Dez dos internacionais angolanos que jogaram pelo Alverca |
Anunciado a 22 de julho
como reforço do Alverca,
o guarda-redes Kadú
vai juntar-se a já uma extensa lista de internacionais
angolanos que representaram os ribatejanos.
E não se trata apenas de uma lista grande em quantidade, mas também
em qualidade, uma vez que os alverquenses
tiveram nas suas fileiras alguns dos mais conceituados jogadores que
alguma vez jogaram pelos Palancas
Negras, entre os quais quatro que marcaram presença no Mundial
2006, o único em que Angola
participou.
Mendinho |
O primeiro internacional
angolano a jogar pelo Alverca
foi Mendinho, médio que tinha vestido as camisolas de Sp.
Maxinde, 1º
de Agosto e Interclube e que já se tinha estreado pelos Palancas
Negras antes de ingressar nos ribatejanos
em 1989-90, na altura para competir na II Divisão Nacional e,
posteriormente, na II Divisão B.
Após dois anos nos
alverquenses,
mudou-se para o Mangualde no verão de 1991.
Mona Diakanamwa |
Depois de Mendinho,
surgiu em Alverca do Ribatejo o avançado Mona Diakanamwa,
proveniente do Petro
de Luanda e que vestiu de azul
e vermelho entre 1992 e 1994, na altura para competir na II
Divisão B.
Embora já fosse
internacional A por Angola
quando chegou aos alverquenses,
tornou-se o primeiro jogador a atuar pelos Palancas
Negras enquanto jogava no clube, ao ser chamado para uma partida
diante do Egito, em janeiro de 1993, referente à fase de
qualificação para o Mundial 1994.
Akwá |
Entretanto, o Alverca
chegou às ligas profissionais, estreando-se na II
Liga em 1995-96, época em que os ribatejanos
serviam de equipa-satélite do Benfica.
Foi nesse âmbito que chegou aos alverquenses
aquele que viria a tornar-se numa das maiores figuras de sempre do
futebol
angolano, Akwá.
Na altura uma promessa do
Benfica
e um dos vários jogadores africanos que chegaram à Luz rotulados de
novos Eusébios, foi mesmo o melhor marcador da equipa nessa
temporada, com nove golos (em quinze jogos), apesar de só ter jogado
até dezembro de 1995, uma vez que em janeiro de 1996 sofreu uma
lesão grave durante o CAN e não voltou a jogar até final da época.
“No
Alverca comecei bem a época, a fazer golos e a ajudar a equipa a
atingir os seus objetivos, uma vez que o Alverca se estreava na II
Liga. Felizmente
as coisas começaram a correr bem: fiz dois golos no primeiro jogo,
frente ao Famalicão; e fiz um golo no primeiro jogo em casa, com o
União de Lamas. Infelizmente
para o clube fui para o CAN 1996, na estreia de Angola numa fase
final do CAN, e no jogo com o Egito sofri uma lesão gravíssima, uma
rotura de ligamentos cruzados que acabou por me afastar durante um
bom tempo. Isso
fez que a minha época, que começou tão bem no Alverca, terminasse
ali”, contou
ao O Blog do David em abril de 2021. “Guardo
boas recordações da minha passagem pelo Alverca, apesar da lesão
que sofri no CAN 1996 e de ter interrompido um brilhante arranque de
época”, acrescentou.
Na temporada seguinte
voltou a jogar pelo Alverca
no âmbito do protocolo com o Benfica,
mas não apresentou números tão bons: apenas quatro golos em 22
jogos.
Da passagem pelo Ribatejo
guarda também boas recordações do então presidente do clube, Luís
Filipe Vieira. “Sempre
foi um presidente presente. Como dirigente, procurava estar próximo
da equipa e dar todo o apoio possível. O
Alverca estava a fazer a sua primeira época na II Liga e para a
direção do Alverca era importante acompanhar bem a equipa.
Felizmente
tivemos esse apoio. Não há razões de queixa, era um excelente
presidente. E
como homem também não tenho razões de queixa. Sempre esteve
disponível para nos apoiar. Fruto do bom trabalho que fez no
Alverca, acabou por concorrer à presidência do Benfica”,
recordou.
Abel Campos |
Se Akwá
era um menino de 19 anos quando chegou ao Alverca,
o extremo Abel Campos, que
ingressou nos ribatejanos
também em 1995-96, era já um jogador consagrado, uma vez que
fez parte da equipa do Benfica
que chegou à final da Taça
dos Campeões Europeus em 1990 e tinha representado clubes como
Estrela
da Amadora e Sp.
Braga, isto já depois de ter jogado pelo Petro
de Luanda no campeonato de Angola.
Na primeira época nos
alverquenses
atuou em 15 partidas e marcou um golo ao Estoril,
tendo participado no CAN 1996 pelo meio. Na temporada seguinte jogou
apenas cinco encontros até outubro, rumando depois ao PSIS Semarang,
da Indonésia. “Tive
a felicidade e a honra de jogar com o Abel Campos, a nossa gazela.
Não
há nada melhor do que poder dizer que joguei com este grande monstro
do futebol angolano, que fez uma grande carreira em clubes como
Benfica, Sp. Braga e noutros campeonatos em que passou”,
recordou
Akwá ao O Blog do David.
O seu filho Djalma
Campos, também ele um internacional
angolano, passou pelos juniores do Alverca
entre 2004 e 2006.
Marco Freitas |
Já depois de Akwá
e Abel Campos terem deixado o clube, o médio defensivo Marco
Freitas, nascido em Benguela mas radicado na ilha da Madeira
desde tenra idade, chegou ao Alverca
por empréstimo do Benfica,
após passagens por Machico, Nacional
e Vitória
de Guimarães.
Um dos esteios da equipa
que em 1998-99 assegurou a permanência na primeira participação
dos ribatejanos
na I
Liga, atuou em 31 partidas em todas as competições e apontou
três golos, um dos quais ao... Benfica.
Na temporada seguinte
ficou no plantel encarnado
às ordens de Jupp Heynckes, mas pouco jogou, tendo voltado a ser
emprestado aos alverquenses
em 2000-01, mas na segunda aventura pelo Ribatejo não foi além de
12 encontros.
Na época que se seguiu
mudou-se para o Salgueiros
e estreou-se pelos Palancas
Negras.
Se Marco Freitas jogou
pelo Alverca
em 1998-99 e 2000-01, na temporada de 1999-00 houve dois futuros
internacionais
angolanos que se estrearam pelo clube.
Bernardo Cariata |
Comecemos pelo menos
conceituado, o médio Bernardo Cariata, médio que tinha
concluído a formação no Sporting e passado pelos seniores de
Lourinhanense
e Odivelas.
Em duas temporadas ao
serviço dos ribatejanos,
ambas na I
Liga, amealhou 19 encontros oficiais. Apesar da pouca utilização,
tornou-se internacional A por Angola
durante a passagem pelo emblema
do concelho de Vila Franca de Xira, em março de 2001.
Depois transferiu-se para
o Nacional.
Pedro Mantorras |
Se Bernardo Cariata não
deixou saudades, Pedro Mantorras é um dos jogadores mais
emblemáticos da história do Alverca.
Nascido em Luanda, Pedro Mantorras tinha 17 anos quando se estreou na
I
Liga ao serviço dos ribatejanos,
em outubro de 2000, depois de ter começado a jogar futebol no país
natal ao serviço do Progresso Sambizanga e de ter estagiado no
Barcelona.
Se na primeira época nos
alverquenses
não foi além de seis jogos oficiais, na segunda explodiu, ao
apontar nove golos em 28 partidas, tendo saltado para a ribalta após
uma exibição fantástica numa vitória em casa sobre o Sporting
em fevereiro de 2001, num encontro em que marcou um golo e fez uma
assistência.
Bastante valorizado,
estreou-se pela seleção
principal de Angola em setembro de 2000 e foi assediado pelos
principais emblemas nacionais e por alguns dos principais colossos
europeus, acabando por escolher rumar ao Benfica,
clube que pagou cinco milhões de euros pela transferência.
André Macanga |
Em 2000-01, Marco
Freitas, Mantorras e Bernardo Cariata partilharam o balneário com um
outro internacional
angolano de renome, o médio de características defensivas André
Macanga.
Emprestado pelo FC
Porto, após ter brilhado no Salgueiros
e numa altura em que já era internacional A por Angola,
participou em 21 encontros e marcou um golo ao Benfica
durante a aventura no Ribatejo.
“Fiz
a pré-época no FC Porto, mas não fiquei no plantel porque era
extra-comunitário. Pedi ao meu empresário para não ficar no FC
Porto a fazer número, pedi para ser emprestado. Depois
apareceu o Alverca, que solicitou os meus préstimos. Penso que foi
uma escolha acertada. Encontrei
um grande professor, Jesualdo Ferreira, e alguns angolanos, como o
Bernardo [Cariata]. Na altura ainda não conhecia o Pedro Mantorras,
ainda era júnior. Tínhamos
uma equipa excelente, com grandes jogadores. Adaptei-me muito bem e
fiz uma grande época”, contou
ao O Blog do David em julho de 2021.
“As
principais recordações que tenho [de Alverca] foi trabalhar com um
presidente que é um homem de balneário, que gosta de estar com a
equipa e brincar com os jogadores. O
Ricardo Carvalho foi um dos melhores amigos que tive no Alverca e
ainda hoje temos uma boa relação. Com
o Pedro Mantorras… nem tanto. Na altura o Mantorras jogava nos
juniores e eu apoiei-o bastante, dava-lhe boleia para casa e para os
treinos e ele chamou-me quando o AC Milan foi falar com ele. Mas
depois de ir para o Benfica, Mantorras mudou completamente. Penso que
o homem nunca pode mudar o seu comportamento, a sua atitude, temos de
continuar a ser humildes. Não
é o dinheiro que pode fazer com que a gente mude de comportamento.
Mas continuo a admirá-lo, foi meu colega e gosto muito dele”,
revelou, magoado com alguém com quem partilhou o balneário da
seleção
angolana em várias ocasiões, entre as quais o Campeonato do
Mundo de 2006.
Quinzinho |
No verão de 2001, Marco
Freitas, Mantorras, Bernardo Cariata e André
Macanga deixaram o Alverca,
mas chegou ao clube um outro internacional
angolano de renome, o ponta de lança Quinzinho, que tinha
marcado presença na Taça das Nações Africanas em 1996 e 1998 e
representado clubes como FC
Porto, União
de Leiria, Rio
Ave, Rayo Vallecano, Farense
e Desp.
Aves.
Na única temporada em
que representou os ribatejanos
atuou em 33 partidas em todas as competições e apontou cinco golos,
insuficientes para evitar a despromoção à II
Liga.
Após a descida de
divisão mudou-se para o Estoril.
Quinzinho morreu em abril
de 2019, vítima de morte súbita, estando enterrado no cemitério
novo de Alverca do Ribatejo.
O seu filho Xande Silva,
jogou nos benjamins alverquenses
em 2007-08.
Se o Alverca
desceu à II
Liga em 2002, voltou a subir à I
Liga no ano seguinte e a ser despromovido ao segundo
escalão em 2004. Foi precisamente na época de regresso à II
Liga, que marcou também a extinção futebol profissional do
clube, que surgiram no plantel dois futuros internacionais
angolanos.
Marco Airosa |
Comecemos pelo que teve
uma carreira de mais sucesso, o lateral direito Marco Airosa,
que chegou ao Ribatejo proveniente dos Pescadores
da Costa da Caparica.
Na única temporada que
passou no clube atuou em 26 jogos oficiais, tendo rumado ao
Barreirense
após a extinção do futebol profissional dos alverquenses.
Enquanto esteve ao
serviço do emblema
do Barreiro tornou-se internacional A por Angola
e foi convocado para o Mundial 2006.
Celson Barros |
O outro futuro
internacional
angolano do plantel de 2004-05 foi o defesa central/médio
defensivo Celson Barros, que concluiu a formação no Alverca
entre 2002 e 2004. Ao serviço da equipa principal não foi além de
12 encontros oficiais.
A seguir à extinção do
futebol profissional mudou-se para o Atlético do Cacém.
Entretanto, passou pelo
Chipre e regressou a Angola,
conseguindo estrear-se pela seleção principal em janeiro de 2018,
numa altura em que representava o Recreativo do Libolo.
Evandro Brandão |
Após a extinção do
futebol profissional, o Alverca
passou por uma espécie de travessia do deserto, tendo vivido
mergulhado nos distritais da AF
Lisboa até 2018. No regresso aos patamares nacionais constituiu
uma SAD e desde então que tem procurado subir à II
Liga. Essa ambição foi ilustrada também em janeiro de 2022 com
a contratação do atacante Evandro Brandão, que dois anos e
meio antes tinha estado na CAN
2019, já depois de ter passado pelas camadas jovens de
Manchester United e Benfica
e de ter jogado pelo Olhanense
na I
Liga.
Na segunda metade da
época 2021-22 atuou em 16 partidas na Liga 3 e marcou três golos,
fazendo os ribatejanos
sonhar com a promoção à II
Liga até ao derradeiro jogo. Na presente temporada vai continuar
na equipa às ordens de Argel.
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