Restrito lote de internacionais angolanos que jogaram nas big five |
Os campeonatos de
Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França são considerados os
principais no panorama europeu e até mundial, o que lhes vale a
designação de big five.
Embora muitos mais
jogadores nascidos em Angola
ou com origem angolana
tenham disputado pelo menos uma destas cinco ligas, se
contabilizarmos apenas os que jogaram pelos Palancas
Negras, que tiveram o seu primeiro encontro oficial em 8 de
fevereiro de 1976, o lote fica restrito a apenas nove futebolistas.
A história de
internacionais angolanos nas big five foi iniciada em novembro
de 1993, na Alemanha, o país que recebeu mais futebolistas com o
carimbo da seleção
angolana: quatro. Ainda assim, foi em Inglaterra que um jogador
natural da terra
da Palanca conseguiu contribuir para a conquista de um título e
em Espanha que um clube recebeu dois internacionais angolanos.
Vale por isso a pena
conhecer esta lista.
Quinzinho (1 jogo)
Quinzinho jogou no Rayo |
Começamos esta lista com
um avançado, nascido em Luanda e que no verão de 1999 reforçou os
espanhóis do Rayo Vallecano por empréstimo do FC Porto, já depois
de ter saído de Angola,
onde representava o ASA, e de ter estado cedido a União
de Leiria e Rio Ave.
Apesar de ir integrar uma
equipa recém-promovido à I Liga espanhola e de já ter no currículo
duas participações na Taça
das Nações Africanas (1996 e 1998) e algumas dezenas de jogos
na I
Liga portuguesa, não foi feliz no clube dos arredores de Madrid.
Apenas foi utilizado num
encontro, e por apenas 16 minutos, numa derrota em casa com o
Saragoça (0-1), na 5.ª jornada. Nessa aventura, que terminou em
janeiro de 2000, teve como companheiro de equipa o guarda-redes Julen
Lopetegui e o médio português Hélder Batista.
Depois de meio ano em
Espanha regressou a Portugal para concluir a época no Farense.
Seguiram-se aventuras no Desportivo das Aves, Alverca
e Estoril
no futebol luso, sete anos na China e o regresso a Angola
para representar Recreativo da Caála e a casa-mãe, o ASA.
Pela seleção
angolana disputou 36 jogos e marcou sete golos
entre 1995 e 2005.
Curiosamente, o seu
filho, Xande Silva, já atuou na Premier League ao serviço do West
Ham durante 17 minutos numa derrota às mãos do Burnley em dezembro
de 2018, o que lhe poderá valer a entrada nesta lista caso opte
pelos Palancas
Negras. Por enquanto nada aponta nesse sentido, uma vez que
nasceu em Lisboa e tem representado as seleções jovens portuguesas.
José Vunguidica (1 jogo)
José Vunguidica |
Mais um avançado nascido
em Luanda. Porém, Vunguidica emigrou para a cidade alemã de Neuwied
quando tinha apenas dois anos, para fugir à guerra civil que
assolava Angola.
Foi na Alemanha que começou a jogar futebol, no Oberbieber, tendo
rumado aos 15 anos para o Colónia, clube pelo qual assinou o seu
primeiro contrato profissional e fez a estreia na Bundesliga.
A 13 de novembro de 2010
entrou aos 65 minutos numa derrota caseira às mãos do Borussia
M'gladbach (0-4), tendo jogado ao lado de Geromel, antigo central do
Vitória
de Guimarães, e sobretudo do internacional alemão Lukas
Podolski. Também teve como companheiro de equipa o antigo
internacional português Petit.
Na segunda metade da
época esteve emprestado ao Kickers Offenbach, da III Liga, patamar
em que passou boa parte da carreira, também ao serviço de Preussen
Munster e Wehen Wiesbaden. Ainda jogou na II liga alemã ao serviço
do Sandhausen e desde o verão de 2018 que atua no Saarbrücken, nos
campeonatos regionais.
Pela seleção
angolana contabilizou 14 internacionalizações entre março de
2009, quando ainda atuava na equipa de sub-21 do Colónia, e novembro
de 2014, quando estava na III Liga, tendo participado no CAN
2012. “Todos os jogadores gostam de jogar para as equipas da sua
terra”, afirmou em novembro de 2013 ao site DW.
Luís Delgado (3 jogos)
Luís Delgado |
Também nascido em
Luanda, o lateral esquerdo Luís Delgado viu o seu bom desempenho
Mundial 2006 ser premiado com uma transferência para o Metz, clube
francês ao qual chegou proveniente do Petro de Luanda, já depois de
também ter passado pelo 1º de Agosto.
Na época de estreia
em França, em 2006-07, contribuiu para a promoção de les
grenats à Ligue 1, competição em que disputou três jogos na
temporada seguinte, diante de Lille, Valenciennes e Lyon, todos como
titular e nas primeiras oito jornadas do campeonato. Nessa época
teve como companheiros o médio
bósnio Miralem Pjanic e o avançado senegalês Papiss Cissé,
entre outros.
Porém, a aventura na
elite do futebol gaulês durou apenas uma época, pois o Metz foi
despromovido. Ainda continuou mais um ano no clube e depois
permaneceu na Ligue 2 ao serviço do Guingamp, que lhe possibilitou a
estreia na Liga
Europa, antes de terminar a carreira em Angola
com a camisola do Progresso Sambizanga.
Pelos Palancas
Negras somou 21 internacionalizações e um golo. Além do
Campeonato do Mundo da Alemanha, disputou a Taça
das Nações Africanas em 2006 e 2008.
Bruno Gaspar (15 jogos)
Bruno Gaspar representou a Fiorentina em 2017-18 |
Filho de pai angolano
natural do Huambo, Bruno Gaspar nasceu na cidade portuguesa de Évora,
de onde a mãe também é natural. Depois de se ter iniciado no
futebol no modesto clube eborense Canaviais, de ter completado a
formação no Benfica
e de ter evoluído na I
Liga portuguesa com a camisola do Vitória
de Guimarães, assinou pelos italianos da Fiorentina no verão de
2017, numa transferência que rendeu quatro milhões de euros aos
cofres dos vimaranenses.
Ao serviço do emblema
de Florença teve a oportunidade de jogar num dos melhores
campeonatos do mundo, tendo participado em 15 jogos, dos quais apenas
seis como titular. Apesar da pouca utilização, partilhou o
balneário com futebolistas como o malogrado central italiano Davide
Astori, o médio internacional croata Milan Badelj ou o avançado
italiano Federico Chiesa e defrontou grandes equipas como Juventus,
Roma, Nápoles ou AC
Milan.
No final dessa época
voltou a Portugal pela Portugal a título definitivo pela porta do
Sporting em junho de 2018, numa fase em que Bruno
de Carvalho estava à beira de ser destituído. Em Alvalade
ganhou uma Taça
da Liga e uma Taça
de Portugal na época de estreia, mas foi quase sempre segunda
opção, tendo sido emprestado no último verão aos gregos do
Olympiacos.
Depois de 14
internacionalizações pelas seleções jovens portuguesas, decidiu
no ano passado representar Angola
e foi chamado para o CAN
2019.
Miguel Pereira (16 jogos)
Miguel Pereira |
Miguel Pereira nasceu
em Luanda mas fez toda a carreira na Alemanha, tendo feito a estreia
na Bundesliga a 5 de novembro de 1993 com a camisola do Schalke 04,
quando tinha apenas 18 anos. O avançado angolano entrou aos 62
minutos num triunfo caseiro sobre o extinto Leipzig por 3-1.
As oportunidades no
emblema de Gelsenkirchen foram poucas durante as cinco épocas que
esteve ao serviço do clube, entre 1993-94 e 1994-95 e entre 1996-97
e 1998-99, mas conseguiu somar 16 jogos no primeiro escalão do
futebol alemão. Pelo meio passou pelo Preussen Munster (1995-96) e
representou Angola
no CAN
1998, tendo apontado um golo no empate a três bolas com a Namíbia.
Em junho de 1995
chegou mesmo a marcar um golo numa vitória em casa sobre o Friburgo
(2-1). Foi, por isso, o primeiro internacional angolano a jogar e a
marcar num dos cinco principais campeonatos europeus. Durante esses
anos, teve como companheiros o guarda-redes alemão Jens Lehmann, o
defesa alemão Thomas Linke e o médio belga Marc Wilmots, entre
outros.
Depois disso jogou nas
divisões secundárias do futebol germânico por St. Pauli, Munique
1860 B, Hüls e Wattenscheid.
Ao serviço da seleção
angolana disputou 11 jogos e marcou dois golos em 1998 e 1999.
Bastos (58 jogos)
Bastos |
Nascido na capital
angolana
a 27 de março de 1991, Bastos começou a jogar futebol a nível
profissional no Petro de Luanda, clube pelo qual venceu duas Taças e
uma Supertaça de Angola.
As boas exibições no
emblema da capital levaram-no ao CAN
2013 e uma transferência para os russos do Rostov. Na Rússia
estabeleceu-se como titular indiscutível e venceu uma taça logo na
época de estreia, em 2013-14.
As boas campanhas não
passaram despercebidas aos italianos da Lazio, que o contrataram no
verão de 2016 por cinco milhões de euros. Em Roma não tem sido um
titular indiscutível, mas não há treinador que abdique de o ter no
plantel. Em quase quatro anos, já disputou 58 jogos e marcou seis
golos na Série A, tendo partilhado o balneário com craques como o
central holandês Stefan de Vrij, o médio argentino Lucas Biglia, o
médio ofensivo sérvio Milinkovic-Savic, o extremo brasileiro Felipe
Anderson ou o goleador italiano Ciro Immobile.
Em 2019 ajudou a
formação laziale a conquistar a Taça de Itália, atuando de
início na vitória sobre a Atalanta na final (2-0), e um mês depois
esteve Taça
das Nações Africanas ao serviço dos Palancas
Negras, pelos quais soma já meia centena de
internacionalizações e dois golos.
Rui Marques (79 jogos)
Rui Marques |
Rui Marques nasceu em
Luanda mas emigrou para Portugal aos sete anos devido à Guerra Civil
de Angola.
Começou a jogar na margem
sul do Tejo, no Moitense
e na Quimigal,
antes de chegar ao Benfica,
que o colocou a rodar no Olivais, nos suíços do Baden e, em
1999-00, no Ulm, equipa que nessa época participou pela única vez
da sua história na Bundesliga.
A boa campanha (32
jogos) valeu-lhe a transferência para o Hertha de Berlim, mas não
chegou a jogar no campeonato pelo clube da capital germânica e por
isso mudou-se no mercado de inverno para o Estugarda, onde foi mais
feliz.
Durante duas épocas e
meia no clube este central disputou 47 encontros, tendo jogado o lado
de futebolistas como guarda-redes alemão Timo Hildebrand, o lateral
alemão Andreas Hinkel, o central/médio defensivo português
Fernando Meira, médio ofensivo búlgaro Krasimir Balakov, o médio
ofensivo bielorrusso Aliaksandr Hleb ou o avançado alemão Kevin
Kurányi.
Em 2002-03 ajudou a
equipa a sagrar-se vice-campeã nacional e a vencer a Taça Intertoto
e na época seguinte continuou vinculado ao emblema germânico, mas
não foi utilizado em qualquer partida.
Depois regressou a
Portugal para representar o Marítimo e voltou a emigrar, desta vez
para Inglaterra, onde jogou com as camisolas de Hull City e Leeds na
II Liga (Championship). É já nesta fase da carreira que se torna
internacional angolano, tendo contabilizado 21 jogos pelos Palancas
Negras, que representou no Mundial 2006 e nas Taças
das Nações Africanas de 2008 e 2010.
Nando Rafael (120 jogos)
Nando Rafael |
Mais um caso de um
futebolista nascido em Luanda e que teve de deixar Angola
devido à Guerra Civil. No caso do avançado Nando Rafael, emigrou
ilegalmente para os Países Baixos aos oito anos depois de os pais
terem sido assassinados.
Depois de ter passado
pela formação do Ajax,
não recebeu autorização por parte das autoridades holandesas para
poder trabalhar no país, por não estar legal, o que o fez mudar-se
de armas e bagagens para a Alemanha. No verão de 2002, aos 18 anos,
ingressou no Hertha de Berlim, clube pelo qual efetuou 70 encontros e
marcou 16 golos na Bundesliga entre 2003 e 2006. Como companheiros
teve jogadores internacionais como o defesa alemão Marko Rehmer, o
central croata Josip Simunic, o lateral direito alemão Arne
Friedrich, o lateral esquerdo brasileiro Gilberto, o médio defensivo
croata Niko Kovac, o médio belga Bart Goor e o avançado alemão
Fredi Bobic.
Entretanto recebeu
nacionalidade alemã em 2005 e representou a seleção sub-21
germânica, tendo marcado presença no Campeonato da Europa da
categoria em 2006, que se realizou em Portugal.
Em janeiro de 2006
mudou-se para o Borussia Mönchengladbach, tendo atuado em 33
encontros e marcado seis golos no campeonato, alguns dos quais ao
lado de jogadores como o central português Zé António, lateral
direito dinamarquês Thomas Helveg, o lateral esquerdo alemão
Marcell Jansen, o médio ofensivo alemão Marko Marin, o avançado
brasileiro Élber e o avançado alemão Oliver Neuville. Porém, não
evitou a descida de divisão em 2006-07.
Entre 2008 e 2010
esteve no futebol dinamarquês ao serviço do Aarhus, tendo voltado à
Alemanha em janeiro de 2010 pela porta do Augsburgo, clube que ajudou
a promover à Bundesliga em 2011, tendo contabilizado mais seis
partidas e dois golos no primeiro escalão do futebol germânico
nessa aventura. A meio da época de regresso ao campeonato alemão,
em 2011-12, esteve no CAN
2012 ao serviço de Angola,
tendo amealhado aí as duas internacionalizações que tem no
currículo pelos Palancas
Negras.
Na temporada seguinte
despediu-se do campeonato alemão com a camisola do Fortuna
Düsseldorf, com a qual disputou 11 jogos e apontou dois golos no
campeonato.
Seguiu-se uma aventura
na China, o regresso à Alemanha para representar o Bochum na II liga
alemã em 2015-16 e uma pausa na carreira até julho do ano passado,
quando assinou pelo Birklar, dos escalões secundários do futebol
germânico.
Manucho (158 jogos)
Manucho jogou no Manchester United |
Se a maioria dos
internacionais angolanos que chegaram às principais ligas europeias
deixaram Angola
em tenra idade e cresceram na Europa, Manucho saltou diretamente do
Petro de Luanda para o Manchester United aos 24 anos, depois de ter
iniciado a carreira no Benfica de Luanda.
Na primeira época de
vínculo aos red devils, esteve emprestado ao Panathinaikos. A
estreia na Premier League aconteceu somente em 2008-09, quando entrou
para o lugar de Carlos Tévez aos 75 minutos numa goleada caseira
sobre o Stoke City (5-0), numa época em que a equipa orientada por
Alex
Ferguson conquistou o título inglês. Participou ainda em dois
jogos da Taça da Liga, contribuindo para a conquista dessa prova,
tendo treinado e jogado ao lado de autênticas vedetas do futebol
mundial, como Cristiano
Ronaldo, Nani,
Wayne Rooney, Van Der Sar, Ryan Giggs, Nemanja Vidic, Paul Scholes e
Rio Ferdinand.
A meio dessa temporada
foi emprestado ao Hull City, clube pelo qual apontou dois golos em 13
partidas na liga inglesa, ajudando a equipa a fugir à despromoção.
Em 2009-10 rumou ao
Valladolid, onde foi companheiro dos portugueses Sereno e Pelé e do
avançado
hispano-brasileiro Diego Costa, com o qual haveria de rivalizar
por um lugar no eixo do ataque. Somou 28 jogos e quatro golos na liga
espanhola, insuficiente para evitar a descida de divisão.
Entretanto esteve
cedido aos turcos do Bucaspor e do Manisaspor antes de ajudar o
Valladolid a subir de divisão em 2012, tendo permanecido no clube
até 2014, quando voltou a ser despromovido. Em mais duas épocas em
La Liga efetuou 51 jogos e apontou 11 golos, dois
deles ao Real Madrid num encontro disputado em dezembro de 2012.
No verão de 2014
transferiu-se para o Rayo Vallecano, onde ficou quatro temporadas, as
duas primeiras na I Liga espanhola, competição em que disputou mais
65 jogos e marcou mais nove golos. Nesta fase foi colega de equipa
dos portugueses Zé Castro, Licá e Bebé. Manteve-se na equipa
quando o Rayo foi despromovido em 2016 e ajudou o clube a regressar à
elite do futebol espanhol e a sagrar-se campeão da II Liga na época
de despedida, em 2017-18.
Na temporada seguinte
representou o Cornellà, da II Divisão B espanhola, estando desde
julho do ano passado sem clube. Embora já tenha 37 anos, não
anunciou a retirada.
Internacional angolano
por 52 vezes entre 2006 e 2017, marcou 22 golos ao serviço dos
Palancas
Negras e competiu na Taça
das Nações Africanas em 2008, 2010, 2012 e 2013.
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