O “pantera” brasileiro que só durou cinco meses no Benfica. Quem se lembra de Donizete?
Donizete marcou nove golos em 22 jogos pelo Benfica
Mais uma viagem no tempo até ao “Vietname”
do Benfica
para recordar um jogador que chegou à Luz
com muito estatuto e muito hype, mas que não rendeu o desejado. Recrutado
no verão de 1996, numa altura em que era chamado frequentemente à seleção
brasileira e quando Manuel Damásio era o presidente e Paulo Autuori o
treinador das águias,
chegou a fazer bons jogos ao lado de João Vieira Pinto no ataque, mas acabou
por regressar ao Brasil nas primeiras semanas de 1997.
“Não deu certo porque o grupo
estava muito desunido. Isso atrapalhava muito, não só a equipa, mas atrapalhava
também os jogadores que se queriam projetar. O Benfica
tinha um grande plantel, tinha grandes jogadores, tinha jogadores de seleções,
o João Pinto, o Panduru, o Valdo, o Preud’homme, mas faltava união”, recordou
ao Maisfutebol
em novembro de 2015. A expetativa criada em torno ruiu
num ápice, logo na Supertaça,
na altura disputada a duas mãos. Depois de uma derrota tangencial nas Antas, o Benfica
foi goleado em casa por 0-5 pelo FC
Porto. A partir daí, criou-se uma onda negativa difícil de reverter. “Esse
jogo deixou a equipa muito chateada, muito triste. Quando se perde, todos os
jogadores brigam, apontam o dedo uns aos outros: ‘não devias ter feito isto ou
aquilo’. Quando se ganha, é ao contrário, fica tudo bem”, contou o brasileiro,
autor de nove golos em 22 jogos de águia
ao peito.
“O problema não era meu, o
problema é que cada um queria ser melhor do que o outro, havia muita competição
entre os líderes. O que aconteceu foi pela vaidade dos jogadores. Senti que
eles ficavam chateados. Como estava na seleção,
ia e voltava muitas vezes e o grupo não estava fechado, sentia que havia
ciúmes. Uns ficavam chateados outros não, mas não havia união no grupo”,
prosseguiu o internacional canarinho, que bisou numa vitória sobre o Gil
Vicente na Póvoa de Varzim e também marcou diante de Ruch Chorzów e
Lokomotiv Moscovo para a Taça das Taças e frente a União
de Leiria, Desp.
Chaves, Salgueiros,
Estrela
da Amadora e Leça
para o campeonato.
“Tinha muita vaidade, muito
ciúme, fiquei muito chateado com isso. Senti que podia e queria ter dado muito
mais ao Benfica.
Hoje lamento ter saído tão cedo. Queria ter ficado mais tempo, queria ter feito
história no clube”, acrescentou o atacante, que saiu juntamente com Paulo
Autuori e acabou por ser transferido para o Corinthians.
“Gosto muito do Benfica,
sempre gostei, um clube muito organizado, o ideal para um jogador se projetar.
Arrependi-me muito de ter saído do Benfica
da forma como saí. Se fosse hoje, tinha ficado mais tempo. Adorava aquela
torcida, é melhor torcida que conheci enquanto jogador profissional, muito
legal, sempre apoiando. Fui muito bem recebido e sempre me trataram com muito
carinho. Nunca tive problemas com os adeptos, pelo contrário, sempre me
trataram bem”, concluiu.
Antes de aterrar em Lisboa,
Donizete, apelidado de “Pantera” por imitar os passos desse animal durante os
festejos dos seus golos, despontou no Volta Redonda, mas ganhou notoriedade
chegou à seleção
brasileira enquanto jogador do Botafogo,
tendo formado uma grande dupla com Túlio Maravilha e conquistado o campeonato brasileiro
em 1995, e passou ainda pelos mexicanos do Tecos UAG e pelos japoneses do Tokyo
Verdy.
Após deixar a Luz
chegou a ser contratado pelo Cruzeiro
apenas para disputar a Taça Intercontinental diante do Borussia
Dortmund (0-2) e venceu uma Libertadores
pelo Vasco
da Gama em 1998, tendo apontado um dos golos da final. Também em 1998 representou
o Brasil
na Gold Cup, no início do ano, e chegou a ser cogitado para ser convocado para
o Campeonato do Mundo, mas acabou preterido.
Pendurou as botas em 2006, após
alguns jogos pelo Londrina,
mas foi busca-las em 2016, aos 47 anos, para jogar pelo Sport Club Linharense no
Campeonato Capixaba.
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