sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Os 12 internacionais angolanos que jogaram pelo Alverca antes de Kadú

Dez dos internacionais angolanos que jogaram pelo Alverca
Anunciado a 22 de julho como reforço do Alverca, o guarda-redes Kadú vai juntar-se a já uma extensa lista de internacionais angolanos que representaram os ribatejanos. E não se trata apenas de uma lista grande em quantidade, mas também em qualidade, uma vez que os alverquenses tiveram nas suas fileiras alguns dos mais conceituados jogadores que alguma vez jogaram pelos Palancas Negras, entre os quais quatro que marcaram presença no Mundial 2006, o único em que Angola participou.

Mendinho

O primeiro internacional angolano a jogar pelo Alverca foi Mendinho, médio que tinha vestido as camisolas de Sp. Maxinde, 1º de Agosto e Interclube e que já se tinha estreado pelos Palancas Negras antes de ingressar nos ribatejanos em 1989-90, na altura para competir na II Divisão Nacional e, posteriormente, na II Divisão B.
Após dois anos nos alverquenses, mudou-se para o Mangualde no verão de 1991.


Mona Diakanamwa

Depois de Mendinho, surgiu em Alverca do Ribatejo o avançado Mona Diakanamwa, proveniente do Petro de Luanda e que vestiu de azul e vermelho entre 1992 e 1994, na altura para competir na II Divisão B.
Embora já fosse internacional A por Angola quando chegou aos alverquenses, tornou-se o primeiro jogador a atuar pelos Palancas Negras enquanto jogava no clube, ao ser chamado para uma partida diante do Egito, em janeiro de 1993, referente à fase de qualificação para o Mundial 1994.



Akwá
Entretanto, o Alverca chegou às ligas profissionais, estreando-se na II Liga em 1995-96, época em que os ribatejanos serviam de equipa-satélite do Benfica. Foi nesse âmbito que chegou aos alverquenses aquele que viria a tornar-se numa das maiores figuras de sempre do futebol angolano, Akwá.
Na altura uma promessa do Benfica e um dos vários jogadores africanos que chegaram à Luz rotulados de novos Eusébios, foi mesmo o melhor marcador da equipa nessa temporada, com nove golos (em quinze jogos), apesar de só ter jogado até dezembro de 1995, uma vez que em janeiro de 1996 sofreu uma lesão grave durante o CAN e não voltou a jogar até final da época.
No Alverca comecei bem a época, a fazer golos e a ajudar a equipa a atingir os seus objetivos, uma vez que o Alverca se estreava na II Liga. Felizmente as coisas começaram a correr bem: fiz dois golos no primeiro jogo, frente ao Famalicão; e fiz um golo no primeiro jogo em casa, com o União de Lamas. Infelizmente para o clube fui para o CAN 1996, na estreia de Angola numa fase final do CAN, e no jogo com o Egito sofri uma lesão gravíssima, uma rotura de ligamentos cruzados que acabou por me afastar durante um bom tempo. Isso fez que a minha época, que começou tão bem no Alverca, terminasse ali”, contou ao O Blog do David em abril de 2021. “Guardo boas recordações da minha passagem pelo Alverca, apesar da lesão que sofri no CAN 1996 e de ter interrompido um brilhante arranque de época”, acrescentou.
Na temporada seguinte voltou a jogar pelo Alverca no âmbito do protocolo com o Benfica, mas não apresentou números tão bons: apenas quatro golos em 22 jogos.



Abel Campos
Se Akwá era um menino de 19 anos quando chegou ao Alverca, o extremo Abel Campos, que ingressou nos ribatejanos também em 1995-96, era já um jogador consagrado, uma vez que fez parte da equipa do Benfica que chegou à final da Taça dos Campeões Europeus em 1990 e tinha representado clubes como Estrela da Amadora e Sp. Braga, isto já depois de ter jogado pelo Petro de Luanda no campeonato de Angola.
Na primeira época nos alverquenses atuou em 15 partidas e marcou um golo ao Estoril, tendo participado no CAN 1996 pelo meio. Na temporada seguinte jogou apenas cinco encontros até outubro, rumando depois ao PSIS Semarang, da Indonésia. “Tive a felicidade e a honra de jogar com o Abel Campos, a nossa gazela. Não há nada melhor do que poder dizer que joguei com este grande monstro do futebol angolano, que fez uma grande carreira em clubes como Benfica, Sp. Braga e noutros campeonatos em que passou”, recordou Akwá ao O Blog do David.
O seu filho Djalma Campos, também ele um internacional angolano, passou pelos juniores do Alverca entre 2004 e 2006.



Marco Freitas
Já depois de Akwá e Abel Campos terem deixado o clube, o médio defensivo Marco Freitas, nascido em Benguela mas radicado na ilha da Madeira desde tenra idade, chegou ao Alverca por empréstimo do Benfica, após passagens por Machico, Nacional e Vitória de Guimarães.
Um dos esteios da equipa que em 1998-99 assegurou a permanência na primeira participação dos ribatejanos na I Liga, atuou em 31 partidas em todas as competições e apontou três golos, um dos quais ao... Benfica.
Na temporada seguinte ficou no plantel encarnado às ordens de Jupp Heynckes, mas pouco jogou, tendo voltado a ser emprestado aos alverquenses em 2000-01, mas na segunda aventura pelo Ribatejo não foi além de 12 encontros.
Na época que se seguiu mudou-se para o Salgueiros e estreou-se pelos Palancas Negras.



Se Marco Freitas jogou pelo Alverca em 1998-99 e 2000-01, na temporada de 1999-00 houve dois futuros internacionais angolanos que se estrearam pelo clube.

Bernardo Cariata
Comecemos pelo menos conceituado, o médio Bernardo Cariata, médio que tinha concluído a formação no Sporting e passado pelos seniores de Lourinhanense e Odivelas.
Em duas temporadas ao serviço dos ribatejanos, ambas na I Liga, amealhou 19 encontros oficiais. Apesar da pouca utilização, tornou-se internacional A por Angola durante a passagem pelo emblema do concelho de Vila Franca de Xira, em março de 2001.
Depois transferiu-se para o Nacional.


Pedro Mantorras
Se Bernardo Cariata não deixou saudades, Pedro Mantorras é um dos jogadores mais emblemáticos da história do Alverca. Nascido em Luanda, Pedro Mantorras tinha 17 anos quando se estreou na I Liga ao serviço dos ribatejanos, em outubro de 2000, depois de ter começado a jogar futebol no país natal ao serviço do Progresso Sambizanga e de ter estagiado no Barcelona.
Se na primeira época nos alverquenses não foi além de seis jogos oficiais, na segunda explodiu, ao apontar nove golos em 28 partidas, tendo saltado para a ribalta após uma exibição fantástica numa vitória em casa sobre o Sporting em fevereiro de 2001, num encontro em que marcou um golo e fez uma assistência.
Bastante valorizado, estreou-se pela seleção principal de Angola em setembro de 2000 e foi assediado pelos principais emblemas nacionais e por alguns dos principais colossos europeus, acabando por escolher rumar ao Benfica, clube que pagou cinco milhões de euros pela transferência.



André Macanga
Em 2000-01, Marco Freitas, Mantorras e Bernardo Cariata partilharam o balneário com um outro internacional angolano de renome, o médio de características defensivas André Macanga.
Emprestado pelo FC Porto, após ter brilhado no Salgueiros e numa altura em que já era internacional A por Angola, participou em 21 encontros e marcou um golo ao Benfica durante a aventura no Ribatejo.
As principais recordações que tenho [de Alverca] foi trabalhar com um presidente que é um homem de balneário, que gosta de estar com a equipa e brincar com os jogadores. O Ricardo Carvalho foi um dos melhores amigos que tive no Alverca e ainda hoje temos uma boa relação. Com o Pedro Mantorras… nem tanto. Na altura o Mantorras jogava nos juniores e eu apoiei-o bastante, dava-lhe boleia para casa e para os treinos e ele chamou-me quando o AC Milan foi falar com ele. Mas depois de ir para o Benfica, Mantorras mudou completamente. Penso que o homem nunca pode mudar o seu comportamento, a sua atitude, temos de continuar a ser humildes. Não é o dinheiro que pode fazer com que a gente mude de comportamento. Mas continuo a admirá-lo, foi meu colega e gosto muito dele”, revelou, magoado com alguém com quem partilhou o balneário da seleção angolana em várias ocasiões, entre as quais o Campeonato do Mundo de 2006.
Após um ano no Ribatejo, André Macanga foi emprestado pelo FC Porto ao Vitória de Guimarães.



Quinzinho
No verão de 2001, Marco Freitas, Mantorras, Bernardo Cariata e André Macanga deixaram o Alverca, mas chegou ao clube um outro internacional angolano de renome, o ponta de lança Quinzinho, que tinha marcado presença na Taça das Nações Africanas em 1996 e 1998 e representado clubes como FC Porto, União de Leiria, Rio Ave, Rayo Vallecano, Farense e Desp. Aves.
Na única temporada em que representou os ribatejanos atuou em 33 partidas em todas as competições e apontou cinco golos, insuficientes para evitar a despromoção à II Liga.
Após a descida de divisão mudou-se para o Estoril.
Quinzinho morreu em abril de 2019, vítima de morte súbita, estando enterrado no cemitério novo de Alverca do Ribatejo.
O seu filho Xande Silva, jogou nos benjamins alverquenses em 2007-08.



Se o Alverca desceu à II Liga em 2002, voltou a subir à I Liga no ano seguinte e a ser despromovido ao segundo escalão em 2004. Foi precisamente na época de regresso à II Liga, que marcou também a extinção futebol profissional do clube, que surgiram no plantel dois futuros internacionais angolanos.
Marco Airosa

Comecemos pelo que teve uma carreira de mais sucesso, o lateral direito Marco Airosa, que chegou ao Ribatejo proveniente dos Pescadores da Costa da Caparica.
Na única temporada que passou no clube atuou em 26 jogos oficiais, tendo rumado ao Barreirense após a extinção do futebol profissional dos alverquenses.
Enquanto esteve ao serviço do emblema do Barreiro tornou-se internacional A por Angola e foi convocado para o Mundial 2006.


Celson Barros
O outro futuro internacional angolano do plantel de 2004-05 foi o defesa central/médio defensivo Celson Barros, que concluiu a formação no Alverca entre 2002 e 2004. Ao serviço da equipa principal não foi além de 12 encontros oficiais.
A seguir à extinção do futebol profissional mudou-se para o Atlético do Cacém.
Entretanto, passou pelo Chipre e regressou a Angola, conseguindo estrear-se pela seleção principal em janeiro de 2018, numa altura em que representava o Recreativo do Libolo.



Evandro Brandão
Após a extinção do futebol profissional, o Alverca passou por uma espécie de travessia do deserto, tendo vivido mergulhado nos distritais da AF Lisboa até 2018. No regresso aos patamares nacionais constituiu uma SAD e desde então que tem procurado subir à II Liga. Essa ambição foi ilustrada também em janeiro de 2022 com a contratação do atacante Evandro Brandão, que dois anos e meio antes tinha estado na CAN 2019, já depois de ter passado pelas camadas jovens de Manchester United e Benfica e de ter jogado pelo Olhanense na I Liga.
Na segunda metade da época 2021-22 atuou em 16 partidas na Liga 3 e marcou três golos, fazendo os ribatejanos sonhar com a promoção à II Liga até ao derradeiro jogo. Na presente temporada vai continuar na equipa às ordens de Argel.

 







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