terça-feira, 13 de julho de 2021

Akwá. O herói angolano que jogou no Benfica e que a FIFA afastou do futebol

Akwá jogou 78 vezes e marcou 39 golos por Angola
Chegou a Portugal em 1994 para representar o Benfica e desde cedo foi comparado a Eusébio, jogou ao lado de figuras como Preud’homme, Caniggia, João Vieira Pinto e Mozer, conheceu Luís Filipe Vieira no Alverca, mudou-se para o futebol do Médio Oriente quando ainda tinha 21 anos e marcou o golo que apurou Angola para o Mundial 2006.
 
Em entrevista, Akwá fala sobre a sanção imposta pela FIFA que o impede de exercer cargos no futebol, passa a carreira em revista, recorda o episódio em que Graeme Souness lhe perguntou se era melhor que Maradona, fala sobre a atualidade do futebol angolano e explica o que tem faltado aos Palancas Negras para replicarem os feitos alcançados pela sua geração.
 
ROMILSON TEIXEIRA - É inevitável não começar esta entrevista por aqui. Lembra-se de tudo o que aconteceu a 8 de outubro de 2005?
AKWÁ - Lembro-me perfeitamente de quase tudo que aconteceu no dia 8 de outubro de 2005.  Foi um dia super agitado para todos nós, a tensão de certeza que estava acima do normal, pela importância do jogo e porque pela primeira vez na história da qualificação para um Mundial, só dependíamos de nós. Tínhamos sido alertados do jogo de bastidores que seríamos alvo, pois a Nigéria também estava à espreita e, no caso de um deslize nosso, eles seriam os beneficiados.
Lembro-me que quando chegamos no Estádio Amahoro e, ao entrarmos para o estádio, tivemos que ser revistados a pente fino, como fossemos marginais. Tivemos que tirar a roupa toda e só passámos de roupa interior pelo aparelho do raio X que havia no campo. As nossas pastas foram altamente revistadas por pessoas com um tom ameaçador, coisa nunca vista em todos os anos que joguei futebol. Mas felizmente já estávamos preparados para tudo e aquele comportamento da polícia ruandesa não nos afetou em nada, muito pelo contrário, alertou-nos ainda mais para as dificuldades que iríamos encontrar. Quando fomos aquecer para o campo, vimos outra coisa que nos chamou atenção: o estádio estava super cheio, todo lotado, o que era estranho tendo em contada que o jogo não contava para nada para o Ruanda. Mas esse acabou por ser outro fator que acabou por pender a nosso favor.
 
Quantas vezes já reviu o lance do golo ao Ruanda que valeu a qualificação para o Campeonato do Mundo? Sentiu-se um verdadeiro herói nacional nesse dia?
É difícil dizer o número exato de quantas vezes revi o lance do golo que nos possibilitou a qualificação para Mundial de 2006, mas posso dizer que já passou de umas 50 vezes e sempre que revejo sinto a mesma alegria vivida no dia 8 de outubro de 2005.
Acho que todos os que fizeram parte daquela brilhante campanha são uns verdadeiros heróis nacionais. Quando se brinda o povo com algo do género, e tratando-se da nossa primeira vez, devemos ser considerados heróis e condecorados pelo Estado com uma medalha de Bravura e Mérito Cívico Social de Primeira Classe. Infelizmente não houve esse reconhecimento por parte do Estado angolano, houve sim por parte do povo, que me passaram a chamar de herói. Mas volto a dizer que todos nós que fizemos parte daquela brilhante campanha somos heróis nacionais.
 
 
De outubro de 2005 avançamos para 11 de junho de 2006. O que sentiu quando ouviu o hino de Angola antes do jogo de estreia do Mundial?
Foram várias emoções acumuladas numa única só, desde ouvir o entoar do hino nacional no palco da festa do futebol, que é a reunião dos melhores países que se qualificaram para estar naquela festa. Foi também a realização de um sonho de criança, poder fazer parte de um Mundial, e logo com responsabilidade acrescida, já que era o capitão da Equipa. Resumindo, foi emocionante ver, ouvir e cantar o nosso hino “Angola Avante!” no jogo de estreia do Mundial.
 
 
Apesar de esse ser o único Mundial de Angola, os Palancas Negras foram competitivos em todos os jogos, perdendo apenas para Portugal pela margem mínima e empatando perante as mais experientes seleções de México e Irão. Saíram da Alemanha de consciência tranquila e com o amargo de boca de terem estado perto de seguir para os oitavos de final?
Em todas as competições, todos os participantes almejam chegar o mais longe possível, sendo estreantes ou não, e connosco também não era diferente. Sabíamos que era difícil, mas não impossível, apesar de estarmos num grupo em que o favoritismo recaía sobre Portugal e México, mas mesmo assim tudo fizemos para passar à fase seguinte, o que acabou por não ser possível. Saímos de cabeça erguida da Alemanha, com a consciência de missão cumprida.
 

“Para alguns jogadores tem faltado compromisso com a causa seleção nacional”

Akwá com Figo no jogo entre Portugal e Angola do Mundial
O que tinha de especial essa geração angolana para fazer o que nenhuma outra conseguiu?
Acho que antes de olharmos para os jogadores devemos olhar também para a direção da Federação, que tinha à cabeça o presidente Justino Fernandes, que juntamente com a sua equipa de trabalho dava-nos as melhores condições de trabalho e procurava fazer com que nada faltasse aos jogadores. Se recuarmos ao início da competição ou da qualificação, a direção da FAF teve que mexer nas suas estruturas, como a saída de Manuel Loth do departamento máximo das seleções e consequentemente a saída do selecionador principal, o brasileiro Ismael Kurts, por maus resultados. O presidente Justino Fernandes decidiu apostar em duas peças fundamentais que conheciam bem o futebol africano, um como responsável máximo do departamento das seleções de futebol, José Luís Prata, e o professor Oliveira Gonçalves. Com a entrada desses dois Senhores, as coisas mudaram, os dois trouxeram consigo a organização e o trabalho árduo, e os resultados apareceram.
Queres saber qual foi o segredo? Direi que, a par da qualidade de cada jogador e da entrega total de cada jogador que fosse chamado à seleção, havia uma grande organização liderada pelo departamento das seleções, já que José Luís Prata era um dos vices para o futebol e tudo fazia para que os pequenos problemas que de quando em vez surgiam não se transformassem em problemas maiores. Já no campo desportivo, tínhamos o professor Oliveira Gonçalves, juntamente com a sua equipa técnica, que conseguiram transformar a nossa equipa, que não tinha participado nas três anteriores edições do CAN. Incutiram-nos na cabeça que tínhamos tudo para voltar ao CAN e sonhar com o Mundial também.
Acredito que o segredo maior foi a organização que havia por parte da direção da FAF, departamento das seleções, equipa técnica e nós jogadores, que sem preocupações maiores conseguíamos fazer bem o nosso trabalho. O segredo era a união existente entre todas as partes. Acredito que tem faltado isso em outras direções, daí não conseguirem atingirem os objetivos que todos nós almejamos.
 
O que tem faltado às gerações seguintes para levar Angola novamente a um Mundial?
Tem faltado maior organização por parte de quem gere o futebol. Quando nos organizarmos, a começar pelo topo, tenho plena certeza que voltaremos a estar num Campeonato do Mundo. Aos nossos jovens jogadores também recai uma certa culpa, porque eles devem trabalhar muito mais para melhorarem as suas performances e não se acomodarem com o que já têm ou conseguiram. Devem chamar a eles mesmos as responsabilidades e fazerem melhor do que têm feito. Acho que para alguns tem faltado o compromisso com a causa seleção nacional. Quando nos voltarmos a comprometer com a seleção tenho plena certeza de que as coisas irão mudar.
 

“Clube Nacional de Benguela representa a minha vida”

Akwá é natural de Benguela
Começou a despontar no futebol bastante cedo, ao serviço do Clube Nacional de Benguela. Como foi a sua passagem pelos elefantes de Benguela e que recordações guarda dessa altura?
Na verdade, comecei a despontar nos caçulinhas da Ecomil II, que ficava a uns 5 quilómetros da minha casa, onde comecei a aprender o ABC do futebol com os treinadores Rosario Filemon e João Jacaré. O mister Rosario Filemon foi um grande jogador do Clube Nacional de Benguela, tinha um olhar clínico e muito cedo deu conta de que eu tinha qualidades para dar num grande jogador. Já o mister Jacaré, apesar de não ter sido jogador, amava o futebol e dentro dos conhecimentos que tinha dava o melhor e era super rígido relativamente à disciplina, já que ele também era militar e proveniente do Cunene.
As minhas boas exibições na Ecomil II chamava atenção de quase todos os militares da Ecomil II, inclusivamente do Diretor Geral da Ecomil II, na altura capitão de patente da extinta FAPLA, o Sr. Filipe Fernandes de Berardi, que por sinal era também o presidente do Clube Nacional De Benguela. Assim foi fácil a minha integração no Clube Nacional de Benguela. Foi uma passagem rápida, mas com boas recordações e ensinamentos que guardo até hoje. Tive a felicidade de trabalhar nas camadas jovens com os misteres Sessé, Sacato e Moyo, que com eles aprendi muito. Já no plantel sénior trabalhei com os misteres Chiby, João Melachton e Pinto Leite, tendo cada um agregado em mim um pouco do seu conhecimento que me transformou no jogador que fui. Mas é claro que, de todos, há sempre os que nos marcam e há dois nomes que me marcaram para a vida toda, os misteres Ernesto Baptista Sessé e Antonio Lopes Chiby.
As recordações são várias, desde o primeiro dia que passei a fazer parte da família rubro-negra, o meu primeiro título nacional de juniores em Malange, os vários títulos de campeões provinciais de juniores, a minha estreia pelos seniores em 1992 numa fase em que não tinha idade para jogar nos seniores, o meu primeiro golo oficial marcado nos seniores ao Eka do Dondo ao guarda-redes Paulo Jorge, a minha transferência para o Benfica, são tantas boas recordações que não cabem aqui. Lembro-me de ter feito um jogo no sábado pela seleção sub-20 em Lomé, no Togo, regressarmos a Luanda na madrugada e no domingo às 11.00 desembarcar em Benguela ir direto para o Centro de Estágio Nacional e me concentrar para o jogo do Girabola as 15.30 com o ASA e marcar um dos dois golos que deu a vitória à nossa equipa por 2-1. São momentos marcantes e únicos que não tenho como esquecer.
 
Foi recentemente homenageado pelo Clube Nacional de Benguela, é o embaixador do clube e o patrono de uma das lojas do mesmo. Como se sentiu com este reconhecimento e o que o clube representa para si?
Senti-me super feliz por ser oficialmente embaixador do meu Clube Nacional de Benguela. Sempre me considerei Embaixador mesmo antes de ser oficializado. Porém, hoje a realidade é completamente diferente, sou oficialmente embaixador do meu clube do coração, não há reconhecimento maior. Se ontem sem ser embaixador já tinha grandes responsabilidades, hoje as responsabilidades são acrescidas e devo fazer jus ao título e honrar a direção do presidente Evanir Coelho, que me incluiu também no projeto de direção do Nacional de Benguela.
Quanto ao nome dado a uma das lojas, não há palavras para descrever o reconhecimento e a imortalização do meu nome. Assim são feitas as homenagens às pessoas que de alguma forma deram o seu contributo e eu só tenho que agradecer aos mentores da ideia. O que o clube representa para mim? O Clube Nacional de Benguela representa a minha vida, muito antes de ser jogador do Nacional de Benguela já fazia parte dela quando o meu irmão mais velho jogava lá. Depois de o ver lá, também quis fazer parte dessa magnífica família e felizmente acabei por vir a fazer. O CNB representa tudo para mim e tenho plena certeza que um dia voltaremos a estar no lugar que é nosso em todas as modalidades.
 

“A sensação de ter jogado de águia ao peito foi de uma alegria sem igual”

Akwá disputou sete jogos com a camisola do Benfica
Aos 17 anos, o Akwá estreou-se pela seleção principal de Angola e pela equipa principal do Benfica. Como foi viver com tanto protagonismo ainda tão jovem?
Foram motivos de alegria, sinais de que as coisas estavam a correr bem e que valeu a pena todo o sacrifício e toda a entrega. Acabei por gerir bem essa situação. Quando damos um passo na carreira, esse passo acaba por ser uma faca de dois gumes. Se não gerirmos bem a situação, acabamos por correr o risco de tropeçarmos e não mais nos levantarmos. Se gerirmos bem, acabamos por colher frutos, o que acredito que aconteceu comigo. Devo agradecer a todas as pessoas que estiveram do meu lado quando fui para Portugal, como o comandante Prata, que foi o meu conselheiro e que me ia adiantando alguma coisa; os meus dois irmãos que já viviam em Portugal, que foram fundamentais; e no Benfica encontrei outras pessoas que me foram aconselhando e dando força, como o Neno, o Mozer, o Edílson e o Edgar. O Edílson vivia ao meu lado na rua dos Soeiros e muitas das vezes convidava-me para almoçar. O Edgar, apesar de ser da minha idade e não ter tanta maturidade na altura, como já vivia em Portugal há muito tempo acabou por ser fundamental, pois já conhecia os meandros e os passos que haveria de dar.
A nível da seleção tive o apoio do malogrado professor Carlos Alhinho, o Joni e o Paulão. Os mais velhos receberam-me bem. Também recebi muitos conselhos dos meus antigos treinadores e tive o apoio dos meus pais, que me mostraram que era importante trabalhar e nunca me envaidecer. A minha ida para Portugal e a minha ascensão muito rápida até à titularidade da seleção angolana nunca me atrapalhou.
 
No Benfica jogou ao lado de craques como Michel Preud’homme, Abel Xavier, Caniggia, João Vieira Pinto, Valdo e Isaías. Qual foi a sensação de jogar de águia ao peito e quais as principais memórias que guarda desses tempos?
A sensação de ter jogado de águia ao peito foi de uma alegria sem igual. Todas crianças e todos os jogadores sonham jogar no futebol profissional, e se for num clube grande, melhor ainda. Comigo não fugiu à regra. Lembro-me de em 1992 ter ido a Portugal pela primeira vez, pela seleção sub-16, nos Jogos da Lusofonia. Depois de ter visto como as coisas eram em Portugal, comecei a dizer a mim mesmo que queria ir viver para Portugal. Já tinha dois irmãos em Portugal, mas em momento algum coloquei a hipótese de fugir, como alguns colegas meus fizeram. Eu sabia que, se tivesse de voltar, voltaria contratado por uma equipa que sabia das minhas qualidades. Isso acabou por acontecer dois anos depois. No segundo semestre de 1994 acabei por me transferir para o Benfica.  
Encontrar e dividir o balneário com jogadores como Michel Preud’homme e Caniggia, que tinham estado no Mundial 1994, e de craques que eu idolatrava e via na televisão, como João Vieira Pinto, Neno, Vítor Paneira, Mozer, Isaías, Abel Xavier, Kenedy, Hélder, William e César Brito, foi um dos pontos mais altos da minha carreira. É claro que guardo boas recordações. O futebol fez-me ganhar muitos amigos, que ainda conservo. Há um grupo de ex-jogadores do Benfica no qual estou inserido e temos falado muito. Foi uma alegria muito grande ter passado e jogado pelo Benfica. Sair do Nacional de Benguela para o Benfica sem passar por nenhuma equipa de Luanda é algo que demonstra o grande trabalho que o Nacional de Benguela fazia na altura, porque os jogadores que iam para Portugal saíam principalmente do Petro e do 1º de Agosto. Felizmente quebrei essa barreira. É um momento que está marcado.
 
No Benfica apanhou Artur Jorge e Manuel José como treinadores. O que achou de cada um deles?
Eram dois treinadores super exigentes, cada um com o seu método de trabalho. Quando apanhei o mister Artur Jorge eu era praticamente uma criança e o mister já tinha no seu currículo vários títulos, era o Senhor Artur Jorge. Com ele aprendi muitas coisas. Quando fui para Portugal, fintava muito, e com ele aprendi a jogar mais para o coletivo, focar-me mais na baliza, jogar mais na zona em que o ponta de lança se movimentava melhor. Foi um prazer muito grande ter tido a oportunidade e a sorte de trabalhar com o mister Artur Jorge. É claro que gostaria de ter ganhado alguma coisa com o mister Artur Jorge, mas infelizmente não foi possível.
Com o mister Manuel José eu já estava mais crescidinho. Apesar de já me ter visto em Portugal, também me viu em Luanda num jogo da seleção de Angola e ficou maravilhado comigo. Acabei por ficar no plantel. Era um treinador bastante exigente e aprendi muito com ele. Foi uma pena não termos ganhado nada. Ainda hoje dou conselhos que estes dois senhores do futebol me davam na altura.
 

Um brilhante arranque no Alverca… até ir para o CAN 1996

Akwá na equipa do Alverca em 1996-7
Em 1995-96 foi emprestado ao Alverca, na altura na II Liga, e brilhou com nove golos em 15 jogos. Que recordações guarda dessa temporada?
No Alverca comecei bem a época, a fazer golos e a ajudar a equipa a atingir os seus objetivos, uma vez que o Alverca se estreava na II Liga. Felizmente as coisas começaram a correr bem: fiz dois golos no primeiro jogo, frente ao Famalicão; e fiz um golo no primeiro jogo em casa, com o União de Lamas. Infelizmente para o clube fui para o CAN 1996, na estreia de Angola numa fase final do CAN, e no jogo com o Egito sofri uma lesão gravíssima, uma rotura de ligamentos cruzados que acabou por me afastar durante um bom tempo. Isso fez que a minha época, que começou tão bem no Alverca, terminasse ali. Mas guardo boas recordações dos ex-colegas, como o José Soares, que vivia ao meu lado e também estava emprestado pelo Benfica, assim como o Nélson Morais, que dava boleia para Alverca. Aliás, parte dos jogadores que estavam no Alverca eram muitos deles jogadores do Benfica, porque o Alverca era o clube-satélite do Benfica, como se fosse uma equipa B. Os professores Arnaldo Cunha e João Santos, também eram do Benfica e foram para o Alverca abraçar o projeto. O diretor desportivo era o Veloso, que tinha sido meu capitão no Benfica. O presidente Luís Filipe Vieira fazia muito bem o seu trabalho, como jogadores como Juba, Vince, Vasco, Adriano e Cid. E tive a felicidade e a honra de jogar com o Abel Campos, a nossa gazela. Não há nada melhor do que poder dizer que joguei com este grande monstro do futebol angolano, que fez uma grande carreira em clubes como Benfica, Sp. Braga e noutros campeonatos em que passou. Guardo boas recordações da minha passagem pelo Alverca, apesar da lesão que sofri no CAN 1996 e de ter interrompido um brilhante arranque de época.
 
Em Alverca apanhou como presidente Luís Filipe Vieira, que poucos anos depois se tornou presidente do Benfica. Como era ele naquela altura tanto em termos pessoais como na gestão desportiva?
Sempre foi um presidente presente. Como dirigente, procurava estar próximo da equipa e dar todo o apoio possível. O Alverca estava a fazer a sua primeira época na II Liga e para a direção do Alverca era importante acompanhar bem a equipa. Felizmente tivemos esse apoio. Não há razões de queixa, era um excelente presidente. E como homem também não tenho razões de queixa. Sempre esteve disponível para nos apoiar. Fruto do bom trabalho que fez no Alverca, acabou por concorrer à presidência do Benfica e hoje continua a ser presidente do Benfica. Tem feito um grande trabalho e fico feliz por ter feito parte da comissão de honra nas últimas eleições. Valeu a pena o apoio e faço votos para que continue a fazer um grande trabalho, a ganhar títulos. Falamos sempre que possível. Estivemos juntos quando ele veio a Angola a convite da Casa do Benfica em Luanda. Apesar do seu estatuto, é uma pessoa fantástica, com um sentido de humor elevado, que sabe tratar bem as pessoas e separar o lado do dirigente e o lado do homem. Desejo-lhe sucessos neste quadriénio que tem pela frente na liderança do Benfica.
 

“Graeme Souness perguntou-me se eu era melhor que o Maradona”

Akwá chegou ao Benfica em 1994
Em 1998, depois de uma época na Académica, decide rumar ao futebol árabe. O que o levou a tomar essa decisão numa fase ainda tão prematura da sua carreira? Sente que desportivamente poderia ter ido atingido um nível mais alto se tem continuado no futebol europeu?
A minha mudança para o futebol árabe deveu-se a não ter ficado no Benfica. Quando tudo indicava que fosse ficar no Benfica, cheguei um mês depois de a equipa ter começado a treinar, porque estive na seleção, o treinador era novo e não me conhecia. O mister Graeme Souness disse que eu tinha um treino para mostrar o que valia. Disse-me que não era normal eu não ter estado no Mundial, mas sim numa competição africana e atrasar-me um mês. Inclusivamente perguntou-me se eu era melhor que o Maradona. Felizmente fui para o treino, as coisas correram bem, fui impressionando o treinador, tive um apoio extra do mister Carlos Alhinho para melhorar as minhas debilidades e tudo indicava que fosse ficar no Benfica.
Num dos primeiros jogos da época o Benfica recebe o Beira-Mar, eu estava no camarote e no intervalo do jogo fui à casa de banho. O presidente do Beira-Mar [Mano Nunes] viu-me e disse ao presidente do Benfica, Vale e Azevedo, que precisava do Akwá e que me queria lá. O Vale e Azevedo, sem perguntar nem contactar o treinador principal, disse que eu na segunda-feira tinha de me apresentar em Aveiro para começar a treinar. Perante isto, fiquei pior que estragado, fui para casa a chorar. No dia seguinte os jornais já falavam do meu provável empréstimo ao Beira-Mar, mas eu já tinha tido uma experiência negativa na Académica e não queria repetir.
Na segunda-feira fui ao Estádio da Luz para buscar as minhas coisas, recebi um telefonema de um empresário iraquiano que vivia em Portugal há muito tempo e apresentou-me a proposta de uma equipa da Arábia Saudita, que estava muito interessada em mim. Não pensei duas vezes. Sabia que se continuasse em Portugal as coisas não iriam correr bem e como tinha poder de decisão e quem pagava o meu contrato seria o Al Shabab de Riade. Sentámo-nos, falámos e chegámos a um consenso. Assinei pelo clube saudita e foi assim que me iniciei no mundo árabe.
Tinha 22 anos e tudo para explodir na Europa, mas a cabeça não estava em condições. Acabei por ficar no mundo árabe até quase ao final da minha carreira. Após seis meses na Arábia Saudita lesionei-me e fui emprestado para Al-Wakrah do Qatar, onde fiz um final da época espetacular, fui o melhor marcador do campeonato e ajudei o clube a ganhar pela primeira vez o campeonato e a Taça do Príncipe Herdeiro.          
É claro que se ficasse na Europa e com um bom empresário as coisas seriam diferentes, e é verdade que quando fui para o mundo árabe acabei por me acomodar. O que podia acontecer a nível da Europa acabou por não acontecer, mas também não me arrependo. Foi a opção que eu tomei e fico feliz com a carreira que tive. Ganhei alguns títulos e consegui ajudar à seleção quando jogava no mundo árabe. Podia ter sido melhor, mas foi o possível e tenho de agradecer a Deus tudo o que consegui a jogar no mundo árabe.
 

Formou “dupla temível” com Caniggia no Qatar

Akwá com Caniggia no campeonato do Qatar
No Qatar foi orientado por Rabah Madjer e jogou ao lado de Christophe Dugarry. O que viveu de melhor e pior no país do Golfo Pérsico?
Quando me apresentei no Qatar, no primeiro dia, um colega meu brasileiro chamado André disse-me que o nosso treinador já tinha jogado em Portugal, no FC Porto, mas que não era português, mas que falava português, apesar de ser argelino. Disse logo para mim que seria o Rabah Madjer e as minhas suspeitas acabaram por bater certo. Felizmente foi o mister Rabah Madjer que tinha pedido ao clube para me contratar, porque precisava de um ponta de lança e já me conhecia de Portugal. Quando fui para Portugal, o mister Rabah Madjer treinava os juniores do FC Porto. Felizmente ganhámos coisas juntos no Qatar, como a Taça do Príncipe e o campeonato, troféus que o clube ainda não tinha vencido. Aprendi muito com ele, era um treinador muito exigente. Fruto da brilhante carreira que teve, só pude beber coisas boas dele. Acabámos por fazer um grande trabalho, foi uma pena ter sido apenas uma época.
Quanto ao Dugarry, todos os jogadores querem jogar com jogadores de topo. O Dugarry foi um jogador de topo, que passou em grandes clubes, como AC Milan, Barcelona e Bordéus. Quanto soube que ele ia jogar para o Qatar Club, fiquei contente, até porque pensei que iriamos formar uma dupla. Infelizmente as coisas não correram bem para ele e acabou por rescindir contrato. O tempo que passei com ele deu para uma boa convivência, mas o Dugarry acabou por praticamente não chegar a jogar.
Depois da saída dele, chegou o Caniggia, que eu já conhecia do Benfica, e acabámos por fazer uma grande dupla. Fiquei feliz por terem assinado com ele. Fizemos muitos golos e ganhámos vários títulos.
 

“Fiquei contente por ter jogado numa equipa com a grandeza do Petro

Akwá com a camisola do Petro de Luanda
Na fase final da carreira voltou a Angola para representar pela primeira vez um dos principais clubes do país, o Petro de Luanda. Que balanço faz do tempo que passou no emblema tricolor? Foi a melhor forma de se despedir dos relvados?
O meu regresso a Angola não foi exatamente o que eu queria nem o que planeei. Na altura, já tinha o litígio com o Al-Wakrah. Mesmo antes do Mundial 2006 alguns clubes tentaram contratar-me, mas o Al-Wakrah dizia que eu tinha problemas com eles e que se eu não os resolvesse não me deixavam sair. Depois do Mundial fiquei um ano e meio sem jogar até que um dia, um advogado português que eu tinha consultado disse que o clube não tinha poderes para me prender enquanto a FIFA não se pronunciasse e aconselhou-me a assinar contrato com um clube angolano. Tendo esse contrato assinado com um clube angolano, obrigatoriamente a Federação Angolana teria de pedir o certificado internacional à Federação do Qatar. Se a Federação do Qatar negasse o envio, então a Federação Angolana iria pedir um certificado internacional provisório à FIFA até que resolvessem a situação.
Conversei com o Paulo Tomás, que era chefe de departamento do Santos, solidarizou-se com a minha causa, levou o problema à direção do Santos, na pessoa do presidente Ismael Diogo, que me quis ajudou e fez um contrato. O Santos deu entrada do meu contrato na Federação, a Federação pediu o certificado internacional e dias depois o certificado chegou a Angola.
Dias depois, acabámos por rescindir o contrato, porque era só para pedir para pedir o certificado internacional e uma vez que o Santos tinha uma política de só utilizar jogadores da formação, e apareceu o Petro de Luanda. Também houve interesse do Sagrada Esperança, mas acabei por assinar com o Petro. Não foi um contrato de três épocas, era um contrato de um ano e meio que acabou por durar apenas meio ano. Fiz a segunda volta do Girabola, mas as coisas não correram bem para mim nem para o Petro.
No ano a seguir acabei por não continuar no Petro. Não foi um regresso conforme eu esperava, mas foi o necessário. Fiquei contente por ter jogado numa equipa com a grandeza do Petro, apesar de não ter ganhado nada. Foi bom ter vestido a camisola do Petro e ter jogado com grandes jogadores e ser treinado por grandes treinadores. Até então só tinha jogado no Nacional de Benguela e pelos clubes estrangeiros. Foi o possível.
Não diria que foi a melhor forma de me despedir dos relvados, porque acabei por nem me despedir. Rescindi o contrato com o Petro e havia a possibilidade de ir para outro clube, mas infelizmente depois saiu o diferimento da FIFA e acabei por ser banido de todas as atividades da FIFA. Acabei por não ter uma despedida. Não faço um balanço positivo nem o que eu esperava.
 
Propomos-lhe um desafio. Elabore um onze ideal de jogadores com os quais jogou.
O sistema seria 1x3x5x2. 
Guarda-redes: Michael Preud’homme;
Defesas: Mozer, Yamba Asha e Michael Mubarak;
Médios: André Macanga, Paulão, Paulo Figueiredo, Cláudio Caniggia e Zé Kalanga;
Avançados: Flávio e Akwá
 
Akwá no jogo frente ao Irão no Mundial 2006
E que treinadores mais o marcaram e porquê?
Apesar de ter trabalhado com vários treinadores, quer sejam nacionais ou estrangeiros, mas há quatro que de certeza marcaram profundamente a minha carreira:
1 - Ernesto Baptista “Mister Sessé”, por ter sido o treinador que trabalhou comigo nas camadas jovens do Clube Nacional de Benguela, e foi fundamental na minha adaptação e integração no Nacional;
2 - Antônio Lopes “Chiby”, que eu tenho dito e vou morrer dizendo que é o maior responsável por tudo que consegui alcançar como futebolista. O melhor que me poderia ter acontecido foi me ter cruzado com o mister Chiby, porque não basta só ter talento, mas também temos que ter a sorte de encontrar treinadores que apostem nos miúdos e que, mesmo quando as coisas correm mal, não desistem.
3 – Professor Oliveira Gonçalves, pois foi com ele que cheguei pela primeira vez a uma seleção, embora aos sub-16, mas não deixou de marcar o início de uma era nova para mim. Tive da parte do professor Oliveira Gonçalves um apoio grande, já que eu era o único jogador vindo de um clube da província.
4 - Professor Carlos Alhinho, o pai da revolução do futebol angolano a nível da história das seleções nacionais. Mudou o paradigma das seleções jovens, que passaram a incluir jogadores de outros clubes que não os de Luanda. Foi o responsável pela aparição de jogadores como Marito, Papa, Bifex, Yamba Asha e Jamba como titular nos seniores dos seus clubes, coisa que era visto como miragem, e para não falar do excelente trabalho que fez nas seleções, o que culminou com a nossa primeira qualificação a um CAN, em 1996, na África do Sul.
 
Nasceu com o nome Fabrice Alcebiade Maieco, mas todo o conhecem como Akwá. De onde surgiu esta alcunha?
Realmente chamo-me Fabrice Alcebiade Maieco, mas o mundo conhece-me por Akwá. É apenas um nome, não sei o significado, caso haja. Foi o nome dado pelos meus pais.
 
Nasceu e cresceu em Benguela. Como foi a sua infância e quando é que a bola entrou para a sua vida?
A bola sempre esteve presente na minha vida por influência do meu irmão mais velho, que já jogava nos caçulinhas no Clube Nacional De Benguela. Jogava nos intervalos das aulas, no Bairro, ou seja, primeiro na cidade onde vivia no prédio da Impala, no campo do Cassinhora, no prédio do Capomba, Armando Lopes, hoje Aparthotel Mil Cidades e depois no Bairro dos Navegantes, para onde nos mudámos. E mais uma vez por influência do meu irmão mais velho, segui-o até à Empresa Ecomil II, onde ele jogava, e foi assim que tudo começou a ser mais sério.
 
Akwá impedido de exercer cargos no futebol profissional
Desde que se retirou, em 2009, que de certa forma tem estado desligado do futebol no terreno, muito por conta de uma sanção aplicada pela FIFA motivada por uma dívida que tem com o Al-Wakrah. Como se sente por estar privado de exercer cargos como dirigente ou treinador a nível profissional? Continuar ligado ao futebol é o que sempre desejou?
Sinto-me dececionado, porque os dirigentes da Federação Angolana de Futebol (atuais e antigos) sabem de que forma fui castigado e não recebi apoio por parte deles. Não receber esse apoio deita por terra tudo o que de bonito fiz e todo o esforço e toda a minha dedicação em prol do país. Todo o filho que da o seu melhor em defesa da pátria espera ser reconhecido.
Esse castigo tem-me afastado de inúmeras coisas, não só no treino e no dirigismo, mas também da CAF. Poderia ser um embaixador da CAF. Recentemente houve uma votação para eleger os 20 melhores jogadores de sempre da África Austral e o meu nome não constou. Tudo por culpa desse castigo. Sinto-me triste e dececionado, porque quando as pessoas precisavam do Akwá, faziam 30 por uma linha para que o Akwá viesse. Houve um jogo com a Zâmbia em que cheguei ao país já com a partida a decorrer e fui a correr para o banco de suplentes. Isso é frustrante, mas são os dirigentes que temos.
Tenho feito os meus trabalhos nas comunidades, a incentivar as nossas crianças a praticar desporto e a apadrinhar vários torneios nas comunidades. Assim tem sido a minha vida.
É claro que desejo continuar ligado ao futebol. Quem entra no futebol não quer sair. Quem deu o seu contributo para o desporto nacional, não quer desligar-se de tudo, apesar de um caso ou outro. Não fujo à regra. O futebol é o meu mundo, onde me fiz homem. Queria passar a experiência que ganhei no mundo do futebol e contribuir para a nova geração de futebolistas. Infelizmente, com esse castigo tudo fica mais complicado. Sempre olhei para a área do dirigismo desportivo como uma opção. Vejo alguns colegas meus como embaixadores da CAF e tenho plena certeza que se não fosse este castigo também seria embaixador da CAF. Não fui isto que eu desejei. Desejei um final feliz, porque quem chega à porta do paraíso quer entrar no paraíso e não vivenciar situações negativas. Tenho vindo a beber de uma água que não é aquela que eu preparei para mim. Continuo a acreditar que este problema se irá resolver.
 

“Cheguei a Portugal sendo comparado a Eusébio”

O que acha da atual geração de futebolistas angolanos? Quem é o mais parecido com o estilo de Akwá e que jogador acha estar mais próximo de ser o seu substituto como melhor marcador dos Palancas Negras?
É complicado um nome que seja parecido ao Akwá, ao Flávio, ao Manucho e ao Mantorras. Cada um tem o seu estilo e é complicado fazer comparações, porque acabaram por olhar para o jogador não pelo jogador em si, mas pelo jogador que pensam que é. Tenho uma experiência amarga, porque cheguei a Portugal sendo comparado a Eusébio. Em vez de verem o Akwá jogar, viam o Eusébio. Isso é mau.
Mas há jogadores com condições para inscrever o seu nome na história da seleção angolana, até porque têm feito bons trabalhos nos clubes, como é o caso de Gelson Dala, que tem feito bons jogos e golos no Rio Ave. Na seleção também tem estado bem, embora a seleção não esteja a atingir os objetivos que todos queremos. Recentemente têm aparecido bons jogadores, como Zito Luvumbo e Capita. Se forem bem aproveitados, podemos fazer uma boa seleção. Loide Augusto também está a aparecer e tem a felicidade de estar no Sporting.
 
Akwá deseja um Girabola mais competitivo
Que avaliação faz do nível competitivo do Girabola e do futebol de formação em Angola?
O nível competitivo do nosso campeonato tem oscilado. Não é um campeonato estável, porque as equipas raramente dão continuidade ao trabalho feito na época anterior, as equipas são inconstantes e, tirando o Petro e o 1º de Agosto, que lutam sempre pelo título, as outras equipas são sempre irregulares. De vez em quando aparece uma ou outra equipa que surpreende, é como o Paulo Tomás [comentador desportivo e antigo dirigente do Santos] designou: um “Cavalo Paraguaio” que aparece na linha da frente, dificulta a campanha dos candidatos ao título, mas depois desaparece.
Poderíamos ter mais equipas a disputarem o título. No passado já tivemos muitas equipas, como o Kabuscorp, o Recreativo do Libolo, o Interclube (apesar de se assumir sempre como candidato ao título, mas que acaba sempre por dececionar) e o Sagrada Esperança que também já foi um candidato ao título, mas atualmente temos o Petro e o 1º de Agosto que são sempre candidatos ao título, o Interclube pelo poder financeiro que tem é sempre um natural candidato.
É importante estabilizarmos o nosso campeonato e as equipas pararem de se queixar. Muitos clubes alegam dificuldades financeiras ainda no início do campeonato e os atletas acabam por ter péssimas condições, e isso acaba por contar. A prova disso são as dificuldades que temos tido nas competições africanas: os nossos gigantes fazem e desfazem no campeonato interno, mas nas competições africanas é o que tem sido. Ainda há muito por fazer e quando as equipas conseguirem manter o nível por duas ou três épocas, aí sim..., mas até lá, há muito por se fazer.
Em relação ao futebol de formação, apesar de existirem muitas equipas que trabalham na formação, e não me refiro às equipas grandes do Girabola, mas às várias equipas de todo o país que fazem um grande trabalho na formação, mas que é mal aproveitado, os jogadores são mal aproveitados, apesar de um ou outro vingar. É inadmissível aceitar que num universo de 50 clubes temos poucos jogadores vindos da formação. Um ou outro é que acaba por despontar, quando anualmente poderíamos ter 15 ou 20 bons jogadores da formação.
Isto também tem a ver com a forma como os nossos clubes aproveitam os mesmos jogadores, pois os clubes de Angola têm preferido apostar mais em jogadores estrangeiros e muitos deles acabam por não agregar valor ao campeonato, muitos deles chegam e não são titulares nos seus clubes e ocupam um lugar que poderia ser dado aos jogadores da formação.
É importante fazer muito mais, dar mais jogos aos jogadores da formação, temos de organizar os nossos campeonatos nacionais de formação, quer de juvenis quer juniores, é preciso que haja mais jogos, não é possível que para se ganhar um nacional sejam precisos apenas quatro ou cincos jogos. O facto de os campeonatos províncias serem muito mais longos que o campeonato nacional significa que alguma coisa não está bem, mas alguns clubes têm feito o seu trabalho, enquanto outros precisam de melhorar e melhorar as condições de trabalho. Se assim for, tenho a certeza de que poderemos colher bons frutos no futuro como é o caso do Zito Luvumbo e do Capita, que saíram para o estrangeiro. Os nossos clubes devem começar a pensar que quanto mais cedo o jogador se transferir para o estrangeiro melhor é, não adianta prendermos o jogador. Quando há um clube interessado que o jogador vá para o estrangeiro, há um gasto mais reduzido e quando o jogador começar a despontar poderemos colher os frutos, porque muita das vezes os nossos clubes acabam por vetar a saída dos atletas para o estrangeiro.
 
Entrevista realizada por Romilson Teixeira






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