sábado, 18 de novembro de 2023

Os cinco jogos mais marcantes da carreira de Isaías

Isaías representou Benfica, Boavista, Rio Ave e Campomaiorense
Figura marcante do futebol português na da década de 1990, Isaías era um avançado móvel com remate potente – o que lhe valeu a alcunha de pé-canhão – que brilhou nos relvados lusos com as camisolas de Rio Ave (1987-88), Boavista (1988 a 1990), Benfica (1990 a 1995) e Campomaiorense (1997 a 1999).
 
Campeão nacional por duas vezes (1990-91 e 1993-94) e vencedor de uma Taça de Portugal (1992-93), sempre de águia ao peito, o atacante brasileiro chegou a Portugal depois de representar os modestos Vitória de Espírito Santo, Friburguense e Cabofriense. Estes dois últimos foram também os derradeiros clubes da carreira de Isaías, já no século XXI. Pelo meio, representou os ingleses do Coventry City, clube pelo qual fez história, ao tornar-se no primeiro jogador brasileiro a atuar na Premier League.
 
No dia em que comemora o 60.º aniversário, vale a pena conferir a nossa lista dos cinco jogos mais marcantes da carreira de Isaías, por ordem cronológica.
 
 
6 de novembro de 1991 – Taça dos Campeões Europeus (2.ª mão da 2.ª eliminatória)
Um jogo marcante para uma geração de benfiquistas.
Campeões de Inglaterra e Portugal, Arsenal e Benfica digladiaram-se na 2.ª eliminatória da então denominada Taça dos Campeões Europeus para aceder à então estreante fase de grupos, ainda em modo experimental, que consistia em dois quadrangulares cujos vencedores se apuravam diretamente para a final da prova.
O empate a um golo registado na primeira-mão, no velhinho Estádio da Luz, deixou os gunners mais satisfeitos, pois podiam resolver o assunto em casa e dispunham da vantagem dos golos marcados fora em caso de 0-0 em Highbury.
No entanto, o que se verificou no norte de Londres foi uma das maiores façanhas benfiquistas na Europa no pós-Eusébio. Os ingleses, comandados por George Graham – o tal que bisou diante do Sporting mais de 20 anos antes –, até começaram melhor, abrindo o ativo através de um golo de Colin Pates aos 19 minutos. No entanto, Isaías empatou aos 35’, a passe de Yuran, levando assim a partida para prolongamento, etapa em que Vasili Kulkov (100’) e novamente Isaías (109’) marcaram para as águias de Sven-Göran Eriksson.
“Chegámos a ser sufocados pelo Arsenal. Não fui só eu, toda a equipa aguentou bem a pressão do Arsenal. Depois, o Kulkov marcou o segundo golo e eu bisei. Foram golos belíssimos, todos eles, e uma verdadeira lição aos que não acreditavam em nós. E eram muitos. Todos, aliás, desde dirigentes a adeptos. Ninguém sentia ser possível vencer o Arsenal em Londres”, contou Isaías ao Maisfutebol em abril de 2012.
“Um Arsenal triste ficou lavado em lágrimas por culpa de Isaías, um brasileiro com a classe de um Pelé ou de um Eusébio e que expôs a falta de certificado de classe dos gunners”, resumiu o Daily Mirror.
 
 
 
27 de janeiro de 1993 – Taça de Portugal (jogo de desempate dos oitavos de final)
Numa fase em que o FC Porto vivia uma fase hegemónica, apesar de o Benfica aqui e ali ir interrompendo esse ciclo de vitórias, os dois rivais defrontaram-se nos oitavos de final da Taça de Portugal.
A 17 de janeiro de 1993, nas Antas, os dragões de Carlos Alberto Silva e as águias de Toni empataram a um golo, com Mostovoi a anular ao cair do pano (88 minutos) e vantagem que Ion Timofte havia dado aos azuis e brancos cerca de um quarto de hora antes (72’). Nem o prolongamento serviu para desempatar, o que, na altura, atirava a decisão para o campo da equipa que jogava como visitante.
Dez dias depois, o Benfica bateu o FC Porto na Luz por 2-0. E Isaías teve um papel preponderante no encontro, ao inaugurar o marcador aos 58 minutos na sequência de um grande trabalho individual, com um bonito drible sobre Fernando Couto. “Dizem por aí que o Couto ainda procura os rins dele", recordou, 30 anos depois, em outubro de 2023. Sergei Yuran sentenciou o resultado aos 85 minutos, na conversão de uma grande penalidade.
 
 
 
28 de abril de 1991 – I Divisão (34.ª jornada)
Em 1993-94 o campeonato abriu com um clássico. O FC Porto, que era bicampeão nacional, era orientado por Tomislav Ivić, enquanto o Benfica continuava com Toni, mas tinha acabado de passar pelo famoso “verão quente”, marcado pelas saídas de Paulo Sousa e Pacheco a custo zero para o Sporting.
Ainda assim, as águias mostraram-se competitivas e foram às Antas empatar a três golos, tendo estado por duas vezes em vantagem. Isaías esteve em destaque na partida, ao bisar (25 e 63 minutos), enquanto Rui Águas apontou o segundo golo dos encarnados (27’). Para os dragões marcaram Vinha (8’) e Pedro Pereira (62’ e 70’ g.p.).
 
 
 
14 de maio de 1994 – I Divisão (30.ª jornada)
Quando os 3-6 são recordados, normalmente é de João Vieira Pinto de quem se fala, mas Isaías também esteve em evidência nesse dérbi, ao apontar dois golos.
Há 12 anos sem conquistar o campeonato, o Sporting de Valckx, Figo, Balakov, Paulo Sousa, Iordanov, Cadete e com Carlos Queiroz no banco saltaria para a liderança a quatro jornadas do fim se vencesse o Benfica em Alvalade.
Os leões até começaram melhor, inaugurando o marcador por Cadete aos 8 minutos e voltando a colocar-se em vantagem aos 35’ por Figo, depois de João Pinto ter empatado para as águias. No entanto, João Pinto completou o hat trick ainda na primeira parte e embalou os encarnados de Toni para um segundo tempo de luxo, que contou com um bis de Isaías (48’ e 57’) e um golo de Hélder (74’), assegurando uma vitória histórica por 6-3 – para o Sporting marcou ainda Balakov, de penálti, já na reta final da partida (80’). Foi uma espécie de resposta aos 7-1 de 1986-87, que catapultou o Benfica para a conquista do título.
“Pelo momento que atravessava o Benfica e pela sua gestão - com salários em atraso e em que tínhamos de tentar resolver a questão ganhando o campeonato -, o dérbi mais marcante foi quando fomos a Alvalade ganhar 6-3. Até hoje as pessoas lembram esse desafio. Ficou marcado, mas todos os dérbis tinham um gostinho especial”, afirmou Isaías à Lusa em abril de 2017.
“[O momento mais marcante do jogo] foi quando conseguimos dar a volta ao resultado. Tivemos um livre do lado direito, o Paneira centrou a bola ao segundo poste, eu consegui ganhar de cabeça e passei para o João Pinto, que fez o 3-2. A partir daí, ganhámos um pouco de tranquilidade e sentimos que poderíamos conquistar a vitória”, acrescentou.
 
 
 
2 de outubro de 1994 – I Divisão (6.ª jornada)
Ao cabo de cinco jornadas, o campeão Benfica orientado por Zoran Filipovic seguia no terceiro lugar, com oito pontos, a dois do líder FC Porto, comandado por Bobby Robson, que tinha vencido todos os jogos até então.
Numa altura em que as duas equipas estavam reduzidas a dez jogadores devido às expulsões de Paulinho Santos (26 minutos) e Hélder (54’), os dragões abriram o ativo a meio da segunda parte, por intermédio de Sergei Yuran (66’), que foi expulso oito minutos depois. Na Luz chegou a parecer inevitável a vitória azul e branca, mas Isaías, que havia entrado em campo após o intervalo, disferiu já nos derradeiros instantes do jogo um remate de fora da área indefensável para Vítor Baía (88’).
“Houve um jogo contra o FC Porto em que o adjunto bateu à porta do meu quarto e eu já sabia que ia ficar no banco. Disse-lhe: "Eu já sei que vou ficar de fora e vou ter que entrar para resolver. Vou entrar e vou resolver". Dito e feito. E o treinador do FC Porto era o falecido Bobby Robson, que sempre quis me levar para lá. Nesse jogo, o FC Porto fez o 0-1. Um jogador do FC Porto, o Emerson, disse-me que, durante a semana, o Bobby fazia tudo normal, mas quando tocavam no meu nome ele endoidecia, chutava tudo o que aparecia à frente. Quando ele recebeu a informação que eu estava no banco, o Emerson disse que o velho quase teve um orgasmo. Quando o treinador me chamou para entrar em campo, o estádio parecia que ia cair. Entrei e, aos 42 minutos do segundo tempo, empatei o jogo”, recordou ao portal brasileiro Globoesporte em agosto de 2015.
 








1 comentário:

  1. Grato pelo seu comprometimento com conteúdo de qualidade. Sua postagem foi excelente.

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