O ídolo do Sp. Braga que passou quatro meses no Sporting. Quem se lembra de Wender?
Wender representou o Sp. Braga entre 2002 e 2008
Há brasileiros que vêm de grandes
clubes do Brasileirão e desiludem no futebol português e há outros que chegam a
Portugal oriundos de emblemas modestos das divisões secundárias do Brasil e
conseguem tornar-se figuras importantes do nosso
campeonato. Wender é um desses casos.
Nascido em Guiratinga, estado de
Mato Grosso, e neto de avô libanês, o antigo extremo esquerdo até passou por um
clube com alguma importância no futebol brasileiro, o Sport
do Recife, mas chegou a Portugal no verão de 1999, para reforçar a Naval,
proveniente do modesto Democrata de Valadares. “Tinha feito um bom campeonato
mineiro, fomos campeões no primeiro turno e destaquei-me. Depois tive a
oportunidade de ir para o Atlético
Mineiro, só que eles deram-me um contrato de seis meses e a Naval deu-me um
de três anos”, contou à Tribuna
Expresso em dezembro de 2016. Nas três primeiras épocas no
futebol luso, na II
Liga, foi sempre a subir: sete golos em 33 jogos em 1999-00, dez golos em
32 encontros em 2000-01 e 16 golos em 33 partidas em 2001-02. Os bons desempenhos tornaram
inevitável o ingresso num clube da I
Liga, acabando por assinar pelo Sp.
Braga no verão de 2002. Na altura, os bracarenses
ainda não tinham o estatuto de quarta potência do futebol português. Aliás, na
primeira época no Minho, Wender viveu o drama de estar até às últimas jornadas
para impedir a despromoção.
Depois, com António Salvador na
presidência e Jesualdo Ferreira no comando técnico, Wender contribuiu
ativamente para que os arsenalistas
se tornassem num cliente habitual das provas europeias. Entre 2002 e 2008
amealhou 195 partidas (164 a titular) e 45 golos pelo Sp.
Braga, ajudando os minhotos
a apurar-se para as competições europeias em 2004, 2005, 2006, 2007 e 2008.
Pelo meio esteve quatro meses no Sporting,
tendo reforçado os leões
no final do mercado de verão de 2005, numa altura em que os verde
e brancos eram orientados por José
Peseiro. “Fez-me sentir que, de repente, podia ser mais utilizado. Quando o
mister começa a falar e tal e você sente que, se mudar, as coisas podem dar
mais certo. No caso, não deram, mas a intenção era essa. O mister estava com a
intenção de mudar o esquema e jogar em 4x3x3, com extremos. Achei melhor optar
pelo Sporting.
Já era um jogador experiente, com 30 anos, acho que até hoje até devo ser o
jogador mais caro numa transação em Portugal, em relação à idade, não é? Um
jogador de 30 anos custar um milhão e qualquer coisa não é normal”, recordou.
O problema é que Peseiro,
que tinha pedido a contratação do extremo brasileiro, foi demitido poucas
semanas depois. E o senhor que se seguiu no banco leonino,
Paulo
Bento, nunca deu a titularidade a Wender, que haveria de voltar a Braga na
janela seguinte do mercado de transferências, em janeiro de 2006, despedindo-se
de Alvalade
ao fim de onze jogos (dois a titular) e dois golos. “Salvo erro, ele tinha sido
campeão de juniores e promoveu muitos miúdos, estava a acreditar neles. E eu
era um jogador experiente, já com uma certa idade. Mas pronto, estive em todas
as convocatórias, fiz alguns jogos, saindo do banco, mas a verdade é que ele
tinha alguma dificuldade em perceber a melhor posição na qual me colocar”,
lembrou Wender, que regressou ao emblema
bracarense por troca com Abel, que seguiu para Lisboa.
Curiosamente, o primeiro jogo de
Wender no regresso ao Sp.
Braga foi frente ao Sporting,
e apontou dois golos numa vitória por 3-2 no Minho. “Não digo que seja por
causa disso, mas tu entras e pensas que, há uma semana, estavas ali com eles,
não te quiseram lá, e agora que surgiu a oportunidade tens que mostrar o teu
valor. Entras com esse intuito também. Acho que esse é um dos meus momentos
mais marcantes no Braga.
Todos os adeptos se lembram disso, ainda comentam muito e me falam disso. Foi
interessante, porque eles me associam a esse momento (…). Surgiu uma
brincadeira ou outra, claro. ‘Fogo, a nosso favor, está quieto, mas contra nós
és um leão!’”, recordou.
Numa altura em que já tinha 33
anos e estava a perder espaço nos arsenalistas,
foi emprestado ao Belenenses
em 2008-09, não conseguindo impedir a despromoção à II
Liga, entretanto revertida por decisão administrativa, pois acabou por ser
o Estrela
da Amadora a descer devido a problemas financeiros.
Haveria ainda de passar quatro anos
no Chipre antes de encerrar a carreira em 2013. Após pendurar as botas tornou-se
treinador, tendo começado pelas camadas jovens do Sp.
Braga.
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