O guardião titular da Polónia que “cagou-se” com a pressão no FC Porto. Quem se lembra de Wozniak?
Wozniak representou FC Porto e Sp. Braga em Portugal
Quando Vítor Baía se transferiu
para o Barcelona,
no verão de 1996, o FC
Porto andou às aranhas para encontrar um digno sucessor do nº 99. A primeira
tentativa foi com Andrzej Wozniak, o dono da baliza da seleção
polaca, autor de exibições portentosas, por exemplo, diante de França
na fase de qualificação para o Euro 1996.
A boa experiência com Jozef
Mlynarczyk, que havia chegado às Antas cerca de uma década antes, levou os dragões
a recorrer novamente ao mercado polaco, precisamente ao Widzew Lodz, um clube
no qual o guarda-redes titular do FC
Porto campeão europeu de 1986-87 havia jogado. Wozniak, que custou 300 mil
dólares, até começou a temporada 1996-97 como titular e sofreu apenas cinco
golos nos primeiros nove jogos. “Era o titular da seleção
polaca quando cheguei ao FC
Porto. Comecei como titular, fiz vários jogos bons e tínhamos a defesa
menos batida do campeonato. Tive de ir fazer dois jogos pela seleção
e quando voltei o [António] Oliveira deu a titularidade ao Hilário.
Ele era um menino sem experiência e jogou em casa do Sporting.
Ninguém queria acreditar. Esteve muito bem, o FC
Porto ganhou e perdi o lugar”, recordou ao Maisfutebol
em junho de 2012.
Acabou por voltar a ser utilizado
apenas em três jogos na fase final da época, em março. “Foi pena”, lamentou,
reconhecendo que “suceder a um herói como o Vítor Baía era impossível”.
Essa pressão de suceder a Baía
foi, no entender de Mlynarczyk,
que na altura era treinador de guarda-redes dos azuis
e brancos, a principal razão do insucesso de Wozniak nas Antas: “Ele não
rendeu; sobretudo psicologicamente, não aguentava a pressão. Aqui, com o clube
ou a seleção, menos jornalistas nos treinos, poucas pessoas nos estádios. Ele
não aguentou. Cagou-se! Foi tão surpresa para mim que desde aí deixámos de ser
amigos. Éramos muito amigos, mas por causa do FC
Porto andámos zangados, ficámos assim [bate os punhos um no outro]...
Senti-me responsável pela má contratação dele e ficava mal perante o clube.
Cada dia para ele era um martírio, os jornalistas, as vitórias que se pediam.”
Na temporada seguinte continuou
em Portugal, mas na baliza do Sp.
Braga. Até começou como titular, mas após a 15.ª jornada voltou a sentar-se
no banco para que um jovem guardião jogasse, neste caso Quim. “Fui lesionado
para o Sp.
Braga e nunca recuperei. Essa é a verdade. Falei com o presidente e preferi
sair. Nunca quis enganar ninguém”, contou o polaco, que sofreu 27 golos em 21
encontros pelos minhotos.
Após esses dois anos em Portugal
voltou à Polónia para vestir as camisolas de Lech Poznan e novamente Widzew
Lodz. Após pendurar as luvas tornou-se
treinador de guarda-redes, encontrando-se presentemente a trabalhar no Widzew
Lodz. Em 2008, numa altura em que já estava retirado, chegou a estar preso
durante uns dias, devido ao envolvimento num escândalo de corrupção desportiva,
tendo sido mais tarde condenado a uma pena prisão de dois anos e meio (suspensa
por três anos) e ao pagamento de uma multa de 30 mil euros.
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