Isaías representou Benfica, Boavista, Rio Ave e Campomaiorense |
Figura marcante do futebol
português na da década de 1990, Isaías era um avançado móvel com remate potente
– o que lhe valeu a alcunha de pé-canhão – que brilhou nos relvados lusos com
as camisolas de Rio
Ave (1987-88), Boavista
(1988 a 1990), Benfica
(1990 a 1995) e Campomaiorense
(1997 a 1999).
6 de novembro de 1991 – Taça
dos Campeões Europeus (2.ª mão da 2.ª eliminatória)
Campeões de Inglaterra e Portugal, Arsenal e Benfica digladiaram-se na 2.ª eliminatória da então denominada Taça dos Campeões Europeus para aceder à então estreante fase de grupos, ainda em modo experimental, que consistia em dois quadrangulares cujos vencedores se apuravam diretamente para a final da prova.
O empate a um golo registado na primeira-mão, no velhinho Estádio da Luz, deixou os gunners mais satisfeitos, pois podiam resolver o assunto em casa e dispunham da vantagem dos golos marcados fora em caso de 0-0 em Highbury.
No entanto, o que se verificou no norte de Londres foi uma das maiores façanhas benfiquistas na Europa no pós-Eusébio. Os ingleses, comandados por George Graham – o tal que bisou diante do Sporting mais de 20 anos antes –, até começaram melhor, abrindo o ativo através de um golo de Colin Pates aos 19 minutos. No entanto, Isaías empatou aos 35’, a passe de Yuran, levando assim a partida para prolongamento, etapa em que Vasili Kulkov (100’) e novamente Isaías (109’) marcaram para as águias de Sven-Göran Eriksson.
“Chegámos a ser sufocados pelo Arsenal. Não fui só eu, toda a equipa aguentou bem a pressão do Arsenal. Depois, o Kulkov marcou o segundo golo e eu bisei. Foram golos belíssimos, todos eles, e uma verdadeira lição aos que não acreditavam em nós. E eram muitos. Todos, aliás, desde dirigentes a adeptos. Ninguém sentia ser possível vencer o Arsenal em Londres”, contou Isaías ao Maisfutebol em abril de 2012.
“Um Arsenal triste ficou lavado em lágrimas por culpa de Isaías, um brasileiro com a classe de um Pelé ou de um Eusébio e que expôs a falta de certificado de classe dos gunners”, resumiu o Daily Mirror.
27 de janeiro de 1993 – Taça
de Portugal (jogo de desempate dos oitavos de final)
Numa fase em que o FC
Porto vivia uma fase hegemónica, apesar de o Benfica
aqui e ali ir interrompendo esse ciclo de vitórias, os dois rivais
defrontaram-se nos oitavos de final da Taça
de Portugal.A 17 de janeiro de 1993, nas Antas, os dragões de Carlos Alberto Silva e as águias de Toni empataram a um golo, com Mostovoi a anular ao cair do pano (88 minutos) e vantagem que Ion Timofte havia dado aos azuis e brancos cerca de um quarto de hora antes (72’). Nem o prolongamento serviu para desempatar, o que, na altura, atirava a decisão para o campo da equipa que jogava como visitante.
Dez dias depois, o Benfica bateu o FC Porto na Luz por 2-0. E Isaías teve um papel preponderante no encontro, ao inaugurar o marcador aos 58 minutos na sequência de um grande trabalho individual, com um bonito drible sobre Fernando Couto. “Dizem por aí que o Couto ainda procura os rins dele", recordou, 30 anos depois, em outubro de 2023. Sergei Yuran sentenciou o resultado aos 85 minutos, na conversão de uma grande penalidade.
28 de abril de 1991 – I Divisão (34.ª jornada)
Ainda assim, as águias mostraram-se competitivas e foram às Antas empatar a três golos, tendo estado por duas vezes em vantagem. Isaías esteve em destaque na partida, ao bisar (25 e 63 minutos), enquanto Rui Águas apontou o segundo golo dos encarnados (27’). Para os dragões marcaram Vinha (8’) e Pedro Pereira (62’ e 70’ g.p.).
14 de maio de 1994 – I Divisão (30.ª jornada)
Quando os 3-6 são recordados,
normalmente é de João Vieira Pinto de quem se fala, mas Isaías também esteve em
evidência nesse dérbi, ao apontar dois golos.Há 12 anos sem conquistar o campeonato, o Sporting de Valckx, Figo, Balakov, Paulo Sousa, Iordanov, Cadete e com Carlos Queiroz no banco saltaria para a liderança a quatro jornadas do fim se vencesse o Benfica em Alvalade.
Os leões até começaram melhor, inaugurando o marcador por Cadete aos 8 minutos e voltando a colocar-se em vantagem aos 35’ por Figo, depois de João Pinto ter empatado para as águias. No entanto, João Pinto completou o hat trick ainda na primeira parte e embalou os encarnados de Toni para um segundo tempo de luxo, que contou com um bis de Isaías (48’ e 57’) e um golo de Hélder (74’), assegurando uma vitória histórica por 6-3 – para o Sporting marcou ainda Balakov, de penálti, já na reta final da partida (80’). Foi uma espécie de resposta aos 7-1 de 1986-87, que catapultou o Benfica para a conquista do título.
“Pelo momento que atravessava o Benfica e pela sua gestão - com salários em atraso e em que tínhamos de tentar resolver a questão ganhando o campeonato -, o dérbi mais marcante foi quando fomos a Alvalade ganhar 6-3. Até hoje as pessoas lembram esse desafio. Ficou marcado, mas todos os dérbis tinham um gostinho especial”, afirmou Isaías à Lusa em abril de 2017.
“[O momento mais marcante do jogo] foi quando conseguimos dar a volta ao resultado. Tivemos um livre do lado direito, o Paneira centrou a bola ao segundo poste, eu consegui ganhar de cabeça e passei para o João Pinto, que fez o 3-2. A partir daí, ganhámos um pouco de tranquilidade e sentimos que poderíamos conquistar a vitória”, acrescentou.
2 de outubro de 1994 – I Divisão (6.ª jornada)
Ao cabo de cinco jornadas, o
campeão Benfica
orientado por Zoran Filipovic seguia no terceiro lugar, com oito pontos, a dois
do líder FC
Porto, comandado por Bobby Robson, que tinha vencido todos os jogos até
então.Numa altura em que as duas equipas estavam reduzidas a dez jogadores devido às expulsões de Paulinho Santos (26 minutos) e Hélder (54’), os dragões abriram o ativo a meio da segunda parte, por intermédio de Sergei Yuran (66’), que foi expulso oito minutos depois. Na Luz chegou a parecer inevitável a vitória azul e branca, mas Isaías, que havia entrado em campo após o intervalo, disferiu já nos derradeiros instantes do jogo um remate de fora da área indefensável para Vítor Baía (88’).
“Houve um jogo contra o FC Porto em que o adjunto bateu à porta do meu quarto e eu já sabia que ia ficar no banco. Disse-lhe: "Eu já sei que vou ficar de fora e vou ter que entrar para resolver. Vou entrar e vou resolver". Dito e feito. E o treinador do FC Porto era o falecido Bobby Robson, que sempre quis me levar para lá. Nesse jogo, o FC Porto fez o 0-1. Um jogador do FC Porto, o Emerson, disse-me que, durante a semana, o Bobby fazia tudo normal, mas quando tocavam no meu nome ele endoidecia, chutava tudo o que aparecia à frente. Quando ele recebeu a informação que eu estava no banco, o Emerson disse que o velho quase teve um orgasmo. Quando o treinador me chamou para entrar em campo, o estádio parecia que ia cair. Entrei e, aos 42 minutos do segundo tempo, empatei o jogo”, recordou ao portal brasileiro Globoesporte em agosto de 2015.
Grato pelo seu comprometimento com conteúdo de qualidade. Sua postagem foi excelente.
ResponderEliminar