Vitória de Setúbal e Caldas competem na Liga 3 |
Dois clubes que já andaram entre
a elite
do futebol português, embora com dimensões históricas bem distintas, Vitória
de Setúbal e Caldas
coincidiram em quatro temporadas na I
Divisão na segunda metade da década de 1950, tendo ainda medido forças por
uma vez na Taça
de Portugal (em 1980-81).
Em nove jogos entre as duas
equipas até este reencontro na Liga 3, os sadinos
venceram seis, empataram um e perderam dois.
Ao longo desse percurso, os setubalenses
têm tido nos seus quadros jogadores que já tinham pertencido aos pelicanos
e vice-versa. Vale por isso a pena conferir o nosso onze ideal de futebolistas
que passaram pelos dois clubes, distribuídos em campo num 3x5x2.
Nuno Santos (guarda-redes)
Nuno Santos |
Guarda-redes nascido em Setúbal e
formado no Vitória
de Setúbal, foi emprestado ao Caldas
na primeira época de sénior, 1991-92, tendo atuado em 13 jogos e sofrido outros
tantos golos na II Divisão B, numa campanha em que os pelicanos
concluíram o campeonato em 5.º lugar na Zona Centro.
“Foi Jaime Graça que me levou
para o Caldas.
Fui cedido pelo Vitória
de Setúbal porque ia subir a sénior e era muito difícil naquela altura um
jovem de 18 anos, ainda para mais guarda-redes, impor-se na equipa principal.
Foi a primeira experiência fora de casa e custou-me imenso”, afirmou à Tribuna Expresso em setembro de
2019. “Foi difícil também mas acabei por adaptar-me. Estava habituado a estar
numa equipa com mais condições. O Caldas
era um clube com história, mas não tão grande como a do Vitória
de Setúbal. A época acabou por correr bem e voltei para o Vitória
de Setúbal”, acrescentou.
Entretanto voltou ao Bonfim
e foi cedido aos açorianos do Operário antes de regressar ao Vitória
para, paulatinamente, se afirmar na equipa principal, algo que foi conseguido
em 1997-98. No final dessa temporada, transferiu-se para os ingleses do Leeds
United, uma das principais equipas da Premier
League na altura.
“O treinador do Leeds United,
George Graham, vem a Setúbal para ver um jogo com o Boavista.
Ele vinha ver o Jimmy Hasselbaink e o Nuno Gomes, e ao vê-los quis
contratá-los, mas o Nuno Gomes já tinha contrato apalavrado com o Benfica
e acaba por levar o Jimmy. Como gostou muito de ver o Bruno
Ribeiro do Vitória
de Setúbal, leva-o para o Leeds. Também gostou do meu jogo, mas como eles
tinham um guarda-redes que estava a acabar a carreira, tinha mais um ano de
contrato, iam aguentar esse guarda-redes. Eu, entretanto, também acabava o meu
contrato em Setúbal, fiquei por ali e vou no ano seguinte. Esse guarda-redes
deles ainda estava lá, mas como se lesionou no início da pré-época, sou
contratado pelo Leeds. Na altura tinha saído a Lei Bosman e eu saio livre para Inglaterra”,
recordou.
Entretanto transferiu-se para o Benfica
e foi precisamente as águias que o cederam ao Vitória
em 2003-04, numa altura em que os sadinos
militavam na II
Liga. Embora tenha tido dificuldades para se impor perante a concorrência
de Roberto Volpato e Marco Tábuas, contribuiu para a promoção à I
Liga.
João Mendes (defesa)
João Mendes |
Defesa central natural de Santa
Maria do Castelo, freguesia do concelho de Alcácer do Sal, concluiu a formação
e iniciou o seu percurso enquanto sénior no Vitória
de Setúbal, clube pelo qual disputou mais de duas dezenas de jogos e marcou
um golo entre 1985 e 1987, tendo averbado uma descida e uma subida de divisão.
Entretanto transferiu-se para a Académica
em 1987 e passou ainda pelo União
de Montemor antes de representar o Caldas
entre 1990 e 1993, ajudando os pelicanos
a estabelecerem-se nos primeiros lugares da II Divisão B – Zona Centro.
Pica (defesa)
Pica |
Defesa central/médio defensivo
natural das Caldas da Rainha, fez toda a formação no clube da terra, tendo
transitado para a equipa principal em 1985-86.
Entre 1988 e 1990 esteve no Alto
Minho a representar o Vianense,
mas depois voltou ao Campo da Mata para jogar duas temporadas na recém-criada
II Divisão B, patamar em que disputou 61 jogos e apontou dois golos.
Valorizado, deu o salto para o Vitória
de Setúbal, clube pelo qual se estreou na I
Liga, mas não foi além de dezena e meia pelos sadinos
ao longo de duas épocas, ainda que tivesse contribuído para a promoção ao primeiro
escalão em 1993.
Entretanto também passou por Famalicão
e Peniche
antes de voltar a casa em 1998 para mais cinco temporadas ao serviço dos caldenses.
Entre 1998 e 2003 amealhou 121 encontros e oito golos na II B, ajudando a
equipa a assegurar sempre a permanência.
Rui Carlos (defesa)
Rui Carlos |
Lateral/médio esquerdo nascido em
Luanda, mas desde tenra idade radicado em Portugal, concluiu a formação e
estreou-se no futebol sénior ao serviço do Caldas,
clube pelo qual competiu na II Divisão Nacional entre 1987 e 1990.
Da região
Oeste foi para o Gil
Vicente, transferindo-se no verão de 1992 para o Vitória,
então na II
Liga. Em nove temporadas no Bonfim,
seis delas no primeiro
escalão, amealhou 226 jogos e 16 golos pelos sadinos,
tendo ajudado os vitorianos
a regressar às competições europeias em 1999, após cerca de um quarto de século
de ausência, e a subir à I
Liga em três ocasiões (1992-93, 1995-96 e 2000-01).
Eric Tinkler (médio)
Eric Tinkler |
Médio defensivo internacional sul-africano,
entrou no futebol português pela porta do União
de Tomar em 1991-92, tendo na temporada seguinte rumado ao Vitória
de Setúbal, clube que representou entre 1992 e 1996. Nesse período viveu
duas subidas (1992-93 e 1995-96) e uma descida de divisão (1994-95), tendo
amealhado 80 jogos e dois golos pelos sadinos.
Numa altura em que jogava pelos setubalenses,
ajudou a África do Sul a vencer a Taça
das Nações Africanas no início de 1996.
Valorizado pelas campanhas no Bonfim
e na CAN,
deu em 1996 o salto para o futebol
italiano, onde representou o Cagliari. E viria ainda a passar pelos
ingleses do Barnsley, pelos quais jogou na Premier
League, e a competir nas Taças
das Nações Africanas de 2000 e 2002 e na Taça das Confederações de 1997
antes de ingressar no Caldas
no verão de 2002. Ao serviço dos pelicanos
jogou três temporadas, sempre na II Divisão B.
Jaime Graça (médio)
Jaime Graça |
Uma pequena batota, uma vez que
Jaime Graça esteve nos dois clubes, é verdade, mas apenas como jogador no Vitória
de Setúbal e somente como treinador no Caldas.
Médio de baixa estatura (1,63 m)
nascido em Setúbal e irmão mais novo do antigo jogador vitoriano
e internacional português Emídio Graça, começou no Palmelense,
mas transferiu-se para o Vitória
em 1959. Ligado umbilicalmente à ascensão dos sadinos
no início da década de 1960, participou em três finais da Taça
de Portugal, tendo vencido a de 1965. Nesta primeira paragem pelos setubalenses
amealhou mais de 110 jogos e cerca de 35 golos entre 1959 e 1966, tendo no ano
de despedida participado no Campeonato do Mundo de Inglaterra.
Seguiram-se nove épocas no Benfica
antes de regressar ao Vitória
de Setúbal em 1975, aos 33 anos, para duas temporadas em que disputou mais
de 40 partidas e apontou quatro golos pelos vitorianos
em todas as provas.
Após encerrar a carreira de
jogador iniciou a de treinador, tendo passado pelo comando técnico do Caldas
entre 1988-89 e 1991-92, ajudando a consolidar os pelicanos
como uma das equipas de topo da Zona Centro da II Divisão B. “O Jaime Graça era
uma pessoa extraordinária. Foi talvez a pessoa que eu conheci que melhor
entendia o jogo. Vê um miúdo a andar e vê logo se é jogador ou não”, afirmou
sobre ele o médio Ricardo Jesus (já lá vamos…) ao DN em maio de 2019.
Ricardo Jesus (médio)
Ricardo Jesus |
Médio nascido em Setúbal e
formado no Vitória,
transitou para a equipa principal em 1987-88, numa época em que não chegou a
estrear-se.
Entretanto passou por Peniche
e União
de Montemor antes de ingressar no Caldas
em 1990-91, com Jaime Graça a treinador, tendo estado nos pelicanos
durante ano e meio.
Em 1992-93 regressou ao Vitória,
então na II
Liga, tendo na época seguinte chegado a atuar no primeiro
escalão, ainda que durante esta segunda passagem pelos sadinos
não tivesse ido além de um total de cinco jogos oficiais.
José Carlos Barbosa (extremo)
José Carlos Barbosa |
Extremo direito que chegou ao Vitória
de Setúbal a meio da época 1993-94, proveniente do União
de Santiago, não chegou às duas dezenas de jogos pelos sadinos
até meados de 1996, mas ainda assim conseguiu marcar três golos.
Entretanto passou pelo Portimonense
antes de regressar ao Bonfim
no verão de 1997, mas só foi utilizado em dois jogos, tendo voltado a Portimão
poucos meses depois.
Mais tarde, em 2001-02,
representou o Caldas,
então a competir na II Divisão B.
Jacinto João (extremo)
Internacional português por 10
ocasiões que terá preferido o Vitória
ao FC
Porto na altura de vir para Portugal, terminou a carreira de futebolista no
Caldas
em 1980-81, na altura para jogar na II Divisão Nacional.
Delfim (avançado)
Delfim |
Avançado natural de Tondela, mas
desde tenra idade radicado na região
Oeste, jogou nos juniores do Benfica
ao lado de Artur Correia, Humberto Coelho, Vítor Martins e Nené.
Em 1974 ingressou na equipa
principal do Caldas.
Após três anos ao serviço dos pelicanos
na II Divisão Nacional deu o salto para o Vitória
de Setúbal, mas não chegou a estrear-se oficialmente pelos sadinos.
Em 1983-84, após passagens por
União de Leiria e Nazarenos, regressou ao Caldas.
Diego Zaporo (avançado)
Diego Zaporo |
Ponta de lança brasileiro de
elevada estatura (1,90 m), entrou no futebol português precisamente pela porta
do Vitória
de Setúbal no verão de 2006, mas ao cabo de apenas um jogo oficial e de
cerca de meio ano mudou-se para o Beira-Mar.
“Entrei numa partida frente ao Sporting,
na qual já estávamos a perder por 3-0. Quando te estreias queres sempre mostrar
serviço, mas naquele jogo, que já estava perdido, foi complicado. Depois acabei
por ficar com menos oportunidades”, contou ao Record
em setembro de 2015.
Entretanto passou por clubes
Olivais e Moscavide, Pinhalnovense,
Torreense,
União
de Leiria e Mirandela, assim como pelo futebol gabonês, antes de ingressar
no Caldas
no verão de 2015. Em apenas cinco meses deixou marca no Campo da Mata, tendo
apontado 13 golos em 20 partidas antes de se mudar no início de 2016 para o Vilafranquense,
então nos distritais da AF
Lisboa, numa altura em que era o segundo melhor marcador do Campeonato
de Portugal.
Mourinho Félix (treinador)
Mourinho Félix |
Hoje em dia talvez seja mais
conhecido pelos amantes do futebol por ser pai de José
Mourinho, mas Mourinho Félix – ou Félix Mourinho, conforme também era
conhecido – foi um guarda-redes importante no futebol português nas décadas de
1950, 1960 e 1970, tendo representado Vitória
de Setúbal, Belenenses
e, por uma vez, a seleção nacional A.
Mais tarde tornou-se treinador,
tendo numa das suas primeiras experiências como técnico principal orientado o Caldas
em 1977-78, tendo levado os pelicanos
à subida à II Divisão Nacional. Nessa mesma temporada, o seu
filho jogou nos iniciados dos caldenses.
Mais de uma década e meia depois,
em 1994-95, Mourinho Félix chegou pela primeira vez ao comando técnico dos sadinos,
não conseguindo evitar a descida de divisão numa temporada em que Raul Águas,
Diamantino Miranda e Abel Braga também passaram pelo banco dos setubalenses.
Duas épocas depois, o antigo guardião voltou a comandar os vitorianos.
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