Sp.
Braga, Rio
Ave, Sp.
Espinho, FC
Porto, Marítimo,
Portimonense,
União
de Leiria, Vitória
de Setúbal, Vitória
de Guimarães, Belenenses
e Estrela
da Amadora. Sempre mostrou primazia pelo talento e pelo futebol espetáculo,
conforme mostrou pela forma como elogiou um dos seus jogadores no Vitória
minhoto em 1994-95: “Se tivesse dinheiro, comprava o Pedro Barbosa e
punha-o a jogar no meu quintal, só para mim.”
Já em 1988-89 orientou um FC
Porto que meses antes havia sido campeão europeu e intercontinental e teve
algumas tiradas que, embora engraçadas, talvez tivessem prejudicado a sua
autoridade nas Antas. “Se fosse colecionador de autógrafos, pedia já aqui um a
cada um de vocês”, disse ao plantel logo no primeiro dia de trabalho. Noutra
ocasião, deixou outra frase que ficou para a história: “Comigo é Fernando Gomes
e mais dez.” Apesar de a experiência no FC
Porto ter sido curta, de apenas três meses, Quinito explicou, à sua
maneira, que também tinha capacidade para treinar um grande: “Penso que também
sei beber nessas grandes salas onde se toca Bach e outros grandes
compositores.” Contudo, a primeira vez que a
excentricidade de Quinito foi ao de cima não foi pelo que disse, mas pela forma
como se apresentou, de smoking branco e laço preto, na final da Taça
de Portugal que o Sp.
Braga perdeu para o Sporting
em 1982.
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