Akwá jogou 78 vezes e marcou 39 golos por Angola |
Chegou a Portugal
em 1994 para representar o Benfica
e desde cedo foi comparado a Eusébio, jogou ao lado de figuras como Preud’homme,
Caniggia, João Vieira Pinto e Mozer, conheceu Luís Filipe Vieira no Alverca,
mudou-se para o futebol do Médio Oriente quando ainda tinha 21 anos e marcou o
golo que apurou Angola
para o Mundial 2006.
Em entrevista, Akwá fala sobre a
sanção imposta pela FIFA que o impede de exercer cargos no futebol, passa a
carreira em revista, recorda o episódio em que Graeme Souness lhe perguntou se
era melhor que Maradona, fala sobre a atualidade do futebol
angolano e explica o que tem faltado aos Palancas
Negras para replicarem os feitos alcançados pela sua geração.
ROMILSON TEIXEIRA - É inevitável não começar esta entrevista por aqui.
Lembra-se de tudo o que aconteceu a 8 de outubro de 2005?
AKWÁ - Lembro-me perfeitamente de
quase tudo que aconteceu no dia 8 de outubro de 2005. Foi um dia super agitado para todos nós, a
tensão de certeza que estava acima do normal, pela importância do jogo e porque
pela primeira vez na história da qualificação para um Mundial, só dependíamos
de nós. Tínhamos sido alertados do jogo de bastidores que seríamos alvo, pois a
Nigéria também estava à espreita e, no caso de um deslize nosso, eles seriam os
beneficiados.
Lembro-me que quando chegamos no
Estádio Amahoro e, ao entrarmos para o estádio, tivemos que ser revistados a
pente fino, como fossemos marginais. Tivemos que tirar a roupa toda e só passámos
de roupa interior pelo aparelho do raio X que havia no campo. As nossas pastas
foram altamente revistadas por pessoas com um tom ameaçador, coisa nunca vista
em todos os anos que joguei futebol. Mas felizmente já estávamos preparados para
tudo e aquele comportamento da polícia ruandesa não nos afetou em nada, muito
pelo contrário, alertou-nos ainda mais para as dificuldades que iríamos
encontrar. Quando fomos aquecer para o campo, vimos outra coisa que nos chamou
atenção: o estádio estava super cheio, todo lotado, o que era estranho tendo em
contada que o jogo não contava para nada para o Ruanda. Mas esse acabou por ser
outro fator que acabou por pender a nosso favor.
Quantas vezes já reviu o lance do golo ao Ruanda que valeu a
qualificação para o Campeonato do Mundo? Sentiu-se um verdadeiro herói nacional
nesse dia?
É difícil dizer o número exato de
quantas vezes revi o lance do golo que nos possibilitou a qualificação para
Mundial de 2006, mas posso dizer que já passou de umas 50 vezes e sempre que
revejo sinto a mesma alegria vivida no dia 8 de outubro de 2005.
Acho que todos os que fizeram
parte daquela brilhante campanha são uns verdadeiros heróis nacionais. Quando
se brinda o povo com algo do género, e tratando-se da nossa primeira vez, devemos
ser considerados heróis e condecorados pelo Estado com uma medalha de Bravura e
Mérito Cívico Social de Primeira Classe. Infelizmente não houve esse
reconhecimento por parte do Estado angolano,
houve sim por parte do povo, que me passaram a chamar de herói. Mas volto a
dizer que todos nós que fizemos parte daquela brilhante campanha somos heróis
nacionais.
De outubro de 2005 avançamos para 11 de junho de 2006. O que sentiu
quando ouviu o hino de Angola
antes do jogo de estreia do Mundial?
Foram várias emoções acumuladas
numa única só, desde ouvir o entoar do hino nacional no palco da festa do
futebol, que é a reunião dos melhores países que se qualificaram para estar
naquela festa. Foi também a realização de um sonho de criança, poder fazer
parte de um Mundial, e logo com responsabilidade acrescida, já que era o capitão
da Equipa. Resumindo, foi emocionante ver, ouvir e cantar o nosso hino “Angola
Avante!” no jogo de estreia do Mundial.
Apesar de esse ser o único Mundial de Angola,
os Palancas
Negras foram competitivos em todos os jogos, perdendo apenas para Portugal
pela margem mínima e empatando perante as mais experientes seleções de México e
Irão. Saíram da Alemanha de consciência tranquila e com o amargo de boca de
terem estado perto de seguir para os oitavos de final?
Em todas as competições, todos os
participantes almejam chegar o mais longe possível, sendo estreantes ou não, e
connosco também não era diferente. Sabíamos que era difícil, mas não impossível,
apesar de estarmos num grupo em que o favoritismo recaía sobre Portugal e México,
mas mesmo assim tudo fizemos para passar à fase seguinte, o que acabou por não
ser possível. Saímos de cabeça erguida da Alemanha, com a consciência de missão
cumprida.
“Para alguns jogadores tem faltado compromisso com a causa seleção nacional”
Akwá com Figo no jogo entre Portugal e Angola do Mundial |
O que tinha de especial essa geração angolana
para fazer o que nenhuma outra conseguiu?
Acho que antes de olharmos para
os jogadores devemos olhar também para a direção da Federação, que tinha à
cabeça o presidente Justino Fernandes, que juntamente com a sua equipa de
trabalho dava-nos as melhores condições de trabalho e procurava fazer com que
nada faltasse aos jogadores. Se recuarmos ao início da competição ou da
qualificação, a direção da FAF
teve que mexer nas suas estruturas, como a saída de Manuel Loth do departamento
máximo das seleções e consequentemente a saída do selecionador principal, o brasileiro
Ismael Kurts, por maus resultados. O presidente Justino Fernandes decidiu
apostar em duas peças fundamentais que conheciam bem o futebol africano, um
como responsável máximo do departamento das seleções de futebol, José Luís
Prata, e o professor Oliveira Gonçalves. Com a entrada desses dois Senhores, as
coisas mudaram, os dois trouxeram consigo a organização e o trabalho árduo, e
os resultados apareceram.
Queres saber qual foi o segredo?
Direi que, a par da qualidade de cada jogador e da entrega total de cada
jogador que fosse chamado à seleção, havia uma grande organização liderada pelo
departamento das seleções, já que José Luís Prata era um dos vices para o
futebol e tudo fazia para que os pequenos problemas que de quando em vez
surgiam não se transformassem em problemas maiores. Já no campo desportivo,
tínhamos o professor Oliveira Gonçalves, juntamente com a sua equipa técnica,
que conseguiram transformar a nossa equipa, que não tinha participado nas três
anteriores edições do CAN.
Incutiram-nos na cabeça que tínhamos tudo para voltar ao CAN
e sonhar com o Mundial também.
Acredito que o segredo maior foi
a organização que havia por parte da direção da FAF,
departamento das seleções, equipa técnica e nós jogadores, que sem preocupações
maiores conseguíamos fazer bem o nosso trabalho. O segredo era a união
existente entre todas as partes. Acredito que tem faltado isso em outras
direções, daí não conseguirem atingirem os objetivos que todos nós almejamos.
O que tem faltado às gerações seguintes para levar Angola
novamente a um Mundial?
Tem faltado maior organização por
parte de quem gere o futebol. Quando nos organizarmos, a começar pelo topo,
tenho plena certeza que voltaremos a estar num Campeonato do Mundo. Aos nossos
jovens jogadores também recai uma certa culpa, porque eles devem trabalhar
muito mais para melhorarem as suas performances e não se acomodarem com o que
já têm ou conseguiram. Devem chamar a eles mesmos as responsabilidades e
fazerem melhor do que têm feito. Acho que para alguns tem faltado o compromisso
com a causa seleção nacional. Quando nos voltarmos a comprometer com a seleção
tenho plena certeza de que as coisas irão mudar.
“Clube Nacional de Benguela representa a minha vida”
Akwá é natural de Benguela |
Começou a despontar no futebol bastante cedo, ao serviço do Clube Nacional
de Benguela. Como foi a sua passagem pelos elefantes de Benguela e que
recordações guarda dessa altura?
Na verdade, comecei a despontar
nos caçulinhas da Ecomil II, que ficava a uns 5 quilómetros da minha casa, onde
comecei a aprender o ABC do futebol com os treinadores Rosario Filemon e João
Jacaré. O mister Rosario Filemon foi um grande jogador do Clube Nacional de
Benguela, tinha um olhar clínico e muito cedo deu conta de que eu tinha
qualidades para dar num grande jogador. Já o mister Jacaré, apesar de não ter
sido jogador, amava o futebol e dentro dos conhecimentos que tinha dava o melhor
e era super rígido relativamente à disciplina, já que ele também era militar e
proveniente do Cunene.
As minhas boas exibições na
Ecomil II chamava atenção de quase todos os militares da Ecomil II, inclusivamente
do Diretor Geral da Ecomil II, na altura capitão de patente da extinta FAPLA, o
Sr. Filipe Fernandes de Berardi, que por sinal era também o presidente do Clube
Nacional De Benguela. Assim foi fácil a minha integração no Clube Nacional de
Benguela. Foi uma passagem rápida, mas com boas recordações e ensinamentos que guardo
até hoje. Tive a felicidade de trabalhar nas camadas jovens com os misteres
Sessé, Sacato e Moyo, que com eles aprendi muito. Já no plantel sénior
trabalhei com os misteres Chiby, João Melachton e Pinto Leite, tendo cada um
agregado em mim um pouco do seu conhecimento que me transformou no jogador que
fui. Mas é claro que, de todos, há sempre os que nos marcam e há dois nomes que
me marcaram para a vida toda, os misteres Ernesto Baptista Sessé e Antonio
Lopes Chiby.
As recordações são várias, desde
o primeiro dia que passei a fazer parte da família rubro-negra, o meu primeiro
título nacional de juniores em Malange, os vários títulos de campeões provinciais
de juniores, a minha estreia pelos seniores em 1992 numa fase em que não tinha
idade para jogar nos seniores, o meu primeiro golo oficial marcado nos seniores
ao Eka do Dondo ao guarda-redes Paulo Jorge, a minha transferência para o Benfica,
são tantas boas recordações que não cabem aqui. Lembro-me de ter feito um jogo no
sábado pela seleção sub-20 em Lomé, no Togo, regressarmos a Luanda na madrugada
e no domingo às 11.00 desembarcar em Benguela ir direto para o Centro de
Estágio Nacional e me concentrar para o jogo do Girabola
as 15.30 com o ASA e marcar um dos dois golos que deu a vitória à nossa equipa
por 2-1. São momentos marcantes e únicos que não tenho como esquecer.
Foi recentemente homenageado pelo Clube Nacional de Benguela, é o embaixador
do clube e o patrono de uma das lojas do mesmo. Como se sentiu com este
reconhecimento e o que o clube representa para si?
Senti-me super feliz por ser
oficialmente embaixador do meu Clube Nacional de Benguela. Sempre me considerei
Embaixador mesmo antes de ser oficializado. Porém, hoje a realidade é
completamente diferente, sou oficialmente embaixador do meu clube do coração,
não há reconhecimento maior. Se ontem sem ser embaixador já tinha grandes
responsabilidades, hoje as responsabilidades são acrescidas e devo fazer jus ao
título e honrar a direção do presidente Evanir Coelho, que me incluiu também no
projeto de direção do Nacional de Benguela.
Quanto ao nome dado a uma das lojas,
não há palavras para descrever o reconhecimento e a imortalização do meu nome.
Assim são feitas as homenagens às pessoas que de alguma forma deram o seu
contributo e eu só tenho que agradecer aos mentores da ideia. O que o clube
representa para mim? O Clube Nacional de Benguela representa a minha vida,
muito antes de ser jogador do Nacional de Benguela já fazia parte dela quando o
meu irmão mais velho jogava lá. Depois de o ver lá, também quis fazer parte dessa
magnífica família e felizmente acabei por vir a fazer. O CNB representa tudo
para mim e tenho plena certeza que um dia voltaremos a estar no lugar que é
nosso em todas as modalidades.
“A sensação de ter jogado de águia ao peito foi de uma alegria sem igual”
Akwá disputou sete jogos com a camisola do Benfica |
Aos 17 anos, o Akwá estreou-se pela seleção
principal de Angola e pela equipa principal do Benfica.
Como foi viver com tanto protagonismo ainda tão jovem?
Foram motivos de alegria, sinais
de que as coisas estavam a correr bem e que valeu a pena todo o sacrifício e
toda a entrega. Acabei por gerir bem essa situação. Quando damos um passo na
carreira, esse passo acaba por ser uma faca de dois gumes. Se não gerirmos bem
a situação, acabamos por correr o risco de tropeçarmos e não mais nos
levantarmos. Se gerirmos bem, acabamos por colher frutos, o que acredito que
aconteceu comigo. Devo agradecer a todas as pessoas que estiveram do meu lado
quando fui para Portugal,
como o comandante Prata, que foi o meu conselheiro e que me ia adiantando
alguma coisa; os meus dois irmãos que já viviam em Portugal,
que foram fundamentais; e no Benfica
encontrei outras pessoas que me foram aconselhando e dando força, como o Neno,
o Mozer, o Edílson e o Edgar. O Edílson vivia ao meu lado na rua dos Soeiros e
muitas das vezes convidava-me para almoçar. O Edgar, apesar de ser da minha
idade e não ter tanta maturidade na altura, como já vivia em Portugal
há muito tempo acabou por ser fundamental, pois já conhecia os meandros e os
passos que haveria de dar.
A nível da seleção tive o apoio
do malogrado professor Carlos Alhinho, o Joni e o Paulão. Os mais velhos
receberam-me bem. Também recebi muitos conselhos dos meus antigos treinadores e
tive o apoio dos meus pais, que me mostraram que era importante trabalhar e
nunca me envaidecer. A minha ida para Portugal
e a minha ascensão muito rápida até à titularidade da seleção
angolana nunca me atrapalhou.
No Benfica
jogou ao lado de craques como Michel Preud’homme, Abel Xavier, Caniggia, João
Vieira Pinto, Valdo e Isaías. Qual foi a sensação de jogar de águia ao peito e
quais as principais memórias que guarda desses tempos?
A sensação de ter jogado de águia
ao peito foi de uma alegria sem igual. Todas crianças e todos os jogadores
sonham jogar no futebol profissional, e se for num clube grande, melhor ainda.
Comigo não fugiu à regra. Lembro-me de em 1992 ter ido a Portugal
pela primeira vez, pela seleção sub-16, nos Jogos da Lusofonia. Depois de ter
visto como as coisas eram em Portugal,
comecei a dizer a mim mesmo que queria ir viver para Portugal.
Já tinha dois irmãos em Portugal,
mas em momento algum coloquei a hipótese de fugir, como alguns colegas meus
fizeram. Eu sabia que, se tivesse de voltar, voltaria contratado por uma equipa
que sabia das minhas qualidades. Isso acabou por acontecer dois anos depois. No
segundo semestre de 1994 acabei por me transferir para o Benfica.
Encontrar e dividir o balneário
com jogadores como Michel Preud’homme e Caniggia, que tinham estado no Mundial
1994, e de craques que eu idolatrava e via na televisão, como João Vieira
Pinto, Neno, Vítor Paneira, Mozer, Isaías, Abel Xavier, Kenedy, Hélder, William
e César Brito, foi um dos pontos mais altos da minha carreira. É claro que
guardo boas recordações. O futebol fez-me ganhar muitos amigos, que ainda
conservo. Há um grupo de ex-jogadores do Benfica
no qual estou inserido e temos falado muito. Foi uma alegria muito grande ter
passado e jogado pelo Benfica.
Sair do Nacional de Benguela para o Benfica
sem passar por nenhuma equipa de Luanda é algo que demonstra o grande trabalho
que o Nacional de Benguela fazia na altura, porque os jogadores que iam para Portugal
saíam principalmente do Petro
e do 1º
de Agosto. Felizmente quebrei essa barreira. É um momento que está marcado.
No Benfica
apanhou Artur Jorge e Manuel José como treinadores. O que achou de cada um
deles?
Eram dois treinadores super
exigentes, cada um com o seu método de trabalho. Quando apanhei o mister Artur
Jorge eu era praticamente uma criança e o mister já tinha no seu currículo
vários títulos, era o Senhor Artur Jorge. Com ele aprendi muitas coisas. Quando
fui para Portugal,
fintava muito, e com ele aprendi a jogar mais para o coletivo, focar-me mais na
baliza, jogar mais na zona em que o ponta de lança se movimentava melhor. Foi
um prazer muito grande ter tido a oportunidade e a sorte de trabalhar com o
mister Artur Jorge. É claro que gostaria de ter ganhado alguma coisa com o
mister Artur Jorge, mas infelizmente não foi possível.
Com o mister Manuel José eu já
estava mais crescidinho. Apesar de já me ter visto em Portugal,
também me viu em Luanda num jogo da seleção
de Angola e ficou maravilhado comigo. Acabei por ficar no plantel. Era um
treinador bastante exigente e aprendi muito com ele. Foi uma pena não termos
ganhado nada. Ainda hoje dou conselhos que estes dois senhores do futebol me
davam na altura.
Um brilhante arranque no Alverca… até ir para o CAN 1996
No Alverca
comecei bem a época, a fazer golos e a ajudar a equipa a atingir os seus
objetivos, uma vez que o Alverca
se estreava na II
Liga. Felizmente as coisas começaram a correr bem: fiz dois golos no
primeiro jogo, frente ao Famalicão; e fiz um golo no primeiro jogo em casa, com
o União de Lamas. Infelizmente para o clube fui para o CAN
1996, na estreia de Angola
numa fase final do CAN,
e no jogo com o Egito sofri uma lesão gravíssima, uma rotura de ligamentos
cruzados que acabou por me afastar durante um bom tempo. Isso fez que a minha
época, que começou tão bem no Alverca,
terminasse ali. Mas guardo boas recordações dos ex-colegas, como o José Soares,
que vivia ao meu lado e também estava emprestado pelo Benfica,
assim como o Nélson Morais, que dava boleia para Alverca.
Aliás, parte dos jogadores que estavam no Alverca
eram muitos deles jogadores do Benfica,
porque o Alverca
era o clube-satélite do Benfica,
como se fosse uma equipa B. Os professores Arnaldo Cunha e João Santos, também
eram do Benfica
e foram para o Alverca
abraçar o projeto. O diretor desportivo era o Veloso, que tinha sido meu
capitão no Benfica.
O presidente Luís Filipe Vieira fazia muito bem o seu trabalho, como jogadores
como Juba, Vince, Vasco, Adriano e Cid. E tive a felicidade e a honra de jogar
com o Abel Campos, a nossa gazela. Não há nada melhor do que poder dizer que
joguei com este grande monstro do futebol
angolano, que fez uma grande carreira em clubes como Benfica,
Sp.
Braga e noutros campeonatos em que passou. Guardo boas recordações da minha
passagem pelo Alverca,
apesar da lesão que sofri no CAN
1996 e de ter interrompido um brilhante arranque de época.
Em Alverca
apanhou como presidente Luís Filipe Vieira, que poucos anos depois se tornou
presidente do Benfica.
Como era ele naquela altura tanto em termos pessoais como na gestão desportiva?
Sempre foi um presidente
presente. Como dirigente, procurava estar próximo da equipa e dar todo o apoio
possível. O Alverca
estava a fazer a sua primeira época na II
Liga e para a direção do Alverca
era importante acompanhar bem a equipa. Felizmente tivemos esse apoio. Não há
razões de queixa, era um excelente presidente. E como homem também não tenho
razões de queixa. Sempre esteve disponível para nos apoiar. Fruto do bom
trabalho que fez no Alverca,
acabou por concorrer à presidência do Benfica
e hoje continua a ser presidente do Benfica.
Tem feito um grande trabalho e fico feliz por ter feito parte da comissão de
honra nas últimas eleições. Valeu a pena o apoio e faço votos para que continue
a fazer um grande trabalho, a ganhar títulos. Falamos sempre que possível.
Estivemos juntos quando ele veio a Angola
a convite da Casa do Benfica em Luanda. Apesar do seu estatuto, é uma pessoa
fantástica, com um sentido de humor elevado, que sabe tratar bem as pessoas e
separar o lado do dirigente e o lado do homem. Desejo-lhe sucessos neste
quadriénio que tem pela frente na liderança do Benfica.
“Graeme Souness perguntou-me se eu era melhor que o Maradona”
Akwá chegou ao Benfica em 1994 |
Em 1998, depois de uma época na Académica,
decide rumar ao futebol árabe. O que o levou a tomar essa decisão numa fase
ainda tão prematura da sua carreira? Sente que desportivamente poderia ter ido
atingido um nível mais alto se tem continuado no futebol europeu?
A minha mudança para o futebol
árabe deveu-se a não ter ficado no Benfica.
Quando tudo indicava que fosse ficar no Benfica,
cheguei um mês depois de a equipa ter começado a treinar, porque estive na
seleção, o treinador era novo e não me conhecia. O mister Graeme Souness disse
que eu tinha um treino para mostrar o que valia. Disse-me que não era normal eu
não ter estado no Mundial, mas sim numa competição africana e atrasar-me um
mês. Inclusivamente perguntou-me se eu era melhor que o Maradona. Felizmente
fui para o treino, as coisas correram bem, fui impressionando o treinador, tive
um apoio extra do mister Carlos Alhinho para melhorar as minhas debilidades e
tudo indicava que fosse ficar no Benfica.
Num dos primeiros jogos da época
o Benfica
recebe o Beira-Mar, eu estava no camarote e no intervalo do jogo fui à casa de
banho. O presidente do Beira-Mar [Mano Nunes] viu-me e disse ao presidente do Benfica,
Vale e Azevedo, que precisava do Akwá e que me queria lá. O Vale e Azevedo, sem
perguntar nem contactar o treinador principal, disse que eu na segunda-feira
tinha de me apresentar em Aveiro para começar a treinar. Perante isto, fiquei
pior que estragado, fui para casa a chorar. No dia seguinte os jornais já
falavam do meu provável empréstimo ao Beira-Mar, mas eu já tinha tido uma
experiência negativa na Académica
e não queria repetir.
Na segunda-feira fui ao Estádio
da Luz para buscar as minhas coisas, recebi um telefonema de um empresário
iraquiano que vivia em Portugal
há muito tempo e apresentou-me a proposta de uma equipa da Arábia Saudita, que
estava muito interessada em mim. Não pensei duas vezes. Sabia que se
continuasse em Portugal
as coisas não iriam correr bem e como tinha poder de decisão e quem pagava o
meu contrato seria o Al Shabab de Riade. Sentámo-nos, falámos e chegámos a um
consenso. Assinei pelo clube saudita e foi assim que me iniciei no mundo árabe.
Tinha 22 anos e tudo para
explodir na Europa, mas a cabeça não estava em condições. Acabei por ficar no
mundo árabe até quase ao final da minha carreira. Após seis meses na Arábia
Saudita lesionei-me e fui emprestado para Al-Wakrah do Qatar, onde fiz um final
da época espetacular, fui o melhor marcador do campeonato e ajudei o clube a
ganhar pela primeira vez o campeonato e a Taça do Príncipe Herdeiro.
É claro que se ficasse na Europa
e com um bom empresário as coisas seriam diferentes, e é verdade que quando fui
para o mundo árabe acabei por me acomodar. O que podia acontecer a nível da
Europa acabou por não acontecer, mas também não me arrependo. Foi a opção que
eu tomei e fico feliz com a carreira que tive. Ganhei alguns títulos e consegui
ajudar à seleção quando jogava no mundo árabe. Podia ter sido melhor, mas foi o
possível e tenho de agradecer a Deus tudo o que consegui a jogar no mundo
árabe.
Formou “dupla temível” com Caniggia no Qatar
Akwá com Caniggia no campeonato do Qatar |
No Qatar foi orientado por Rabah Madjer e jogou ao lado de Christophe
Dugarry. O que viveu de melhor e pior no país do Golfo Pérsico?
Quando me apresentei no Qatar, no
primeiro dia, um colega meu brasileiro chamado André disse-me que o nosso
treinador já tinha jogado em Portugal,
no FC
Porto, mas que não era português, mas que falava português, apesar de ser
argelino. Disse logo para mim que seria o Rabah Madjer e as minhas suspeitas
acabaram por bater certo. Felizmente foi o mister Rabah Madjer que tinha pedido
ao clube para me contratar, porque precisava de um ponta de lança e já me
conhecia de Portugal.
Quando fui para Portugal,
o mister Rabah Madjer treinava os juniores do FC
Porto. Felizmente ganhámos coisas juntos no Qatar, como a Taça do Príncipe
e o campeonato, troféus que o clube ainda não tinha vencido. Aprendi muito com
ele, era um treinador muito exigente. Fruto da brilhante carreira que teve, só
pude beber coisas boas dele. Acabámos por fazer um grande trabalho, foi uma
pena ter sido apenas uma época.
Quanto ao Dugarry, todos os
jogadores querem jogar com jogadores de topo. O Dugarry foi um jogador de topo,
que passou em grandes clubes, como AC
Milan, Barcelona
e Bordéus. Quanto soube que ele ia jogar para o Qatar Club, fiquei contente,
até porque pensei que iriamos formar uma dupla. Infelizmente as coisas não
correram bem para ele e acabou por rescindir contrato. O tempo que passei com
ele deu para uma boa convivência, mas o Dugarry acabou por praticamente não
chegar a jogar.
Depois da saída dele, chegou o
Caniggia, que eu já conhecia do Benfica,
e acabámos por fazer uma grande dupla. Fiquei feliz por terem assinado com ele.
Fizemos muitos golos e ganhámos vários títulos.
“Fiquei contente por ter jogado numa equipa com a grandeza do Petro”
Akwá com a camisola do Petro de Luanda |
Na fase final da carreira voltou a Angola
para representar pela primeira vez um dos principais clubes do país, o Petro
de Luanda. Que balanço faz do tempo que passou no emblema tricolor? Foi a
melhor forma de se despedir dos relvados?
O meu regresso a Angola
não foi exatamente o que eu queria nem o que planeei. Na altura, já tinha o
litígio com o Al-Wakrah. Mesmo antes do Mundial 2006 alguns clubes tentaram
contratar-me, mas o Al-Wakrah dizia que eu tinha problemas com eles e que se eu
não os resolvesse não me deixavam sair. Depois do Mundial fiquei um ano e meio
sem jogar até que um dia, um advogado português que eu tinha consultado disse
que o clube não tinha poderes para me prender enquanto a FIFA não se
pronunciasse e aconselhou-me a assinar contrato com um clube angolano.
Tendo esse contrato assinado com um clube angolano,
obrigatoriamente a Federação
Angolana teria de pedir o certificado internacional à Federação do Qatar.
Se a Federação do Qatar negasse o envio, então a Federação
Angolana iria pedir um certificado internacional provisório à FIFA até que
resolvessem a situação.
Conversei com o Paulo Tomás, que
era chefe de departamento do Santos, solidarizou-se com a minha causa, levou o
problema à direção do Santos, na pessoa do presidente Ismael Diogo, que me quis
ajudou e fez um contrato. O Santos deu entrada do meu contrato na Federação, a
Federação pediu o certificado internacional e dias depois o certificado chegou
a Angola.
Dias depois, acabámos por
rescindir o contrato, porque era só para pedir para pedir o certificado
internacional e uma vez que o Santos tinha uma política de só utilizar
jogadores da formação, e apareceu o Petro
de Luanda. Também houve interesse do Sagrada Esperança, mas acabei por
assinar com o Petro.
Não foi um contrato de três épocas, era um contrato de um ano e meio que acabou
por durar apenas meio ano. Fiz a segunda volta do Girabola,
mas as coisas não correram bem para mim nem para o Petro.
No ano a seguir acabei por não
continuar no Petro.
Não foi um regresso conforme eu esperava, mas foi o necessário. Fiquei contente
por ter jogado numa equipa com a grandeza do Petro,
apesar de não ter ganhado nada. Foi bom ter vestido a camisola do Petro
e ter jogado com grandes jogadores e ser treinado por grandes treinadores. Até
então só tinha jogado no Nacional de Benguela e pelos clubes estrangeiros. Foi
o possível.
Não diria que foi a melhor forma
de me despedir dos relvados, porque acabei por nem me despedir. Rescindi o
contrato com o Petro
e havia a possibilidade de ir para outro clube, mas infelizmente depois saiu o
diferimento da FIFA e acabei por ser banido de todas as atividades da FIFA.
Acabei por não ter uma despedida. Não faço um balanço positivo nem o que eu
esperava.
Propomos-lhe um desafio. Elabore um onze ideal de jogadores com os
quais jogou.
O sistema seria 1x3x5x2.
Guarda-redes: Michael
Preud’homme;
Defesas: Mozer, Yamba Asha
e Michael Mubarak;
Médios: André Macanga,
Paulão, Paulo Figueiredo, Cláudio Caniggia e Zé Kalanga;
Avançados: Flávio e Akwá
Apesar de ter trabalhado com
vários treinadores, quer sejam nacionais ou estrangeiros, mas há quatro que de
certeza marcaram profundamente a minha carreira:
1 - Ernesto Baptista “Mister
Sessé”, por ter sido o treinador que trabalhou comigo nas camadas jovens do
Clube Nacional de Benguela, e foi fundamental na minha adaptação e integração
no Nacional;
2 - Antônio Lopes “Chiby”, que eu
tenho dito e vou morrer dizendo que é o maior responsável por tudo que consegui
alcançar como futebolista. O melhor que me poderia ter acontecido foi me ter
cruzado com o mister Chiby, porque não basta só ter talento, mas também temos
que ter a sorte de encontrar treinadores que apostem nos miúdos e que, mesmo
quando as coisas correm mal, não desistem.
3 – Professor Oliveira Gonçalves,
pois foi com ele que cheguei pela primeira vez a uma seleção, embora aos sub-16,
mas não deixou de marcar o início de uma era nova para mim. Tive da parte do professor
Oliveira Gonçalves um apoio grande, já que eu era o único jogador vindo de um clube
da província.
4 - Professor Carlos Alhinho, o pai
da revolução do futebol
angolano a nível da história das seleções nacionais. Mudou o paradigma das
seleções jovens, que passaram a incluir jogadores de outros clubes que não os
de Luanda. Foi o responsável pela aparição de jogadores como Marito, Papa,
Bifex, Yamba Asha e Jamba como titular nos seniores dos seus clubes, coisa que
era visto como miragem, e para não falar do excelente trabalho que fez nas seleções,
o que culminou com a nossa primeira qualificação a um CAN,
em 1996, na África do Sul.
Nasceu com o nome Fabrice Alcebiade Maieco, mas todo o conhecem como
Akwá. De onde surgiu esta alcunha?
Realmente chamo-me Fabrice
Alcebiade Maieco, mas o mundo conhece-me por Akwá. É apenas um nome, não sei o
significado, caso haja. Foi o nome dado pelos meus pais.
Nasceu e cresceu em Benguela. Como foi a sua infância e quando é que a
bola entrou para a sua vida?
A bola sempre esteve presente na
minha vida por influência do meu irmão mais velho, que já jogava nos caçulinhas
no Clube Nacional De Benguela. Jogava nos intervalos das aulas, no Bairro, ou
seja, primeiro na cidade onde vivia no prédio da Impala, no campo do
Cassinhora, no prédio do Capomba, Armando Lopes, hoje Aparthotel Mil Cidades e
depois no Bairro dos Navegantes, para onde nos mudámos. E mais uma vez por
influência do meu irmão mais velho, segui-o até à Empresa Ecomil II, onde ele
jogava, e foi assim que tudo começou a ser mais sério.
Akwá impedido de exercer cargos no futebol profissional |
Desde que se retirou, em 2009, que de certa forma tem estado desligado
do futebol no terreno, muito por conta de uma sanção aplicada pela FIFA
motivada por uma dívida que tem com o Al-Wakrah. Como se sente por estar
privado de exercer cargos como dirigente ou treinador a nível profissional?
Continuar ligado ao futebol é o que sempre desejou?
Sinto-me dececionado, porque os
dirigentes da Federação
Angolana de Futebol (atuais e antigos) sabem de que forma fui castigado e
não recebi apoio por parte deles. Não receber esse apoio deita por terra tudo o
que de bonito fiz e todo o esforço e toda a minha dedicação em prol do país.
Todo o filho que da o seu melhor em defesa da pátria espera ser reconhecido.
Esse castigo tem-me afastado de
inúmeras coisas, não só no treino e no dirigismo, mas também da CAF. Poderia
ser um embaixador da CAF. Recentemente houve uma votação para eleger os 20
melhores jogadores de sempre da África Austral e o meu nome não constou. Tudo
por culpa desse castigo. Sinto-me triste e dececionado, porque quando as
pessoas precisavam do Akwá, faziam 30 por uma linha para que o Akwá viesse.
Houve um jogo com a Zâmbia em que cheguei ao país já com a partida a decorrer e
fui a correr para o banco de suplentes. Isso é frustrante, mas são os
dirigentes que temos.
Tenho feito os meus trabalhos nas
comunidades, a incentivar as nossas crianças a praticar desporto e a apadrinhar
vários torneios nas comunidades. Assim tem sido a minha vida.
É claro que desejo continuar
ligado ao futebol. Quem entra no futebol não quer sair. Quem deu o seu
contributo para o desporto nacional, não quer desligar-se de tudo, apesar de um
caso ou outro. Não fujo à regra. O futebol é o meu mundo, onde me fiz homem. Queria
passar a experiência que ganhei no mundo do futebol e contribuir para a nova
geração de futebolistas. Infelizmente, com esse castigo tudo fica mais
complicado. Sempre olhei para a área do dirigismo desportivo como uma opção. Vejo
alguns colegas meus como embaixadores da CAF e tenho plena certeza que se não
fosse este castigo também seria embaixador da CAF. Não fui isto que eu desejei.
Desejei um final feliz, porque quem chega à porta do paraíso quer entrar no
paraíso e não vivenciar situações negativas. Tenho vindo a beber de uma água
que não é aquela que eu preparei para mim. Continuo a acreditar que este problema
se irá resolver.
“Cheguei a Portugal sendo comparado a Eusébio”
O que acha da atual geração de futebolistas angolanos?
Quem é o mais parecido com o estilo de Akwá e que jogador acha estar mais
próximo de ser o seu substituto como melhor marcador dos Palancas
Negras?
É complicado um nome que seja
parecido ao Akwá, ao Flávio, ao Manucho e ao Mantorras. Cada um tem o seu
estilo e é complicado fazer comparações, porque acabaram por olhar para o
jogador não pelo jogador em si, mas pelo jogador que pensam que é. Tenho uma
experiência amarga, porque cheguei a Portugal
sendo comparado a Eusébio. Em vez de verem o Akwá jogar, viam o Eusébio. Isso é
mau.
Mas há jogadores com condições
para inscrever o seu nome na história da seleção
angolana, até porque têm feito bons trabalhos nos clubes, como é o caso de
Gelson Dala, que tem feito bons jogos e golos no Rio Ave. Na seleção também tem
estado bem, embora a seleção não esteja a atingir os objetivos que todos
queremos. Recentemente têm aparecido bons jogadores, como Zito Luvumbo e Capita.
Se forem bem aproveitados, podemos fazer uma boa seleção. Loide Augusto também
está a aparecer e tem a felicidade de estar no Sporting.
O nível competitivo do nosso
campeonato tem oscilado. Não é um campeonato estável, porque as equipas
raramente dão continuidade ao trabalho feito na época anterior, as equipas são
inconstantes e, tirando o Petro
e o 1º
de Agosto, que lutam sempre pelo título, as outras equipas são sempre
irregulares. De vez em quando aparece uma ou outra equipa que surpreende, é
como o Paulo Tomás [comentador desportivo e antigo dirigente do Santos]
designou: um “Cavalo Paraguaio” que aparece na linha da frente, dificulta a
campanha dos candidatos ao título, mas depois desaparece.
Poderíamos ter mais equipas a
disputarem o título. No passado já tivemos muitas equipas, como o Kabuscorp, o
Recreativo do Libolo, o Interclube (apesar de se assumir sempre como candidato
ao título, mas que acaba sempre por dececionar) e o Sagrada Esperança que
também já foi um candidato ao título, mas atualmente temos o Petro
e o 1º
de Agosto que são sempre candidatos ao título, o Interclube pelo poder
financeiro que tem é sempre um natural candidato.
É importante estabilizarmos o
nosso campeonato e as equipas pararem de se queixar. Muitos clubes alegam
dificuldades financeiras ainda no início do campeonato e os atletas acabam por
ter péssimas condições, e isso acaba por contar. A prova disso são as
dificuldades que temos tido nas competições africanas: os nossos gigantes fazem
e desfazem no campeonato interno, mas nas competições africanas é o que tem
sido. Ainda há muito por fazer e quando as equipas conseguirem manter o nível
por duas ou três épocas, aí sim..., mas até lá, há muito por se fazer.
Em relação ao futebol de
formação, apesar de existirem muitas equipas que trabalham na formação, e não
me refiro às equipas grandes do Girabola,
mas às várias equipas de todo o país que fazem um grande trabalho na formação,
mas que é mal aproveitado, os jogadores são mal aproveitados, apesar de um ou
outro vingar. É inadmissível aceitar que num universo de 50 clubes temos poucos
jogadores vindos da formação. Um ou outro é que acaba por despontar, quando
anualmente poderíamos ter 15 ou 20 bons jogadores da formação.
Isto também tem a ver com a forma
como os nossos clubes aproveitam os mesmos jogadores, pois os clubes de Angola
têm preferido apostar mais em jogadores estrangeiros e muitos deles acabam por
não agregar valor ao campeonato, muitos deles chegam e não são titulares nos
seus clubes e ocupam um lugar que poderia ser dado aos jogadores da formação.
É importante fazer muito mais,
dar mais jogos aos jogadores da formação, temos de organizar os nossos
campeonatos nacionais de formação, quer de juvenis quer juniores, é preciso que
haja mais jogos, não é possível que para se ganhar um nacional sejam precisos
apenas quatro ou cincos jogos. O facto de os campeonatos províncias serem muito
mais longos que o campeonato nacional significa que alguma coisa não está bem,
mas alguns clubes têm feito o seu trabalho, enquanto outros precisam de melhorar
e melhorar as condições de trabalho. Se assim for, tenho a certeza de que
poderemos colher bons frutos no futuro como é o caso do Zito Luvumbo e do Capita,
que saíram para o estrangeiro. Os nossos clubes devem começar a pensar que
quanto mais cedo o jogador se transferir para o estrangeiro melhor é, não
adianta prendermos o jogador. Quando há um clube interessado que o jogador vá
para o estrangeiro, há um gasto mais reduzido e quando o jogador começar a
despontar poderemos colher os frutos, porque muita das vezes os nossos clubes
acabam por vetar a saída dos atletas para o estrangeiro.
Entrevista realizada por Romilson Teixeira
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