Duscher e Acosta foram campeões pelo Sporting em1999-00 |
Anunciado recentemente como
reforço do Sporting
neste mercado de inverno e prestes a fazer a estreia de leão
ao peito, o médio Mateo Tanlongo está prestes a juntar-se às mais de duas
dezenas de argentinos que atuaram com a camisola
verde e branca em jogos da I
Divisão.
Ainda a seleção celeste não tinha
conquistado qualquer título mundial – mas já tinha vencido a Copa América por
dez vezes – quando chegou a Alvalade
o primeiro nativo do país das pampas, o médio Osvaldo Vallone, que não foi além
de dois jogos pelos leões
no campeonato em 1955-56.
Embora a experiência não tivesse
corrido propriamente bem, houve compatriotas que se seguiram que acabaram por
ficar na história. Em 24, sete foram campeões, um dos quais por duas vezes.
Vale por isso a pena recordar os
dez futebolistas argentinos com mais jogos pelo Sporting
na I
Divisão.
10. Leandro Grimi (44 jogos)
Leandro Grimi |
Em 2007-08 o Sporting
demorou a atinar com os laterais esquerdos. Após as saídas de Rodrigo Tello
(habitual titular) e Marco Caneira (que em anos anteriores jogou nessa
posição), o brasileiro Ronny não estava a render o desejado (apesar do seu
pé-canhão) e o eslovaco Marían Had muito menos. E o lateral direito Pedro
Silva, que até podia desenrascar à esquerda, sofreu uma grave lesão na Supertaça
que o afastou dos relvados durante largos meses.
A solução encontrada em janeiro
de 2008 foi recorrer ao empréstimo de Leandro Grimi, que pertencia aos quadros
do AC
Milan e que na primeira metade dessa época esteve cedido ao Siena. A
cedência aos leões
correu bem, ao ponto de o Sporting
ter avançado para a contratação do jogador no final desse período de
empréstimo.
No total, o lateral esquerdo
argentino amealhou 80 jogos e dois golos em três anos e meio em Alvalade
em todas as competições, tendo conquistado uma Taça
de Portugal e uma Supertaça.
Embora o contrato que o ligava ao
Sporting
só tivesse terminado em 2013, Grimi passou os dois últimos anos do vínculo
emprestado: primeiro aos belgas do Genk, depois aos argentinos do Godoy Cruz.
9. Marcos Rojo (49 jogos)
Marcos Rojo |
Defesa central/lateral esquerdo
internacional argentino campeão da Libertadores
em 2009 ao serviço do Estudiantes, foi contratado pelo Sporting
aos russos do Spartak Moscovo no verão de 2012 por quatro milhões de euros,
numa transferência facilitada pelo fundo de investimento Doyen, que investiu
três milhões e passou a ser detentora de 75% dos direitos económicos do
jogador.
Em duas temporadas em Alvalade,
Rojo amealhou 62 jogos e sete golos de leão
ao peito em todas as provas. Se na primeira época não conseguiu impedir a pior
classificação de sempre dos verde
e brancos no campeonato (7.º lugar), na segunda foi um dos esteios da
equipa que surpreendentemente foi vice-campeã nacional.
No verão de 2014, após ter
ajudado a seleção albiceleste a atingir a final do Campeonato do Mundo,
foi contratado pelo Manchester
United por 20 milhões de euros, numa transferência envolta em polémica.
Primeiro, porque o jogador forçou a saída, recusando-se a treinar. Depois,
porque o então presidente leonino
Bruno
de Carvalho pagou apenas quatro milhões em vez de um total superior a 16
milhões de euros à Doyen, ao rescindir unilateralmente os contratos com o fundo
de investimento.
8. Aldo Duscher (55 jogos)
Aldo Duscher |
Médio de características
defensivas internacional argentino pelas seleções jovens que havia participado
no Campeonato do Mundo de sub-17 em 1995 e no Mundial de sub-20 em 1999,
ingressou no Sporting
no verão de 1998, proveniente do Newell´s Old Boys.
Em duas temporadas em Alvalade
totalizou 62 encontros e seis golos em todas as provas, tendo conquistado o
título nacional em 1999-00 (interrompendo assim um jejum de 18 anos) e ajudado
os leões
a atingir a final
da Taça de Portugal na mesma época.
Valorizado pelas boas campanhas
no futebol português, trocou o campeão luso pelo campeão espanhol Deportivo
da Corunha no verão de 2000, numa transferência que rendeu 13 milhões de
euros aos cofres leoninos.
“No Sporting
cresci como jogador. Cheguei a uma equipa muito grande, que vivia com a pressão
enorme de não ganhar o título de campeão há 18 anos. Essa experiência serviu-me
para crescer como jogador”, afirmou ao jornal espanhol As em novembro de
2001.
7. Rodrigo Battaglia (56 jogos)
Rodrigo Battaglia |
Médio de características defensivas
internacional jovem argentino, entrou no futebol português pela porta do Sp.
Braga em janeiro de 2014, proveniente do Racing Club. Após empréstimos a Moreirense
e Desp.
Chaves e um regresso de meia época à Pedreira, reforçou o Sporting
no verão de 2017, num negócio em que os leões
pagaram 4,5 milhões de euros, emprestaram Jefferson e cederam Ricardo Esgaio a
título definitivo aos bracarenses.
Em três temporadas em Alvalade
somou 88 jogos e três golos em todas as provas, tendo conquistado a Taça
da Liga por duas vezes (2017-18 e 2018-19) e ajudado os leões
a atingir a final da Taça
de Portugal e os quartos de final da Liga
Europa em 2017-18.
Embora tenha feito parte do
plantel que venceu a Taça
em 2018-19, não disputou qualquer encontro na competição, muito por culpa de
uma grave lesão que sofreu numa partida diante do Santa
Clara nos Açores em novembro de 2018 e que o afastou dos relvados até
setembro do ano seguinte, poucas semanas após se ter estreado pela seleção
principal da Argentina.
Pelo meio, foi um dos
futebolistas que apresentaram a rescisão unilateral na sequência da invasão à
Academia do clube em maio de 2018. No entanto, resolveu permanecer de leão
ao peito e assinou inclusivamente um novo contrato válido por cinco épocas. “Foi
difícil seguir em frente. Foi algo muito duro a nível pessoal”, afirmou à rádio
espanhola Euskal Irrati Telebista em novembro de 2020.
Embora tivesse continuado
vinculado ao Sporting
até junho de 2022, passou os dois últimos anos de contrato emprestado a clubes
espanhóis, primeiro ao Alavés
e depois ao Maiorca. “Obrigado a todos os sportinguistas
por estes três anos cheios de intensidade. Tive a oportunidade de ganhar
títulos, jogar Champions
e chegar à minha seleção. De usar a braçadeira de capitão. Passei momentos
muito bons e cheios de felicidade. Também passamos momentos piores e de muita
tristeza”, escreveu nas redes sociais em agosto de 2020, quando foi emprestado
ao emblema basco.
6. Diego Arizaga (67 jogos)
Diego Arizaga |
Um dos primeiros argentinos a
jogar não só no Sporting,
mas também no futebol português, tendo aterrado em Lisboa em 1958, proveniente do
Estudiantes de la Plata, por indicação do treinador uruguaio Enrique Fernández.
Durante as quatro temporadas em
que atuou de leão
ao peito amealhou 93 partidas e 61 golos em todas as provas, tendo contribuído
ativamente para a conquista do título de campeão nacional em 1961-62. Duas
épocas antes marcou o golo de honra dos verde
e brancos na derrota ante o Belenenses
na final da Taça
de Portugal.
No verão de 1962 transferiu-se
para os italianos do Torino.
5. Leandro Romagnoli (72 jogos)
Leandro Romagnoli |
Médio ofensivo campeão mundial de
sub-20 em 2001 pela Argentina e uma vez internacional A pela seleção albiceleste,
despontou no San Lorenzo, mas ingressou no Sporting
em janeiro de 2006 proveniente dos mexicanos do Veracruz, inicialmente por
empréstimo e a partir de julho de 2007 a título definitivo.
Em três anos e meio de leão
ao peito totalizou 120 encontros e 12 remates certeiros em todas as provas,
tendo conquistado duas Taças
de Portugal (2006-07 e 2007-08) e duas Supertaças
(2008 e 2009). Em termos de I
Liga, foi por quatro vezes vice-campeão nacional.
No verão de 2009 foi dispensado
por Paulo Bento e, posteriormente, regressou ao San Lorenzo, quando ainda tinha
28 anos.
4. Facundo Quiroga (73 jogos)
Facundo Quiroga |
Defesa central com capacidade para
desenrascar como lateral direito, ingressou no Sporting
no verão de 1998, proveniente do Newell´s Old Boys, até começou a aventura em Alvalade
como titular sob o comando técnico do croata Mirko Jozic, mas viu uma grave
lesão no joelho direito afastá-lo dos relvados durante quase um ano. “Quiroga
era um jovem quando chegou ao Sporting.
Era introvertido e tímido, falava pouco. Relacionava-se com Acosta, Gimenez,
Kmet, Duscher. A lesão que sofreu travou a ascensão no Sporting”,
recordou o antigo companheiro de equipa Marco Aurélio ao Record
em fevereiro de 2004.
Ainda assim, regressou a tempo de
se sagrar campeão nacional e de ajudar os leões
a atingir a final
da Taça de Portugal em 1999-00, embora tivesse perdido espaço na equipa
após a chegada de André Cruz em janeiro de 2000. “No balneário, foi uma
loucura: garrafas de água e bebidas isotónicas pelo ar, toda a gente molhada...
Houve muita emoção, uma festa imensa. Foi um momento de libertação, sem dúvida”,
afirmou ao jornal O Jogo em maio de 2014.
Em 2000-01 esteve emprestado aos
italianos do Nápoles, mas na época seguinte haveria de voltar ao Sporting
para conquistar a dobradinha, desta feita com mais participação em campo. “Tinha
sobre mim a pressão particular de provar que merecia estar naquele plantel. A
cada jogo em que participava, e lembro-me que muitas vezes atuei como lateral e
não a central, exigia muito de mim. Correu bem, porque fomos campeões [em
2001-02] e porque consegui evoluir como jogador”, confessou.
Os bons desempenhos
permitiram-lhe estrear-se pela seleção principal da Argentina e tornar-se uma
presença regular nas convocatórias da albiceleste, mesmo quando não
jogava tanto com a camisola verde
e branca – exemplo disso foi a sua chamada à Copa América 2004 depois de
uma época em que não foi além de apenas 14 jogos pelo emblema
leonino.
Feitas as contas, entre 1998 e
2004 totalizou 97 jogos (e um pela equipa B) e dois golos em todas as provas
pelo Sporting.
No verão de 2004 transferiu-se
para os alemães do Wolfsburgo por 1,5 milhões de euros.
3. Beto Acosta (78 jogos)
Alberto Acosta |
Para os que não viram Yazalde – já
lá vamos… –, Acosta é com toda a certeza o grande ídolo argentino dos sportinguistas.
Experiente avançado internacional argentino (por 19 vezes) vencedor da Copa
América 1993 e da Taça das Confederações 1992 e que também marcou presença na
Copa América 1995, representou emblemas como San Lorenzo, Toulouse e Boca
Juniores antes de ingressar no Sporting
em dezembro de 1998, numa altura em que já tinha 32 anos.
Na primeira meia época em Alvalade
demorou a afirmar-se, mas nos dois anos que se seguiram justificou em absoluto
a alcunha de El Matador. Um dos obreiros da conquista do título nacional
em 1999-00, também venceu uma Supertaça
Cândido Oliveira (2000) e ajudou os leões
a atingir uma final
da Taça de Portugal (1999-00). Nesse memorável ano de 2000 foi ainda distinguido
com o Prémio Stromp na categoria Futebolista.
“Tive momentos menos bons, quando
cheguei ao Sporting,
mas não foi uma situação de vida ou de morte. Todos têm altos e baixos. Até os
melhores jogadores do mundo. Por que motivo não podia acontecer-me também a
mim? Admito que não atravessava um bom momento e não representava uma opção
para o treinador... muitas coisas que, por sorte, mudaram no início da segunda
época. Essa foi uma temporada muito positiva, em que conseguimos conquistar o
campeonato, muito desejado pelo Sporting
e também pelo Acosta, pois representou uma pequena vingança contra mim próprio.
Pude demonstrar a mim mesmo que as pessoas estavam equivocadas. Que nos primeiros
três ou quatro meses não tinham visto o verdadeiro Acosta”, afirmou ao Record
em setembro de 2000.
No total, amealhou 99 encontros e
48 golos com a camisola verde
e branca em duas temporadas e meia antes de regressar ao San Lorenzo no
verão de 2001.
2. Marcos Acuña (85 jogos)
Marcos Acuña |
Polivalente esquerdino
internacional argentino contratado por 9,59 milhões de euros ao Racing Club no
verão de 2017, foi quase sempre um titular indiscutível durante os três anos
que passou no Sporting.
Começou como extremo esquerdo com Jorge
Jesus, foi experimentado a médio interior esquerdo com José
Peseiro, fixou-se como lateral esquerdo com Marcel
Keizer, Leonel Pontes e Silas
e concluiu a aventura em Alvalade
como central do lado esquerdo no 3x4x3 de Rúben
Amorim.
Jogador raçudo, o que por vezes resvalava
para a indisciplina, totalizou 135 encontros e nove golos ao longo de três anos
de leão
ao peito nos quais conquistou duas Taças
da Liga (2017-18 e 2018-19) e uma Taça
de Portugal (2018-19). Pelo meio, marcou presença no Campeonato do Mundo de
2018.
Em setembro de 2020 transferiu-se
para o Sevilha,
num negócio que rendeu 12 milhões de euros aos cofres leoninos.
“Passámos por bons momentos e por outros um pouco mais difíceis, mas sempre dei
o máximo para colocar o Sporting
no lugar mais alto e ganhámos títulos três vezes. Gostava de despedir-me de
outra forma, mas não foi possível. Obrigado ao Sporting
por ter sido a minha casa, obrigado aos meus companheiros, ao staff e a todos
vocês, verdadeiros adeptos. Levo-vos no coração”, escreveu no Instagram
na hora da despedida.
1. Hector Yazalde (104 jogos)
Hector Yazalde |
Os anos passam e Hector Yazalde
continua a deter o recorde de mais golos numa só edição do campeonato
português: 46 em 1973-74. Nem Peyroteo, Eusébio, Fernando Gomes ou Mário Jardel
conseguiram fazer melhor.
Apelidado de Chirola, o
nome que era dado às moedas mais pequenas da Argentina, despontou no Independiente,
que o catapultou para a seleção argentina e para o Sporting,
que o contratou em janeiro de 1971 a troco de cerca de 3200 contos. No entanto,
não podia ser inscrito na época que estava a decorrer, pelo que teve de esperar
por 1971-72 para se estrear de leão
ao peito.
Embora uma lesão lhe tivesse
travado o ímpeto na primeira época em Alvalade,
foi a tempo de somar 126 golos em 131 jogos de verde
e branco entre 1971 e 1975, tendo conquistado um campeonato (1973-74) e duas
Taças
de Portugal (1972-73 e 1973-74). Paralelamente, venceu por duas vezes o
prémio de melhor marcador da I
Divisão (1973-74 e 1974-75) e por uma ocasião a Bota de Ouro, galardão que
distingue o melhor marcador dos campeonatos europeus (1973-74), além do Prémio
Stromp na categoria Atleta Profissional em 1973 e 1974. Pelo meio, esteve ainda
presente no Mundial 1974.
No verão de 1975 transferiu-se
para o Marselha.
Aos 51 anos, numa altura em que
padecia de cirrose hepática, faleceu em junho de 1997, em Buenos Aires, vítima
de hemorragia e paragem cardíaca.
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