Primeiro capitão da seleção, fundador de A Bola e… muito mais. Recorde Cândido de Oliveira
Cândido de Oliveira dá nome à Supertaça portugueaa
Uma das figuras mais importantes
do futebol português, ao ponto de dar nome à Supertaça.
Foi jogador, treinador, dirigente, árbitro e jornalista, o que só por si dá
conta de uma versatilidade admirável, mas Cândido de Oliveira foi mais do que
uma personalidade versátil, pois atingiu a excelência em várias dessas funções
e ainda foi ativista contra o Estado Novo.
Nascido na localidade alentejana
de Fronteira, no distrito de Portalegre, começou a jogar futebol na Casa Pia de
Lisboa, para onde entrou após ter ficado órfão. De lá saiu para o Benfica
em 1914, mas voltou às origens quando criou o Casa
Pia Atlético Clube a 3 de julho de 1920, realizando um velho sonho de
vários alunos e ex-alunos da instituição. Quase um ano e meio depois capitaneou
a seleção
nacional no primeiro jogo internacional da sua história, frente a Espanha,
a 18 de dezembro de 1921. Era considerado um excelente médio centro, com
qualidade de passe. Quando pendurou as botas
tornou-se treinador, com algum sucesso. Numa altura em que ainda não havia
Mundial e o torneio de futebol dos Jogos Olímpicos era a principal competição
futebolística entre seleções, foi o selecionador nacional que guiou a seleção
portuguesa aos quartos de final dos Jogos de 1928, disputados em
Amesterdão. Entretanto foi detido pela PIDE e
encarcerado em Caxias, sendo posteriormente enviado para o campo de
concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, onde permaneceu entre 1942 e 1944, por
ser um ativista contra o regime do Estado Novo. Afirmava a plenos pulmões que
era um democrata e contra regimes totalitários como os de Mussolini, Hitler,
Franco e Salazar. Não ficou alojado como os outros prisioneiros, dentro do
campo, mas sim num dos alojamentos administrativos situados fora da zona cerca.
Ainda assim, testemunhou e denunciou o que ali se viveu no livro Tarrafal, O
Pântano da Morte, que só seria publicado depois do 25 de Abril de 1974. Novamente em liberdade, quando
Salazar sentiu a necessidade de se aproximar dos Aliados perante a eminente
derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, voltou ao cargo de selecionador
nacional e fundou, em 1945, juntamente com António Ribeiro dos Reis e Vicente
de Melo, o então bissemanário jornal A Bola, com o qual colaboraria até
à sua morte. Mais tarde sagrou-se campeão
nacional ao leme do Sporting
dos Cinco Violinos em 1947-48 e 1948-49, tendo ainda vencido a Taça
de Portugal em 1945-46 e 1947-48 e atingido a final da Taça Latina em 1949.
Na sua última temporada no comando dos leões,
em 1948-49, teve como adjunto o discípulo e também casapiano Fernando Vaz. Após deixar os verde
e brancos orientou ainda os brasileiros do Flamengo,
em 1950, regressando depois a Portugal para voltar a comandar a seleção
nacional, assim como FC
Porto e Académica. Viria a falecer em 23 de junho de
1958, em Estocolmo, na Suécia, vítima de insuficiência respiratória, quando se
encontrava a cobrir o Campeonato do Mundo para A Bola. Tinha 61 anos.
A 27 de janeiro de 1995 foi
agraciado, a título póstumo, com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito.
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