quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Os 10 argentinos com mais jogos pelo Sporting na I Divisão

Duscher e Acosta foram campeões pelo Sporting em1999-00
Anunciado recentemente como reforço do Sporting neste mercado de inverno e prestes a fazer a estreia de leão ao peito, o médio Mateo Tanlongo está prestes a juntar-se às mais de duas dezenas de argentinos que atuaram com a camisola verde e branca em jogos da I Divisão.
 
Ainda a seleção celeste não tinha conquistado qualquer título mundial – mas já tinha vencido a Copa América por dez vezes – quando chegou a Alvalade o primeiro nativo do país das pampas, o médio Osvaldo Vallone, que não foi além de dois jogos pelos leões no campeonato em 1955-56.
 
Embora a experiência não tivesse corrido propriamente bem, houve compatriotas que se seguiram que acabaram por ficar na história. Em 24, sete foram campeões, um dos quais por duas vezes.
 
Vale por isso a pena recordar os dez futebolistas argentinos com mais jogos pelo Sporting na I Divisão.
 

10. Leandro Grimi (44 jogos)

Leandro Grimi
Em 2007-08 o Sporting demorou a atinar com os laterais esquerdos. Após as saídas de Rodrigo Tello (habitual titular) e Marco Caneira (que em anos anteriores jogou nessa posição), o brasileiro Ronny não estava a render o desejado (apesar do seu pé-canhão) e o eslovaco Marían Had muito menos. E o lateral direito Pedro Silva, que até podia desenrascar à esquerda, sofreu uma grave lesão na Supertaça que o afastou dos relvados durante largos meses.
A solução encontrada em janeiro de 2008 foi recorrer ao empréstimo de Leandro Grimi, que pertencia aos quadros do AC Milan e que na primeira metade dessa época esteve cedido ao Siena. A cedência aos leões correu bem, ao ponto de o Sporting ter avançado para a contratação do jogador no final desse período de empréstimo.
No total, o lateral esquerdo argentino amealhou 80 jogos e dois golos em três anos e meio em Alvalade em todas as competições, tendo conquistado uma Taça de Portugal e uma Supertaça.
Embora o contrato que o ligava ao Sporting só tivesse terminado em 2013, Grimi passou os dois últimos anos do vínculo emprestado: primeiro aos belgas do Genk, depois aos argentinos do Godoy Cruz.
 
 
 

9. Marcos Rojo (49 jogos)

Marcos Rojo
Defesa central/lateral esquerdo internacional argentino campeão da Libertadores em 2009 ao serviço do Estudiantes, foi contratado pelo Sporting aos russos do Spartak Moscovo no verão de 2012 por quatro milhões de euros, numa transferência facilitada pelo fundo de investimento Doyen, que investiu três milhões e passou a ser detentora de 75% dos direitos económicos do jogador.
Em duas temporadas em Alvalade, Rojo amealhou 62 jogos e sete golos de leão ao peito em todas as provas. Se na primeira época não conseguiu impedir a pior classificação de sempre dos verde e brancos no campeonato (7.º lugar), na segunda foi um dos esteios da equipa que surpreendentemente foi vice-campeã nacional.
No verão de 2014, após ter ajudado a seleção albiceleste a atingir a final do Campeonato do Mundo, foi contratado pelo Manchester United por 20 milhões de euros, numa transferência envolta em polémica. Primeiro, porque o jogador forçou a saída, recusando-se a treinar. Depois, porque o então presidente leonino Bruno de Carvalho pagou apenas quatro milhões em vez de um total superior a 16 milhões de euros à Doyen, ao rescindir unilateralmente os contratos com o fundo de investimento.
 
 
 

8. Aldo Duscher (55 jogos)

Aldo Duscher
Médio de características defensivas internacional argentino pelas seleções jovens que havia participado no Campeonato do Mundo de sub-17 em 1995 e no Mundial de sub-20 em 1999, ingressou no Sporting no verão de 1998, proveniente do Newell´s Old Boys.
Em duas temporadas em Alvalade totalizou 62 encontros e seis golos em todas as provas, tendo conquistado o título nacional em 1999-00 (interrompendo assim um jejum de 18 anos) e ajudado os leões a atingir a final da Taça de Portugal na mesma época.
Valorizado pelas boas campanhas no futebol português, trocou o campeão luso pelo campeão espanhol Deportivo da Corunha no verão de 2000, numa transferência que rendeu 13 milhões de euros aos cofres leoninos.
“No Sporting cresci como jogador. Cheguei a uma equipa muito grande, que vivia com a pressão enorme de não ganhar o título de campeão há 18 anos. Essa experiência serviu-me para crescer como jogador”, afirmou ao jornal espanhol As em novembro de 2001.
 
  
 
 

7. Rodrigo Battaglia (56 jogos)

Rodrigo Battaglia
Médio de características defensivas internacional jovem argentino, entrou no futebol português pela porta do Sp. Braga em janeiro de 2014, proveniente do Racing Club. Após empréstimos a Moreirense e Desp. Chaves e um regresso de meia época à Pedreira, reforçou o Sporting no verão de 2017, num negócio em que os leões pagaram 4,5 milhões de euros, emprestaram Jefferson e cederam Ricardo Esgaio a título definitivo aos bracarenses.
Em três temporadas em Alvalade somou 88 jogos e três golos em todas as provas, tendo conquistado a Taça da Liga por duas vezes (2017-18 e 2018-19) e ajudado os leões a atingir a final da Taça de Portugal e os quartos de final da Liga Europa em 2017-18.
Embora tenha feito parte do plantel que venceu a Taça em 2018-19, não disputou qualquer encontro na competição, muito por culpa de uma grave lesão que sofreu numa partida diante do Santa Clara nos Açores em novembro de 2018 e que o afastou dos relvados até setembro do ano seguinte, poucas semanas após se ter estreado pela seleção principal da Argentina.
Pelo meio, foi um dos futebolistas que apresentaram a rescisão unilateral na sequência da invasão à Academia do clube em maio de 2018. No entanto, resolveu permanecer de leão ao peito e assinou inclusivamente um novo contrato válido por cinco épocas. “Foi difícil seguir em frente. Foi algo muito duro a nível pessoal”, afirmou à rádio espanhola Euskal Irrati Telebista em novembro de 2020.
Embora tivesse continuado vinculado ao Sporting até junho de 2022, passou os dois últimos anos de contrato emprestado a clubes espanhóis, primeiro ao Alavés e depois ao Maiorca. “Obrigado a todos os sportinguistas por estes três anos cheios de intensidade. Tive a oportunidade de ganhar títulos, jogar Champions e chegar à minha seleção. De usar a braçadeira de capitão. Passei momentos muito bons e cheios de felicidade. Também passamos momentos piores e de muita tristeza”, escreveu nas redes sociais em agosto de 2020, quando foi emprestado ao emblema basco.
 
 
 

6. Diego Arizaga (67 jogos)

Diego Arizaga
Um dos primeiros argentinos a jogar não só no Sporting, mas também no futebol português, tendo aterrado em Lisboa em 1958, proveniente do Estudiantes de la Plata, por indicação do treinador uruguaio Enrique Fernández.
Durante as quatro temporadas em que atuou de leão ao peito amealhou 93 partidas e 61 golos em todas as provas, tendo contribuído ativamente para a conquista do título de campeão nacional em 1961-62. Duas épocas antes marcou o golo de honra dos verde e brancos na derrota ante o Belenenses na final da Taça de Portugal.
No verão de 1962 transferiu-se para os italianos do Torino.
 
 
 

5. Leandro Romagnoli (72 jogos)

Leandro Romagnoli
Médio ofensivo campeão mundial de sub-20 em 2001 pela Argentina e uma vez internacional A pela seleção albiceleste, despontou no San Lorenzo, mas ingressou no Sporting em janeiro de 2006 proveniente dos mexicanos do Veracruz, inicialmente por empréstimo e a partir de julho de 2007 a título definitivo.
Em três anos e meio de leão ao peito totalizou 120 encontros e 12 remates certeiros em todas as provas, tendo conquistado duas Taças de Portugal (2006-07 e 2007-08) e duas Supertaças (2008 e 2009). Em termos de I Liga, foi por quatro vezes vice-campeão nacional.
No verão de 2009 foi dispensado por Paulo Bento e, posteriormente, regressou ao San Lorenzo, quando ainda tinha 28 anos.
 
 
 

4. Facundo Quiroga (73 jogos)

Facundo Quiroga
Defesa central com capacidade para desenrascar como lateral direito, ingressou no Sporting no verão de 1998, proveniente do Newell´s Old Boys, até começou a aventura em Alvalade como titular sob o comando técnico do croata Mirko Jozic, mas viu uma grave lesão no joelho direito afastá-lo dos relvados durante quase um ano. “Quiroga era um jovem quando chegou ao Sporting. Era introvertido e tímido, falava pouco. Relacionava-se com Acosta, Gimenez, Kmet, Duscher. A lesão que sofreu travou a ascensão no Sporting”, recordou o antigo companheiro de equipa Marco Aurélio ao Record em fevereiro de 2004.
Ainda assim, regressou a tempo de se sagrar campeão nacional e de ajudar os leões a atingir a final da Taça de Portugal em 1999-00, embora tivesse perdido espaço na equipa após a chegada de André Cruz em janeiro de 2000. “No balneário, foi uma loucura: garrafas de água e bebidas isotónicas pelo ar, toda a gente molhada... Houve muita emoção, uma festa imensa. Foi um momento de libertação, sem dúvida”, afirmou ao jornal O Jogo em maio de 2014.
Em 2000-01 esteve emprestado aos italianos do Nápoles, mas na época seguinte haveria de voltar ao Sporting para conquistar a dobradinha, desta feita com mais participação em campo. “Tinha sobre mim a pressão particular de provar que merecia estar naquele plantel. A cada jogo em que participava, e lembro-me que muitas vezes atuei como lateral e não a central, exigia muito de mim. Correu bem, porque fomos campeões [em 2001-02] e porque consegui evoluir como jogador”, confessou.
Os bons desempenhos permitiram-lhe estrear-se pela seleção principal da Argentina e tornar-se uma presença regular nas convocatórias da albiceleste, mesmo quando não jogava tanto com a camisola verde e branca – exemplo disso foi a sua chamada à Copa América 2004 depois de uma época em que não foi além de apenas 14 jogos pelo emblema leonino.
Feitas as contas, entre 1998 e 2004 totalizou 97 jogos (e um pela equipa B) e dois golos em todas as provas pelo Sporting.
No verão de 2004 transferiu-se para os alemães do Wolfsburgo por 1,5 milhões de euros.
 
 
 

3. Beto Acosta (78 jogos)

Alberto Acosta
Para os que não viram Yazalde – já lá vamos… –, Acosta é com toda a certeza o grande ídolo argentino dos sportinguistas. Experiente avançado internacional argentino (por 19 vezes) vencedor da Copa América 1993 e da Taça das Confederações 1992 e que também marcou presença na Copa América 1995, representou emblemas como San Lorenzo, Toulouse e Boca Juniores antes de ingressar no Sporting em dezembro de 1998, numa altura em que já tinha 32 anos.
Na primeira meia época em Alvalade demorou a afirmar-se, mas nos dois anos que se seguiram justificou em absoluto a alcunha de El Matador. Um dos obreiros da conquista do título nacional em 1999-00, também venceu uma Supertaça Cândido Oliveira (2000) e ajudou os leões a atingir uma final da Taça de Portugal (1999-00). Nesse memorável ano de 2000 foi ainda distinguido com o Prémio Stromp na categoria Futebolista.
“Tive momentos menos bons, quando cheguei ao Sporting, mas não foi uma situação de vida ou de morte. Todos têm altos e baixos. Até os melhores jogadores do mundo. Por que motivo não podia acontecer-me também a mim? Admito que não atravessava um bom momento e não representava uma opção para o treinador... muitas coisas que, por sorte, mudaram no início da segunda época. Essa foi uma temporada muito positiva, em que conseguimos conquistar o campeonato, muito desejado pelo Sporting e também pelo Acosta, pois representou uma pequena vingança contra mim próprio. Pude demonstrar a mim mesmo que as pessoas estavam equivocadas. Que nos primeiros três ou quatro meses não tinham visto o verdadeiro Acosta”, afirmou ao Record em setembro de 2000.
No total, amealhou 99 encontros e 48 golos com a camisola verde e branca em duas temporadas e meia antes de regressar ao San Lorenzo no verão de 2001.
 
          
 
 

2. Marcos Acuña (85 jogos)

Marcos Acuña
Polivalente esquerdino internacional argentino contratado por 9,59 milhões de euros ao Racing Club no verão de 2017, foi quase sempre um titular indiscutível durante os três anos que passou no Sporting. Começou como extremo esquerdo com Jorge Jesus, foi experimentado a médio interior esquerdo com José Peseiro, fixou-se como lateral esquerdo com Marcel Keizer, Leonel Pontes e Silas e concluiu a aventura em Alvalade como central do lado esquerdo no 3x4x3 de Rúben Amorim.
Jogador raçudo, o que por vezes resvalava para a indisciplina, totalizou 135 encontros e nove golos ao longo de três anos de leão ao peito nos quais conquistou duas Taças da Liga (2017-18 e 2018-19) e uma Taça de Portugal (2018-19). Pelo meio, marcou presença no Campeonato do Mundo de 2018.
Em setembro de 2020 transferiu-se para o Sevilha, num negócio que rendeu 12 milhões de euros aos cofres leoninos. “Passámos por bons momentos e por outros um pouco mais difíceis, mas sempre dei o máximo para colocar o Sporting no lugar mais alto e ganhámos títulos três vezes. Gostava de despedir-me de outra forma, mas não foi possível. Obrigado ao Sporting por ter sido a minha casa, obrigado aos meus companheiros, ao staff e a todos vocês, verdadeiros adeptos. Levo-vos no coração”, escreveu no Instagram na hora da despedida.
 
 
 

1. Hector Yazalde (104 jogos)

Hector Yazalde
Os anos passam e Hector Yazalde continua a deter o recorde de mais golos numa só edição do campeonato português: 46 em 1973-74. Nem Peyroteo, Eusébio, Fernando Gomes ou Mário Jardel conseguiram fazer melhor.
Apelidado de Chirola, o nome que era dado às moedas mais pequenas da Argentina, despontou no Independiente, que o catapultou para a seleção argentina e para o Sporting, que o contratou em janeiro de 1971 a troco de cerca de 3200 contos. No entanto, não podia ser inscrito na época que estava a decorrer, pelo que teve de esperar por 1971-72 para se estrear de leão ao peito.
Embora uma lesão lhe tivesse travado o ímpeto na primeira época em Alvalade, foi a tempo de somar 126 golos em 131 jogos de verde e branco entre 1971 e 1975, tendo conquistado um campeonato (1973-74) e duas Taças de Portugal (1972-73 e 1973-74). Paralelamente, venceu por duas vezes o prémio de melhor marcador da I Divisão (1973-74 e 1974-75) e por uma ocasião a Bota de Ouro, galardão que distingue o melhor marcador dos campeonatos europeus (1973-74), além do Prémio Stromp na categoria Atleta Profissional em 1973 e 1974. Pelo meio, esteve ainda presente no Mundial 1974.
No verão de 1975 transferiu-se para o Marselha.
Aos 51 anos, numa altura em que padecia de cirrose hepática, faleceu em junho de 1997, em Buenos Aires, vítima de hemorragia e paragem cardíaca.
 










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