quarta-feira, 17 de abril de 2024

O ídolo do Sp. Braga que passou quatro meses no Sporting. Quem se lembra de Wender?

Wender representou o Sp. Braga entre 2002 e 2008
Há brasileiros que vêm de grandes clubes do Brasileirão e desiludem no futebol português e há outros que chegam a Portugal oriundos de emblemas modestos das divisões secundárias do Brasil e conseguem tornar-se figuras importantes do nosso campeonato. Wender é um desses casos.
 
Nascido em Guiratinga, estado de Mato Grosso, e neto de avô libanês, o antigo extremo esquerdo até passou por um clube com alguma importância no futebol brasileiro, o Sport do Recife, mas chegou a Portugal no verão de 1999, para reforçar a Naval, proveniente do modesto Democrata de Valadares. “Tinha feito um bom campeonato mineiro, fomos campeões no primeiro turno e destaquei-me. Depois tive a oportunidade de ir para o Atlético Mineiro, só que eles deram-me um contrato de seis meses e a Naval deu-me um de três anos”, contou à Tribuna Expresso em dezembro de 2016.
 
Nas três primeiras épocas no futebol luso, na II Liga, foi sempre a subir: sete golos em 33 jogos em 1999-00, dez golos em 32 encontros em 2000-01 e 16 golos em 33 partidas em 2001-02.
 
Os bons desempenhos tornaram inevitável o ingresso num clube da I Liga, acabando por assinar pelo Sp. Braga no verão de 2002. Na altura, os bracarenses ainda não tinham o estatuto de quarta potência do futebol português. Aliás, na primeira época no Minho, Wender viveu o drama de estar até às últimas jornadas para impedir a despromoção.
 
 
Depois, com António Salvador na presidência e Jesualdo Ferreira no comando técnico, Wender contribuiu ativamente para que os arsenalistas se tornassem num cliente habitual das provas europeias. Entre 2002 e 2008 amealhou 195 partidas (164 a titular) e 45 golos pelo Sp. Braga, ajudando os minhotos a apurar-se para as competições europeias em 2004, 2005, 2006, 2007 e 2008.
 
 
Pelo meio esteve quatro meses no Sporting, tendo reforçado os leões no final do mercado de verão de 2005, numa altura em que os verde e brancos eram orientados por José Peseiro. “Fez-me sentir que, de repente, podia ser mais utilizado. Quando o mister começa a falar e tal e você sente que, se mudar, as coisas podem dar mais certo. No caso, não deram, mas a intenção era essa. O mister estava com a intenção de mudar o esquema e jogar em 4x3x3, com extremos. Achei melhor optar pelo Sporting. Já era um jogador experiente, com 30 anos, acho que até hoje até devo ser o jogador mais caro numa transação em Portugal, em relação à idade, não é? Um jogador de 30 anos custar um milhão e qualquer coisa não é normal”, recordou.
 
 
O problema é que Peseiro, que tinha pedido a contratação do extremo brasileiro, foi demitido poucas semanas depois. E o senhor que se seguiu no banco leonino, Paulo Bento, nunca deu a titularidade a Wender, que haveria de voltar a Braga na janela seguinte do mercado de transferências, em janeiro de 2006, despedindo-se de Alvalade ao fim de onze jogos (dois a titular) e dois golos. “Salvo erro, ele tinha sido campeão de juniores e promoveu muitos miúdos, estava a acreditar neles. E eu era um jogador experiente, já com uma certa idade. Mas pronto, estive em todas as convocatórias, fiz alguns jogos, saindo do banco, mas a verdade é que ele tinha alguma dificuldade em perceber a melhor posição na qual me colocar”, lembrou Wender, que regressou ao emblema bracarense por troca com Abel, que seguiu para Lisboa.
 
 
Curiosamente, o primeiro jogo de Wender no regresso ao Sp. Braga foi frente ao Sporting, e apontou dois golos numa vitória por 3-2 no Minho. “Não digo que seja por causa disso, mas tu entras e pensas que, há uma semana, estavas ali com eles, não te quiseram lá, e agora que surgiu a oportunidade tens que mostrar o teu valor. Entras com esse intuito também. Acho que esse é um dos meus momentos mais marcantes no Braga. Todos os adeptos se lembram disso, ainda comentam muito e me falam disso. Foi interessante, porque eles me associam a esse momento (…). Surgiu uma brincadeira ou outra, claro. ‘Fogo, a nosso favor, está quieto, mas contra nós és um leão!’”, recordou.
 
 
Numa altura em que já tinha 33 anos e estava a perder espaço nos arsenalistas, foi emprestado ao Belenenses em 2008-09, não conseguindo impedir a despromoção à II Liga, entretanto revertida por decisão administrativa, pois acabou por ser o Estrela da Amadora a descer devido a problemas financeiros.
 
 
Haveria ainda de passar quatro anos no Chipre antes de encerrar a carreira em 2013.
 
Após pendurar as botas tornou-se treinador, tendo começado pelas camadas jovens do Sp. Braga



 





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