Toni Pereira é o novo treinador do Vitória de Setúbal |
Afinal, a experiência de ligas
profissionais e a potenciação de jovens, requisitos exigidos ao novo treinador
do Vitória
de Setúbal pelo novo investidor da SAD, esgotam-se em 55 jogos na II
Liga distribuídos por duas épocas e um número residual de futebolistas
catapultados para a alta-roda do futebol ao longo dos últimos anos.
A escolha para novo treinador sadino
recaiu sobre Toni Pereira, um experiente técnico de 64 anos e que abraçou a
profissão há mais de três décadas, depois de uma discreta carreira de jogador
em que representou clubes como Almada, Trafaria, Seixal,
Grandolense,
Monte de Caparica e Desp.
Beja.
No futebol atual, o treinador que
na época passada orientou Cova
da Piedade e Alverca
prima por não embalar na ditadura do futebol de posse, da construção a partir
de trás e de um mastigado jogo interior, mantendo-se fiel a um estilo em vias
de extinção, mas que já lhe deu várias alegrias.
A expressão “aí não se brinca!”,
que caiu em desuso, mas que não assim há tanto tempo era empregada sempre que
os jogadores de uma equipa corriam riscos, com bola, no seu meio-campo
defensivo, faz parte do léxico de Toni Pereira, um treinador à moda antiga, o
que não é necessariamente sinónimo de um treinador antiquado. “Só pela certa”, é
uma expressão que o define e que utilizou durante um encontro em que o Canal 11 o acompanhou.
O modelo de jogo das equipas
deste experiente técnico assenta num futebol direto à procura do ponta de lança
ou na exploração do espaço nas costas da defesa adversária. A utilização de
extremos à antiga, mais rápidos e verticais do que criativos, com mais
apetência para ir à linha e cruzar do que para aparecer por dentro, é algo que
o novo comandante da nau sadina
também privilegia – para se ter a noção, na temporada transata teve o antigo
extremo vitoriano Arnold a desempenhar essa função no Cova
da Piedade.
Outra característica das suas equipas é que defendem homem-a-homem nas bolas paradas, mesmo numa altura em que quase os treinadores optam por uma marcação individual ou mista.
Ainda que as características dos
jogadores que tem à sua disposição possam motivar nuances, o sistema predileto
de Toni Pereira é o 4x2x3x1, com um organizador de jogo nas costas do ponta de
lança. Em organização defensiva, esse médio mais ofensivo junta-se
habitualmente ao homem mais adiantado num 4x4x2. Na época passada, chegou a
implementar um sistema de três centrais no Cova
da Piedade, mas que, ao contrário do que o que está na moda, pretendia mais
reforçar o eixo defensivo do que dar liberdade aos laterais.
Para dar uma ideia, o estilo de
jogo do novo treinador do Vitória
é bastante idêntico ao de Lito Vidigal – antijogo à parte –, com o pragmatismo
e a segurança a serem priorizados em relação à estética.
Seis subidas no currículo
Em 34 anos de carreira, Toni
Pereira, também conhecido com o “Mourinho
dos pobres”, almejou seis subidas de divisão, um registo que terá agudizado o
interesse da administração da SAD do Vitória.
A primeira promoção foi alcançada
logo na primeira época como treinador, em 1987-88, ao leme do Sertanense, clube
que guiou pela primeira vez aos campeonatos nacionais após se sagrar campeão
distrital da AF Castelo Branco.
Cinco anos depois, levou os
madeirenses da Camacha
pela primeira vez à II Divisão B, depois de alcançar o 2.º lugar na Série E da
III Divisão.
Depois, Toni Pereira teve de
esperar mais de uma década por novas promoções, mas acabou por alcançar duas em
anos consecutivos, tendo levado tanto o Rio Maior como o Atlético
da III à II Divisão B, em 2005 e 2006. Ao serviço do emblema
da Tapadinha viveu ainda um momento de enorme mediatismo a 7 de janeiro de
2007, quando eliminou o FC
Porto da Taça
de Portugal em pleno Estádio
do Dragão.
Em 2011 subiu o Atlético
à II
Liga e quatro anos depois levou o Mafra
também ao segundo escalão, ainda que só tivesse orientado os mafrenses durante a
fase de promoção, tendo substituído Jorge Simão, que na altura se transferiu
para o Belenenses.
Um homem do distrito
Nascido em Grândola a 27 de
setembro de 1956, António Joaquim Conceição Pereira foi viver ainda jovem para
a zona designada como margem sul, residindo atualmente em Corroios.
Além de ter representado vários
clubes do distrito
de Setúbal como jogador, conforme referido acima, orientou Amora
(1995-96), Montijo
(2005-06), Pinhalnovense
(2007-08) e Cova
da Piedade (2020-21) antes de chegar ao emblema mais representativo da
região.
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