O central que nasceu em Messejana, cresceu em Faro e chegou ao Benfica. Quem se lembra de Jorge Soares?
Jorge Soares despontou no Farense e disputou 35 jogos pelo Benfica
A prova viva de que o local de
nascimento não impede um futebolista de conseguir uma boa carreira. Jorge
Soares é natural de Messejana, uma pacata vila alentejana do concelho de
Aljustrel que, por altura da infância deste central, teria entre 1500 a 1800
habitantes – hoje tem cerca de 800.
Alto (1,86 m) e possante, começou
a jogar futebol no Messejanense, tendo depois passado para o Mineiro
Aljustrelense. Paralelamente, foi praticando atletismo, chegando a
sagrar-se campeão nacional em provas de velocidade. Aos 15 anos, após dar nas
vistas pela seleção de Beja
no Torneio Interassociações, foi para Faro concluir a formação no Farense,
clube pelo qual se estreou como futebolista sénior em 1989-90, ajudando os algarvios
a subir à I
Divisão. “O Fanã era o selecionador do Algarve,
isso antes de ir para o Farense.
Então, apareceu-me uma vez lá, no Alentejo. Para mim, era o máximo. Surgiu a
oportunidade e ainda bem que os meus pais me deixaram ir”, recordou ao Maisfutebol
em novembro de 2014. Ao longo das épocas que se
seguiram foi-se afirmando progressivamente no emblema
do São Luís, conquistando definitivamente a titularidade no final de
1991-92. Após a conclusão do campeonato dessa temporada, tornou-se internacional
sub-21, tendo participado no Torneio de Toulon. Em 1994-95 foi um dos esteios da
equipa do Farense
que, sob a orientação de Paco Fortes, conseguiu um brilhante quinto lugar no primeiro
escalão e o consequente apuramento para a Taça
UEFA. Na época seguinte, a sua última na capital do Algarve,
atuou os 180 minutos na
eliminatória diante do Lyon.
No verão de 1996, após cerca de
150 encontros pelos leões
de Faro, deu o salto para o Benfica.
A transferência até já tinha ficado assinada em janeiro desse ano, o que fez
com que o central ainda fosse jogar à Luz
e… marcar o golo da vitória dos algarvios
sobre os encarnados
(0-1). “Já tinha assinado pelo Benfica
em janeiro. Marquei na Luz
e já sabia que ia para lá. Não foi fácil, mas na altura só quis festejar o
golo. Estávamos a precisar de pontos, mas depois do jogo claro que pensei ‘eh
pá, marquei ao meu futuro clube’. Enfim, eu era um bom profissional e teve de
ser assim”, explicou.
A primeira época até foi
relativamente positiva – apesar de um golo de Jardel num clássico na Luz
em que ficou mal na fotografia –, tendo sido utilizado em 29 partidas e
apontado dois golos, aproveitando a saída de Hélder
Cristóvão para o Deportivo
da Corunha para fazer dupla com Bermúdez ou Tahar no eixo defensivo. Em 1997-98, porém, uma rutura dos
ligamentos cruzados, a chegada do paraguaio Carlos Gamarra e a troca de Manuel
José por Graeme
Souness no comando técnico estragaram-lhe a afirmação. “[Souness]
Não me conhecia, praticamente. Tinha mais uma época no contrato, mas optei por
sair, porque queria jogar. Não estive para estar à espera. Ele chega, não me
conhece, ainda me convoca, mas eu queria jogar. Saí sem rancores, a opção foi
minha. Podia ter ficado mais um ano, mas achei que não era bom para mim ficar”,
contou, acerca de uma temporada em que não foi além de seis partidas
disputadas. Seguiram-se cinco anos
maioritariamente positivos no Marítimo,
ajudando os madeirenses
a atingir a final
da Taça de Portugal em 2000-01, o que valeu o apuramento para a Taça
UEFA.
Já na curva descendente da
carreira representou o União
da Madeira, não conseguindo evitar a despromoção à II Divisão B em 2004, e
depois dessa descida de divisão regressou ao Algarve
para vestir a camisola do Louletano
ao longo de quatro temporadas, as últimas da carreira, tendo pendurado as botas
em 2008, aos 36 anos.
Entretanto voltou a estudar,
tirou o curso de educação física e fundou uma escola de futebol com Jorge
Portela, seu antigo companheiro de equipa no Farense.
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