De “o burro sou eu?” a “há 1500 anos atrás, quando os portugueses foram ao Brasil”. As melhores pérolas de Scolari
Scolari foi selecionador de Portugal entre 2003 e 2008
Bandeiras nas janelas, cordões
humanos desde a Academia do Sporting
aos estádios de Lisboa, Vítor Baía riscado e Nossa Senhora de Caravaggio. As
memórias da passagem de Luiz Felipe Scolari pela seleção
nacional de Portugal são imensas e intensas, e nem a conquista do Euro 2016
conseguiu apagar da memória o entusiasmo em torno da equipa
das quinas e a simbiose que havia entre portugueses e seleção na era
Felipão. Naquela altura, o clubismo ficava mesmo para atrás: todos festejavam
de igual forma os golos do portista
Maniche e do benfiquistaRui
Costa e as defesas do sportinguista
Ricardo.
O selecionador não era português,
era brasileiro, mas soube, como poucos, tocar no coração dos portugueses, apesar
de algumas escolhas polémicas, de uma ou outra zanga com os jornalistas e de,
claro, algumas calinadas. Em outubro de 2004, deu um pontapé no idioma de Camões e equivocou-se ao sugerir que os
portugueses tivessem ido ao Brasil, pelas suas contas, por volta do século VI: “A
minha visão de Portugal e dos portugueses é a de que elas batalham, buscam,
tropeçam, reconfortam-se, voltam a ter condições do que querem e isso não é de
agora. Há mil e quinhentos anos atrás, quando foram ao Brasil, já era assim.” A título de curiosidade, tudo
indica que 1500 anos antes de 2004, em 504, eram os visigodos que dominavam a
Península Ibérica. Só em 1500 é que as caravelas lusas, lideradas por Pedro
Álvares Cabral, chegaram ao Brasil. Mas ficou-lhe bem o elogio aos portugueses. Já depois de passar um longo
estado de graça que incluiu as campanhas até à final do Euro 2004 e às
meias-finais do Mundial 2006, Scolari sentiu muitas dificuldades para apurar
Portugal para o Euro 2008, tendo perdido a paciência depois de tantas críticas
após o último jogo da fase de qualificação: “E o burro sou eu? O ruim sou eu? O
errado sou eu? O péssimo treinador sou eu? E Portugal
qualificou-se na baia das almas? Por amor de Deus…”
Durante o apuramento para esse
Campeonato da Europa que se haveria de realizar na Suíça e na Áustria, deu um
soco no jogador sérvio Dragutinović durante um Portugal-Sérvia,
mas garantiu que só estava a defender Ricardo
Quaresma. “Ele ia bater no Quaresma,
o outro vinha bater também, e eu defendi o Quaresma.
Só isso”, explicou. “Eu sou assim. Vivo com o punho fechado, cumprimento o
público de punho fechado. É um gesto meu”, acrescentou, em defesa do menino.
Mas Scolari não era propriamente
violento, apesar da fama de Sargentão. No fundo, era um romântico, que chegou a
anunciar a renovação de votos de casamento com… Gilberto Madaíl. “Quero dizer
aqui ao presidente [da Federação Portuguesa de Futebol] que a aliança está aqui
comigo e que estamos casados por mais dois anos”, afirmou, após carimbar o
apuramento de Portugal para a final do Euro 2004. Diferente seria se tivessem
namorado durante vários anos e depois apanhado uma desilusão no casamento: “Há
gente que fica com a mesma namorada seis ou sete anos, casa e um mês depois
separa-se. Isso acontece porque nunca viveu com ela no dia-a-dia. Nunca dormiu
com ela e não conheceu a sua cara de manhã. Bem feia!” Um ano depois, perante a
elaboração de uma convocatória com muitas baixas para um jogo particular diante
do Egito, sintetizou a questão: “Se quer comer mel, tem que ter abelha!”
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