quinta-feira, 17 de outubro de 2024

O operário alentejano que virou goleador da CUF. Quem se lembra de Capitão-Mor?

Capitão-Mor marcou 40 golos em 170 jogos pela CUF entre 1967 e 1975
Avançado alentejano natural de Santiago, concelho de Beja, mudou-se para o Barreiro em tenra idade e foi na então “moderna vila industrial e operária” que começou a jogar futebol, nos juniores do Luso, em 1960-61.
 
Foi também no emblema do já demolido Campo da Quinta Pequena que fez as primeiras quatro épocas de sénior, na altura na II Divisão Nacional.
 
Em 1966-67 representou o Sp. Espinho, também no segundo escalão, mas na temporada seguinte voltou ao Barreiro para vestir a camisola da CUF, clube pelo qual se notabilizou entre 1967 e 1975.
 
Durante esse período contabilizou 162 jogos e 37 golos na I Divisão, registo que faz dele o 13.º jogador com mais partidas e o sexto com mais remates certeiros pelos cufistas no patamar maior do futebol português.
 
Coletivamente contribuiu para façanhas como a obtenção do quarto lugar no campeonato em 1971-72 e as caminhadas até às meias-finais da Taça de Portugal em 1968-69 e 1972-73, tendo ainda participado em três jogos da Taça UEFA em 1972-73, depois de ter competido na percursora Taça das Cidades com Feiras em 1967-68.
 
 
Paralelamente, conseguiu melhorar a própria vida e a da sua família quando chegou ao clube-empresa. “Bem-dita a hora porque passei de operário a empregado da CUF. O meu pai era soldador e passou a chefe. A minha mãe era empregada têxtil, andava com bata preta, e passou a pagadora”, contou ao Correio da Manhã em setembro de 2008, numa reportagem na qual também recordou os bons desempenhos da turma do Lavradio: “Éramos fortes, estávamos sempre classificados em 5.º, 6.º lugar.”
 
Porém, só quando Fernando Caiado chegou ao comando técnico do clube, em 1971, é que se tornou profissional de futebol na verdadeira aceção da palavra. “Eu trabalhava oito horas a empurrar carros e no final do dia ia treinar. Só quando o Fernando Caiado chegou é que eu e outros colegas deixámos de ir para a fábrica, porque treinávamos de manhã e de tarde. Mas continuávamos com esse estatuto”, recordou ao Maisfutebol em novembro de 2020.
 
A segurança que sentia no clube-empresa levou a que nunca tivesse dado o salto. “Podia ter ido para o Benfica na altura do Fernando Riera e para o Sporting uns anos antes do Manuel Fernandes. Um dia, o Mário João, que tinha voltado do Benfica para a CUF para não perder o trabalho na fábrica, disse-me: ‘Porque é que queres ir embora daqui? Eu vim para cá, o Espírito Santo, o Monteiro e o Vieira Dias também e tu queres ir embora?’ Todos eles eram jogadores de primeira água. (…) Estávamos num clube com condições ímpares. Estreámos a sauna, tínhamos tanque de banhos e massagens de agulheta. É verdade! Tudo de bom num tempo que era de vacas gordas”, prosseguiu.
 
 
Numa fase em que já tinha mais de 30 anos e começava a entrar na curva descendente da carreira, regressou ao norte do país para vestir a camisola do Paços de Ferreira (entre 1975 e 1978), chegando a exercer as funções de jogador-treinador.
 
O seu filho, Rui Capitão-Mor, também jogou futebol, tendo também representado o Fabril (antiga CUF), assim como o rival Barreirense, entre outros. 











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