quarta-feira, 23 de outubro de 2024

O guardião titular da Polónia que “cagou-se” com a pressão no FC Porto. Quem se lembra de Wozniak?

Wozniak representou FC Porto e Sp. Braga em Portugal
Quando Vítor Baía se transferiu para o Barcelona, no verão de 1996, o FC Porto andou às aranhas para encontrar um digno sucessor do nº 99. A primeira tentativa foi com Andrzej Wozniak, o dono da baliza da seleção polaca, autor de exibições portentosas, por exemplo, diante de França na fase de qualificação para o Euro 1996.
 
A boa experiência com Jozef Mlynarczyk, que havia chegado às Antas cerca de uma década antes, levou os dragões a recorrer novamente ao mercado polaco, precisamente ao Widzew Lodz, um clube no qual o guarda-redes titular do FC Porto campeão europeu de 1986-87 havia jogado.
 
Wozniak, que custou 300 mil dólares, até começou a temporada 1996-97 como titular e sofreu apenas cinco golos nos primeiros nove jogos. “Era o titular da seleção polaca quando cheguei ao FC Porto. Comecei como titular, fiz vários jogos bons e tínhamos a defesa menos batida do campeonato. Tive de ir fazer dois jogos pela seleção e quando voltei o [António] Oliveira deu a titularidade ao Hilário. Ele era um menino sem experiência e jogou em casa do Sporting. Ninguém queria acreditar. Esteve muito bem, o FC Porto ganhou e perdi o lugar”, recordou ao Maisfutebol em junho de 2012.
 
 
Acabou por voltar a ser utilizado apenas em três jogos na fase final da época, em março. “Foi pena”, lamentou, reconhecendo que “suceder a um herói como o Vítor Baía era impossível”.
 
 
Essa pressão de suceder a Baía foi, no entender de Mlynarczyk, que na altura era treinador de guarda-redes dos azuis e brancos, a principal razão do insucesso de Wozniak nas Antas: “Ele não rendeu; sobretudo psicologicamente, não aguentava a pressão. Aqui, com o clube ou a seleção, menos jornalistas nos treinos, poucas pessoas nos estádios. Ele não aguentou. Cagou-se! Foi tão surpresa para mim que desde aí deixámos de ser amigos. Éramos muito amigos, mas por causa do FC Porto andámos zangados, ficámos assim [bate os punhos um no outro]... Senti-me responsável pela má contratação dele e ficava mal perante o clube. Cada dia para ele era um martírio, os jornalistas, as vitórias que se pediam.”
 
 
Na temporada seguinte continuou em Portugal, mas na baliza do Sp. Braga. Até começou como titular, mas após a 15.ª jornada voltou a sentar-se no banco para que um jovem guardião jogasse, neste caso Quim. “Fui lesionado para o Sp. Braga e nunca recuperei. Essa é a verdade. Falei com o presidente e preferi sair. Nunca quis enganar ninguém”, contou o polaco, que sofreu 27 golos em 21 encontros pelos minhotos.
 
 
Após esses dois anos em Portugal voltou à Polónia para vestir as camisolas de Lech Poznan e novamente Widzew Lodz.
 
Após pendurar as luvas tornou-se treinador de guarda-redes, encontrando-se presentemente a trabalhar no Widzew Lodz. Em 2008, numa altura em que já estava retirado, chegou a estar preso durante uns dias, devido ao envolvimento num escândalo de corrupção desportiva, tendo sido mais tarde condenado a uma pena prisão de dois anos e meio (suspensa por três anos) e ao pagamento de uma multa de 30 mil euros.




 







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