O especialista em livres que foi duas vezes campeão pelo Sporting. Quem se lembra de André Cruz?
André Cruz apontou 15 golos em dois anos e meio no Sporting
Defesa central que contabilizava
33 internacionalizações pela seleção brasileira, uma participação num Mundial (1998)
e duas em Copas América (1989 e 1995) e que tinha no currículo passagens por
clubes importantes como Flamengo,
Nápoles
e AC
Milan, foi um dos três reforços determinantes do Sporting
no mercado de janeiro de 2000 – a par de César Prates e Mbo Mpenza – para a
conquista do título nacional que escapava há 18 anos.
“Eu estava no Torino,
em Itália, e não estava satisfeito. Aconteceram coisas que me levaram a querer
sair do clube. Eles não queriam que eu saísse, mas deixei de estar confortável
e senti que o Torino
podia mesmo descer à segunda divisão. ‘Eu não vim para cá para descer à segunda
divisão’. Foi então que falei com o Luciano d’Onofrio [empresário] e ele trouxe
o nome do Sporting
para cima da mesa. Recolhi informações do clube, até junto de jornalistas
amigos, e convenci o Torino
a libertar-me. Eu sabia que o Sporting
estava há um tempo sem ganhar títulos e pensei que seria uma boa oportunidade
para marcar o meu nome na história do clube. Eu fazia golos, batia bem os
livres, tinha feito golos em todo o lado, a equipa estava bem e juntei tudo.
‘Se calhar posso ficar na história do clube’. Acabou por dar tudo certo”,
recordou, em declarações ao Maisfutebol,
em maio de 2021. Assim que chegou relegou o
argentino Facundo Quiroga para o banco de suplentes e formou com Beto uma das
melhores duplas de centrais do emblema
de Alvalade ao longo das últimas décadas. Para se ter a noção, nos 18 jogos
em que atuou no campeonato nessa temporada de 1999-00, os leões
apenas sofreram sete golos. E no mesmo período o próprio André Cruz somou
quatro remates certeiros, sendo um deles no clássico com o FC
Porto que abriu o caminho para a conquista do título e dois no jogo em que
os verde
e brancos se sagraram
campeões, na goleada ao Salgueiros
em Vidal Pinheiro (4-0). “Foi uma festa gigante. Chegámos
a Alvalade
e vi gente em cima da cobertura, muita gente, e pensei que elas iam cair. No
dia a seguir liguei a televisão, sentei-me no sofá, vi o telejornal e chorei.
Chorei pelo Sporting
e pela importância que a conquista do campeonato teve para milhões de pessoas.
Fiquei muito marcado por isso”, confessou. Exímio executante de livres diretos,
entre as demais bolas paradas, passeou classe com bola e foi durante três
épocas a voz de comando da defesa leonina,
embora denotasse algumas lacunas em termos físicos. Afinal, chegou a Lisboa com
31 anos e despediu-se à beira do 34.ª aniversário.
Em 2000-01, numa época difícil
para o Sporting,
contribuiu para a vitória na Supertaça,
e na temporada seguinte saboreou a conquista da dobradinha, tendo formado uma
dupla bastante sólida com o irlandês Phil Babb – Beto, por esta altura, jogava
como um defesa direito mais posicional. “Em 2000 cheguei a meio da época.
Os plantéis de 1999-00 e 2001-02 até eram parecidos ao nível da qualidade. Em
2000 eu cheguei e a equipa passou a ter um bom batedor de livres. E havia
jogadores-chave. O Beto Acosta era o nosso goleador, o Pedro Barbosa, o Mbo
Mpenza, o Beto, o Schmeichel dava-nos uma grande segurança. Em 2000 éramos
muito fortes coletivamente e tínhamos jogadores capazes de decidir jogos. Em
2002 não era muito diferente. A defesa era muito equilibrada, boa, segura, e na
frente havia o Mário Jardel, o Pedro Barbosa, o João Pinto. O que é preciso
para vencer? Não sofrer golos e marcar golos. Simples, não é? O meu Sporting
era forte nas duas situações. Ah, e tínhamos um aspeto fundamental: jogadores
muito experientes. Isso fez a diferença em jogos da Liga
dos Campeões e nos jogos grandes em Portugal”, analisou. No verão de 2002, em final de
contrato, não chegou a acordo para a renovação do contrato e regressou ao
Brasil para encerrar a carreira, despedindo-se de Alvalade
ao fim de 15 golos em 105 jogos de leão ao peito. Além dos quatro troféus
arrecadados em Portugal, venceu uma Copa América pela seleção brasileira em
1989, uma Taça do Brasil pelo Flamengo
em 1990, uma Taça da Bélgica pelo Standard
Liège em 1992-93, uma liga italiana pelo AC
Milan em 1998-99, um campeonato goiano pelo Goiás
em 2002 e um campeonato gaúcho pelo Internacional
de Porto Alegre em 2003.
Na campanha para as eleições aos
órgãos sociais do Sporting,
em 2018, foi anunciado pela lista de João Benedito como futuro diretor
desportivo em caso de triunfo no sufrágio, mas quem veio a vencer nas urnas foi
Frederico Varandas.
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