quarta-feira, 7 de abril de 2021

A minha primeira memória de… um jogo entre FC Porto e Chelsea

Lampard desarma Costinha no jogo de Stamford Bridge
Os sorteios são isso mesmo: sorteios. Mas por vezes, parecem ser manipulados pelo além. O que dizer da Nigéria, que em cinco das seis participações em Campeonatos do Mundo ficou alojada no mesmo grupo que a Argentina? E o que dizer do Sporting, que em 2000-01 defrontou o Real Madrid e em 2006-07 o Inter de Milão na fase de grupos da Liga dos Campeões, equipas com as quais já tinha jogado meses antes na pré-época? E o que dizer do Benfica, que na primeira década do século XXI ficou alojado no mesmo grupo que Manchester United em duas épocas consecutivas?
 
E também há os reencontros: Portugal no Mundial 2018 frente ao Irão de Carlos Queiroz, Sp. Braga na Liga Europa frente ao Shakhtar Donetsk de Paulo Fonseca em 2016-17, Benfica na pré-eliminatória da Liga dos Campeões frente ao PAOK de Zivkovic em 2020-21, Benfica na Champions frente ao Besiktas de Talisca em 2016-17 e frente ao Mónaco de Bernardo Silva e companhia em 2014-15, entre tantos e tantos outros.
 
Um desses casos de reencontros por capricho do sorteio aconteceu na fase de grupos da Liga dos Campeões em 2004-05, quando um FC Porto recém-coroado campeão europeu ficou integrado no mesmo agrupamento que o treinador que o guiou a esse título europeu, José Mourinho, recém-contratado como técnico do Chelsea. Numa questão de quatro meses, o Special One passava de treinador do FC Porto a treinador adversário, apesar de ter mudado de país. E não era só Mourinho a reaver os dragões, mas também toda a sua equipa técnica e os jogadores Ricardo Carvalho e Paulo Ferreira.
 
O primeiro duelo entre FC Porto e Chelsea realizou-se na 2.ª jornada da fase de grupos, em Stamford Bridge, depois de os portistas terem empatado em casa com o CSKA Moscovo (0-0) e de os londrinos terem vencido confortavelmente no terreno do Paris Saint-Germain (0-3).
 
O 4x4x2 losango com meio-campo preenchido que levou o FC Porto ao sucesso na Champions em 2004 era agora o sistema tático do Chelsea, que preencheu o miolo com Makélélé, Smertin, Lampard e Duff, este último com liberdade para jogar mais aberto no corredor esquerdo. Na frente de ataque estavam Drogba e Gudjohnsen, ambos com os olhos postos na baliza de Vítor Baía. Atrás, o guarda-redes Cech era a última barreira dos blues, cujo quarteto defensivo era por uma belíssima dupla de centrais composta por Ricardo Carvalho e John Terry e por dois laterais com características bem distintas: Paulo Ferreira à direita, com liberdade para atacar; Gallas à esquerda, mais posicional, como que um terceiro central.
 
Já os azuis e brancos orientados pelo espanhol Victor Fernández, embora desfalcados pelas saídas de Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Deco e Pedro Mendes e pela lesão de Nuno Valente, apresentava um onze recheado de craques, ainda que nessa temporada quase todos estivessem a ter um rendimento intermitente: Vítor Baía na baliza; Bosingwa (na altura um médio adaptado excecionalmente a lateral), Jorge Costa, Pepe e Ricardo Costa na defesa; Costinha, Maniche e o brasileiro Diego no meio-campo; e Quaresma, Derlei e (o nada fabuloso no Dragão) Luís Fabiano no ataque.



Logo aos sete minutos, o Chelsea inaugurou o marcador através do patinho feio do onze titular, o médio russo Aleksey Smertin, que rematou de primeira após um cruzamento de Gudjohnsen a partir da esquerda.
 
No início da segunda parte, Duff bateu um livre da direita e Drogba ganhou nas alturas aos defesas portistas e antecipou-se a Vítor Baía para cabecear para o 2-0 (50’).
 
Aos 68’, Cech defendeu para a frente um remate violento de Carlos Alberto de fora da área e McCarthy foi mais rápido do que os defesas londrinos para fazer a recarga e reduzir a desvantagem.
 
Contudo, o Chelsea fez o 3-1 dois minutos depois, com Terry a responder com um cabeceamento certeiro a um livre lateral de Lampard pela direita.
 
“A história do jogo resume-se a isto: o Chelsea entrou praticamente a ganhar, o FC Porto equilibrou, ganhou alento e quando se preparava para voltar à carga com novo fôlego sofreu o 2-0. O FC Porto não baixou os braços, insistiu e foi finalmente premiado com um golo. O golo que dava novo impulso à vontade do dragão em cair em cima do Chelsea. Azar. O Chelsea voltou a marcar. Isto é, cada vez que o FC Porto ameaçava a vantagem, os ingleses marcavam. Suprema ironia? Estrelinha de campeão? Terá sido tudo isso, mas pelo meio houve erros defensivos que custaram caro e que abalaram a confiança da equipa. Cada livre do Chelsea era como se fosse um... penalty. Assim marcaram os ingleses dois golos e até marcaram um terceiro que o árbitro anulou (e bem)”, escreveu o Record.
 
 
 

Quando o FC Porto e o Chelsea se voltaram a defrontar, na sexta e última jornada da fase de grupos de Liga dos Campeões, os londrinos partiram para o jogo com o primeiro lugar já garantido, enquanto os dragões tanto podiam seguir em frente na Champions (em 2.º lugar) como ficar de fora da Europa (em 4.º).
 
Os blues apresentaram-se no Dragão com um onze muito próximo do ideal, talvez apenas à exceção de Wayne Bridge e Scott Parker, prometendo dificultar ao máximo a vida do FC Porto, que estava obrigado a ganhar para alcançar o apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões.
 
Pouco depois da meia hora de jogo, o extremo irlandês Damien Duff inaugurou o marcador através de um remate de fora da área, num lance em que o guarda-redes portista Nuno Espírito Santo pareceu mal batido.
 
Na segunda parte, porém, os dragões deram a volta ao texto. O médio ofensivo brasileiro Diego, que acabou por ter uma passagem discreta pela Invicta, apontou um golo fantástico, com um remate de primeira de fora da área que deixou Cech sem reação (61’).
 
Já bastante perto do fim do encontro, um raro cruzamento de pé esquerdo por parte de Quaresma – que geralmente prefere utilizar a trivela do que o pior pé – encontrou a cabeça do sul-africano McCarthy, que apontou o golo da vitória (87’).
 
“Foi um jogo de imensas e contraditórias emoções que tiveram o seu momento mais expressivo ao minuto 86. Nesses 60 segundos, o Chelsea esteve à beira de fazer um golo que atirava o FC Porto para fora da Europa. Nuno conseguiu evitar que Kezman provocasse essa terrível desilusão aos portistas. No contra-ataque, Ricardo Quaresma foi à linha de cabeceira, cruzou largo e lá apareceu McCarthy a rematar de cabeça para o fundo das redes de Cech. O Dragão explodiu com a vitória que manteve o FC Porto na Liga dos Campeões”, podia ler-se no Record.
 












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