quarta-feira, 3 de abril de 2024

De “o burro sou eu?” a “há 1500 anos atrás, quando os portugueses foram ao Brasil”. As melhores pérolas de Scolari

Scolari foi selecionador de Portugal entre 2003 e 2008
Bandeiras nas janelas, cordões humanos desde a Academia do Sporting aos estádios de Lisboa, Vítor Baía riscado e Nossa Senhora de Caravaggio. As memórias da passagem de Luiz Felipe Scolari pela seleção nacional de Portugal são imensas e intensas, e nem a conquista do Euro 2016 conseguiu apagar da memória o entusiasmo em torno da equipa das quinas e a simbiose que havia entre portugueses e seleção na era Felipão. Naquela altura, o clubismo ficava mesmo para atrás: todos festejavam de igual forma os golos do portista Maniche e do benfiquista Rui Costa e as defesas do sportinguista Ricardo.
 
O selecionador não era português, era brasileiro, mas soube, como poucos, tocar no coração dos portugueses, apesar de algumas escolhas polémicas, de uma ou outra zanga com os jornalistas e de, claro, algumas calinadas. Em outubro de 2004, deu um pontapé no idioma de Camões e equivocou-se ao sugerir que os portugueses tivessem ido ao Brasil, pelas suas contas, por volta do século VI: “A minha visão de Portugal e dos portugueses é a de que elas batalham, buscam, tropeçam, reconfortam-se, voltam a ter condições do que querem e isso não é de agora. Há mil e quinhentos anos atrás, quando foram ao Brasil, já era assim.”
 
A título de curiosidade, tudo indica que 1500 anos antes de 2004, em 504, eram os visigodos que dominavam a Península Ibérica. Só em 1500 é que as caravelas lusas, lideradas por Pedro Álvares Cabral, chegaram ao Brasil. Mas ficou-lhe bem o elogio aos portugueses.
 
Já depois de passar um longo estado de graça que incluiu as campanhas até à final do Euro 2004 e às meias-finais do Mundial 2006, Scolari sentiu muitas dificuldades para apurar Portugal para o Euro 2008, tendo perdido a paciência depois de tantas críticas após o último jogo da fase de qualificação: “E o burro sou eu? O ruim sou eu? O errado sou eu? O péssimo treinador sou eu? E Portugal qualificou-se na baia das almas? Por amor de Deus…”
 
 
Durante o apuramento para esse Campeonato da Europa que se haveria de realizar na Suíça e na Áustria, deu um soco no jogador sérvio Dragutinović durante um Portugal-Sérvia, mas garantiu que só estava a defender Ricardo Quaresma. “Ele ia bater no Quaresma, o outro vinha bater também, e eu defendi o Quaresma. Só isso”, explicou. “Eu sou assim. Vivo com o punho fechado, cumprimento o público de punho fechado. É um gesto meu”, acrescentou, em defesa do menino.
 
 
Mas Scolari não era propriamente violento, apesar da fama de Sargentão. No fundo, era um romântico, que chegou a anunciar a renovação de votos de casamento com… Gilberto Madaíl. “Quero dizer aqui ao presidente [da Federação Portuguesa de Futebol] que a aliança está aqui comigo e que estamos casados por mais dois anos”, afirmou, após carimbar o apuramento de Portugal para a final do Euro 2004.
 
Diferente seria se tivessem namorado durante vários anos e depois apanhado uma desilusão no casamento: “Há gente que fica com a mesma namorada seis ou sete anos, casa e um mês depois separa-se. Isso acontece porque nunca viveu com ela no dia-a-dia. Nunca dormiu com ela e não conheceu a sua cara de manhã. Bem feia!”
 
Um ano depois, perante a elaboração de uma convocatória com muitas baixas para um jogo particular diante do Egito, sintetizou a questão: “Se quer comer mel, tem que ter abelha!”
 


 


 

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