Dez jogadores que ficaram na história do Castrense |
Fundado a 1 de abril de 1953, o Futebol
Clube Castrense sucedeu à agremiação percursora do futebol em Castro Verde e
cujos primeiros registos remontam pelo menos a 1921, o Clube Castrense, sediado
na rua Morais Sarmento.
Nas primeiras décadas, a
atividade da coletividade, inicialmente com sede na rua D. Afonso I, foi mais
dedicada a festas e a bailaricos do que propriamente ao desporto. E nos
primeiros anos de existência a modalidade que deu mais visibilidade e títulos
ao clube foi o ciclismo.
Após ter jogado inicialmente no
largo da feira e depois no campo das Sesmarias (a dois quilómetros da vila) e
de ter chegado a fechar portas nas décadas de 1960 e 1970, o emblema alentejano
ganhou novo fôlego após o 25 de abril de 1974, com o início da construção de um
novo estádio da vila de Castro Verde, o Estádio Municipal 25 de Abril, que foi
inaugurado em setembro de 1979 e aproximou mais o clube e a população.
Na década de 1990, o Castrense
surgiu pela primeira veze nos campeonatos nacionais de futebol, tendo
participado ininterruptamente na III Divisão entre 1992-93 e 1998-99, chegando
a ficar perto da subida à II Divisão B em 1997, quando concluiu o campeonato da
Série F em 4.º lugar.
Após ter conquistado o primeiro
título distrital em 1992 sob o comando técnico de Jorge Fragoso, numa
ultrapassagem ao Serpa já na reta da meta após triunfo em Mértola sobre o
Guadiana e empate dos serpenses em casa com o Odemirense, o conjunto do Baixo
Alentejo voltou a sagrar-se campeão em 1999-00, 2004-05, 2007-08, 2011-12,
2014-15 e 2016-17.
Em constantes oscilações entre os
campeonatos distritais e o último patamar competitivo da Federação Portuguesa
de Futebol, os campaniços competem na I Distrital da AF
Beja desde 2018.
Em duas participações, 37
futebolistas jogaram pelo Castrense no Campeonato
de Portugal. Vale por isso a pena recordar os dez que o fizeram por mais
vezes.
10. Lúcio Oliveira (27 jogos)
Lúcio Oliveira |
Disputou 27 jogos tal como
Faduley Baía, Márcio Candeias, Pedro
Rodrigues, André Tonon e Hélio, mas amealhou mais minutos em campo: 2208.
Defesa central/médio defensivo
santomense que concluiu a formação no Portimonense
e representou os seniores do Lagoa,
reforçou o Castrense no verão de 2016 e logo na época de estreia venceu o
triplete distrital: campeão e vencedor da Taça e da Supertaça da AF
Beja.
Em 2017-18 foi utilizado em 27
partidas (25 a titular) no Campeonato
de Portugal, mas foi impotente para evitar a descida dos campaniços aos
distritais.
Depois voltou ao Algarve
para vestir a camisola do Silves, tendo, entretanto, rumado ao Ferreiras
e somado as primeiras internacionalizações pela seleção principal de São Tomé e
Príncipe.
9. Miguel Silva (29 jogos)
Miguel Silva |
Lateral
capaz de fazer os dois corredores e com passagem pelas camadas jovens do Belenenses e do Casa Pia, passou pelos seniores do Oeiras e do Gafetense antes de
reforçar o Castrense no verão de 2017.
Titularíssimo
no onze de Calú, disputou 29 jogos (27 a titular) e apontou dois golos no Campeonato de Portugal,
um ao Moura e outro ao Lusitano VRSA, mas foi
impotente para evitar a despromoção aos distritais da AF Beja. Ainda assim, foi considerado um dos
melhores laterais da Série E.
Após
a descida de divisão rumou ao Algarve para representar o Armacenenses.
8. Michael Habib (29 jogos)
Michael Habib |
Disputou o mesmo número de jogos
de Miguel Silva, mas amealhou mais 172 minutos em campo – 2566 contra 2349.
Médio de características
ofensivas de nacionalidade sul-africana desde tenra idade radicado em Portugal,
fez grande parte da formação no Pescadores
da Costa da Caparica, tendo ainda passado pelos juniores do Oeiras
e pelos seniores dos alentejanos
Juventude
Évora, Mineiro
Aljustrelense e Moura
antes de reforçar o Castrense no verão de 2016.
Na primeira época em Castro Verde
conquistou o triplete: campeonato, taça e supertaça da AF
Beja.
Já em 2017-18 disputou 29 jogos
(todos a titular) no Campeonato
de Portugal e marcou dois golos, frente a Moura
e Operário, ainda assim insuficientes para evitar a despromoção.
Após a descida de divisão
permaneceu no clube durante mais ano e meio, pendurando as botas em seguida.
7. Youssouf (32 jogos)
Youssouf Sow |
Jogador natural da Guiné Conacri
capaz de desempenhar praticamente todas as posições de ataque, passou pelos
juniores do Belenenses
e pelos seniores do Farense
antes de assinar pela primeira vez pelo Castrense em janeiro de 2013, não
evitando a descida aos distritais da AF
Beja.
Entretanto passou por Sp.
Espinho, Vila Flor e Pedras Salgadas, tendo regressado a Castro Verde no verão
de 2015, aquando da subida do emblema alentejano
ao Campeonato
de Portugal, patamar em que Youssouf disputou 32 jogos (28 a titular) e
apontou dez golos em 2015-16, mostrando-se novamente impotente para evitar a
despromoção. Louletano
(três), Moura,
Pinhalnovense
(dois), Juventude
Évora e Lusitano
VRSA (três) foram as vítimas do guineense.
Apesar da descida de divisão,
saiu valorizado e transferiu-se para o Louletano,
tendo posteriormente dado o salto para o Desp.
Aves, que o emprestou sucessivamente.
6. Velhinho (32 jogos)
Filipe Velhinho |
Disputou o mesmo número de jogos de
Youssouf, mas amealhou mais 255 minutos em campo – 2832 contra 2577.
Defesa central/médio defensivo de
elevada estatura (1,90 m) natural de Penedo Gordo, concluiu a formação no Desp.
Beja e iniciou o trajeto no futebol sénior ao serviço do Serpa antes de
passar pela primeira vez pelo Castrense entre 2007 e 2009, tendo conquistado o
título distrital da AF
Beja em 2007-08.
Após uma curta passagem pelo Mineiro
Aljustrelense regressou a Castro Verde no verão de 2010, tendo conquistado
novamente o título distrital da I Divisão 2011-12 e 2014-15.
Já em 2015-16, na estreia dos
campaniços no Campeonato
de Portugal, disputou 32 jogos (todos a titular) na prova e apontou três
golos, diante de Lusitano
VRSA, Moura
e Almancilense, não evitando a despromoção.
A seguir à descida de divisão
mudou-se para o Penedo Gordo, clube ao qual ainda está vinculado, numa altura
em que tem 34 anos.
5. Zé Mestre (35 jogos)
Zé Mestre |
Lateral direito/médio natural de
Garvão, no concelho de Ourique, formado no Ourique, jogou a nível sénior no
Panóias e no Mineiro
Aljustrelense antes de assinar pelo Castrense no verão de 2013.
Na segunda temporada em Castro
Verde conquistou o título distrital e a supertaça da AF
Beja, tendo em 2015-16 disputado 30 jogos (29 a titular) e marcado um golo
ao Cova
da Piedade no Campeonato
de Portugal, mostrando-se impotente para evitar a despromoção.
Após a descida de divisão permaneceu
no emblema campaniço, tendo na época imediatamente a seguir vencido o triplete
distrital: campeonato, taça e supertaça.
Em 2017-18 voltou a jogar no Campeonato
de Portugal, mas após atuar nas cinco primeiras jornadas (sempre a titular)
deixou de jogar.
Nas temporadas seguintes
representou o Ourique, mas em 2020-21 voltou a vincular-se ao Castrense.
4. Eduardo Barão (38 jogos)
Eduardo Barão |
Guarda-redes admirador de Buffon
e fã de NBA que nasceu em Caldas da Rainha e cresceu em Pombal, fez formação na
Naval e no Sp. Pombal, mas quando subiu a sénior decidiu continuar a jogar no Baixo
Alentejo depois de umas férias na casa da avó, em São Marcos da Ataboeira.
Em 2004-05 representou pela primeira
vez o Castrense, mas esteve sempre tapado pelo atual presidente do clube,
Abelha, e por isso foi ganhar rodagem para o São Marcos durante ano e meio,
tendo integrado uma famosa equipa da qual também faziam parte Cadete, Fernando
Mendes, Pitico e Hajry, entre outros.
Em 2006-07 voltou a Castro Verde,
mas saiu ao fim de um ano, tendo nos anos seguintes representado Desp.
Beja, São Marcos (novamente) e Despertar.
Porém, haveria de regressar ao
emblema campaniço no verão de 2012 para descer aos distritais da AF
Beja no ano seguinte e conquistar o título distrital em 2015.
Em 2015-16 estreou-se no Campeonato
de Portugal. Embora tivesse dividido a titularidade com o brasileiro Leandro
Turossi, foi o guarda-redes mais vezes utilizado, tendo disputado 20 jogos (19
a titular) e sofrido 27 golos, não conseguindo evitar a descida aos distritais
bejenses.
No entanto, permaneceu no clube e
na época que se seguiu conquistou o triplete da AF
Beja: campeonato, taça e supertaça. “Tenho alguns [melhores momentos no futebol],
mas o melhor foi a época em que no Castrense conquistámos o triplete. Época
dura, mas no final compensou todo o esforço!”, afirmou ao portal Desporto Bejense em maio de 2019.
De regresso aos patamares
nacionais em 2017-18, dividiu a titularidade com Miguel Cruz ma voltou a ser o
guardião mais utilizado, tendo atuado em 18 partidas e sofrido 31 golos, apesar
de se ter mostrado impotente para evitar a despromoção.
Após nova descida de divisão
rumou ao Serpa, tendo ainda voltado ao Despertar antes de regressar mais uma
vez ao Campo Branco não só como jogador, mas também como coordenador da
formação de guarda-redes no verão de 2020.
No entanto, não é o único Barão
com ligações ao Castrense: os primos Tomás e Pedro também integram o plantel
principal e os primos Luís e Bernardo jogaram na formação e na equipa B.
3. Vítor Rolim (44 jogos)
Vítor Rolim |
Defesa central natural de Beja e
formado maioritariamente no Desp.
Beja, passou pela primeira vez pela equipa principal do Castrense entre
2007 e 2009, tendo conquistado o título distrital da AF
Beja em 2007-08.
Após passagens por Mineiro
Aljustrelense e Despertar, regressou a Castro Verde no verão de 2011 e por
lá ficou durante quase sete anos, tornando-se capitão e sagrando-se novamente
campeão distrital em 2011-12, 2014-15 e 2016-17.
Em termos de Campeonato
de Portugal teve uma primeira experiência em 2015-16, quando disputou 30
jogos (26 a titular) e marcou um golo ao Juventude
Évora, insuficiente para evitar a despromoção.
Dois anos depois atuou em 14
encontros (13 a titular) e apontou um golo ao Pinhalnovense,
acabando por sair em fevereiro de 2018 rumo ao Vasco
da Gama da Vidigueira, numa época em que o Castrense voltou a descer de
divisão.
2. Anderson (56 jogos)
Anderson |
Médio brasileiro radicado desde
tenra idade no sul de Portugal, fez toda a formação no Portimonense,
clube pelo qual chegou a ter um contrato profissional, embora não tivesse
conseguido estrear-se pela equipa principal.
Entretanto passou por clubes como
Lagoa,
Esperança de Lagos e Louletano,
tendo reforçado o Castrense em 2015-16, época em que disputou 29 jogos (24 a
titular) no Campeonato
de Portugal e apontou dois golos, frente a Pinhalnovense
e Atlético Reguengos, insuficientes para evitar a despromoção.
Na temporada seguinte manteve-se em
Castro Verde e conquistou o triplete da AF
Beja: campeonato, taça e supertaça.
Já em 2017-18 atuou em 27
encontros (todos a titular) no Campeonato
de Portugal, mas não evitou nova descida de divisão.
Após a despromoção regressou ao Algarve
para representar o Armacenenses.
1. Jorginho (60 jogos)
Jorginho |
O melhor marcador de sempre do
Castrense no Campeonato
de Portugal, com 17 golos.
Avançado móvel capaz de cobrir quase
todas as posições do ataque, nasceu em Albernoa, no concelho de Beja, tendo
concluído a formação e iniciado o seu trajeto no futebol sénior ao serviço do Desp.
Beja.
No início de 2012, já depois de
ter jogado por Mineiro
Aljustrelense e Atlético Reguengos na II Divisão B, reforçou o Castrense,
sagrando-se campeão distrital e vencedor da supertaça da AF
Beja ao fim de poucos meses. Viria a repetir o feito em 2014-15 e 2016-17,
ainda que nesta última ocasião tenha conquistado também a taça bejense.
Em termos de Campeonato
de Portugal disputou 32 jogos (todos como titular) e apontou dez golos em
2015-16. Juventude
Évora (três), Barreirense (três), Lusitano
VRSA (três) e Atlético Reguengos foram as vítimas de Jorginho, que ainda
assim foi impotente para evitar a despromoção.
Já em 2017-18 atuou em 28
partidas (20 a titular), passou a envergar a braçadeira de capitão após a saída
de Vítor Rolim e apontou sete golos, diante de Lusitano
VRSA, Oriental, Almancilense, Moncarapachense, Olímpico Montijo, Louletano
e Operário, mas não conseguiu impedir nova descida de divisão.
Ainda ao serviço do Castrense,
numa fase em que tem 34 anos, trabalha profissionalmente na secretaria do clube
como administrativo. “Tem sido um percurso interessante. Infelizmente, nesta
região há sempre o sobe e desce entre os regionais e os nacionais, mas o
Castrense é um clube grande neste distrito. Obviamente que estou aqui muito
bem, sinto-me feliz e acredito que iriei acabar a minha carreira neste clube”,
afirmou ao Diário
do Alentejo em fevereiro de 2020.
“Dedico-me muito às pessoas. Em
todos os clubes por onde passei fui bem tratado, gostei das pessoas, as pessoas
gostaram de mim em todo o lado. Em Castro Verde fui acarinhado de uma forma
espetacular e criou-se uma grande empatia”, acrescentou, mantendo a ambição de “voltar
aos nacionais com o Castrense”.
Sem comentários:
Enviar um comentário