Matías Fernández tenta fugir com a bola de dois jogadores da Fiorentina |
Tenho uma vaga ideia de a
Fiorentina ter defrontado o Benfica
num jogo de pré-época em agosto de 2001 – não o do “pior golo” da carreira de
Rui Costa, mas uma partida decidida por um golo solitário de Argel, no regresso
de Nuno Gomes à Luz. Contudo, o primeiro encontro oficial de que me recordo
entre o conjunto de Florença e uma equipa portuguesa aconteceu oito anos
depois, diante do Sporting,
no playoff de aceso à fase de grupos da Liga
dos Campeões.
Na altura, os leões
de Paulo Bento eram tetra-vice-campeões nacionais, mas, ao contrário das três
épocas anteriores, tiveram de passar pelas pré-eliminatórias. Do outro lado, os
viola de Cesare Prandelli estavam já restabelecidos dos problemas
financeiros que os atiraram para as divisões secundárias do futebol italiano no
início do século XXI, tendo alcançado em 2008-09 o 4.º lugar na Série
A pela segunda época consecutiva e atingido as meias-finais da Taça
UEFA em 2007-08 - Riccardo Montolivo, Adrian Mutu, Alberto Gilardino e Stevan
Jovetic eram algumas das figuras da equipa.
O Sporting
atravessava uma fase de vários jogos sem perder – nada que impedisse a
eliminação do Twente na 3.ª pré-eliminatória – e começou a partida da 1.ª mão,
em Alvalade,
da pior maneira. Logo aos seis minutos, o extremo esquerdo peruano Juan Manuel
Vargas recebeu um grande passe de Gilardino, tirou Pedro Silva do caminho e
rematou cruzado para o fundo das redes.
A reação leonina
só surgiu no segundo tempo. Pouco antes da hora de jogo, Vukcevic empatou o
encontro, ao aproveitar as sobras de um ressalto em Gobbi e Matías Fernández,
mas viu o segundo cartão amarelo por ter despido a camisola durante os festejos
(58’).
Mesmo reduzidos a dez, os verde
e brancos conseguiram colocar-se em vantagem através de um remate forte e
colocado de Miguel Veloso (66’). Contudo, viriam a sofrer o 2-2 aos 78’, por
intermédio de Gilardino, na sequência de um cruzamento de Gobbi a partir da esquerda.
“Talvez inspirado pela presença
de Caneira junto à linha lateral, zona onde este finalizava os preparativos
para ser lançado na arena, Miguel Veloso, embora com uma execução diferente da
protagonizada pelo colega no arranque da campanha 2006/07 na Champions
– e que na altura rendeu um triunfo sobre outro adversário italiano, o Inter
de Milão –, sacou um tiro que deixou os adeptos e a própria equipa em
absoluto êxtase. Era o 2-1! O Sporting,
aos 66’, com menos uma unidade por expulsão estúpida de Simon Vukcevic, virava
o marcador e, mais do que isso, dava um valente pontapé no conjunto de asneiras
que o árbitro húngaro Viktor Kassai foi somando, sempre em benefício da
Fiorentina, desde o minuto 11, quando fez absoluta vista grossa a uma agressão
de Gamberini a Liedson. A 20 minutos do fim da partida, o vice-campeão
português sonhava e... roçava o 3-1, tal era o empolgamento. Mas depois faltou
classe na retaguarda para suster o impacto da Fiore, que faria uma vénia à
forma deficitária de Polga para obter o 2-2, que torna mais difícil, mas não
impossível, a missão do Sporting
no play-off de acesso à Liga
dos Campeões”, escreveu o jornal O Jogo.
Em Florença, a Fiorentina era
claramente favorita, até porque entrava na 2.ª mão em vantagem na eliminatória,
devido à regra que favorecia as equipas que marcavam mais golos fora em caso de
empate.
No entanto, foi o Sporting
que se adiantou no marcador ainda na primeira parte, através de um golo de João
Moutinho na execução de um livre direto (35’). Porém, no início da segunda
parte Jovetic igualou o encontro e recolocou os viola na frente da
eliminatória, após tirar Pedro Silva do caminho e disparar para a baliza de Rui
Patrício (54’).
“Um filme já visto: boa réplica
do Sporting,
apuramento europeu no horizonte... e depois a eficiência e a qualidade
italianas a esfrangalharem as hipóteses de sucesso. À 13.ª visita a Itália,
impôs-se a ditadura da tradição de resultados: nesta, a vitória até andou perto,
mas não tombou para as mãos leoninas.
Ficou um empate amargo, que se soma à igualdade aziaga de Lisboa. Mesmo sem
perder, o vice-campeão luso diz adeus à Champions
e cai na Liga
Europa. Se alguém não merecia este desfecho, era Paulo Bento. De regresso
ao banco, transmitiu, aos jogadores, a coragem que ele próprio garantira ter de
sobra para enfrentar as adversidades conjunturais impostas por uma sequência de
– agora – seis jogos sem um triunfo. Mas foi por pouco, ou por a Fiorentina ter
craques como Mutu, Gilardino e Jovetic, que a má série não foi interrompida em
Florença”, podia ler-se no jornal O Jogo.
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